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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #117

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Dae.

Começando maio hein, ó aí o ano acabando graças a Deus (desculpe, adoro essa piadinha e usarei eternamente). Preciso informar que nessa semana do trabalhador o profissional da indústria da música decidiu pegar uma folguinha também e deixar as coisas pra mais pra frente, porque a semana teve bem pouquinho de lançamento. Até aí também me ajuda a terminar a coluna antes e usar o resto do tempo para procrastinar, o que acabou sendo o único direito trabalhista ainda não retirado em sua totalidade (já retiraram 80% do direito à procrastinação no horário de trabalho).

Como deixaram os lançamentos pra mais pra frente, eu vou aproveitar a ocasião pra te passar os números que serão sorteados na próxima Mega Sena, caso você queira ficar rico. Mas se não quiser tudo bem também, vida simples é bacana também. Enfim, os números serão:

8 - 11 - 13 - 36 - 37 - 42

Se não for é porque trapacearam e loteria é mó máfia.

Agora as música.

----AS TOPZERA DA SEMANA----

Calexico, Iron & Wine - “Midnight Sun” e “Father Mountain”

Dois alt-folk bem alt-folk mesmo. A diferença basicamente entre as duas faixas é que a primeira tem uma enrolada, aquela enrolada de “criar climinha”, e a segunda é mais folk de bater pézinho no chão. E violão e piano rolando solto. Duas boas.

H Zettrio - “Virtual World (Jazz)”

Os cara meio que tem um padrãozão pra fazer lá o fusion deles, às vezes é meio repetitivo, mas quando acerta também, meu Deus. Nessa aqui acertaram e acertaram bem. Paulada de fusion na cabeça da galera.

----AS BOAS QUE TEVE NA SEMANA TAMBÉM----

Xande de Pilares - “Fã do Amor da Gente”

Pagodinho no pique do romântico, pra cima, animado, coisa boa de tar ouvindo numa playlist “pagodinho no pique do romântico”. Boa.

Fióti - “Será Que Eu Me Permito?”

Meteu uma baladinha soul-MPB e um vocal meio que Djavan? Pelo menos umas hora lembrava o Djavan. Outras hora o Jorge Vercilo, mas aí faz parte. A melodia é boa bem boa, faltou #aquele capricho no vocal pra ficar topíssimo. Mas, de qualquer modo, tá uma música bem maneirinha.

Jair Naves - Rente

Seguinte… disco muito bem produzido, interessante, galera de alta capacidade aí envolvida. PORÉM, sendo essa coluna puramente expressão da minha opiniãozinha pras coisas, cabe dizer que o estilo do Jair Naves cantar já ajuda um pouco no #clima, mas tem muito de rock anos 80 e, principalmente, BR rock anos 80. Tanto no BR rock 80 mainstream quanto o que morreu no underground. E, putz, anos 80 num é a minha época MESMO, e num tenho muita vontade de rememorar qualquer coisa da época. Aí fica uma sensação “legal isso aí, só não quero ouvir mais não”. E é basicamente a minha opinião a respeito do disco: bom, mas não pra mim. Faz parte.

Vampire Weekend - Father of the Bride

O disco saiu bem melhor do que eu estava esperando, se bem que eu não estava esperando muita coisa depois dos singles que saíram. Mas mesmo aqueles de antes, como “Harmony Hall” e “Big Blue”, ouvindo agora dentro da sequência do disco, saiu melhor de ouvir. Enfim, no total é um bom disco com umas 4 faixas que se destacam mais (entre 18), e o no restante não tem nenhuma ruim não. É no máximo o famoso “disco que não precisava de tanta faixa assim”. Porém bom.

Bob Sinclair, The Supermen Lovers - “Romantico Starlight”

Electrodisco com o Robbie Williams cantando. Saiu uma gostosa bobagem de se gastar 2:51 minutos na moral. Todos os esquemas mais manjados do EDM-dedinho-pro-alto estão aqui. E por mim, ok que estejam também. Gostei.

----AS OK SÓ E TÁ DE BOM TAMANHO DA SEMANA----

Àttooxxá - “Pode Invadir”

A tentativa de fazer um axé-trap, ok, válida, aceitável, mas a música é praticamente a repetição de uma mesma frase por dois minutos, que deixou o negócio meio chatinho de se ouvir. E uma música de dois minutos ser meio chatinha de se ouvir, aí tamos com um problema.

Logic & Eminem - “Homicide”

Realmente passado anos e anos e anos, ouvir um flow rapidão num me bate mais é nada. E é isso o som, batida gravona e flow rapidão. Metralhadora de palavra. Ok de ouvir mas já deu já desses negócio pra mim.

Violent Femmes - “Hotel Last Resort”

A música tem aquele pézinho lá no que eles faziam nos 90, folk-rock PÁ, mas é tãããããooooo longa que meu Deus do céu. Cinco minutos do violão segurando praticamente no mesmo acorde, a bateria repetindo a batida. Por três minutos já é foda, cinco então…

----RUIM----

Madonna - “I Rise”

Nossassinhora um popinho fraco de tudo. Baladinha com batida e produção bem simplinha, vocal sem nenhuma vontade. É o famoso vocal de jovem que mora com os pais então canta baixinho pra não acordar ninguém. Putz, gostaria de defender mas não dá não. Fraca.

Noel Gallagher’s High Flying Birds - “Black Star Dancing”

Vixe, é ruim hein. Uma porra de disco pop (rock), bobinha de tudo, sem graça, TONTA. Foi dureza essa aqui.


Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #118

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E aí, cê tá bem? Eu tô bem.

Estamos aí com mais uma coluna de lançamentos da semana, que é como se entre 100 chocolatinhos eu pegasse 3,5 chocolatinhos, comesse os chocolatinhos, e depois falasse o que que eu achei do gosto. Os outros 70% dos chocolatinhos acabam ficando de fora, mas aí é do jogo.

Se liga aí então o que que saiu de interessante pra tocar de trilha no café da manhã do Dia das Mães. Se você for mãe, então um feliz Dia das Mães. Se você não for mãe, então um feliz Dia das Mães pra sua mãe. Aquela senhora top.

Bora.

----A TOP MESMO DA SEMANA----

Boogarins - Sombrou Dúvida

Baita som, não tem um momento de queda no disco inteiro. Por mais que vou sempre pensar “ê, ó lá os Tame Impala” quando os ouço, mas isso aí num tem mais volta mesmo. Mas pelo menos pegaram mais leve nos flanger e capricharam nos efeitinho e na produção como um todo. Só musicão top. Viva o rock nacional.

----AS OUTRAS QUE SAIU QUE TÃO LEGAIS TAMBÉM----

Mac DeMarco - Here Comes The Cowboy

Vamo lá. É um disco bom, sim, mas é só as baladinha lentinha. A única que se presta a ser um pouco mais animadinha, “Choo Choo”, é meio ruinzinha. De resto tudo bom, no nível que a gente já conhece do cara já. É várias baladinha Mac DeMarco.

Ciara - Beauty Marks

Pop de FM bom de ouvir, mas nada de mais também. É só os clichê, mas tá bem feitinho, e o vocal da Ciara é legal também. Transita entre o sonzinho R&B oitentista, os pop mais atual que tem, tem uma meio trap também, enfim é esse tipo de disco pop que vai pra todos os lado que tá. Exceto reggaeton, felizmente esse num teve aqui não. Enfim, bom o disco.

Zé Neto & Cristiano - “Enchendo e Derramando”

Arrocha sofrência muito gostosinho de ouvir. Curto bem quando fazem uma batida mais de bolerão. Mete na playlist do churrasco aí. Boa.

Kyary Pamyu Pamyu - “Kimiga iine kuretara”

Num é das maiores maravilhas da história do j-pop mas pelo menos dá pra dar uma esperança que o Yasutaka Nakata ainda consiga fazer uns sons eletrônicos mais daorinha, Daqui a pouco tem Olimpíadas no país deles lá, aí vão ter que aparecer com coisa boa BOA mesmo. Por enquanto tá legalzinho com expectativa de melhora.

The Flaming Lips - The Story of Yum Yum and Dragon

Dois sons bem bonitinhos, aquele tal do “freak folk”, mas nada de grandes destaques dentro do cancioneiro do Flaming Lips. Mas vá lá, é legalzinho de ouvir.

MV Bill - “Vírus”

Gostei do som que usaram de base, mas isso só. Longe de mim querer comentar de FLOW, mas pra mim rolou mais ou menos, aí na metade final da música dá uma cansada de ouvir. O resultado final fica como boazinha.

Stereo Total - “Cinemascope”

Olha aí quem que voltou. Legalzinha a música, meio que iéié dos anos 60, bem simplezinha, bem tchubaruba, talvez um pouquinho mais longa do que o necessário, mas até aí tudo bem também. Boa.

----AS QUE NÃO TÃO LEGAIS NÃO----

Tiago Iorc - Reconstrução

A primeira música, “Desconstrução”, achei muito muito bonita, bem produzida, coisa boa mesmo. Fiquei até “nossa, mas por que que pegavam no pé do menino, tão bonita as músicas”. Aí da faixa 2 em diante despenca. Mas despenca imenso. Vai do pop mais senso comum, transitando entre o MPB de refrão com assobio, e nos melhores momentos, lembra um Roupa Nova, só que piorado. Tem algumas faixas com potencial de tocar bastante em rádio e encher nosso saquinho. Gostei não (da faixa 1 eu gostei).

Carly Rae Jepsen - “Too Much”

Bem fraquinha. Basicamente é isso. Pop EDM muito basiquinho, batida mais tonta que tem, e vamo que vamo. Em rádio pop rola. Mas é fraquinha.

Jerry Smith - “Casalzin”

Jerry Smith depois de participar dos melhores feats. da música popular brasileira nos últimos anos, lança uma música dele só dele com mais ninguém além dele e saí essa coisinha decepcionante. É forró de tecladinho bem qualquer coisa. Fraco.

Blink 182 - “Blame It On My Youth”

Já começa mal por ser uma banda com cara mais velho que eu (que já sou velho) lançando música com esse título. Aí os cara tenta dar uma modernizada com umas batidas eletrônica que não ornou legal não. E quem tá cantando isso?! Umas vozes estranhas… Enfim, não rolou não.

Ed Sheeran & Justin Bieber - “I Don’t Care”

Bem chata viu, Deus do céu. Desculpem, não consigo ir além disso aqui. Ouvi duas vezes e é ruim. Pop ruim com melodia ruim, vocais sem nenhum carisma, refrão tonto, batida sem graça. Ruim.

Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #119

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Alô galera.

Chegou a coluninha sensação da crítica musical brasileira. Imagino eu. Bom, num mundo JUSTO ela seria. Mas sei lá também, ó esse país como que tá bagunçadão.

Mas vamo deixar pra lá isso de estado-nação e focar nos lançamentos mesmo que essa semana tá Ó (estou apertando a ponta do polegar e do indicador no meu LÓBULO AURICULAR).... é assim que tá os lançamentos essa semana de tão bom que tá.

Então vamo então? Que eu tô sem assunto pra ficar enrolando?

Vamo então.

----AS JOIA DA SEMANA----

Tomer Yeshayahu - Monument

Esse aqui eu falo e falo e cês ainda nem tchum. Tá na hora de se ligar já, é o terceiro álbum dele lançado e, muito coincidentemente, é o terceiro que eu coloco entre as #top. Porque é som #top. O disco é de indiezinho alt-folk muito do bonitinho e com influência do folk deles lá, da música iídiche e do bouzouki, aquele instrumento grego que é tipo um bandolim (fui pesquisar no wikipedia pra saber que é grego). Enfim, não tem uma faixa ruinzinha, o vocal do cara é muito bom, a produção tá muito da bem feita. Alguém faz o favor de ouvir e me comenta depois, não quero tar falando sozinho pela terceira vez.

Tyler, The Creator - Igor

Meu Deus, mas é baita disco. Baaaaaaaita disco. Com certeza boa parte que tá lendo isso aqui já ouviu o disco, então se você faz parte do outro grupo vamo se coçar aí. Não querendo fazer comparativo (mas fazendo), ele não bateu tããão forte em mim quanto o Flower Boy. Mas tem que ver que o Flower Boy bateu demais daquela vez lá, ia ser difícil mesmo alcançar. Mas enfim, só sonzeras, só gravão distorcido, batidas show, soul e R&B pegando forte nas melodias e nos samplers, tudo perfeitinho perfeitinho. Mó disco.

Mike Patton & Jean-Claude Vannier - “On Top Of The World”

Ow, legal esse som aqui, hein meu. Tá aí um que eu não esperava nada. Num sei bem se dá pra chamar essa faixa de um standard, mas pode ser meio que uma balada rockinho-AOR meio doidera. O Patton dá uns gritão metal no refrão que eu acho que não precisava muito não, mas tá no direito. Mas ow, gostei. Top.

Interpol - A Fine Mess

Em algum momento aí eu falei da música “Fine Mess”. Joga aí no Google que você acha. Agora é o EP Fine Mess. E bom, acho que devo tar falando a mesma coisa que antes. O Interpol desde o Marauder tá só sucesso. Nesse EP aqui até a mais fraquinha, “Thrones”, tá boa. Fraquinha, mas boa. As outras duas que ainda não tinham saído já tão bem mais daorinhas. Mó som, mó qualidade, mó capricho. Boa.

----AS OUTRAS DA SEMANA QUE TAMBÉM TÃO BOAS----

The Black Keys - “Go”

É os bluezinho sujo (pop) lá dos cara lá. Num tá de todo mal, aliás tá bom, mas é esquema manjado. Tem dia que dá uma cansada disso aí. Mas se cê tá nessas de blues sujinho, vai que é tua.

Injury Reserve - Injury Reserve

Gostei bem do início do disco. Bem bem bem. Mas aí do meio pro final dá uma caída boa, já fica umas batida mais bobinha, sem muita graça. Mas dava pra pegar umas 5-7 músicas e fazer um EP topzão, deixo “GTFU” e “Three Man Weave” de exemplos. Enfim, é boa. Ouve lá, faz um catadão do que te interessar mais pra tua playlist e é isso aí.

The Juan Maclean - “Zone Non Linear”

Num é das maiores obras deles, mas ainda assim é uma boa faixa eletro-disco de fazer sucesso em pistinha. É basicamente fazer uma linha de baixo boa, uma bateria eletrônica bem programadinha, e já é meio caminho andado. Boazinha.

Conchita Wurst - “To The Beat”

Pop-EDM legalzinho até, bem feito, meio manjado também. Num sei nem se dá pra chamar de eurodance porque já ouvi esse tipo de pop eletrônico nas mais diversas nações do globo, incluindo o nosso Brasilzão. É desses pop de FM que tá tendo aí, cê tá ligado qual que é. De todo modo, é uma faixa boazinha.

The National - I Am Easy to Find

Esse aqui eu não ouvi inteiro, não. Primeiramente porque dura 1 hora, e eu não tô com tanto tempo disponível e, segundamente, porque não é a minha onda. Eu sei que não é a minha onda, eu dei play sabendo que não é a minha, e qual a minha surpresa em descobrir que esse som: não é a minha? A vida dá várias surpresas mesmo. Mas enfim, esse indie folk lentaço, com uns efeitinho eletrônico, vibe tristinha, é meio o que todo mundo espera ouvir deles né? Se for isso que você espera de um disco deles então, parabéns, vai encontrar mais 1 hora de indie folk tristinho. Boa, mas com certeza não é a minha.

Tássia Reis - “Ansiejazz”

Som gostosinho, de base jazz mais lentinho, segurando no baixo, com um QUÊ de Nova Brasil FM que, sinceramente, eu já tô velho o suficiente pra gostar de uns Nova Brasil de vez em quando. Os instrumentos limpíssimos, esse backing aí, enfim. É legalzinha.

----AS MAIS OU MENOS SÓ DA SEMANA----

Carly Rae Jepsen - Dedicated

Bom, já tinha sido lançado 1/3 do disco já e não tava grandes coisas. Aí as faixas que sobraram também não salva muito. Muito pop electro-oitentista-saudosista-sem inspiração nenhuma que, nos melhores momentos, lembra as mais fraquinhas da Kyle Minogue da última década. Não é ruim, mas é muito senso comum pra quem ouve essas produção que vai na onda do pop-80’s. É okzinho, mas dispensável também.

PK - “Indomável”

É desses rap acústico aí, só que com o Belo. Se fosse o contrário, ou seja, uma música do Belo com essa melodia de quatro notas (os cara tem que parar com essa de melodia de quatro notas), que aí no meio alguém mete uma rima, aí eu iria gostar mais. Não que iria achar grandes coisas, mas prefiro. Enfim, bem medianazinha.

Charli XCX - “Blame It On Your Love”

Um tanto decepcionante, preciso dizer. Mas aqui é um caso que eu boto expectativa acima da maioria dos casos. Porque, bem, tá aí a discografia dela disponível pra você saber o porquê. Mas aí vem esse popzinho eletrônico nada demais, #padrão, aí é complicated. Okzinha.

Slipknot - “Unsainted”

Nhééé. Metal pra adolescente feito por uns cara mais velho que eu. Se bem que podemo debater em algum outro momento se tem metal que não é feito para adolescente. Mas em outro momento, agora eu tô de boa. Sobre a música, é fraca, mas não é ruim. É só um metalzinho tonto.

O primeiro show do Sidoka em SP foi uma jogada de chefe

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Mesmo com o risco de um temporal brabo, muita gente ficou na fila esperando pelo primeiro show do Sidoka em São Paulo, na última sexta (18) — inclusive a cada cinco passos era possível trombar um moleque com o kit do rapper mineiro: Juliet, cabelo na régua e shoulder bag (até luvinha tinha).

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Óculos de noite e todo mundo vendo o Sidoka. Foto: Julia Reis/VICE.

Mas tudo isso já estava dentro do esperado, os ingressos já tinham esgotado dois dias antes do show e o Nicolas tem a confiança de quem tá virando chefe antes dos 20 e não tem problema nenhum com isso. Foi digno de Morfeus. A parede suada, a casa quase vindo abaixo com a plateia pulando, pedindo todas e o domínio de Sidoka no palco (ele fez todo mundo cantar UFA a capela) são alguns dos detalhes que mostraram que o Sidoka deixou um marco, facinho, no lugar que hoje é conhecido como berço do trap em SP, e desponta entre os novos ídolos jovens da cultura. Doka!

A Júlia Reis registrou os bastidores desse rolê, que foi muito mais do que um esquenta pro que o trap tinha a nos oferecer no último final de semana em São Paulo.

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Ele se arrepiou no camarim quando ouviu geral gritando seu nome. Foto: Julia Reis/VICE.
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Pai dela refletindo. Foto: Julia Reis/VICE.
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Garoa fina, fila grande. Foto: Julia Reis/VICE.
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"Somos todos iluminados, que se foda o flash." Foto: Julia Reis/VICE.
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Várias lupas. Foto: Julia Reis/VICE.
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A felicidade na cara do moleque que veio de BH pra quebrar tudo em SP. Foto: Julia Reis/VICE.
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Doka! Foto: Julia Reis/VICE.

Coruja enfrenta os tempos sombrios do Brasil em 'Psicodelic'

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"O hip hop salvou minha vida". O velho mantra que estampa camisetas ao longo desse Brasil é a mais pura realidade de Coruja BC1. Cria de Munhoz Jr., quebrada de Osasco, o rapper paulista viu a violência desde moleque e cresceu em um contexto que estar vivo já é motivo de comemoração. Aos 24 anos e escrevendo rimas desde os oito, ele investe em um outro caminho para seus versos em Psicodelic, seu mais novo álbum criado a partir da frase que sua babalorixá disse: "devemos tomar cuidado com a nossa mente. Ela arma, engatilha e atira". Este também é o primeiro lançamento de Coruja desde que saiu da Laboratório Fantasma.

Coruja é bastante conhecido no rap por ser um mestre das punchlines e sempre tratar de problemas estruturais da sociedade, seja o racismo ou a desigualdade social, inerente e indispensável para o funcionamento do capitalismo. Em Psicodelic, suas linhas continuam sim afiadas a estes temas, mas passeiam por uma variedade muito maior de assuntos olhando mais para dentro de si e se aprofundando em assuntos que passam pelo amor, a solidão, a depressão e saúde mental.

A cabeça de Coruja nem sempre esteve no lugar de hoje. Em 2018 o artista passou por um período de depressão, que fez com que muita coisa em sua vida mudasse e inclusive, gerou boa parte do material de Psicodelic. "Sou um homem de periferia fruto de um relacionamento interracial, então sempre busquei respostas do que sou, do que é o mundo e de como me encontrar nele. Esse foi um momento que parei de fazer o que estava fazendo, porque tinha muita coisa acontecendo na minha vida em todas as esferas, profissional, pessoal, de relacionamento... Nesse período, acabei buscando me entender como ser humano, ver as feridas que não tinha deixado de cicatrizar. O disco começa exatamente disso, com a história do meu pai, de ser criança e ter visto ele ser baleado", revela o MC.

"Quando estava me reencontrando, queria coisas palpáveis. Fui ver minha mãe, minha sobrinha, uns primos e uns parceiros da minha adolescência em Bauru. Voltei pro Munhoz, na mesma casa onde aconteceu tudo aquilo com meu pai. Respirei fundo e disse: é daqui que vai sair meu novo álbum", recorda. "Esse é um disco de autoanálise. Existe um mundo sombrio pra caralho lá fora e como eu arrumo meu próprio mundo? Preciso estar bem e cuidar da minha saúde mental pra poder vencer. Preciso falar de coisas que falo mas não do que todo mundo já sabe, falar de temas que vão conectar as pessoas a algo mais profundo do que o senso comum pode oferecer. Precisava ir mais fundo nos temas, para as pessoas verem muito mais que o Coruja da punchline e do egotrip. Quis fazer coisas que não esperam de mim mas eu sei fazer. Psicodelic é um disco na contramão do senso comum", conta o MC, que escolheu esse título para o álbum justamente por todas as faixas lidarem com questões relacionadas a sua mente.

Psicodelic não é distinto apenas nas temáticas das letras. A sonoridade construída no disco flerta com estilos musicais para além do boombap de NDDN ou do trap que ele vinha fazendo. Diferente do álbum anterior, feito com apenas um produtor, Coruja chamou vários nomes para dar a roupagem que vinha buscando ao seu novo trabalho e contou com WillsBife, Deryck Cabrera, Skeeter, OgBeatzz, DJ Nyack, Canela, Melvin Santhana e Grou. "Nesse disco me aproximei mais do trap mesmo. 'Dopamina', por exemplo, é trap com um flow de trap. Sou um cara boombap e fiz um flow de trap no trap, com autotune e tudo. Isso é um pouco do meu lado MC também, de mostrar que sei fazer tudo. Quis deixar isso evidente no disco. Sou músico, me conecto com várias influências. Queria fazer algo diferente, mudar os beats, tanto que coproduzi a maioria dos sons, fiquei ali palpitando, pra fazer ficar bem com a minha cara", diz. "Tem uma frase do Shevchenko e Elloco que gosto muito e se encaixa no pós-trap que falo: 'por essa nem o futuro esperava'. Procuro fazer música que nem o futuro espera".

Além de entrar de cabeça no trap, Coruja escreveu um samba. Influenciado por seu avô, que pilhou o rapper a ser sambista desde pequeno, o MC resolveu gravar uma música em seu momento de reencontro, quando colou no Munhoz. "Essa é uma história real. É de um moleque que era da minha quebrada, não do Munhoz, da Vila Industrial. Ele jogava bola pra caralho só que surgiram umas necessidades na vida dele e ele foi pro corre. A vida dele era zoada. O pai tinha abandonado a mãe, que era empregada doméstica. Era muito parceiro e foi preso bem em uma época que tava pra fazer testes de futebol, ou seja, ele perdeu o sonho porque tinha uma necessidade de ganhar dinheiro", lembra. "Comecei a entrar numa brisa fazendo essa faixa, porque a gente tava vivendo aquela parada do Bolsonaro falando de volta da ditadura. Pensei em como poderia fazer um som sobre o irmão que foi pro corre, driblando a falta de liberdade de expressão. Escrevi 'Camisa 12' como se tivesse que contar essa história em 1969".

Apesar de cantar solo em várias faixas, o MC investiu em várias participações no disco, entre elas a de Djonga, que coincidentemente, nasceu em 1994, um dia depois de Coruja e divide o nome Gustavo com Coruja. Até por isso a música se chama "Gu$tavo$" e chega em um misto de tiração de onda e marra geminiana. "O Djonga é um cara que tenho um amor muito grande. Ele foi muito próximo durante esse período de criação e meu novo ciclo. Prezo muito por isso, de fazer música com quem tá próximo. A gente já queria gravar junto tem muito tempo e quando o Skeeter fez esse beat, já canetei e mandei pra ele: 'acho que tenho um bagulho pra nós'. A expectativa pra um som com nós dois era alta e acho que suprimos isso", fala Coruja, que também apostou em participações de artistas menos conhecidos, assim como Djonga fez em Ladrão. "Esse álbum tem um negócio de trazer novos nomes. A gente tem que fazer isso. Se a gente não tiver grandes nomes, e falo de 30, 40 e não só cinco, não vamos ter um grande festival de rap no país".

É engraçado ver que ao longo de 14 músicas, Coruja faz diferente do que em NDDN. Vai pelo lado trap, canta em cima de um violão meio Djavan em "Meu Anjo" e segue a influência do samba em "Camisa 12", mas apesar de brincar de Lil Pump, continua bem Rakim, como no papo que dá em "Skr", música que pode até gerar interpretações de que é uma crítica, mas não é bem por aí. "Ela é um alerta, um papo de irmão, de olhar as consequências das coisas. Quantos não se aproximam neste momento do rap e estão sugando esses moleques do trap? Eu tô feliz pra caralho com a vitória de todos eles. A cena trap é positiva e quero ver todo mundo milionário. Não tô falando de dinheiro, tô falando de algo mais profundo, de como as drogas afetam e fazem parte de um plano de extermínio da população negra, de exaltar garotas brancas e como isso invisibiliza mais ainda a mulher negra, de como você precisa parecer um produto de entretenimento pra vender, de como o hip hop é tratado. O hip hop não é uma piada. Ele salvou minha vida. Esse bagulho é sério".

Independente, Coruja fez o corre de Psicodelic sem nenhuma gravadora ao seu lado, já que saiu da Laboratório Fantasma recentemente e como ele frisa, "sem nenhuma treta". O problema não envolveu nem Emicida, nem Fióti, mas sim um investidor que deu pra trás em um contrato assinado. "Voltar a ser independente é trabalhoso, mas muito gratificante, porque volto em um momento da minha carreira em que tenho mais influências e portas abertas. Fiz Psicodelic acontecer, clipes, cuidei do processo burocrático, artístico, executivo, de produção, com a minha equipe, lógico, mas isso me mostra a minha capacidade de fazer as coisas. Esse novo ciclo tem sido muito gratificante", analisa. "Moleque favelado, dormiu e morou na rua, em ocupação, já quase perdeu a vida em várias situações e fazer um disco desse tamanho, com veículos comentando, gente importante da música se importando, é uma vitória do caralho, é sabotar o impossível. O que a gente deve tentar fazer enquanto favelado, mesmo sabendo que as chances são mínimas, é tentar sabotar o impossível. Vou fazer que nem o Shevchenko e Elloco, por essa nem o futuro esperava".

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #120

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Eae brava gente brasileira.

Essa semana não foi das melhores não, o que tudo bem, faz parte. É até melhor que aí você tem mais tempo pra ouvir as boas da semana passada (teve coisa boa semana passada). MAS VAI OUVIR AS DA SEMANA PASSADA DEPOIS. Primeiro vê aqui as que teve essa semana né, até porque você já está aqui, então não vai perder a viagem. Depois você desbrava o passado, a história, o que houve antes.

Certo galera? Então show.

BORA PROS LANÇAMENTOS.

----TOP DA SEMANA----

Sem top da semana. =(.

----AS BOAS QUE TEVE NA SEMANA----

Dona Onete - Rebujo

Bom por ser um disco de carimbó-calipso-brega sem meter muita gracinha pra modernex do sudeste (só um pouco de gracinha). A produção ser limpíssima nunca me agrada, mas eu não sou o grosso do público alvo desse disco. Fora que hoje, realmente, 40 minutos de carimbó-non-stop me deu uma cansada. No final do disco num tava mais muito afim de MAIS carimbó. Então é um bom disco (BOM), vale ouvir, e aí cê descobre se você é mais de ouvir carimbó sem parar por muito tempo, ou é mais de catar umas músicas aqui e ali e meter numa playlist qualquer aí. Vai de gosto.

Ty Dolla $ign - “Purple Emoji”

Rapzinho aí pá, quase que velha guarda essa batida chillwave de fundinho. Gostosinho de tar ouvindo, mas nada grandes coisas não. Mas boazinha, vá. A participação do J. Cole dá um tchans no negócio.

Steve Lacy - Apollo XXI

No geral é um bom disco, mas é montanha russa de emoções. Começa fraquinho, incluindo uma faixa de 9 minutos que, meu Deus pra que isso. Aí no meio (“Basement Jack”, “Guide”, em diante) o negócio engata legal e cê já fica “opa, agora vai”... mas acaba que não vai não, e fica meio fraco de novo. Nessa primeira audição ficou um disco de 12 músicas que dá pra pegar umas 3 ou 4 e o resto deixa quieto. De toda forma deixo na lista das boas, porque mesmo as fraquinhas não estão de todo mal (mas estão fraquinhas).

The Flaming Lips - “Giant Baby”

Assim, ó… Bonitinha, gosto muito quando o Flaming Lips vai pra essa ondinha tipo Yoshimi... e At The War… mas também tem que ver que é o tipo de música que, se eles quiserem, fazem uma diferente a cada dia. Num tem #aquele tchans, pra botar lá em cima da lista. Mas é música boa com certeza.

MC Léo da Baixada - “Grauzão de Meiota”

Ow é bom esse gravão aí. Gravão CAR BASS de vibrar janela das casas da tradicional família brasileira. A letra tanto faz e a batida é meio padrão. Mas o grave é daora. Boa.

PJ Harvey - “The Crowded Cell”

Gostei da música de um jeito que nem sei explicar muito bem, mas gostei. A voz dela é foda total e esse eletro-folk com uma batida muito disfarçada é legal também. Depois fui ver que é de trilha sonora de série, aí me dá uma desanimada. Mas tudo bem também. Enfim, boa.

----AS MAIS OU MENOS DA SEMANA----

Lulu Santos - Pra Sempre

O disco começa muito bem, com um #Lulu 90’s muito bem produzido, naquelas onda do charm-eletrônico dele (noventa). Eu tava gostando bem do popzinho das 3 primeiras músicas, muito ZONA DE CONFORTO. Mas ali em diante despenca, mas despenca fudido. Fica uma bobajada pop-rock que ninguém salva, nem o #feat d’O Terno em “Lava”. O bloquinho final é total lounge chato de loja de roupa multi-marcas. Seria um EP de muito bom, mas é um disco medianíssimo.

Clarice Falcão - “Mal Pra Saúde”

Batidinha electroclash, pouco criativa mas bem feitinha, mas o que me incomodou mesmo é que ela num tá cantaaaaando cantando, sabe? Talvez pra emular um Ladytron e tal, mas soou meio um “num queria tar gravando voz hoje não”. Aí num rolou muito pra mim não.

Jorge Vercillo - “Nas Minhas Mãos”

Desconsiderando o óbvio (que é imitão do Djavan, e sempre será, e já nem faz tanta diferença essa info), a música até não é de todo mal. Tem uma melodia bem boa, bem MPB #grooveado, porém meio manjadinha, e bem mais longa do que deveria. A metade final já fica mais desafiadora de aguentar ouvir. A letra eu tentei ao máximo não prestar atenção pra não prejudicar a experiência, porque eu tô ligado que vai prejudicar. Música ok.

Day & Lara, Jerry Smith - “Faz comigo outra vez”

Era pra ter sido o maior trio da indústria desde Pavarotti, Domingo & Carreras. Mas quis o destino a sair uma música fraquinha dessa. Um arrocha que não empolga em momento algum, uma tristeza só. Fiquei bem decepcionado porque dava pra sair coisa bem melhor desses três, pelo amor.

Dead Fish - “Sangue Nas Mãos”

Nhé. Num rolou o HC aí não. Nem sou muito de falar de letra também, mas vai ficar datado logo menos. Mas aí faz parte também. Uma hora com certeza vai rolar, boto fé. Por enquanto é okzinha, se muito.

Prettymuch - Phases

O Prettymuch era a última muralha da cultura ocidental das boy bands. Era. Com esse EP muito bobildo, sem nenhuma inspiração, mediano, os coreanos tão com o caminho totalmente livre pra devastar tudo. Acabou.

Toto - “Chelsea”

Aí o que vocês fizeram. Agora tão lançando mais música aí. Não é de toda ruim, mas é meio “já ouvi assim centenas de vezes”, meio que um Yes só que com 0% de virtuose & pirulitagens. E longa. 3 minutos resolvia isso aqui, mas quiseram estender um pouco, sei lá pra que. Som ok bem do ok.

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A nova geração do rap de LA está mudando tudo

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A voz de 03 Greedo corta um almoço tardio. Entre bocados de prime rib no ponto, caranguejo com alho, e lula frita, ele estava me regalando (e, por causa do volume, todo cliente, garçom e ajudante do restaurante) com um monólogo profano sobre Phil Collins. Enquanto ele falava candidamente sobre gangues, paternidade e ceviche (“Por que você ia querer comer camarão frio? Não estamos no mar”), o tópico que mais empolgava o rapper e produtor de Watts era o estrelato. Especificamente, seu plano de imitar o ex-baterista do Genesis e cantor de “In the Air Tonight”.

“Qual o apelo de Phil Collins pra você?”, perguntei.

“Só o jeito dele”, ele disse, teatralmente agarrando as lapelas da jaqueta jeans com forro de pele. “Tipo 'Não fale comigo'. Pelo menos é como a música dele soa, se eu nunca tivesse visto o cara, dava pra achar que Phil Collins é um negro das ruas. Ele tem esse som, tipo 'Gimme some gutter shit'. Sabe, como quando você ouve Erykah Badu ou India Arie, e você pensa 'Cara, essa mulher estava descalça no estúdio. Dá pra saber que essa é uma daquelas esquisitas que queima incenso' – dá pra ouvir.”

Greedo compartilha esse dom – ouvir a música dele é ver o coração do Grape Street Crip, o rosto contorcido e dreads tremendo com a enormidade de sua dor. Mas uma fama estilo Phil Collins vai ter que esperar até pelo menos 2020, depois que ele cumprir dois anos de sua sentença de vinte, ele pode pedir liberdade condicional. A onda fervente da música que ele ajudou a criar vai atingir o pico sem ele.

Uma geração de rappers e produtores de comunidades pobres está reimaginando não só o som de Los Angeles, mas suas gírias, estilo e a divisão cultural entre negros e latinos. Eles fazem rap para as madrugadas em que você está acelerando na estrada; do arrepio do ar-condicionado nas tardes quentes; do anoitecer e nascer do sol parecidos com óleo dos carcinógenos das estradas e cinzas nascidas dos incêndios descontrolados locais; do néon da loja de penhores, das luzes fluorescentes dos tribunais, e shows cheios de flashes de iPhone; de lean falso, Gucci real e moral questionável; para o moleque de 14 anos que mata aula na Fairfax Avenue, twerkers de 21 anos do Instagram, para os caras de 28 em condicional tentando evitar a segunda acusação que pode condená-los a uma vida de ligações chiadas da cadeia com a filha crescendo e ficando cada vez mais distante.

Rappers como 03 Greedo, Drakeo the Ruler, e Shoreline Mafia criaram um rap antagonista que se encaixa nessa nova Los Angeles aterrorizante, um lugar onde é cada vez mais impossível sobreviver para pessoas pobres e da classe trabalhadora não-brancas. Os salários dos californianos de classe baixa vêm despencando nas últimas quatro décadas, e segundo um relatório de 2018 do United Ways of California, mais de um terço das famílias “não ganha renda suficiente para obter necessidades básicas”. Moradias estão mais caras que nunca, com uma casa média em Los Angeles County saindo por US$ 687.600, segundo o Zillowmais do dobro do que em 2002. Estudos de 2017 indicam que Los Angeles County – que permite que um Departamento de Xerife corrupto administre o maior sistema prisional dos EUAprenda 13 vezes mais negros que brancos.

Usando os contornos fornecidos por Mustard e YG, os angelinos de hoje estão colorindo visões fantasmagóricas de um lugar lavado por milhões de dólares de investimento em imóveis vindos da China e novaiorquinos doidos para passar as décadas finais de um planeta habitável com uma visão panorâmica dos incêndios florestais. Essa é uma música para os angelinos não-brancos ouvirem enquanto o mercadinho mais próximo é substituído por uma loja de cristais, que atende aos transplantes do Brooklyn que descrevem sua etnia como “anglo-bruja”. E em vez de entregar sermões sobre a gentrificação ou autoajuda Pollyanna, esse rappers detalham uma variedade de comportamentos desviados – vendas noturnas de drogas, acidentes de carro abastecidos por substâncias, os caprichos imprevisíveis das dondocas de Instagram – numa cidade em declínio.

Com poucas exceções notáveis – Azjah, que se autoproclama a “Princesa de Compton”, e SG, cuja “Came Thru Crippin” amarrou uma bandana azul na música “Drip” da Cardi B – a maioria desses rappers são homens heterossexuais não-brancos. O material deles pode entrar em território misógino, reduzindo mulheres a pouco mais que acessórios de conquista social. Parte dessa postura “machão” sem dúvida é um reflexo de crenças patriarcais mais amplas; parte é reflexo da postura grosseira inerente do gangsta rap, uma música que muitos deles ouvem desde o nascimento.

“[Minha mãe] ouvia rap”, lembra 1TakeJay, um membro simpático e brincalhão da crew de rap 1Take. “Desde que era bebê, eu já cantava rap – uma música que eu não deveria estar cantando – como 'I'd Rather Give You My Bitch' do Suga Free. Eu sabia essa música de cor quando era moleque.”

Nos anos 1980 e 90, as três rádios de rap de Los Angeles – KDAY (93.5, a primeira estação de rap 24 horas do mundo), The Beat (92.3) e Power 106 (105.9, quase lá) – tocavam o rap gangsta local para um público jovem etnicamente diverso, incubando carreiras de artistas como Dr. Dre, Eazy-E, DJ Quik, Ice Cube, Warren G, assim como Suga Free. Agora, com a KDAY tocando exclusivamente o formato “flashback”, a Power 106 e a rebatizada Real 92.3 estão presas numa briga de travesseiros para ver quem toca mais Drake. Nenhuma das rádios é um meio para a música local. Os garotos usam Spotify, iTunes, Soundcloud, YouTube e Audiomack para ouvir e promover sua música, porque as rádios convencionais os abandonaram.

Quando adolescentes, a atual geração de rappers se inspirava mais em seus colegas do que em G-funk, o subgênero melódico e mordaz de gangsta rap que emprestava musicalmente do tecladista do Parliament-Funkadelic Bernie Worrell e das posições sobre a Segunda Emenda de Oliver North. Entre 2008 e 2010, os angelinos adolescentes estavam “jerkin'” pelo Fox Hills Mall, o Howard Hughes Center, clubes noturnos de todas as idades, restaurantes de fast food, estacionamentos – onde houvesse alguns metros de concreto. Jerkin' – que não tem nada a ver com as conotações onanistas – era uma mistura intoxicante de dança, música e moda. Em grupos organizados de maneira solta como Go-Go Power Rangers, Fantastic LoL Kids, e Pu$haz Inc., garotos magrelos de calça skinny com as cores do arco-íris, bonés New Era customizados, e Vans xadrez faziam o “reject”, “pin drop” e “dip”. Música jerkin' era para as “funções”; era uma música impetuosa e nada sutil para horas e horas de dança suada e extática.

Mas o jerkin' era muito despreocupado para se sustentar – sua alegria era, em parte, um reflexo da sinceridade e otimismo geral da juventude. (Nunca houve uma geração de angelinos mais certa de sua capacidade de receber sexo oral.) Enquanto seus praticantes envelheciam, jerkin' se tornou o ratchet e, com ajuda de grandes gravadoras, as figuras mais populares da cena se tornaram grandes nomes. YG, DJ Mustard e Ty Dolla $ign não são significantemente mais velhos que as novas classes dos astros de rap de Los Angeles – e, em alguns casos seletos, na verdade são até mais jovens – mas como eles experimentaram o estrelato no final dos 00, eles parecem, de longe, menos colegas e mais arquétipos inspiradores.

O ratchet, com suas batidas cruas e letras juvenis e simplistas, agora também é passé. Nos últimos anos, os mesmos garotos que dançavam nas ruas começaram a rimar sobre crimes; maconha se tornou um mero acompanhamento de pints pirateados de Hi-Tech e Wockhardt; armas, mais uma vez vistas diante das câmeras, são onipresentes e equipadas com clipes extensores. Mesmo o instrumental, antes alegre e brilhante, agora tem um timbre sombrio. A nova Los Angeles é má e não perdoa, tensa – e assim é seu rap também.

Por um mês e meio durante um verão infernal, dirigi por Los Angeles pedindo a homens jovens de Compton, Gardena, Hawthorne, Hollywood, Woodland Hills, Playa Vista e Lancaster para me contarem as experiências que informaram sua música e, mais simples, como diabos eles a chamavam.

Como a vida no crime é estressante, Drakeo the Ruler, de South Central, chama sua obra de “nervous music”. Ron-Ron The Producer, que faz música para congestionamentos travados que enfraquecem a alma, se refere a sua como “traffic music”. E 03 Greedo, o Grape Street Golem, é conhecido por fazer “creep music”, uma forma de rap que visa refletir a paranoia arrepiante do conjunto habitacional onde ele nasceu: Jordan Downs Projects, um lugar em Watts notório por sua pobreza e violência. Mas durante nossa conversa, 1TakeJay pensou num termo que acho que engloba muito bem a essência da arrogância e tagarelice de seus companheiros. Ele rotulou o estilo de “talking shit music”, já que “todo mundo dessa faixa etária fala merda de seu próprio jeito”.

Caiden não teve permissão para ficar no tribunal. O balbucio do nenê estava interrompendo a discussão do tribunal, segundo o meirinho, então a mãe de Caiden o carrega para fora do local, com seus Jordans vermelhos em miniatura balançando indiferentes.

Um pouco depois, durante um atraso de quase duas horas causado por um defensor público preso no trânsito, Caiden, com a mãe ao lado, olha para a praça de modernismo tardio do Compton Civic Center, suas linhas limpas e pintura branca arranhada encobertas na manhã de junho. Ele é novo demais para entender todas as acusações que seu pai, seu tio e outros supostos cúmplices encaram: roubo, vandalismo, roubo de carro, posse de fuzil, dissuadir testemunha, conspiração, arma de fogo carregada num veículo (parte da lei anti-tiroteio da Califórnia), tentativa de assassinato e homicídio em primeiro grau.

O pai de Caiden é Drakeo the Ruler, e seu tio é Ralfy the Plug. Os rappers de South Central, que compartilham um jeito de falar escorregadio e um vocabulário quase inescrutável, são figuras integrais da cena rap da cidade. Drakeo (que se pronuncia “Draco”) em particular inspirou vários imitadores com menos destreza linguística, alguns deles correndo agora para preencher o vácuo de poder criado por sua ausência.

Mas hoje eles são Darrell e Devante Caldwell, réus em trajes de presidiário azul royal. Com outras seis pessoas, os Caldwells supostamente conduziram um ataque fracassado ao rapper RJ, matando um suposto membro do Inglewood Family Bloods e deixando dois feridos. As acusações são sérias e todos os acusados se declararam inocentes. Mesmo RJ concorda, e foi até o Instagram Live para dizer, que “Nem eu acho que [Drakeo] estava planejando me matar”. Quando a promotora distrital Shannon Cooley diz que o grupo de rap dos Caldwells, Stinc Team, é uma gangue, os irmãos riem. Todo mundo assistindo o julgamento ri. O meirinho grita de novo, dessa vez com os adultos no salão.

Quando a audiência acaba, e os parentes e amigos começam a se despedir apressadamente dos réus, Caiden reaparece. Ele vê o pai, seu pai o vê, aí ele é carregado para um corredor cheio de amigos e parentes.

A história da era “talkin' shit” reflete a história de Drakeo. Quando era adolescente na Washington High School no final dos 2000 começo dos 2010, ele era parte da crew de jerkin' LoL Kids; aí, quando o movimento ratchet estava perdendo fôlego, ele se aliou brevemente ao DJ Mustard, que remixou seu primeiro sucesso, “Mr. Get Dough” de fevereiro de 2015; e antes de se livrar da influência de Mustard, ele lançou sua segunda mixtape, I Am Mr. Mosely, em outubro do mesmo ano.

Junto com “Ride with My Glock” do AzSwaye, Mr. Mosely definiu novos parâmetros para o rap de Los Angeles. Como o ratchet, os instrumentais são esqueléticos e guiados por teclados; diferente do ratchet, que era hipersexualizado como um desenho animado, as letras refletem a interação entre os bens materiais que esses rappers querem; seus comportamentos inescrupulosos e às vezes ilegais; e o reconhecimento de que essas ações têm duras consequências. Drakeo rima sobre ter casas de chineses como alvo de assaltos, sair comprando tudo na Neiman Marcus, tomar xarope para tosse até quase entrar em coma, e carregar fuzis altos o suficiente para jogar basquete no Lakers.

“O ratchet estava sempre falando sobre comer vadias e tudo mais”, lembra Drakeo, a voz afinada por um telefone na prisão onde ele está. “Isso nunca me atraiu. Naquela época, eu estava arriscando minha vida para conseguir dinheiro para comprar todas essas merdas, e tentando lidar com uns cuzões. [Ratchet] nunca foi meu estilo de vida.”

Seus problemas com a lei, além da acusação de Drakeo de que ele está sofrendo assédio do Departamento de Xerife de Los Angeles (ele disse a Jeff Weiss que o departamento está “obcecado” por ele), desacelerou sua produção. Ele passou boa parte dos últimos dois anos preso, com uma sentença de 11 meses e sua prisão atual ensanduichando alguns meses de liberdade. Foi durante esse período que ele gravou e lançou o idiossincrático Cold Devil, sua quarta mixtape e a obra mais singular e completa de shit talkin' da geração até agora.

Em Cold Devil, Drakeo rima com uma cadência paciente, quase de lean, que soa como se alguém tivesse colocado fogo num caminhão-tanque cheio de dinheiro, mercúrio vazando de um termômetro quebrado, ou deslizamento de terra soterrando uma confeitaria. Ele inverte a equação do rap de igualar barulho com ser foda, canalizando uma conversa sussurrada para atacar “Stanleys” (polícia) e “silly billies” (inimigos) desavisados. Complementando esse fluxo de melaço rastejante vem um vocabulário inteiramente próprio. Uma amostra: “flu-flamming” (assalto), “Shanaynay” (arma com um pente prolongador), “Pippi Longstocking” (a mesma coisa), “hood trophies” (joias) e “backseat bandit” (mulher promíscua).

“Quando eu estava realmente ouvindo música, eu estava ouvindo Lil Wayne – mas todo mundo ouvia Lil Wayne – e Rocko e Young Dro”, ele diz. “Eu gostava que eles tinham essas gírias idiotas. Eu pensei 'Ah, curti', porque eu entendia aquela merda. Foi isso que me tornou diferente: sempre ouvi muita música de outras pessoas. E antes de começar a fazer rap seriamente, perguntei [ao Ralfy]: 'Minha merda não parece com a de mais ninguém, certo? Minha merda não parece com a desse rap, certo?'”.

Essa meticulosidade compensou – ele é realmente um artista sem uma comparação histórica precisa. Suga Free tinha uma consistência de lean, mas seus jargões eram derivados das tradições orais de produtores trabalhados; a gíria é de E-40, mas usando dicas de contexto, é mais facilmente decifrável. Drakeo soa menos com uma Califórnia reconhecível e mais com uma doma de prazer psicodélico de sua própria criação, cortada por arroios de codeína. E se a promotoria engavetar seu caso, Drakeo tem mais permutações para compartilhar.

“Sempre vou além – até aqui”, ele diz, pausando para rimar alguns versos, que ele pontua com uma risada de satisfação. “Estou em outra merda, mas tento não pensar no meu caso, porque não quero que isso afete como faço rap. Se fico pensando no meu caso o dia inteiro, só vou rimar sobre coisas de cadeia, e o pessoal não quer ouvir essa merda.”

A Geração Talking Shit rejeitou amplamente o G-funk. Os pais deles usavam Chuck Taylors, bandanas e calça baggy Ben Davis bem passadas, ouvindo K-7s de Zapp & Roger em seu Impalas que pulavam. Mas as roupas, acessórios e carros americanos têm um cachê cultural para aqueles que não cresceram cercados por eles quando criança e, para muitos jovens angelinos não-brancos, eles são símbolos de uma era passada sem sofisticação. Ou, como o rapper de South Central (e Carson) AzSwaye explica: “Você não precisa usar todos os seus vincos. Você pode sair com um visu legal e ainda mandar bem”.

Mas a história se repete – ou espirala de maneira tão próxima que assim parece. Enquanto a nova geração de rappers angelinos tem apenas uma vaga semelhança com seus antepassados do G-funk, as evoluções artísticas da geração são muito semelhantes.

No começo dos anos 1980, a juventude de Los Angeles estava no caminho do electro, um estilo de dance adjacente do rap com baixo pesado importado de Nova York e Detroit, e abastecido pela bateria eletrônica Roland TR-808. Em clubes cavernosos como o L.A. Sports Arena, milhares de jovens, ao som do funk eletrônico do Uncle Jamm's Army, dançavam com cabelo pingando Soul Glo e roupas de poliéster.

Dam-Funk, o obsessivo virtuoso do funk de Pasadena, uma vez explicou a popularidade do electro em Los Angeles como um reflexo, em parte, da relativa estabilidade econômica fornecida pelo setor industrial da cidade, que logo declinaria. “Os Natais eram ótimos para os garotos […] Havia empregos, piqueniques, festas, e a garotada estava ganhando instrumentos e equipamento de DJ […] Você ia pras lojas de discos todo final de semana e saía com as coisas que a KDAY e a KJLH estavam tocando.”

Aí, do meio para o final dos 90, com a Guerra às Drogas racial, sentenças mínimas obrigatórias e austeridade do Reaganomics, o fardo sobre os angelinos negros se intensificou. Enquanto trabalhos sindicalizados saíam da cidade e se tornavam cada vez mais remotos dos bairros negros, as taxas de vício em drogas, participações em gangues e assassinatos tiveram um pico. Uma L.A.P.D. já violenta, liderada pelo agressivo e polarizador Daryl Gates, se militarizou ainda mais, com equipes da S.W.A.T. invadindo regularmente supostas bocas de drogas. ( A música de 1985 “Batterram” de Toddy Tee documenta esse fenômeno.) Garotos que dançavam com “Dial-A-Freak” de Uncle Jamm's Army estavam apanhando. O gangsta rap nasceu desse miasma.

Mas a música dos luminares do gangsta rap do final dos anos 80, N.W.A., Ice-T e Toddy Tee, não era a realização mais rica possível de Los Angeles. Na entrega e nas batidas, havia algo rigidamente emprestado da Costa Leste. Mas no começo dos anos 90, Los Angeles encontrou a apoteose de sua cultura na emergência do G-funk, ou “gangsta funk” – funky, radical, um pouco apocalíptico, e, na época, brutalmente niilista. (Ou, como rimou Dr. Dre em “Let Me Ride” de 1992, “No medallions, dreadlocks or black fists / It's just that gangsta glare, with gangsta raps”.) Em cerca de uma década, a música dos jovens angelinos negros tinha ido de faixas bastante simplistas e good vibes para músicas com camadas densas sobre crime, sexo e poder.

A geração atual de rappers de Los Angeles passou por uma evolução similar: de garotos que adoravam dançar virando homens calejados. Dez anos atrás, o jerkin' parecia potencialmente transformativo para o rap de LA. Mas quando o barato das danças loucas passou, as condições materiais de poucos participantes do jerkin' tinham mudado para melhor. A cena a que eles tinham se dedicado não conseguiu se cristalizar em algo lucrativo e duradouro, e sem um próximo passo claro, muitos caíram numa vida de criminalidade.

“Depois do jerkin', foi quando todo mundo começou a cometer crimes”, zomba 1TakeJay.

“Por que você acha que isso aconteceu?”

“Sei lá. Os seguidores queriam parecer durões. Provavelmente eles não tinham um bom exemplo ou guia. Essas coisas são idiotas.”

Tem um rasgo roxo no tecido de Los Angeles do tamanho e forma de 03 Greedo, um excêntrico que parece ter sido feito sob medida para notoriedade nacional.

Em 28 de junho de 2018, oito meses depois da nossa entrevista na hora do almoço em Beverly Hills, o homem com caligrafia de gangue tatuada no rosto começou uma sentença de prisão de 20 anos por posse de 1,8 quilo de metanfetamina e duas pistolas roubadas, descobertas por um policial durante uma blitz nos arredores de Amarillo, Texas. Nos meses antes de se entregar, o compositor mais instintivo do rap desde Future gravou centenas, se não milhares de músicas; lançou o incrível disco de 27 faixas God Level; fez seu show “final” algumas vezes para multidões; e pediu a namorada em casamento no palco. Ele não era mais “o Greedo de Grape”, um favorito local dos Crips, mas uma estrela em ascensão cujas entrevistas provocadoras ajudaram a impulsionar os clipes deles para milhões de visualizações. (Até o TMZ cobriu seus últimos dias antes da prisão.) Enquanto junho chegava ao fim, com uma cela numa prisão do Texas acenando pra ele, ele tuitou: “Sinto falta dessa vida. Dei tão duro para ter meus sonhos apagados. Não fique nessas ruas. Elas não te amam de volta. Isso é uma armadilha...”

Mas que armadilha prendeu Greedo? Foi a armadilha de ser criado no conjunto habitacional Jordan Downs em Watts, onde a taxa de crimes violentos supera a da maioria dos EUA, e segundo um estudo de 2014, a qualidade de vida é similar a do começo dos anos 1970? Talvez a armadilha tenha sido o carro que bateu na moto de seu pai, o matando e desestabilizando a infância de Greedo logo no começo. Ou, talvez, a armadilha da sedução da poderosa e violenta gangue Grape Street Crips, a que Greedo inquestionavelmente pertence. Talvez a armadilha tenha sido armada pelo DEA, que designou um trecho desolado da I-40 do nordeste do Texas como “ Área de Intenso Tráfico de Drogas”, o que, segundo o Ato de Substâncias Controladas, ajudou a determinar a severidade da sentença de Greedo. Talvez a armadilha tenha sido o impacto cumulativo de centenas de anos de racismo, que acabam tornando necessário desobedecer a lei para sobreviver.

Seja lá quem for o culpado, o resultado é que Greedo vai passar, no mínimo, um ano e meio de hiato numa prisão no Texas, longe da filha, da noiva e do microfone. Durante os dois anos entre sua prisão em 2016 e a admissão de culpa em 2018, ele foi uma aparição coberta de roupas de luxo, emergindo do éter de Watts numa missão para alterar permanentemente a música de Los Angeles. Com sua voz anasalada e aguda, ele rimava e cantava com uma candura de partir o coração sobre perda, ansiedade e abuso de drogas, despreocupado com os temas narrativos e marcos musicais de uma Los Angeles vencida. Ele descreveu seu trabalho como “emo para gangueiros”, uma designação nebulosa o suficiente para que qualquer coisa que Greedo criou – do pop róseo ao gangsta rap metálico, até os experimentos sonoros insuitados – se encaixe no termo.

Agora o ciclo de perda e dor recomeça, seus contornos são os mesmos, e as cores são de um tom mais escuro de roxo. A lamentosa “Mei Mei”, uma homenagem à filha que ele lançou em julho de 2017, agora parece uma elogia a vida adulta dele. Ele canta:

Eles não gostam de ver uma pessoa negra vencer

Se eu cair depois que acabar fora da cidade

Entenda que eu só queria viver

Porque quando você é jovem e tenta ganhar a vida de onde venho

Eles não querem te deixar criar os próprios filhos

Foda-se o que essas pessoas assustadoras estão sempre falando

Você vai sair por aí e aceitar se arriscar

Usando tênis Balenciaga, Kalan.frfr entra no estúdio da Dash Radio com sua entourage atrás. O ex-cornerback do San Diego State que virou cantor de R&B contemporâneo está de bom humor, e tem seus motivos: uma entrevista com Victor Ulloa da Rosecrans Radio, aka Rosecrans Vic, e seu coapresentador, Cypress Moreno, é uma coroação.

O blog de Ulloa, RosecransAve.com, foi o primeiro a escrever sobre vários artistas emergentes de Los Angeles, e uma aparição no programa de rádio dele e de Moreno – depois transmitida pela plataforma digital sem censura e sem comerciais Dash Radio que, até janeiro de 2019, operava de maneira independente – é a porta de entrada para um reconhecimento mais amplo, incluindo por outros jornalistas de música. Eles são jovens, investidos emocionalmente, e cresceram nos mesmos lugares que os artistas que cobrem. E eles são latinos.

Desde os anos 1970, Los Angeles vem experimentando uma mudança demográfica profunda e antes impensável, com mexicanos e centro-americanos – incluindo os pais de Ulloa e Moreno – migrando para o norte em busca de paz e oportunidades. Hoje, a população latina de Los Angeles é quase cinco vezes maior que a população negra. Os descendentes do boom de imigração do final do século 20, que atingiu um pico em 1990, muitas vezes cresceram nos mesmos bairros que os garotos negros, frequentando as mesmas escolas e ouvindo a mesma música.

“Vocês já se sentiram outsiders no rap de L.A.?”, pergunto aos apresentadores. Já passou da meia-noite, mas o estacionamento da Dash ainda tem o zumbido vago dos carros acelerando pela 101 Freeway.

“Até este ponto, sinto que não”, responde Moreno. “Mas quanto mais fundo entrávamos nisso, vemos que somos a minoria. É seguro dizer isso?”

“Sim, com certeza”, diz Ulloa.

“Mas isso nunca foi um problema?”

“Não, é a mesma coisa”, diz Ulloa. “Muitos amigos são mestiços também, como mexicano e negro.”

“Quando você vai num show do Nipsey Hussle ou um show do Y.G., só tem hispânicos no público”, diz Moreno, que foi batizado em homenagem ao grupo de rap Cypress Hill. “Não me sinto deslocado. Acho que [Vic e eu somos] uma boa representação da cultura do hip hop de Los Angeles, porque a demografia do público é muito hispânica.”

Além do blog e do programa de rádio, Ulloa faz a curadoria da playlist “Hometown Heroes: L.A.” no Audiomack, atualizada semanalmente com novos singles de novos artistas locais. Com o jornalista Jeff Weiss, ele também confundou o Don't Come to L.A., uma série de shows que destaca artistas de partes tipicamente polarizadas da cena local de rap. (JPEGMAFIA e G Perico já tocaram na série, por exemplo.) Moreno atua como DJ para o Shoreline Mafia e Perico, e já produziu batidas para 03 Greedo, Stinc Team e Rucci.

Grandes selos passaram muito tempo tentando encontrar o astro de rap latino “perfeito” – etnicamente latino, mas com um estilo menos duro que rappers chicanos como Mr. Criminal e Lil Rob. Pior para eles, os selos raramente cortejam influenciadores da cena como Moreno e Ulloa, resultando em menos rappers latinos com apelo intercultural.

“Vocês já foram abordados por alguma gravadora?”, pergunto.

“Acho que as pessoas estão vendo o que eu e o Vic estamos fazendo – pessoas em posições mais altas que a gente agora – e sinto que fornecemos uma plataforma legal para esses artistas serem vistos”, responde Moreno, diplomaticamente. “Ganhando crédito por isso ou não, mantenho minha posição.”

“Acho que estamos fazendo muito do trabalho das gravadoras por elas, em se tratando de descobrir talentos--”, começa Ulloa, mas é cortado por Moreno.

“Mas é algo movido por paixão. É o que achamos que precisa ser feito agora.”

Assisto o pôr do sol no Instagram porque as colinas gramadas na frente do YouTube Space em Playa Vista bloqueiam a aquarela laranja, roxa e amarela no céu. A tarde nublada vira noite, e, depois de uma corrida de Lyft na hora do rush de Hollywood, Fenix Flexin do Shoreline Mafia chega, muito doido de Xanax. Xanax de verdade, ele esclarece – o novo Xanax, o Xanax azul.

Inesperadamente ausente de sua crew, que está aqui hoje para filmar conteúdo temático de Natal para o canal deles no YouTube, é o cofundador do Shoreline Mafia, OhGeesy, que dá mau jeito nas costas levantando pesos – uma reviravolta irônica para um rapper cujo grupo tem uma música chamada “Break A Bitch Bacc”. Filho de imigrantes mexicanos, OhGeesy é o Statler do Waldorf de Fenix. O swag deles foi aprimorado por anos andando de skate, fazendo pichação, rolês chapados, e, nos últimos tempos, meses de turnê. Além dos colegas de grupo Rob Vicious (nativo de West Adams) e Master Kato (Chicago e San Fernando Valley), eles são os primeiros da geração Talkin' Shit a subir nos palcos da Europa – e provavelmente os únicos rappers dignos de nota de L.A. de sua geração a crescerem em East Hollywood.

East Hollywood é bem diferente das regiões irmãs. West Hollywood, sua própria cidade desde 1984, é o epicentro da cultura LGBTQ de Los Angeles; North Hollywood, entre as rodovias 5, 134 e 170 em San Fernando Valley, é um anexo para trabalhadores da indústria da televisão e cinema; e Hollywood, cujas propriedades luxuosas são escondidas por altos portões de segurança, é uma armadilha de turistas tosca. Mas East Hollywood lembra muito como Los Angeles costumava ser. Famílias tailandesas, armênias e guatemaltecas alugando bangalôs decadentes; minishoppings lotados de restaurantes com sete mesas, lojas de donut que funcionam 24 horas, e lojas de bebidas com vidros à prova de bala grossos o suficiente para parar um míssil antiaéreo. Os adolescentes da área parecem andar de skate, pichar e vagabundear em toda superfície disponível.

“Se você fosse levar alguém para dar um passeio por East Hollywood, onde você levaria a pessoa”, pergunto a Fenix.

“Porra! Barnsdall Park – a gente colava muito lá. E depois da escola, a gente ia para Lexington Park – a gente ficava bem louco lá. Telhados! O pessoal ficava de boa nos telhados, e quando isso enchia o saco, a gente invadia condomínios fechados que ainda não estavam prontos--”

“Prédios que eles tinham acabado de construir--”, interrompe o rapper e afiliado do Shoreline Mafia Mac PDawg, que chegou com Fenix.

“A gente subia na cobertura. Tinha uma com luzes funcionando e água corrente. Ficamos dando rolê por lá por um ou dois meses.”

Clipes filmados em apartamentos recém-construídos e pichados, ou em shoppings com luz fluorescente perto de East Hollywood, ajudaram a transformar o Shoreline Mafia no grupo preferido dos adolescentes que matam aula. “Musty” (parcialmente filmado no estacionamento do Gower Plaza, na Hollywood e Gower) e “Bottle Service” (gravado no agora defunto Windsor Donuts na Sunset e Hobart, depois que o grupo foi expulso de uma mansão alugada) são muito Shoreline: fanfarrões, rastejantes e, em sua criação, risivelmente irresponsáveis e descaradamente ilegais.

Numa entrevista com No Jumper, Ron-Ron, cofundador e o influente beatmaker da crew Hit Mob, explicou que se conectou ao grupo depois que OhGeesy mandou mensagem pra ele querendo comprar batidas no estilo das que Ron-Ron fez para “Milwaukee Bucks” do FrostyDaSnowmann. “Mas eu não sabia quem era OhGeesy”, diz Ron-Ron. “Isso foi quando ele entrou no meu SoundCloud. Eu tinha lançado uma beat tape chamada I'm Not Your Average Producer. As batidas para 'Musty' e 'Bottle Service' estavam lá.”

Roubar os instrumentais de um Ron-Ron nada litigioso acabou sendo uma decisão esperta. Antes de subir “Musty” e “Bottle Service” no SoundCloud em dezembro de 2016, o Shoreline Mafia fazia traps sem muita distinção geográfica - mesmo sendo bons o suficiente para render ao grupo fervorosos fãs locais, eles estavam desalinhados com as trilhas sonoras de invasão de propriedade sendo criados ao sul da 10 Freeway. As músicas impressionaram Ron-Ron, o levando a produzir uma mixtape para o grupo. Com suas batidas furtivas e minimalistas e raps de traficantes de coração gelado, ShorelineDoThatShit empurrou o Shoreline Mafia para uma cena vibrante em seu ponto de inflexão. Eles não catalisaram o movimento, mas o timing deles se mostrou impecável.

2018 foi um ano e tanto para o grupo, que lançou dois EPs – Party Pack e OTXmas – e Traplantic, um disco solo de Rob Vicious, e o primeiro material novo do Shoreline Mafia lançado como parte de um acordo com a Atlantic Records pensado por OhGeesy. Com a força de alguns milhões de visualizações no YouTube e cliques no Spotify, além de atenção positiva da imprensa, o grupo se apresentou em locais diferentes como Berlim (“Burgermeister – um salve pro clube”, diz Fenix), Amsterdã (“O pessoal lá é muito legal”), Paris (“As roupas eram incríveis”) e Manchester, onde a comida era “bem ruinzinha”. Mas a experiência completa do Shoreline com certeza acontece nos EUA, onde multidões pulsam com uma energia adolescente quente e pesada, com as mãos agarrando desesperadamente o membro do grupo que estiver mais próximo da beirada do palco.

Rob Vicious, Master Kato e Fenix Flexin são populares, mas OhGeesy é a Grande Esperança Latina, um astro intercultural etnicamente mexicano, com carisma para se apresentar (quase) sem controvérsia num gênero negro. Com os colaboradores eventuais do Stinc Team e 03 Greedo presos por um tempo indeterminado, o Shoreline são os astros ainda não ultrapassados de sua geração, e querem continuar assim.

“Onde você se vê em cinco anos?”, pergunto a Fenix, que está alegremente comendo um sanduíche de frango em um dos corredores brancos do YouTube Space, seu barato tendo atingido uma altitude de cruzeiro confortável.

“Em placas na parede – vamos atingir o ouro este ano. Quero ver todos os meus amigos lá. É muito divertido chegar no topo com seus manos.”

G Perico acabou de se mudar, e na falta de móveis, ele compensou com um bulldog de raça pura, Kilo, que já perambula pela casa como se fosse o dono. Aninhado no fundo do San Fernando Valley, o apê de carpete branco e três quartos é seu baluarte contra as intrusões de sua nativa South Central. Para os visitantes indesejados, tem um congestionamento na 405; para espíritos malevolentes, tem um mezuzah na porta da frente. Quatro anos atrás, o Crip da Broadway estava cumprindo pena de dois anos por posse de arma de fogo. Agora ele é um suburbano.

Aos 31 anos, Perico é mais velho que a maioria dos rappers de Los Angeles de sua era. Em uma cena definida em grande parte por sua precariedade legal, ele é constante e confiável. Mas como esteve no crime e encarcerado pela maior parte da vida adulta, sua carreira só começou mesmo em 2015, quando ele lançou Tha Innerprize II, apresentando sua música para um público maior que o rapper de Compton Jay Worthy, A$AP Yams ( um devoto dos primórdios) e seu bairro em South Central. (O primeiro Innerprize, criado durante sessões de gravação esporádicas antes de cumprir aquela pena, é cru, assim como Tha Hiatus, lançado quando ele ainda estava atrás das grades.)

Nos mais de quatro anos desde que saiu da prisão, Perico ganhou uma base de fãs internacional dedicada, fazendo a ponte entre a L.A. de hoje e a L.A. mais funk do passado com seus álbuns Shit Don't Stop, All Blue e 2 Tha Left. Ele tem trancas delicadas que lembram as da lenda do G-funk DJ Quik, e uma perspectiva endurecida pelas ruas que ele diz ser inspirada por Bangin' on Wax de 1993; e, apesar de seu som não ter a batida narcotizada dos jovens produtores (e primos) da Hit Mod Ron-Ron ou AceTheFace, suas linhas de sintetizadores evocam uma abordagem contemporânea à ameaça descolorida de sol do G-funk. Digo isso a Perico, que concorda.

“Sou respeitado nos dois extremos – e não tenho nenhum preconceito com esses dois lados – mas estou voltado para o futuro e o que é novo, em vez de na mesma merda de sempre”, ele diz, sentado num sofá cinza com Kilo de guarda aos seus pés. “Mas a merda antiga é nossa história, certo? […] Os OGs falam comigo e querem versos, e a era atual – de que faço parte – também fala comigo. Sou tipo o Blade; andando em plena luz do dia.”

É fácil entender o que Snoop Dogg (que convidou Perico para sua série na internet GGN) e E-40 (que pediu um verso para a música “Ain't Talking Bout Nothin”) viram no ex-presidiário: a si mesmos. Perico tem uma solenidade envelhecida de empreendedor que supera seus 31 anos. Seu feudo – uma loja de roupas em South Central de sua marca So Way Out, a tabacaria One Stop, um bar de sucos que ainda vai ser inaugurado e alguns imóveis – é bem menor que, digamos, do falecido industrial de Beverly Hills Norton Simon. Mas sua mera existência o diferencia de outros rappers de sua era. Em outra vida, outros tempos, ele poderia ter sido Tom Bradley, o filho de arrendatários que se tornou prefeito de Los Angeles por cinco mandatos, ou Ben Weingart, um entregador que se tornou o investidor que transformou os campos de beterraba na cidade de Lakewood. Mas ele ainda está tentando resistir ao canto da sereia de 112th e Broadway.

“Finalmente estou vivendo como um ser humano, e não um preto numa esquina qualquer – mesmo isso também tendo sido minha realidade”, ele diz, rindo. “Não é como estar preso.”

“Você ainda se vê lutando com essa tentação?”

“Sim, ainda tenho problemas com isso”, ele diz. “Eu deveria estar parando, e acabo fazendo nada o dia inteiro, bêbado, fazendo merda. Talvez isso ainda seja uma forma de ignorância. Ainda tenho momentos imprudentes, mesmo tendo todas essas coisas em jogo. Preciso me conter, porque posso mudar a vida de muitas pessoas só sacrificando meu tipo de entretenimento, que é merda do gueto. Minha zona de conforto é o gueto.”

Por causa das conexões duradouras com as ruas, ele está consciente dos obstáculos encarados por seus colegas mais jovens do rap. Numa cena formada por pessoas de vinte e poucos anos, ele é parte amigo da vizinhança, parte sábio das ruas. E, apesar de dizer que não quer “ficar tentando pregar pros pretos”, ele fez música com Drakeo, AzChike e Rucci, o último um rapper incentivado por Perico desde seus dias como membro do MackkRucci, seu grupo com o falecido Sean Mackk. Antes do assassinato de Mackk numa rua sem saída de Inglewood no ano passado, ele e Rucci eram gangueiros do rap, o equivalente de L.A. de Lil Boosie e Webbie.

“Eu era um grande fã do Sean Mackk”, diz Perico. “Eu pensava tipo: 'Esse preto Sean Mackk é foda. Qual é a dele?' Rucci também era foda. Eu pensava 'Isso soa com um negócio de outro nível'. Sean Mackk acabou sendo morto, o que foi uma bosta, e Rucci tomou o lugar... Ele é o melhor preto de Inglewood agora. Isso é fato.”

O último ano da vida dele foi marcado por tragédia, mas quando nos sentamos no bar de um estúdio em Hawthorne, Rucci está feliz. Depois de ficar cinco anos preso, ser deportado quase sem aviso para El Salvador, se esconder de uma força policial movida por extorsão e assassinato, atravessar a Guatemala, cruzar a fronteira de selva do sul do México, e aprender a consertar ar-condicionados na Cidade do México, o pai dele, Juan “Big Tako” Martinez, chegou a Tijuana. E, como Tijuana fica a poucas horas de carro de Inglewood, é quase como se os Martinez tivessem sido reunidos.

As lutas de Martinez são comuns entre deportados salvadorenhos. Como Juan pai, muitos deportados são criados nos EUA e muitas vezes não têm o espanhol bom o suficiente ou sistemas de apoio necessários para se assimilarem em El Salvador. O país, por sua vez, é aterrorizado por duas gangues que se originaram em Los Angeles, a 18th Street e o MS-13. O ciclo se autoperpetua: essas gangues cresceram de condições socioeconômicas alienantes, e quando seus membros são deportados, eles são obrigados a cair numa situação similar em seu país de origem, o que cria mais violência, mais refugiados desesperados e, eventualmente, mais deportados. Mas é incomum que esses deportados se tornem membros de gangues predominantemente negras, como o pai de Rucci era.

Big Tako era um Inglewood Neighborhood Piru, e apresentou a cultura de gangues para Rucci desde pequeno. Em “Bodak Rucci”, o jovem Martinez, agora com 24 anos, detalha um incidente particularmente traumático de sua infância:

Eu tinha seis anos quando vi meu primeiro cadáver

Andei até a frente, nem sabia quem tinha atirado nele

Andei até o fundo e vi meu pai limpando sua nova arma

Meu tio olhou pra mim e disse 'Tivemos que dar um jeito

Aqueles pretos estavam fora dos limites e não gostam do seu pai'

Assassinos frios, eles não deram a mínima, eles estavam rindo

Então voltei a dormir como se nada tivesse acontecido

“Essa letra é verdade?”, pergunto a Rucci, cujas tatuagens no rosto – um coração partido perto do olho direita, um cruz simples sob o esquerdo – parecem marcas de nascença.

“Meu pai sempre me mostrou o que era certo e o que era errado, na minha cara”, ele lembra entre tragos de um bong que ele reabastece com pontas de beck, um método que ele atribui a uma adolescência de escassez de maconha. “Vi de tudo quando era criança, tipo, só dele me informando. Mas ele ainda me mandava voltar pra casa. Vi muita merda. Ele não escondia quase nada de mim. Ele era louco.”

“Você ainda pensa nessas coisas?”

“Uh-hum – vi muita merda depois disso”, ele diz. “Muita merda. É um saco dizer isso, mas isso não te afeta mais tanto. Não é nada novo. Se meu pai e meu tio estavam fazendo algo que não deveriam, eles deixavam claro pra gente, caso a polícia aparecesse...”, ele pausa. “Meu irmão e eu estávamos sempre alertas.”

Esse ainda é o caso. No verão de 2017, o melhor amigo de Rucci e parceiro de rap, Sean Mackk, foi assassinado; Rucci diz que seu irmão de 18 anos, Angel, também sobreviveu a um tiro na cabeça. Como ele discute e mostra abertamente sua afiliação ao Neighborhood Piru, que foi praticamente empurrada a ele pelo pai e o tio – Rucci vive num conjunto de restrições muito mais severas do que aqueles capazes de rejeitar a divisão entre azul e vermelho, como muitos de seus colegas fizeram. Essas restrições se estendem para a música dele.

“Tem muita gente com quem eu gostaria de trabalhar, mas não posso por causa das gangues – e muita gente não tem esse problema”, ele me conta. “AzSwaye, 1TakeJay – eles podem fazer música com quem quiserem. Por isso me sinto tão encaixotado, mas ainda sei como explodir essa caixa. Muita gente não passou pelas merdas que eu e minha equipe passamos. Mas ainda conseguimos prosperar.”

Está fazendo um calor de 37 graus, então quando 1TakeJay me busca no sufocante estacionamento de seu prédio, voltamos rapidamente para o apartamento de sua família, onde as cortinas estão fechadas e o ar-condicionado está ligado.

Outros rappers de L.A. são enérgicos, mas Jay, um ex-cornerback de 23 anos de Compton que já recebeu propostas da UC-Davis, é uma bola musculosa de luz. (Em junho de 2018, ele e Kalan.frfr se apresentaram do jogo de futebol de caridade do receiver do Cincinnati Bengals John Ross.) Outros rappers de L.A. são soltos, mas Jay, que já foi um moleque do jerkin' que se descreve como “bobão pra caralho”, dança com uma alegria incontida, com um sorriso quase sempre no rosto. Outros rappers de L.A. fazem bangers, mas Jay, como seus colegas do grupo 1Take 1TakeTeezy, 1TakeQuan e 1TakeTy fazem exclusivamente bangers.

Foi “To Da Neck”, postado no SoundCloud em julho de 2017 com uma foto de Jay sentado numa privada se abanando com um leque de notas de US$ 20, que estabeleceu a reputação ainda imaculada deles como um dos melhores fornecedores de música de festa de L.A. A música atinge, sem fazer esforço, um equilíbrio entre brincadeira e agressividade, e no segundo que ele grita “Look, I couldn’t even take a ‘L’ in a Lexus”, você já está cantando junto.

“Gravei 'To Da Neck' bem ali na sala”, Jay lembra, apontando com o queixo para a divisão entre a sala e um espaço menor com sofás e um otomano de couro. “Foi muito louco como aconteceu. Nem era para ser uma música; era um freestyle, porque ia ser apenas um verso longo. Mas aí eu disse 'Foda-se, vou continuar', e peguei as partes mais pesadas e chiclete do verso e usei como gancho. Essa era a música por um minuto – e a música ainda nem estava mixada.”

Para quem conhece a cidade só superficialmente, Compton evoca um conjunto de associações específicas: negritude, crime, uma certa falta de humor. Mas essas ideias e imagens são baseadas numa versão de Compton que está começando a desaparecer. A cidade é apenas 31% negra (quando era 73% negra em 1980); os assassinatos per capita, enquanto ainda são altos, atingiram um pico em 1991; e, apesar de Compton ainda ter problemas financeiros, a prefeita Aja Brown parece mais em sintonia com as necessidades de uma cidade contemporânea que seus antecessores. A calma que o colega de Compton de Jay, Roddy Ricch, herdou dos ancestrais do G-funk é uma expressão legítima da cidade, mas isso não é o total da experiência contemporânea de Compton. Com a camaradagem risonha deles e dancinhas propositalmente ridículas, o 1Take oferece uma visão alternativa de uma Compton em evolução.

“Especialmente quando comecei a fazer rap – e mesmo dizendo que não canto em pelo menos três ou quatro músicas, é algo quase viral – as pessoas ainda me abordam nas DMs dizendo 'E aí, cara? De onde você é?'”, ele diz. “Sem ódio, só tentando saber de onde sou. Ainda viso discretamente os caras mais novos pra dizer 'Seja você mesmo'. Porque não dou a mínima sobre o que dizem de mim... Foda-se que pareço bobo, estou fazendo o que me faz feliz.”

A noite quente e sem estrelas de verão numa sala de Gardena se enche de fumaça de maconha, conversas paralelas e um grupo cada vez maior de caras jovens. Em vez de uma entrevista calma com os membros do AzCult Rob Two e AzChike, trombei com uma festa. A única coisa incomum é que eu, um cara branco de 28 anos, estou presente.

Rob Two e seu amigo TimDawg, um aspirante a rapper e um dos moradores do apartamento, relembram a discografia do começo de carreira de 03 Greedo. WoodroTheMan – que, também, está envolvido com rap, e cuja mochila preta MCM está lotada de uma variedade de cintos e relógios de marca, além de dinheiro – elogia a rotatividade fluída do beck. Discuto os méritos relativos de maconha versus álcool com Bam Bam, um motorista de ônibus de Culver City usando uma camiseta justa sobre o corpo magro. Aí, AzChike (“A-Z Chike” não, como ele brinca, “Azz Cheek”) chega.

Segundo minha sugestão, RobTwo, AzChike e eu passamos da sala enfumaçada do apartamento para a escadaria, onde as luzes do prédio iluminam tudo – os Air Maxes prateados de Rob, as palmeiras lá fora, a tinta pêssego das paredes – com um tom de laranja espectral e quase antisséptico.

Junto com o Stinc Team e o 1TakeBoyz, o AzCult forma um triunvirato de grupos angelinos jovens e emocionantes. Eles têm a dinâmica dos amigos de infância de Long Beach 213 e soam como os “beach boys do gueto” de Westside Warm Brew se, em vez de esportes, eles ganhassem jaquetas por fumar maconha. Mas Chike e os colegas de Cult AzSwaye (o Raoul Duke do Dr. Gonzo de Chike) e AzBenzz (um cantor de voz doce) eram colegas de escola, e Rob só foi conhecer o trio no final da adolescência.

“Eles sempre tiveram essa coisa do Cult rolando, e a merda deles era forte”, diz Rob. “Era como se eles fossem irmãos; eu respeitava muito isso. Era foda, sempre quis andar com eles. Os caras me aceitaram. Conheci Swaye quando ele tinha 16, 17, e ele já fazia um rap consciente. Eu pensava 'Esse preto é tipo um Kendrick Lamar'.”

“Sério?”

“É, foda demais. O Chike também!”

“Nosso rap era muito consciente!”, Chike explica quando pergunto sobre seu nome. “Antes do rap, eu não tinha um nome, então cavei mais fundo, e foi quando pensei no nome. É egípcio: Chike Bes. 'Chike' significa 'poder de Deus' e Bes significa 'trazer alegria', então é 'Poder de deus traz alegria'.”

A natureza cerebral do apelido egípcio de Chike e do prefixo “Az” do grupo, que representa a circulação de Alfa e Ômega como descrito em Apocalipse 22:13, contrasta com a música deles. Enquanto o trabalho de RobTwo geralmente é confessional e autorreflexivo, Chike, que rima com uma malícia frígida de alguém que te dá um pescotapa por espirrar alto demais, é todo id. Em certo sentido, ele é a destilação mais pura e crua dos shit-talkers: ele não tem xaveco do Drakeo; não é autobiográfico como G Perico, Rucci ou Greedo; e, apesar de ter participado do jerkin' no colegial, ele não tem a exuberância despreocupada do 1TakeJay. Chike é venenoso e explosivo. Em seu hit de 2017 “ Burn Rubber Again”, ele rima:

Ele é um X-9, pra que vou lutar?

Ilumine sua esquina com esse poste

Preto burro, garoto pobre, lipo de bolso

Tudo em caps você está chupando pinto, não é erro de digitação

Como o freestyle de 1TakeJay “To Da Neck”, ou “Musty” pirateada do Shoreline Mafia, a música, gravada no quarto de Chike sobre uma batida pouco alterada do instrumental do Too $hort, foi gravada sem muita premeditação.

“Por que você escolheu a batida de Too $hort para 'Burn Rubber Again'?”, pergunto a Chike, cujos alargadores metálicos de orelha aparecem por baixo de sua touca preta e refletem a luz laranja do prédio.

“Não escolhi”, ele diz. “Honestamente, eu não escolheria algo assim. Trabalho tanto com [o produtor] LowTheGreat que confio nele. Ele me mandou umas paradas para testar minhas habilidades e ver o que eu podia fazer. O que aconteceu foi que Low me chamou e disse 'Vamos fazer uma mixtape'. Toda batida que ele me mandava, eu dizia 'Beleza, não vou ser um preto esquisito e fresco dizendo 'Não gostei dessa batida, manda outra coisa'.”

“Eu estava pensando 'Caramba, como esse preto escreveu isso?”, acrescenta RobTwo. “Lembro que eu estava no estúdio com Skeme, [e] Skeme estava cantando uma parada do Chike – e pensei 'Caralho, como não pensei nisso?' Esse Chike foi lá e fez. Não tem nada como estar na sua zona de conforto e fazer música...”

“Fato”, ecoa Chike, cujo discurso está cheio de expressões como “fato”, “por Deus” ou “minha palavra”.

“Você pode estar sentado em casa e fazer um hit...”

“Fato.”

“Com uma vadia na sua cama ou algo assim.”

Uma faixa solo com o impacto de “Burn Rubber Again” tem sido elusiva para RobTwo. Enquanto sua carreira até agora não satisfez suas grandes ambições, o morador de Bellflower de fala mansa gravou material digno de um disco com 03 Greedo e, três anos atrás, produziu um dos textos seminais de sua geração, “Ride With My Glock” do AzSwaye. Com seu teclado esparso e letras sobre brandir armas de fogo e tomar lean, a música ajudou a puxar uma era de música de Los Angeles para longe dos instintos pop chiclete de DJ Mustard e mais para uma criminalidade sorridente.

“A gente estava na casa do Chike”, lembra Rob. “Já estávamos fazendo músicas, mas fazendo aquela parada consciente, um negócio tipo Drake. E pensamos 'Cara, tá muito pesado. Vamos deixar um pouco mais besta e ver o que acontece'. E naquela época ninguém estava fazendo rap assim – só Drakeo e Swaye. Comecei fazendo a batida, com o piano, e acrescentei uma bateria, e o Swaye estava sentado lá cantando: '[não sei que lá] and I ride with my glock, [não sei que lá] and I ride with my glock'. E fizemos a letra disso. Terminei a batida, ele escreveu o gancho, aí fez o verso em freestyle. Continuamos tocando a música...”

“Tínhamos aquela música há um ou dois meses”, interrompe Chike.

“Tocamos para todo mundo, tipo 'Taí um hit'. E começou a pegar. Quando isso aconteceu, pensei 'Caramba'. E o aí o Chike canta--”

Aqui Rob pausa. Um carro buzina, e consigo ouvir o zumbido da 110 logo atrás do limite da propriedade. Aí, lentamente, como se estivesse tentando se convencer do que estava dizendo, ele continua: “E o próximo. Você sabe quando a merda está chegando.”

Estou dirigindo para o norte na 5 Freeway por um bairro onde cresci, passando pela maior Ikea dos EUA, Panorama City, marco zero da distribuição de heroína plantada nas montanhas de Nayarit, México. Mais ao norte, na Newhall Pass, vejo um pedaço do Aqueduto de Los Angeles, onde água tirada os lagos Owens e Mono cascateia – espumante, branca e silenciosa – por um caminho em zigue-zague. No Antelope Valley, entre colinas marrons e verdes de mato seco e sob um sol impiedoso do meio-dia, um 3-Series me ultrapassa na Rota 14 usando a faixa de carona, depois passa outro motorista usando a faixa de emergência. De repente, um oásis feito pelo homem é revelado: um majestoso moinho de vento branco com vista para o Lago Palmdale, uma gota azul numa expansão parda.

Depois de uma hora dirigindo, estaciono numa rua arborizada em Lancaster, perto de uma casa com um cartaz no jardim em homenagem a um policial morto. Vejo um idoso na entrada de carros. “O Swaye mora aqui?”, pergunto. Parece que ele não tem certeza, mas se o jovem no duplex atrás da casa dele é Swayne, "será que você podia dizer para ele parar de colocar o número errado da unidade dele para as entregas da Amazon?".

Quando AzAwaye e sua família mudaram de South Central para Lancaster, um posto avançado da indústria de defesa norte-americana no vasto Deserto Mojave, eles se tornaram, como centenas de milhares de pessoas, parte de uma onda de migração remodelando Los Angeles. Nos últimos 30 anos, LA vem experimentando um declínio constante de sua população negra antes robusta. Encarando violência sem sentido, aumento nos aluguéis, escolas decadentes e perspectivas de trabalho ruins, os angelinos negros se mudaram para os vales de Antelope, Apple e Moreno, e, mais adiante, para Arizona e Nevada. Como seus precursores do século 20, que fugiram para Los Angeles para escapar da intolerância do Sul de Jim Crow, esses imigrantes estavam em busca de segurança e estabilidade.

“Como você acabou em Lancaster?”, pergunto a AzSwaye, que tem um corte de cabelo high-top que acentua seu corpo já magro, depois que nos sentamos no sofá da casa dele.

“Alguém morreu na porta de casa [em South Central]”, ele diz. Ele descreve o incidente, que ocorreu quando ele tinha 20 anos.

“Foi no meio da noite”, ele diz. “Não foi como se alguém que eu conhecia tivesse sido morto na porta de casa; foi só que alguém começou um tiroteio. E a gente pensou 'Que porra é essa?' Olhamos para fora da porta e o cara estava literalmente na varanda, caído, morto. Eu pensei 'Esse cara foi morto bem na nossa varanda? Podia ser eu, meu irmão, qualquer um'. Não que a gente tenha mudado porque ficamos muito preocupados com isso; é que tinha muita coisa acontecendo lá. Foi a gota d'água.”

Ele pausa para refletir. Aí, por sugestão de seu irmão mais velho, Donye, que está sentado do lado dele, ele continua. “Mas aquela rua foi como entrei em muitas situações sobre as quais faço rap. Perdi meu primo naquela rua – ele foi atropelado por um caminhão de sorvete, que descanse em paz – e meu irmão perdeu um amigo dele na frente de casa. Ele levou três tiros enquanto tentava consertar seu carro. São coisas que vi enquanto crescia.”

Num país com mais de 50 mil pessoas sem-teto, infraestrutura com pouca manutenção e gentrificação desenfreada, há questões mais urgentes que música, mas essa grande mudança demográfica vai alterar o rap de Los Angeles. Com os poucos enclaves negros em Los Angeles desaparecendo, é possível que regiões empoeiradas como Palmdale e Lancaster – que estão experimentando sua própria fuga branca localizada – eventualmente se tornarão o que Compton e South Central eram nos anos 80 e 90.

Por hora, Los Angeles continua o centro do rap da região. Então Swaye regularmente enfrenta a viagem sem muitas paisagens interessantes entre Lancaster e LA. Nas expansões de centros comerciais desertos, ele é um angelino exilado anônimo; na cidade, ele é um artista ocupado cujo trabalho moldou inegavelmente o que pode ser os anos de crepúsculo do rap de Los Angeles. Swaye e Drakeo the Ruler são o Rômulo e Remo da geração shit-talkin' – gêmeos selvagens que, em vez de sucumbir a South Central, prosperaram. E, se Drakeo tivesse atendido seu telefone, a versão original de “Ride With My Glock” de Swaye teria a participação do chefe do Stinc Team.

“A ideia original era colocar o Drakeo na faixa, porque sei que é isso que meu garoto está fazendo”, diz Swaye, se referindo à letra da música sobre consumo de xarope para tosse com prescrição médica e noites sombrias de escoriações solitárias. “É exatamente esse tipo de merda que ele faz, tipo 'Essa é a música perfeita pra nós'. Você conhece ele – ele chapa e não presta mais atenção no celular, e eu não ia ficar esperando ele pra fazer o verso. Liberei a música, e ele disse 'Ah, cara, merda – eu devia ter feito. É pesado pacas'. Eventualmente, mandei a música de novo pra ele, e disse 'Foda-se. Faz seu verso pro remix'.”

Swaye é o tecido conectivo da geração talkin' shit. Ele cresceu, em parte, na pegada cancerosa da intersecção da 110 e 105, e conhece Drakeo, Ralfy the Plug, G Perico e 03 Greedo (um primo distante, ele descobriu recentemente) pela maior parte da vida. Quando adolescente, ele era parte do grupo de rap de vida curta Kush Gang com Rucci, que brinca que enquanto os outros membros estavam fazendo raps jerkin', ele e Swaye estavam “mais numa merda A$AP Rocky”. (Mas Swaye fez jerkin'.) E, embora ele não tenha experimentado o sucesso da era ratchet como Drakeo, como adulto ele compartilhou palcos com Greedo e o Shoreline Mafia; gravou músicas com Fenix Flexin, Ralfy e 1TakeJay; e lançou EPs com os produtores RobTwo, LowTheGreat e JoogFTR. Se tem alguém que pode explicar a mistura de drogas pesadas, roupas de marca e fuzis automáticos de sua turma, é o Swaye.

“Como, ou por quê, sua geração desenvolveu seu som?”

“É tudo que está acontecendo agora”, ele me diz. “Todo mundo quer parecer legal, todo mundo quer usar drogas – é o lance agora. Pode não ser legal, mas é assim que todo mundo está fazendo parecer. Se vestir bem, usar drogas, tomar lean, andar de carro armado – é a coisa legal. E todos nós fazemos rap sobre esse tipo de coisa. Se todo mundo está fazendo, essa é a onda. Foi o jerkin'. Agora todo mundo quer ser um gangster descolado e drogado.”

Do topo das Montanhas de Santa Monica, o letreiro de Hollywood já observou impassível a curiosa mistura de duplexes coloniais espanhóis, bangalôs com pintura lascada e resplandescentes apartamentos da Era Dourada em tons pastel. Hoje, ferro, concreto e arranha-céus bloqueiam os raios de sol das palmeiras, cujos ancestrais distantes foram trazidos para a Califórnia por missionários franciscanos. Essas árvores sedentas e curvadas, empoeiradas de gases de escapamento e com cascas hachuradas, vão continuar balançando sob os céus limpos do Pacífico. Mas para quem?

Por enquanto, Los Angeles é uma louca briga de bar de microculturas, lutando por seu direito de beber e fumar em paz na praia. É uma cidade dividida por raças e classes, mas não por religião. Louvamos verões de seis meses de “Fogos ou tiros?”, sinal verde atrás de sinal verde, o zumbido dos geradores de food trucks de tacos e, mais frustrante, a onda no Dodger Stadium. Não tem céu nem inferno na teologia de Los Angeles – os dois estão aqui, bem na sua frente. A cidade tira e oferece, oferece e tira, o equilíbrio afetado em grande parte pela cor da pele.

Há um desconforto palpável pelo condado, dos galpões solitários do Sylmar até a ponta de Long Beach, onde o Rio Los Angeles, exausto por sua jornada de 82 quilômetros por canais de concreto, desemboca alegremente no Oceano Pacífico. As passagens subterrâneas sujas estão cheias de desabrigados, as estradas estão esburacadas e congestionadas. A promotora distrital de Los Angeles County Jackie Lacey se recusa a processar policiais, capangas da imigração prendem centenas de pessoas de cada vez, e, entre temperaturas e secas recorde, matagais em chamas às vezes viram enormes paisagens do inferno.

Por enquanto, pelo menos, tem um grupo espetacularmente talentoso de rappers para nos distrair das sirenes em vermelho, azul e branco, cachorros solitários em quintais e mendigos esquizofrênicos. A maior explosão de rap da cidade desde que Snoop Dogg estava sendo julgado pelo assassinato de Philip Woldemariam, inclui um grupo de notáveis até então não-mencionados: Blueface, o herdeiro do império de FrostyDaSnowmann; o vendedor de suco Desto Dubb e seu enigmático irmão Pimp Pimp P; os membros atualmente encarcerados do Stinc Team Ketchy the Great, SaySoTheMac e Bambino; o diabólico e grave Almighty Suspect; o morador de Inglewood e connoisseur de bandana FreeAckrite; o carinha de bebê Johnny Rose; o sobrevivente de tiro de Athens Park e convidado do “Hit Yo Ricky” Earl Swavey; Saviii3rd, Jooba Loc, $tupid Young, BeachBoii e Cinco de Long Beach; e os mais intelectualmente inclinados – e portanto mais distantes – Buddy, Huey Briss e KB DeVaughn.

A música deles nasceu de lutas irreconhecíveis em lugares implacáveis, e seus ataques ocasionais de indiferença e frivolidade escondem trauma e sofrimento. Para esses homens, o prazer de fazer rap é inextrincável da angústia de viver em Los Angeles. Quando pergunto a Drakeo sobre as rivalidades dentro do rap de LA, ele amolece. Por um minuto, ele me permite ver um vislumbre de uma vida de sofrimento.

“Desde que fui preso, as pessoas vêm atrás de mim e essa merda toda, mas deixo isso de lado”, ele diz, provavelmente de um orelhão dentro da prisão. “Eu só penso comigo: 'Onde vocês estavam quando ninguém mexia comigo?' Onde vocês estavam quando ninguém ouvia minha música, quando eu ganhava uns 40 likes no Instagram? Onde vocês estavam quando eu era sem-teto e tinha que ficar na casa dos meus amigos de escola, motéis e abrigos? Ninguém sabe. Todo mundo acha que isso vem fácil. Todo mundo pensa 'Ah, sim, vou fazer isso e as coisas virão'. Mas ninguém quer passar pela merda que te trouxe até aqui.”

Torii MacAdams é um jornalista que mora em Los Angeles. Siga o cara no Twitter.

Matéria originalmente publicada no Noisey EUA.

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #121

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Última coluna do mês de maio, agora vem aí o frio fudido, o tempo secão (em certas cidades aí, felizmente não é muito o meu caso) e festas juninas variadas.

E pelo menos tamo terminando bem, acabou que teve muita coisa que nem consegui ouvir, seja por falta de tempo, seja porque a minha criatividade & poder argumentativo foram dar um role e só voltam amanhã. Ficar ouvindo música sem parar por horas num é fácil não, uma hora dá uma travada na cabeça. Aí fiquei sem ouvir os discos da Vanessa da Mata, ionnalee e Skepta. Os outros que teve eu não ia ouvir mesmo, tanto faz. E devo citar que o Superchunk lançou uma versão acústica do Foolish, que é pra quem ainda se emociona com as coisas.

E é isso de introdução que eu tenho pra hoje.

Agora vamo.

----TOPZERAS DA SEMANA----

Kirk Franklin - Long Live Love

Putaqueopariu. Talvez eu esteja um tanto alcoolizado e falando palavrão para um disco gospel feito para honra e glória do senhor mas PUTAQUEOPARIU BATEU. Que disco. Que obra. Gospel contemporâneo no teto do auge. Talvez seja possível ter algo que supere isso, mas minha ridícula imaginação não consegue chegar lá. Sendo a música gospel a BASE de toda música pop, e É, esse disco, creio eu, faz-se necessário ouvir e sentir o porradão divino. Juro que estava ouvindo esperando o momento de queda, mas ele não veio. É inteiro foda. Inteiro inteiro inteiro inteiro. Glória a Deus.

Kate Tempest - “Holy Elixir”

Eu tenho a total certeza absoluta que quando vier o disco completo eu vou curtir na totalidade. A música solta assim, numa primeira audição, fica meio deslocada. Meio que pede continuação. Enfim, porém, se você manja zero da “poesia cantada” da Kate Tempest, eu recomendo muito MUITO. Pode ser nessa faixa mesmo. A produção da base está bem boa. Grandes expectativas para o disco. Vai pras top.

Rosalía - “Aute Cuture”

Popzão de qualidade. Produção muito da boa, vocais top, batida gravona, tudo certo. Joia.

----AS OUTRAS BOAS QUE TEVE NA SEMANA----

The Voidz - “The Eternal Tao”

Veja bem, veja bem, VEJA BEM. Veja bem. Tem #algo #de DFA Records, mas com produção muito limpinha pra entrar no cast. O auto-tune tá exageradão mas ainda assim eu gosto muito do vocal do Julian, então deixo passar. Não me interessou muito, mas não é nenhuma porcaria também. Deixo nas boazinhas.

Sufjan Stevens - “Love Yourself” e “With My Whole Heart”

Bom, já tá mais que comprovado o talento do menino em compor músicas muito da bonitinhas. Então são mais duas músicas muito da bonitinhas as melodias e os vocais. Nenhuma de fato me prendeu totalmente a atenção, não acho que vão ter lá grandes destaques dentro do #cancioneiro do Sufjan, mas são boas de tar ouvindo sim.

Alice Caymmi - Electra

Meti o play esperando um novo Alice, disco do ano passado, pra lá de descolex, #flertando #com #o #eletrônico. Mas aí num foi. É piano e voz na sua totalidade. E é voz muito bonita mesmo MESMO. Aí me ganhou mesmo no fado “Medo”, pois fado. Disco bem bom de tar ouvindo.

Miley Cyrus - She Is Coming

Ep que vai desde o EDM mais rasteirão senso comum que tem ao rap-pop-car-bass bem maneiro de “Cattitude”. De ouvir foi meio ok, meio bobildo, mas tem seus momentos de boa produção e tudo mais. Num é ruim não. Soa meio falso mas, sinceramente, a nível de pop eu tô nem aí com a honestidade da coisa. Pode criar personagem que tá tudo bem. EP bonzinho no geral, com “Cattitude”, de fato, como um diferencial.

Hot Chip - “Melody of Love”

Apesar de ser uma boa música (é uma boa música, aliás), a capa mesmo já mostra uma puta preguiça. Puta capa de paintbrush dos carai. Aí a música, MESMO SENDO BOA, frente ao que a banda já fez no passado soa meio como uma “vamo fazer aí qualquer coisa só pra não ficar paradão”. Fica o desejo de vir coisa melhor aí, já que mesmo a música sendo etc etc...

Brvnks - Morri de Raiva

Rockzinho indiezinho mei que guitar noventinha. E é isso, na sua totalidade. Vocês que são jovens muito do inteirados devem saber disso melhor que eu, pois sinceramente é a primeira vez que ouço as músicas da artista em questão. Bonitinho, bem feitinho, produção meio suja de propósito pra dar o #clima. É bom, sim.

Metronomy - “Lately”

Tá um som maneirinho aí o eletro-pop deles, até. Timbres de teclado muito bonitinhos, e uma melodia bem interessante. Não é muito a minha, mas está boa.

Bruce Springsteen - “Tucson Train”

Tá aí o country-folk de playlist de pegar estrada. Meio basicona, sem nada de maiores destaques, mas tudo bem também. Boazinha.

Tchê Garotos - “Vou Voltar pro Interior”

Sonzeira boa demais. Tradiça, sanfona #moendo, vanerão bonito de tudo. Gosto bem, recomendo.

Albert Hammond, Jr. - “More to Life”

Bom rockinho pra ouvir. Melodia bonitinha, #pra #cima, e no meião tem um micro solo piano&guitarra que eu achei bem do maneirinho. Legal de tar ouvindo.

----AS MEIA BOCA DA SEMANA----

Sleater-Kinney - “Hurry On Home”

Achei bem bobilda. Nem sei bem qual que era a minha expectativa pra essa música, mas não era isso aí que saiu não. Tá um rockinho 90’s sem grandes graça, mas com uns efeitinho de voz pra num falar que não fizeram nada. Num empolgou não, achei bem mais ou menos.

Mark Ronson & Camila Cabello - “Find U Again”

Fazem o maior ESCARCÉU que tem os dois aí e tem o Kevin Parker também, aí vai ouvir é um som que um jovem aí consegue fazer no quarto. Nada de grandes coisas, não é ruim, mas também se tocar em algum lugar aí você nem vai prestar atenção. Okzinha bem okzinha.

Dead Fish - Ponto Cego

HC aí muito pra jovem, porém feito por pessoas talvez mais velhas que eu (a ser verificado). Aí sei lá, pra mim tudo soou meio bobildo, não empolgou não. Pra jovem deve rolar melhor.

Cardi B - “Press”

Nhé. A batida é boa e tudo, mas enfim… Trap né, quem me acompanha aqui a mais tempo tá ligado já. É isso.

!!! - “UR Paranoid” e “Off The Grid”

A primeira faixa é um discopunk muito chato. A segunda faixa é um discopunk que tanto faz a existência também… mas pelo menos não é chato.


Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #121

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Fala tu.

Está chegando na sua rua a coluna semanal mais de novidade musical que tem na web. Mas se fosse impresso também seria a coluna mais de novidade musical que tem. Que hoje eu tô humilde.

E eu tô meio atrasado na entrega desse texto aqui então vamo pular essa parte de introdução, por que pra que introdução né. Esquece isso daí. Tô meio sem assunto, pá.

Vamo diretão nos lançamentos.

Um abraço aí.

----AS TOP DA SEMANA----

Stef Chura - Midnight
Um disco de indie rockinho bem do gostosinho, seguindo as tradições do indie rockinho 90-2000, mas a produção e, principalmente, o vocal dessa mina aí deixam as coisas bem mais interessantes. Então não me deu a sensação de “já ouvi um trilhão de som tipo esse aí já”, apesar de já ter ouvido bastante som tipo esse aí já (mas acho que não bateu o trilhão). Mandei esse disco dentro do busão e foi uma boa trilha, então fica aí de recomendação para o seu busão de volta ao lar.

Santana - Africa Speaks
Não ouvi inteiro INTEIRO, mas foi boa parte (cheguei até a 8). E até aqui estamos indo muito bem, começa no jazz fusion bem do afrobeat, só que aí cê pensa que a pegada vai ser essa, até porque olha só o nome do disco, né. Mas NÃO, da 4ª faixa em diante mesmo já volta os latinão de sempre. O que ok, os sons estão bons também, mas dá uma leve decepcionada pois podia ter feito uma divisão melhor entre os latinão e os afrobeat. Fica a leve sensação de ter sido enganado. Mas enfim, bora pro fusion.

----OUTRAS ATÉ QUE BOAS DA SEMANA----

Ty Segall - “Taste”
Desde que fui apresentado a tal artista eu tendo a empolgar demais com tudo o que ele lança, o que foi o caso dessa vez também. O início empolgou demais o rockão com tudo distorcido. Mas ao longo da faixa dá uma quedinha. E aí ouvindo uma segunda e terceira vez daí confirmou que não é tãããão boa assim. É boa, mas tá abaixo da média das últimas coisas que ele lançou, dá pra melhorar isso aí.

Márcia Fellipe - Made In Studio 2
EP só de arrochinha de qualidade, nada que seja grandes destaques, mas que tão boas de ouvir. Famoso som de porta mala aberto na loja de conveniência do posto de gasolina. Bonzinho.

Marcos Valle - “Olha Quem Tá Chegando”
Tá aí um disco lounge que legal que seja algo novo do Marcos Valle, mas é um estilinho que já foi bem explorado nas últimas duas décadas. É um som bom, ser do Marcos Valle até o torna mais interessante, mas é zero novidades aqui.

Léo Santana - O De Sempre No Mesmo Padrão
EP de 3 faixas que juntam o pagode baiano com arrocha e com funk. Ou seja, só coisa boa. Não vi nenhuma com potencial de ser o grande hit do inverno 2019, mas todas encaixam bem numa playlist #MeteDança aí.

Erykah Badu & James Poyser - “Tempted”
Jazzinho bem do gostosinho de tar ouvindo, bem #chill, bem de lounge. E é isso. Legalzinha. Vocal obviamente top.

Tassia Reis - “Pode Me Perdoar”
Pop R&B bem Pop R&B mesmo, bem bonitinho, suingadinho, vocal maneiro, faixa Love Songs de madrugadão de rádio FM boa. E graças a Deus num teve nenhuma participação especial de meter rima no meio da música e estragar TUDO. Tá boa bem boa.

----AS NO MÁXIMO DO MÁXIMO MEDIANAS----

Liam Gallagher - “Shockwave”
Rock muito bobildo mas ok. Melhor esse rock bobildo que não incomoda ninguém, do que o outro irmão lá que quer inventar graça e sai uns negócio mais ruinzinho de ouvir. E achei meio estranho que nessa faixa o vocal tá muito mais limpo que nos tempos de outrora. Não que isso afete na música mas sei lá, prefiro aquele timbre meio rouco de usuário de ilícito. Enfim, bobilda.

Pixies - “On Graveyard Hill”
Essa num rolou mas sempre há a esperança que apareça alguma coisa boa daqui. Essa, para além do tom (e num tempo) mais facinho de cantar, fica nessa de criar o “momento de explosão” e quando chega é mó qualquer coisa, mas que passa longe de uma empolgação. Médiazinha.

Róisín Murphy - “Incapable”
Um house 90 de intermináveis oito minutos e vinte e seis segundos, que é muito lento pra empolgar na pistinha, ao mesmo tempo que é muito agitada para lounge. Tá num meio termo da EDM que eu nem sei em qual contexto ele encaixaria bem. Dessa vez num rolou não.

Madonna - “Dark Ballet”
Faixa bem qualquer coisa, batida que já vem no tutorial do software de gravar batidas, e uma versão 32-bits daquela do Quebra Nozes. Se tem um puta discurso aí nem sei, pois Inglês Avançado. Mas de ouvir a música assim solta num tá legal não.

The Black Eyed Peas - “Be Nice”
Tem uma linha de baixo bem legal na parte que entra o Snoop Dogg. E isso é a única coisa que dá pra falar dessa música. E essa parte legal é só na metade final, antes é uma melodia apenas tontinha. Enfim, vamos pra próxima.

Bon Iver - “Hey, Ma” e “U (Man Like)”
Então… achei as duas faixas bem bobinhas. Dá nem pra comparar com as do último disco, 22, A Million. A primeira faixa é quase que imaginando dragons, pra não dizer totalmente imaginando dragons. A outra segura num pianinho que fica meio que um pop-folk bonitinho, mas ainda assim bem tonto. Logo, duas faixas que não deu não. Bem medianas.

Keane - “The Way I Feel”
Os cara voltou querendo ser The Killers, parece. O vocal pelo menos tá emulando demais um The Killers, nunca vi. Aí mete aquele tecladinho tchubaruba, batida lá pra cima, dedinho pro alto, aquela bobagem toda. The Killers. Aí eu tô de boa.

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Encontramos a verdadeira Valerie da música 'Valerie' da Amy Winehouse

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Poucas pessoas sabem que “Valerie” da Amy Winehouse é um cover, então há várias hipóteses por aí sobre por que ela canta essa música romântica blueseira e contagiante para alguém chamado Valerie: Valerie é um nome de homem no Reino Unido. Winehouse era bissexual. Era sobre uma amiga que parou de falar com ela por causa de seu uso de drogas.

Mas ninguém realmente sabia (nem o Genius, veja só você). Até agora.

A música foi escrita originalmente para os Zutons, uma banda britânica. Valerie Star, uma maquiadora famosa que mora em Nova York, disse a VICE que ela namorou o vocalista da banda, Dave McCabe, e que a música é sobre ela.

Entramos em contato com McCabe e perguntamos pra ele. “Ah sim, é ela”, ele confirmou, com um forte sotaque de Liverpool. “Ela é uma mina muito bacana.”

McCabe escreveu a música sobre Star em 2006 para o segundo disco de estúdio dos Zutons, Tired of Hanging Around, num táxi, em cerca de cinco minutos. “Ela estava nos EUA e eu estava em casa, então a música era tipo um cartão-postal”, ele disse, com uma certa melancolia. McCabe corroborou tudo que Star me contou sobre a narrativa da música: Star recebeu uma acusação formal depois de várias infrações de trânsito, quase foi parar na cadeia (por isso aquele verso em que Winehouse canta “Do you need a good lawyer-er-er?”), e não pôde se mudar para o Reino Unido para ficar com ele. E foi assim que a coisa toda do “why don't you come on over, Valerie?” aconteceu.

Mark Ronson produziu o cover de 2007 de Winehouse, e a música ultrapassou a original para o segundo lugar das paradas do Reino Unido. Naquele mesmo ano, as pessoas remixaram a música e saiu um clipe. Winehouse não aparece no vídeo – na época, ela estava lutando com um vício em heroína. McCabe me disse que nunca sonhou que a música fosse estourar assim, mas que ficou feliz que tenha acontecido.

Numa tarde fresca de primavera, A Valerie – que ainda é muito ruiva – se encontrou comigo para contar tudo sobre como um romance fatídico se tornou a faixa doce, enigmática e onipresente que é hoje.

Então, esse músico escreveu uma canção inteira sobre você que realmente acabou vendo a luz do dia. Como é isso?

Sempre digo que é como se tivéssemos um bebê alienígena estranho, porque temos essa conexão até o dia em que a gente morrer. É bizarro e muito louco – e sim, eu amo esse cara. Ele é incrível. Não terminamos de um jeito ruim nem nada do tipo.

Lembro quando ele me contou sobre a música. Foi tipo “Meio que escrevi uma música sobre você. E eles a escolheram para ser um single”. E ele não me contou nenhum detalhe. Ele estava tímido com a coisa toda. E eu pensando comigo mesma “meu deus, Valerie, como será que é essa música?”.

Fiquei encantado com o fato de que você dizem coisas muito legais um sobre o outro mesmo não estando mais juntos. Talvez vocês devessem voltar.

Amo muito ele, mas ele está do outro lado do mundo. É só uma questão logística, não é algo viável a longo prazo. É como um doce coberto com poeira de unicórnio, mas simplesmente não funciona. Nós dois estamos muito enraizados nas nossas cidades. Fazemos coisas que não são transferíveis – não posso me desenraizar daqui e ir pra lá. Quer dizer, você viu como é a cena de maquiagem em Liverpool? Não, obrigada. É um look próprio.

Conta como vocês se conheceram.

Uma amiga tinha comprado ingressos para um show [na Flórida], mas a banda que a gente queria ver cancelou no último minuto. E eu pensei “Merda, não quero ir só pra ver a banda de abertura”. E minha amiga, Erin, disse “Vamos lá, Valerie, já nos arrumamos mesmo, temos os ingressos, vamos”.

E eu entrei lá com um ar meio pretensioso, tipo... boa demais para ouvir essa outra banda. Aí ouvi o Dave cantando e pensei “Caramba, que incrível”. Eles tinham um som muito único e eu nunca tinha ouvido nada assim. Só a eletricidade que eles faziam no palco como banda já era muito linda.

Quando eles terminaram de tocar, vi o Dave passando e o agarrei. Eu disse “Preciso te pagar uma bebida. Vocês são ótimos”.

Um drinque virou sei lá quanto mais. Muitos. Não ficamos lá. Fomos pra outro bar. Depois outro. Aí voltamos pro apartamento da Erin e tomamos champanhe no telhado até o sol nascer. Esse foi nosso primeiro encontro.

Depois dessa primeira noite, Dave disse que eles iam fazer outro show em Jacksonville ou algo assim – umas quatro horas de distância. Então fomos para Jacksonville e a coisa foi virando uma bola de neve. Me encontrei com ele em várias cidades. Viajei de avião para vê-lo. Foi incrível. Nos divertimos muito juntos.

Como a música aconteceu?

Fui presa uma semana antes de ir para Liverpool para ficar com ele. Era minha, acho, sétima infração dirigindo com a carteira suspensa.

Por que sua carteira foi suspensa?

Bom, fiz uma coisa muito idiota. Levei uma multa por excesso de velocidade e achava que os policiais eram idiotas, então pensei “Bom, não vou pagar a multa como um foda-se para o sistema”. Só que aí eles colocam um mandado de prisão pra você. E a coisa virou um grande problema.

E acho que não parei imediatamente quando eles mandaram, o que aparentemente é fugir da polícia. E acho que também cuspi no policial porque ele foi muito grosso – e isso é agredir autoridade.

Então acabei gastando cada centavo que eu tinha, tipo uns 30 mil dólares, pra não ir presa. Eles tiraram minha carteira de motorista por uns 15 anos, mas isso ainda é muito melhor que ir pra cadeia. Quando eu estava presa na Flórida lidando com tribunais e advogados – o caso levou alguns meses – foi quando Dave escreveu a música.

Eu já devia estar em Liverpool na época e pensei “Vai demorar só um pouco mais. Só tenho que lidar com essa coisa da lei. Quase fui presa e gastei cada centavo que tinha”. E foi assim que ele escreveu a música. Foi mesmo tipo: “Did you have to go to jail / did your house go up for sale?”.

O que aconteceu depois?

Uns nove meses depois, consegui resolver os problemas legais, mas não tinha mais um puto. E não era como se eu pudesse largar tudo e ir pra Liverpool sem nenhum dinheiro. Porque não vou ser essa pessoa que diz “então você vai pagar por tudo, né?” É, não posso fazer isso. Essas pessoas são escrotas.

Então continuei na Flórida e economizei para mudar para Nova York, porque naquele ponto eu estava pensando “Valerie, vamos considerar suas opções realmente viáveis”. Foi nessa época que ele me contou que escreveu a música, a gravadora adorou e eles iam fazer um single.

E vocês ainda estavam namorando à distância?

Sim. Porque eu tinha todos esses pensamentos iludidos de que ia sair impune sem gastar um centavo. Eu pensava tipo “sim, vou estar aí muito em breve!” Mas nunca realmente aconteceu.

Você tem um verso favorito da música? Tipo quando ele fala do seu cabelo ruivo.

Gosto muito mesmo dessa parte. E na época eu me vestia de um jeito muito louco também, como no verso “I've missed your ginger hair / and the way you like to dress”. É uma música sobre aquela parte da minha vida. Eu estava me vestindo toda fabulosa, seguindo esse cara de banda e sendo presa!

Como você se sentiu quando a versão da Amy estourou?

Ela era uma artista incrível. Ela estava a frente de seu tempo. É uma história tão triste e trágica, em muitos aspectos. Como no clipe – ela não aparece nele porque estava em seu próprio mundo. Essa parte é de doer o coração.

Lembro de conhecer o Mark [Ronson] quando ele estava dando uma entrevista no rádio com o Dave. O Mark me disse “Sinto que eu devia abrir minha carteira agora e te entregar todo meu dinheiro”. Foi muito engraçado. É meio surreal. Não consigo tirar a música da minha playlist. Não é uma coisa narcisista, mas sinto que ela toca no shuffle nos momentos mais estranhos. Tipo “Olha, só estou ouvindo uma música sobre mim – não dê atenção”.

Você tem expectativas muito altas para as pessoas que namora agora?

Bom, meio que sempre tive. O cara precisa ser mais alto que eu quando estou de salto. Gosto dos gigantes. E adoro músicos. A pessoa precisa ser artística de algum jeito. E um sotaque diferente sempre ajuda.

A entrevista foi editada e condensada para melhor entendimento.

Matéria originalmente publicada na VICE EUA.

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #122

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Alô você.

Está aí a coluna de lançamentos musicais que é o maior sucesso das redes, pra você que quer ser o informadão. O que é bom, nesse mundo de fake news e opinião tonta, você ser mais informadão que a média nacional. Seja informadão.

Dito isso, vamos pro que saiu na semana. E cuidado com os hacker (fique tranquilo pois você está em um site livre de hackers).

----TOPZONA DA SEMANA----

Kate Tempest - The Book Of Traps And Lessons

Disco bem BEM bonito. Seria mais bonito ainda se eu conseguisse entender a poesia dela só de ouvir, mas meu inglês não é tão bom assim, ainda preciso ter a letra na frente. Mas sem isso, só com a musicalidade da voz dela, e das bases utilizadas (ou não) nas faixas, já foi uma bela audição. Pra quem já conhece, o disco segue como os anteriores, pra quem não conhece é, muito resumidamente, synth, orquestração e piano jazz com batida eletrônica, muito simples, ao mesmo tempo que muito criativo. E ela falando sem parar. O disco inteiro está muito bem montadinho, não tem uma faixa chata ou cansativa, incluindo as que são ela recitando, sem base nenhuma por trás, por uns bons 3 minutos. Tudo lindo.

----OUTRAS QUE TÃO BOAS DA SEMANA----

Madonna - Madame X

16 anos após o SEMINAL disco Folklore, da Nelly Furtado, agora surge mais uma artista pop que ouviu a música portuguesa com mais atenção e pensou “hum olha só, tem umas coisas aqui, hein”. Então já fica aí de início a dica deixada por essas duas cantoras de ir atrás dumas músicas portuguesas. Mas agora, voltando ao assunto, a Madonna escondeu o jogo dessa vez, porque os singles continuam fraquinhas, e não foi o contexto do disco inteiro que fez algo melhorar em “Medellín” e “Dark Ballet”. As coisas melhoram depois, mas também é aquela montanha russa. Tem coisa bem boa, como o disco-EDM de “God Control”, e tem umas bobeira como o bloquinho Anitta-Maluma. Mesmo assim, tem mais coisa boa do que ruim. As melhores são as que puxam pro saudosismo das antiguera (“I Don’t Seach I Find” é uma), e pela exploração da música tradicional portuguesa, que não é nenhum Folklore mas tem seus momentos (“Crazy” é total isso aí). Enfim, bom disco e vai conhecer a música portuguesa você aí.

Bruce Springsteen - Western Stars

Já peguei esse disco pra ouvir no ônibus porque tava achando que ia ser bem disco de ouvir dentro de veículos automotores. Também conhecido como “rock de pai”. Meio que faltou o rock. É só country-folkzão mesmo, violão acústico, no máximo do máximo uma guitarrinha slide pra dar aquele tchans. E só baladinhas. Tem as faixas que tentam ser mais animadas, pá, mas essas aí não rolaram tão legal não. É melhor as baladinha mesmo. Aí com base nessa informação você vê aí se é a sua ou não disco country-folk só baladinhas. Não é muito a minha não, mas é um bom álbum.

La Furia - “Oi, Fake”

La Furia segue firme com sua máquina de criar músicas sem o menor sentido, apenas aproveitando de notícias de grande repercussão nacional pra falar pra turma sentar no shallow now. Após rápida análise, o pagodão de fundo é top, e a letra é praticamente “de noite ela tá sentando, de noite ela tá sentando, de noite ela tá sentando”. Pra mim tá tudo nos conformes. Boa.

Ponto de Equilíbrio - “Mais Amor”

Reggaezinho bem pop, bem bonitinho, bem coração com a mão. A batida eletrônica me incomoda um pouquinhozinho, sou mais tradicionalista a nível de reggae. Mas vá lá, os jovens gostam de som assim. É som de curtir sem drogas.

The Raconteurs - Bored and Razed

EP com os blues-rock de sempre. Gostaria de tar desenvolvendo melhor isso aí, mas putz... É basicamente os blues rock de sempre mesmo. Não é ruim, mas tem coisa melhor nesse mundo. Só não me desperta grandes coisas hoje em dia.

Pin Ups - Long Time No See

Disco de indie velho pra indie velho pegando tudo que é vertente do GUITAR, aí tem a mais pro shoegaze, tem a outra mais pro Superchunk, etc. Produção meio sujinha soando como se tivesse sido gravado em 1993, e um vocal feminino muito do bonitinho que parece que tem Inglês Avançado igual eu (talvez fluente em leitura e escrita). É um disco bonzinho, mas não imagino ele despertando alguma coisa em quem não for indie velho de ter ido no Junta Tribo.

Gaby Amarantos - “Cachaça de Jambu” e “Ilha do Marajó”

Tão boas as duas, mas a primeira me agradou mais por tar a mais próxima possível dum tecnobrega TRU. Já a segunda é muito modernex, grave distorcidinho e vocais limpíssimos, aí bateu menos, apesar do tecladinho fritando bonito. Mas no somatório fica como duas faixas daorinha.

Twice - “Breakthrough”

Se não for lançamento ninguém me avisa não, por favor. Deixa eu achar que é. A base pop-EDM é bem da maneira, nada que seja uma grande novidade, mas ao menos soa como as melhores de pop-EDM do começo da década. E vocal show. Bem boa essa música aí.

Kesha - “Rich, White, Straight Men”

É ao menos interessante de tar ouvindo. Porque num é um pop dançante e tal, é um som meio que bem do burlesco (pega fogo o cabaré), e o vocal da Kesha está bom bem bom. A letra falaram aí que é boa mas eu não sei não (pois inglês avançado, já escrevi aqui nessa coluna). Enfim, boa.

----AS FRAQUINHA DA SEMANA----

Taylor Swift - “You Need To Calm Down”

Singlezinho qualquer coisa, hein. Ladeiraça. Popzinho eletrônico de batida muito simplinha que empolga zero. Fraco fraco fraco. Fraco.

Noel Gallagher’s High Flying Birds - Black Star Dancing

3 faixas que não tão ruins, mas também não tão grandes coisas. Exploram algumas das manjadas vertentes do manjado Brit Rock, tem a com batida mais discopunk, tem a folk-rock, essas bobagem aí. E o vocal do Noel num tá encaixando legal com o som não. Foi meio malinha de ouvir essas músicas.

Sleater-Kinney - “The Future Is Here”

É meio fraquinho (é bem fraquinho). Eu fico cogitando que se o som, a produção puxasse mais pros 90, talvez eu curtisse mais. Porque há elementos de rockinho 90 aí, ela só tá meio escondida nessa produção mais contemporânea pra lá de up-to-date. Aí de ouvir eu não gostei muito não.

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #124

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Caros leitores,

Lutei o quanto pude mas hoje realmente não deu. Não deu. Na minha fraca memória eu não consegui lembrar de outro dia tão desgracento, tão bosta, a nível de lançamentos musicais. Afirmo que fui caçando o máximo que dava e ouvi muito mais coisas do que o que está nessa lista de hoje mas, meu Deus do céu, era só babinha que nem vale o esforço entre os envolvidos (eu e você, no caso). Então eu decidi só jogar a toalha mesmo e dar o dia por encerrado.

Vai ver uma série, ler um livrinho, tomar um gelo, jogar no bicho, fazer outra atividade, porque ouvir lançamento mesmo vai tar meio complicado. Tem dia que é foda.

E é nesse clima de fracasso pessoal que apresento: OS LANÇAMENTOS DA SEMANA (oba)!

Um abraço aí.

----A TOPZERA QUE TEVE NA SEMANA----

Rosalía - “Milionària” e “Dio$ No$ Libre Del Dinero”
A verdade verdade mesmo é que AGORA, meio sonado pelas poucas horas dormidas, eu tô ligado que “Milionària” não atingiu o grau máximo de bater legal pra mim, mas é certeza que logo mais a #experiência já vai tar mais show pra mim. Já a outra música do single também tá boa, mas já é bem lentinha, base beeeem simples, se segurando mais no vocal da Rosalía. Uma boa sequência, mas a BOA é a primeira faixa.

----AS OUTRAS QUE TÃO BOAS TAMBÉM DA SEMANA----

Ty Segall - “Radio”
Segue o esquemão “classic rock” do Segall, indo bem de levinho pro psicodélico. Fica uma guitarra bem agudinha, quase que parecendo uma cítara, que me incomodou um pouco, porque o negócio não para por um segundo que seja nessa música. É legalzinha, mas não é das mais criativas dele, não.

Stereo Total - “Einfach kompliziert”
Pop-eletrônico-esquisitinho tal qual era feito na longínqua década de 90. Foi uma vibe boa de tar ouvindo, talvez mais pelas lembranças desse momentinho pré-electro do que pela música em si, a ver. Mas de qualquer forma fica a indicação pra quem tiver curiosidade.

Fresno - Sua alegria foi cancelada
Um bom disco mesmo eu não sendo lá grandes fã do som. Às vezes vai meio pro Muse brasileirinho (mas o Muse aceitável), indo pro My Chemical Romance brasileirinho, e um pop-rock-EDM que, sinceramente, foram as que eu gostei mais. “Sua alegria foi cancelada” e “Cada Acidente” eu achei bem bom. “Convicção” também. Gostei que não ficou na bobeira de querer ser mais som de adolescente do que já seria naturalmente. E é isso, viva o rock nacional.

Ride - “Repetition”
Começa mó baladão dance, já tava achando que partiram pro disco punk. Mas aí é só a intro mesmo, que o resto é aquele brit rock com batida mais de pistinha de festa indie. É boazinha, o vocal não rolou muito legal não, mas ok também.

Jaden - ERYS
Assim que vi que o disco dura exatas 1 hora e 9 minutos já fiquei “ah mano, pensa que é quem pra fazer um negócio desse aí, se liga”. E deu o esperado, um disco de 17 músicas que tem umas 3 bem boas, e uma grande maioria de faixas que se não estivessem ali não iria fazer falta à ninguém. Mesmo assim o disco não tá cansativo de ouvir, até porque não tem nenhuma desgraça no meio, e também porque souberam montar bem a sequência, intercalando as boas das que tão mais ou menos só. Mas se fosse um EP de 20 minutos seria melhor. Mas enfim, é um disco bom sim.

----ALGUNS EXEMPLOS DAS (VÁRIAS) MEIA BOCA DA SEMANA----

Blink 182 - “Happy Days”
Bobildo do jeito que é imaginado pra algo novo vindo deles. Tem um pedacinho que os cara tenta porque tenta enfiar uma bateria eletrônica pra dar uma modernizada, e sai um negocio nada a ver com nada. Fora isso tem novidade nenhuma aqui, e nem pra pegar pelo saudosimo rolou. Bem medianinha.

Belle & Sebastian - “Sister Buddha”
Nhé. Indiezinho que nunca me interessou muito na vida, não. Esse aí é mais um desses casos. Se você gosta aí deve valer a pena, porque é os mesmos esquemas. Se nem conhece aí sei lá, deixa quieto.

Snoop Dogg - “I Wanna Thank Me”
Máximo respeito ao artista, mas é uma música que parece que não acaba nunca. E ela dura tão somente 3:42 minutos. Uma batida meio que trapzinho sem inspiração nenhuma, e um ou outro momento mais legalzinho por causa dos samples e backing gospelzinho. Mas só isso só, bem okzinho o som.

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #125

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Fala turma.

Mais uma vez não saiu a coluna que eu gostaria, mas foi a que deu pra fazer com o que teve hoje. Está difícil esse mês de julho. Não bastasse o frio está fraquíssimo de discos. Aí realmente peço um bocadinho de paciência de vocês leitores, até porque não precisa ter pressa, já que ninguém vai se aposentar mesmo. Vamo levando do jeito que dá e é isso. Dias melhores virão.

Aí de TOP DA SEMANA eu deixo como indicação o programa de rádio Respondendo Em Voz Alta, gravado ao vivo pela DJ & Apresentadora Laurinha Lero para a Rádio Quatro, e publicado como podcast nos streamings aí que tem (tem muito streaming aí nesse mundo). É programa educativo porém divertido (aprenda brincando).

Valeu? Valeu.

Agora os lançamentos:

----POTENCIAL TOP DA SEMANA MAS QUE HOJE MESMO NÃO BATEU TANTO ASSIM NÃO----

Blood Orange - Angel’s Pulse

Mixtape boa de tar ouvindo. A quantidade de #feats proporcionou uma boa variedade dentro do subgênero baladinha-hoje-eu-tô-romântico. Ouvindo hoje, a metade final da mix me interessou menos, mas aí depois pretendo ouvir de novo pra confirmar se não gostei mesmo, ou se só não tava muito afim de ouvir várias lentinhas agora. A confirmar. De todo modo é bom sim.

----OUTROS LANÇAMENTOS QUE TEVE QUE TÃO BONS TAMBÉM----

Bon Iver - “Faith”

Então, assim, veja bem, sinceramente… meio bobilda. Bem construída e tudo, vocais bonitíssimos, vários instrumentos, vários efeitinhos muito do bem feitinhos, aí o resultado assim, veja bem, sinceramente, minha opinião e tal, é um alt-folk que é bonitinho, mas é bem bobildo também. Principalmente quando engata lá no meião da música, ali que explode em mim a sensação de “ixi, num rolou não”. Talvez quem sabe dentro do disco a sensação melhore, agora fica como uma música bonitinha, porém meio besta. Mas vou deixar nas parte das boas, pois ao menos é bonitinha.

Sofi Tukker - “Swing”

Assim como nos longínquos anos 70, que o Mister Sam fez a Gretchen cantar um monte de palavra em francês que no final num significava nada, mas ficava muito legal de ouvir, os gringo aí lançaram um EDM com umas palavras em português que juntas não querem dizer nada, e mesmo assim ficou sonoramente legal pelo sotaque da gringa aí. Mas pop-EDM bem senso comum, não vai esperando algo muito além disso. Uma puta bobagem, mas confesso que meio que gostei.

Karina Buhr - “A Casa Caiu”

Gostei do tamborzão, gostei do vocal, gostei da música, e é isso. Exala a vibe “maracatu na entrada do DCE”, mas tudo bem também. Boa.

Stereo Total - Ah! Quel Cinéma!

Curto a ondinha indie eletrônico com vibezinha de yéyés dos anos 60 do Stereo Total. Aí então são mais 40 minutos da mesma coisa de sempre vindo da banda. Pra quem já manja, é isso aí. Pra quem não manja indico manjar. É um bom disquinho.

----AS MAIS OU MENOS DA SEMANA----

Banks - III

O disco começa com uma faixa muito muito boa (“Till Now”), que me fez ter a impressão errada que tava vindo coisa boa aí. Porém o que veio adiante foi o mais senso comum possível dentro do pop eletrônico. Infelizmente da faixa 2 até o final é um imenso blocão de som mediano, que com muito esforço do ouvinte ainda dá pra aproveitar umas 3 ou 4 pra alguma playlist aí. Mas “Till Now” é boa.

Big K.R.I.T. - K.R.I.T. Iz Here

Mais um caso de disco que começa lá em cima, bem pra cima, tão pra cima que a descida da ladeira ao longo do álbum fica mais perceptível. Tem seus bons momentos, como em “K.R.I.T. Here” ou “Make It Easy”, com um samples legais, uma melodia boa de tar ouvindo, enfim coisas que espero ouvir já que nem sei o que que eles tão falando. A grande parte do disco não é ruim, mas também não desperta nada, fica naquele mediocridade (bota aí o Regis Tadeu explicando o significado de “medíocre”) que você só vai levando, mas nem tá prestando muita atenção no que tá ouvindo. Esquemão lounge total. É bonzinho, mas nada muito além disso.

O hitmaker porto-riquenho Jhay Cortez não precisa da aprovação do hip hop americano

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Você já conhece o Jhay Cortez. O cantor porto-riquenho tem sido a arma secreta dos sucessos de música urbana há algum tempo; ele é creditado como o compositor de singles das paradas da Billboard como “Amanece” de Anuel AA, “Criminal” de Natti Natasha e Ozuna, e “RLNDT” de Bad Bunny, para citar alguns. Pelo menos dois dos maiores singles bilíngues dos últimos anos – “I Like It” de Cardi B e “I Can't Get Enough” de Benny Blanco e Tainy – se beneficiaram de seu trabalho nos bastidores. E ele tem sido essencial para a ascensão nos EUA de J Balvin tanto quanto o produtor reggaetonero colombiano das antigas Sky El Rompiendo. Mas na cabeça dele, ele ainda é um garoto num estúdio, louco para pegar o microfone.

“É estranho”, diz Cortez sobre esses sucessos, segurando uma taça de vinho branco no bar Henry do Life Hotel numa tarde em Nova York. “Essas conquistas, mesmo tendo trabalhado nelas, não considero como minhas.”

Enquanto a música “Blem” de Drake toca suavemente nos alto-falantes do restaurante, ele descreve sua desconexão existencial em ser visto principalmente como compositor em vez de um artista de pleno direito. “As pessoas falam mais sobre isso que eu”, ele diz sobre sua ascensão escrevendo músicas para outras pessoas. “Vejo mais [essas músicas] como uma colaboração com os artistas.”

Cansado de esperar nos bastidores, Cortez lançou seu segundo projeto mês passado. Um mix robusto de reggaeton e trap, com uma pitada de pop, Famouz o apresenta como um artista totalmente formado, com uma consciência firme de seus processos e execução de suas ideias. Da música de abertura “Subiendo El Nivel” pra frente, sua experiência brilha através das canções. Estando incorporado na indústria por tanto tempo quanto ele, Cortez tem o acabamento que muita gente na indústria mataria para ter, que se encaixa muito bem em suas faixas principalmente românticas. Esse material adjacente ao R&B o leva para um público maior que aquele que se volta para o trap pelas letras pesadas e ostentação de luxos. Apesar de terem dito a ele para incluir mais participações especiais de seus amigos famosos para garantir o sucesso comercial, ele decidiu se colocar sozinho para preencher todas as faixas. “Claro que você vai ser bom se só fizer um verso de uma música”, ele brinca. “Eu queria me obrigar, com ou sem participações, a sempre ser eu nas músicas.”

O álbum deu a ele seu maior sucesso como artista principal até agora. Com alguns versos de Bad Bunny e J Balvin, o remix “No Me Conoce” mostra suas habilidades tanto no pop quanto como um adepto mais que capaz de competir com dois dos maiores nomes do urbano. Com apenas um mês, o single já teve mais de 100 milhões de visualizações no YouTube, em questão de semanas entrando para o top 10 doméstico da plataforma. A perspectiva de entrar para o Hot 100 da Billboard parece certa.

Como muitos rappers dignos de nota que cantam em espanhol hoje, Cortez começou fazendo reggaeton, o que explica sua facilidade em “No Me Conoce”. Ele diz que Álvaro Díaz e Myke Towers foram alguns de seus primeiros rappers latinos favoritos, e depois de ouvi-los, ele se sentiu confortável para operar no formato trap, como mostra seus singles de 2017 “Se Supone” com Darell e “Costear” de 2018 com Almighty. (A faixa acabou ganhando vários remixes, incluindo um da estrela em ascensão de Miami Mariah e outro com o próprio Towers.) Pioneiros como Díaz e Towers demonstram o que Cortez considera uma abordagem relativamente americanizada do rap, mas ele dá crédito a Anuel AA e Bryant Myers por desenvolver um estilo mais porto-riquenho, um com que ele se identifica, assim como outros jovens morando em seu país.

“Acho que a ilha tem seu próprio som”, diz Cortez, citando as letras e flows como algo único comparado com o resto da cena mais ampla do trap. “É tudo gíria. Algumas pessoas não entendem o que estamos dizendo, mas isso é muito legal.”

Sua distinção entre o trap tocando nas ruas de San Juan versus o que vem de Atlanta coloca um contraponto nacionalista aos argumentos para unificar esses estilos geograficamente criados num só. Enquanto ele não parece ver problema em Anuel cantando no último álbum de Gucci Mane ou Jon Z chamando atenção num single de YG, ele se orgulha muito das contribuições de Porto Rico por serem distintamente representativas de sua própria cultura.

Crossover, um feito comercial que ele já alcançou várias vezes nos EUA para outros, parece ter menos valor para Cortez do que manter sua credibilidade e ser verdadeiro ao som porto-riquenho. “É uma guerra entre o que as pessoas querem, o que as empresas querem”, ele diz, e perto de um representante da Universal Music. “Pra mim, a questão são as ruas primeiro. Não ligo muito para as rádios."

Matéria originalmente publicada na VICE EUA.

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Hype Williams mudou o hip hop pra sempre com esses 10 clipes

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Recentemente, Megan Thee Stallion anunciou Fever: Thee Movie. Parece que é inspirado nos filmes de ação blaxploitation dos anos 1970, que também inspiraram o tratamento de seu clipe mais recente, “Realer”. O trecho inclui aparições das colaboradoras de Fever, DaBaby e Juicy J, mas é a mensagem que aparece no final que deixou os fãs esperando ansiosos por mais detalhes: “A Hype Williams Film”.

Hype Williams vem traduzindo o rap em seus visuais distintos desde os anos 90. Desde a estreia dele em 1994 com “Can It Be All So Simple” do Wu-Tang Clan, o diretor do Queens emprestou sua genialidade para gente de Missy Elliott a Beyoncé. Williams já se envolveu na criação de grandes personas do rap, e quando se trata de clipes de hip hop, Hype Williams não segue tendências – ele as define. Ele trouxe técnicas de filmagem vanguardistas para os clipes de rap, como distorção olho de peixe que era sua marca registrada nos anos 90, e o formato de tela dividida que ele popularizou no começo dos 00. É difícil imaginar os truques visuais de Tierra Whack, por exemplo, sem as fundações que Hype Williams construiu.

Hype desacelerou um pouco seu trabalho desde seu auge, mas ainda fez clipes sensacionais como “Rock the Boat” de Aaliyah, “Diamonds from Sierra Leone” de Kanye West, e “Check on It” e “Blow” da Beyoncé. Então, enquanto nos preparamos para Fever: Thee Movie, aqui vão 10 dos clipes mais memoráveis do diretor dos anos 90 para mostrar que, 25 anos depois, Hype Williams está impregnado no DNA do rap.

The Notorious B.I.G - "Mo Money, Mo Problems" (1997)

“Mo Money, Mo Problems” começa num cenário improvável: um campo de golfe. Lá Puff Daddy ganha um torneio, meses depois da primeira grande vitória de Tiger Woods no 61º Masters do Golfe. Puff agradece seu sucesso a um amigo especial. “Eu estava tendo problemas no buraco 17, mas meu amigo B.I. desceu aqui e conversou comigo para me acalmar...” Lançado alguns meses depois da morte de Notorious B.I.G., “Mo Money, Mo Problems” mostra Puff Daddy e Mase carregando a tocha. O visual vida após a morte celebra o legado de Biggie olhando para o futuro, enquanto a dupla usa trajes cintilantes e relógios Rolex. “Quanto mais dinheiro você ganha, mais problemas você tem”, diz Biggie numa filmagem de arquivo dividida entre cenas.

Missy Elliott - "Sock It 2 Me" (1997)

Missy Elliott canta coisas bem safadas em “Sock It 2 Me”, mas um clipe super sexy seria fácil demais. Em vez disso, Missy optou por um tratamento de outro mundo que deixaria Buzz Lightyear orgulhoso. Da Brat e Timbaland se juntam ao cosplay, surfando pelo planeta estilo Marte que Missy habita.

Missy Elliott - "The Rain" (1997)

Vinte anos depois e ninguém conseguiu fazer dançar na chuva algo tão ousado quanto Missy. “The Rain” tem momentos icônicos: o traje de Boneco da Michelin, aparições de Total e Lil Kim, o Hummer – e isso foi totalmente de propósito. “Quando estávamos criando o clipe, o objetivo era fazer algo tão polarizado que ficaria cimentado no cérebro de quem consumisse pra sempre”, disse a stylist June Ambrose numa entrevista de 2017 para a Elle. A parceria de Hype e Missy continuou a desafiar as expectativas de como uma mulher podia ser retratada no hip hop.

Busta Rhymes - "Put Your Hands Where My Eyes Can See" (1997)

Do minuto em que Busta Rhymes aparece com duas mulheres escovando seus dentes em “Put Your Hands Where My Eyes Can See”, fica claro que esse não é um vídeo típico de rap barra pesada do final dos anos 90. Depois de mixar o disco assistindo a comédia de Eddie Murphy Um Príncipe em Nova York, de 1988, Busta procurou Hype para atualizar o filme sobre a realeza negra. “Eu disse pro Hype: 'Quero Um Príncipe em Nova York e quero ser o Eddie Murphy”, ele contou numa entrevista para a XXL em 2012. O rapper do Brooklyn estima que o clipe custou cerca de US$ 800 mil – um preço pequeno para correr de um elefante num prédio em Manhattan.

DMX, Nas - Belly (1998)

Belly não é um clipe, mas é evidente que Hype usou a mesma abordagem em seu primeiro longa. A abertura é uma das cenas mais icônicas de todos os tempos, com DMX e Nas entrando num clube de strip-tease iluminado por luz negra usando lentes de contato UV. O filme, que continua sendo um dos dramas policiais com um elenco todo negro mais importantes do cinema, é prova de que Hype não precisa se limitar a videoclipes.

Missy Elliott - "She's a Bitch" (1999)

Quando achavam que a química de Missy e Hype não podia ficar mais futurista que “Sock It 2 Me” e “The Rain”, a dupla dobrou as apostas com “She's a Bitch”. O visual é monocromático, uma mudança drástica das cores vibrantes que Missy geralmente escolhe. Mas o vídeo não é menos futurista que os anteriores. Ela está com a cabeça raspada no visual Da Real World, no que ela chamou de “sadomasoquismo do gueto”. Ela e suas dançarinas estão militares no clipe, desafiando o que significa uma mulher ser uma “bitch”.

Jay-Z - "Big Pimpin" (1999)

Hype Williams deu ao rap com flautinha divertido de Jay-Z o tratamento Índias Ocidentais, num iate durante o Carnaval de Trinidad e Tobago. O vídeo parece ter sido feito sem esforço, mas Too $hort revelou que teve um certo caos nos bastidores numa entrevista ano passado. Segundo o rapper da Califórnia, Pimp C não conseguiu chegar a Trinidad para filmar com Jay-Z, e a parte dele teve que ser gravada em Miami.

Nas - "Hate Me Now" (1999)

Hype Williams considera a versão original de “Hate Me Now” de Nas e Puff Daddy como a “This Is America” de seu tempo. Segundo o diretor, o clipe, que usa os rappers para encenar a crucificação de Cristo, foi pesadamente editado para poder passar na TV. “A primeira edição desse clipe na época teve que ser a maior coisa que alguém já tinha visto”, Hype disse na Red Bull Festival Director's Series ano passado. “Por causa de quem Puff era e para onde ele estava indo, ele precisou de uma isenção para não ter restrições filmando esse clipe. As coisas que ele fez e as coisas que filmamos ele fazendo eram tão radicais que, quando editamos essa música, nem sei como descrever, mas na época, a maior coisa que já tínhamos visto era o Puff como um efeito especial, algo que sinto que está acontecendo com Childsh.”

Busta Rhymes - "What's It Gonna Be?" (1999)

Se Busta dizer que custou US$ 800 mil para fazer “Put Your Hands Where My Eyes Can See” não te fez ler a frase de novo, a colaboração dele com Janet Jackson para “What's It Gonna Be?” vai. O vídeo, que casa sexualidade e Afrofuturismo, supostamente custou mais de US$ 2 milhões para os efeitos de CG que fazem a dupla derreter em esperma.

TLC - "No Scrubs" (1999)

Dois anos depois que “Scream” de Michael Jackson e Janet Jackson mostrou os irmãos putos com o mundo, este clipe do TLC é seu próprio “Scream” – só que a frustração delas é com boys lixo. O grupo feminino parece seguro em sua própria zona livre de scrubs, onde elas não aceitam nada menos do que o que desejam. Numa entrevista de 1999, Lisa “Left Eye” Lopes revelou que a visão de Hype era que cada cena representasse a personalidade de uma membro do grupo. “[...] Cada uma de nós tinha partes individuais num cenário individual, para que fosse como nossos mundos individuais”, ela disse.

Kristin Corry é parte da redação do Noisey. Siga a moça no Twitter.

Matéria originalmente publicada na VICE EUA.

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #127

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Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar.

Ainda não foi dessa vez que o mês de julho acabou, mas tá quase. Aí a gente vai poder curtir o mês de ar mais seco que tem. É bom demais.

A nível de lançamentos, essa semana tá boazinha. Poderia tar MELHOR, mas depois do traumático início do mês, o pouco de coisa boa que tá vindo eu já agradeço. A gente tem que agradecer as pouquinha coisa boa que vem pra gente, fica aí a mensagem do dia.

E é isso. Cuidem-se porque os governantes tão cada vez mais maluquetes da cabeça.

E vamo de som.

----AS MELHORES QUE TEVE DA SEMANA----

Cornelius - “Sauna Sukisugi

Deve ser sobra do último disco, Mellow Waves. Deve ser, porque todas as informações tão em japonês, então eu não faço a menor ideia. De todo modo é uma faixa bem no nível das moralzinha do último disco. Bem #chill, bem de boas, timbres de synth boas demais. Boa. E cê deveria ouvir o Mellow Waves se ainda não o fez.

Ty Segall - “Ice Plant”

Música muito da bonitinha que é o Ty Segall cantando com um coralzinho de fundo. E é isso, basicamente. Bem boa.

Souto MC - “Ressurreição”

Bom o som aí, viu. Gostei bem da base gravão muito gravão + flautinha #moendo. Um tanto curtinha, mas nada que prejudique também.

----OUTRAS MELHORES QUE TEVE----

Pabllo Vittar & Charli XCX - “Flash Pose”

EDM pegadinha dos pop FM dos 2000, com os gravão mais atual. Ficou bem boa a nível de som de pistinha.

Glasys - “People”

Um prog de tecladinho, quase que chiptune pelos timbres usados, e com o vocal do Todd Rundgren. Som bem bom, só não é TOP de bom porque o refrão achei meio cafoninha, além de ter uma bateria fritando a toa ali, que não precisava fritar tanto não. De resto é show de teclados.

Karina Buhr - Desmanche

Cirandeiraço. Ou, como é dito em algumas regiões do Brasil, tilelê até o teto. O que não é de todo ruim, até elogiei “A Casa Caiu” quando foi lançado uns tempos atrás, mas um disco inteiro de rock com batuque-maracatu-bate-forte-o-tambor aí cansa. Mesmo os batuque maracatu sendo a melhor parte do disco, porque quando vai pra #latinidade (sempre vai) do “Filme de Terror”, ou eletrozinho de “Chão de Estrelas”, essas onda aí eu não gosto mesmo. O resto vale, mas se achar que tá cansando aí você pausa e continua em outro dia.

Kan Sano - pf_soul_01-08

Disquinho muito do bem feito de jazz fusion japonês só no pianinho. Orna com momentos de requinte & descontração. Se você curte um fusionzinho, um citypop, se você é o Ed Motta, aí eu indico estar ouvindo esse senhor aqui. Bom disco.

Marcelo Jeneci - Guaia

Começa MUITO bem, muito muito bem, ainda tem umas 2 faixas muito da boa, mas o disco inteiro não sustenta, infelizmente. A maioria são diferentes variações de pop-MPB com produção muito moderna muito descolex, mas que não consegue disfarçar que o som em si é meio que o mesmo Nova Brasil FM de sempre. Mas, como eu falei, tem umas faixa que UOU que foda. Mas não vou falar quais são, quem quiser que procure. Por elas eu deixo o disco entre as boas.

Katinguelê - “Mozão”

Pagodinho 100% romântico muito muito bom. O vocalista num é nenhum Salgadinho, mas também num é de todo mal, só falta um bocadinho mais de carisma. Mas a faixa tá show de pagode.

----AS FRAQUINHA QUE TEVE NA SEMANA----

Taylor Swift - “The Archer”

Fraquinha fraquinha. Não sei se tem a ver com as recentes tretas acerca dos direitos autorais da artista, mas essa aqui tem cara de que foi feito às pressas. Se você prestar atenção bem atenção tem uns momentos que o teclado que faz a base muda o acorde totalmente fora do compasso, de uma forma que não tem como ser proposital, é só produção tosquera. E pouquíssima criatividade no geral, tá ruim isso aí viu.

Spoon - “No Bullets Spent”

Ah mano. Som tonto. Podia não ser há 20 anos atrás, mas hoje esse rockinho aí é tontíssimo. Sabe os indie rock 2000 que era de tocar em festinha? Daqueles mais manjado? Era esse. Se você for mais jovem e não souber bem do que eu tô falando, aí eu sinceramente recomendo que continue jovem.

Metronomy - “Walking In The Dark”

Quando ouvi até fui dar uma olhada na discografia, pra ter certeza que não era relançamento. E essa é basicamente a sensação que sempre tenho quando ouço algo dessa banda, o “acho que já ouvi essa aqui”. A faixa em si não é ruim, mas lembra tudo o que eles já fizeram. Aí vai de gosto. Pra mim é okzinha.

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Pabllo Vittar segue very international e homenageia a Era dos Clubs ao lado de Charli XCX

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A cantora Pabllo Vittar segue com seu plano de dominação mundial. Foi convidada para se apresentar na sede da ONU para celebrar o aniversário de 93 anos da Rainha da Inglaterra, é uma das drag queens mais famosas do mundo, fez tutorial para a Vogue e lançou hoje uma música em colaboração com a cantora britânica Charli XCX.

Em 2017, Pabllo fez uma participação no som “I Got It” ao lado de Charli, Brooke Candy e CupcaKKe. Agora em 2019, após arriscar em mais ritmos na sua carreira inclusive no rap ao lado do Emicida, Pabllo desta vez é a protagonista de “Flash Pose” ao lado de Charli. Por email, a cantora disse admirar muito Charli, especialmente por compor suas músicas desde muito cedo, aos 14 anos. "Charli é uma mulher incrível," diz.

“Flash Pose” com certeza não é a melhor música de Pabllo ou de Charli, mas animou muito por conseguir mexer na nossa memória emocional. Quem parou para curtir as músicas mais tocadas de dance music e house nas rádios Jovem Pan ou na Energia 97 sabe exatamente o sentimento. Somando ao revival 90 e 00 que pegou na moda e na música, a música das cantoras foi a melhor soma possível de algoritmos, nostalgia e cultura LGBTQ.

Pabllo confirma a homenagem às pistas de dance music de baladas gays. “Acho que é um ciclo e sempre voltamos com algumas referências renovadas. Eu amo escutar músicas da era dos clubs, fim dos anos 90, sou fascinada! Juntando isso com a referência de PC Music da Charli, acho que conseguimos criar algo incrível”, conta.

Porém, não é só de PC Music e dance que Pabllo gosta de se inspirar. O forte da cantora, afinal, é quando se aventura em ritmos brasileiros. "Tô amando a força que o brega funk como o Troinha e Shevchenko [que faz dupla com o Elloco] estão fazendo!"

O clipe de "Flash Pose" foi lançado hoje, cheio de voguing e coreografias pensadas justamente para serem reproduzidas nas baladas. Desta vez, Pabllo não foi longe demais como normalmente vai, mas prova que o mercado da América Larina segue sendo cobiçada na indústria pop.

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #128

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Fala turma.

De volta aí após uma curta pausa, mas ok vocês aguentam ficar uma semana DESINFORMADOS. Que foi o que aconteceu, já que não os informei. Sobre as coisas aí. Mas hoje eu vou. Informar. Valeu.

Seguinte, infelizmente tive que sacrificar a audição do disco do Edi Rock porque não ia dar tempo de ouvir as outras coisas que saíram. Então desculpa aí, Edi Rock. Saiu também um disco ambient do Sigur Rós que eu não entendi bem o que que tava acontecendo, parece que era trilha pra alguma instalação e etc. Enfim, teve esse também. E a nova do Tool sei lá, mó doidera, é esse o meu comentário da nova do Tool.

Vamo ver o resto? Vamo. Inclusive agora.

----AS TOP DA SEMANA----

Brockhampton - “If You Pray Right”
Os cara é mó vanguardão, né? É isso que eu tenho pra comentar, num tenho muito argumento pra utilizar em raps. Eles não são nenhuma inovação, mas mesmo assim é um som que difere do restante que tá sendo produzido e lançado ultimamente. E é bom bem bom, esse e o single da semana passada. Indico. Aí tem o final mó vanguardão, que é meio chato. Mas vanguardão. Jovem tem dessas aí.

Parangolé - O Pai Chegou
O EP primavera-verão tá bom demais, papo sério. Das 6 faixas indico todas, porém dando preferência pro tecladinho, com clara influência do funk, “Tactibum”, e a romântica “Arregaça, Vai”. Todas top.

Shannon Lay - August
EP de 4 folkzinho do muito muito bom, dando 10 minutos de EP, então nem dói pra ouvir. Tem um pézinho na Cat Power, mas tá longe de ser cópia também. Mas tem o pézinho lá. Então se for as suas onda vem que é legal.

Os Cretinos - “Todas Elas”
Sou fã. Foram raríssimas as vezes que me decepcionei com um som deles. Batida top, ragga (É? Acho que é?) vocais que é explosão de carisma, tudo daora.

----AS OUTRAS BOAS DA SEMANA----

Jason Lytle - “Don’t Wanna Be There For All That Stuff”
Jason Lytle decidiu que vai fazer um disco só de faixas instrumentais e quem sou eu pra criticar qualquer coisa que esse homem, abençoado por Deus, queria fazer da vida? Soa como vinhetinha num imaginário disco do Grandaddy? Soa. Mas pra mim tá show. É uma base no tecladinho segurando pra um improviso bem simplinho de violão. É isso a faixa. Gostei.

Bon Iver - i,i
Entãããããoooo galeraaaaa….. Como tarei dizendo…. Veja bem…. Não rolou. Não rolou e não rolou e que que eu posso fazer? Não rolou. O disco anterior ( 22, A Million) rolou. Esse não rolou. O que, veja bem, não significa que o disco seja ruim, até porque é exatamente o contrário de ruim (que aliás vem a ser “bom” o contrário de “ruim”), mas é um negócio que não me interessou mesmo. Os singles, que eu já não tinha gostado muito quando saíram, até que ficaram mais aceitáveis dentro do disco cheio, mas baaahh, são umas faixas chatinhas mesmo. Já o resto tem seus momentinhos, especialmente quando há uma tentativa de fazer algo sonoramente diferente, como “Jelmore”. Quando é um popzão totalmente dependente do vocal (“U (Man Like)”) aí era só meio tédio de ouvir. E sinceramente não acho que essa impressão vá melhorar com o passar do tempo. Então é isso, se você gostou das que saíram antes (e, enquanto escrevia o texto, vi que já tinha saído praticamente TUDO como single), então vai que é tua. Pra mim é bonzinho e não quero ouvir de novo, não.

Marika Hackman - Any Human Friend
Disco bem gostosinho com todas as vertentes de pop-folk possível. Aí tem o pop-folk só no violãozinho, tem o com aquela guitarrinha discopunk, baladinha com synth, essas paradas. É bom de ouvir inteiro, talvez ficasse melhor se juntasse as lentinha num bloquinho do meio, mas aí já é eu imaginando cenários. Várias boa. Tem umas mais ou menos também, mas várias boa. Então é bom.

Wesley Safadão - “Dois Lados”
Saiu uma forrozera de qualidade aqui. Nada de novo, mas ninguém tá muito preocupado em vanguardismo quando vai ouvir uma forrozera né meu. Cabe bem nas playlist aí de som top.

Alessia Cara - “Rooting For You”
Ow é boa a musiquinha aí. Baladinha pop na moral, batida bem boa, melodiazinha no violão, vocal top. Bobinha, mas bobinha que é legal de ouvir.

Eek-A-Mouse - “Controversial Song”
Dubzão maneiro demais. E é isso. Eu fico surpreso que é os mesmos caras lançando dub semanalmente e eles já deve tar com mais de 60 anos e deve fumar uns PAIVAS diariamente (estamos a falar de 75 charros por dia de ganza da boa, para ser exacto). Mas enfim, é dub e é maneiro (pois é dub).

Ludmilla - Hello Mundo
Depois de ouvir o disco que eu fui saber que são as versões de estúdio de músicas que já foram lançadas no disco ao vivo, do começo do ano. Enfim, não ouvi o disco ao vivo então pra mim é novidade, e não vou perder viagem já que ouvi inteiro. E, bem, é mais ou menos o som. As faixas que são ela e SÓ ELA, aí tem coisa boa, como “Espelho” e “700 por hora” (apesar de meio cafoninha essa última). Já as que tem participação especial aí eu dispensaria tudo, sinceramente. Aí no somatório fica como boazinha o disco.

Katy Perry - “Small Talk”
Nheeeeeeee. Boazinha, vai. Mas ela podia aparecer aqui com algo melhorzinho. É muito clichezinho das músicas da Katy Perry mesmo. O que até gosto, mas podia se esforçar mais pra dar uma mínima diferenciada. Vamo dar uma diferenciada aí, galera.

----AS QUE NÃO TÃO BOA NÃO----

Pixies - “Catfish Kate”
Rockinho bobíssimo, muito mais bobildo que qualquer som bobildo que você lembre que o Pixies (ou mesmo o Frank Black) tenha feito na vida. Enquanto a inspiração foi dar um rolê, eles gravaram essa faixa aí. Medianinha.

MC Lan - “Malokera”
Infelizmente uma faixa que sei lá viu. Tem essa multidão de #feat por que? Que que o Skrillex fez nessa faixa? Por que chamou os gringo? Faixa sem inspiração nenhuma, bobilda de tudo. Infelizmente decepcionado com isso aí, que eu tava com expectativa boa.

Bruno & Barreto - “Adeus Meu Amor”
Há algo aqui a ficar de olho. Posso dizer que o primeiro minuto dessa faixa passa a ser o marco zero do gênero RAPNEJO. Por que fizeram isso eu não sei, pq depois já vai pro sertanejão de sempre. Mas é bom ficar atento que os cara tão tentando coisa aí. Fora isso é uma faixa ok ok só.

Noel Gallagher’s High Flying Birds - “This Is The Place”
Ah mano, ó… Fui ver que já tem quase 1 década essa banda, acho que já dá pra chegar no Noel e falar “então… meio chata tua banda aí hein”. Porque realmente o projeto em si não rolou. É só grandes produção, uma grana em backing vocal, pra sair umas musica besta de tudo. Já deu já. Estou CANCELANDO o Noel Gallagher dessa coluna a partir de hoje.

Mudhoney - “One Bad Actor”

Sinceramente? Com todo respeito a importância de tal banda? Chaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaatoooo. Nossa, que rockinho fraco. A inspiração passou longe do estúdio no dia da gravação. Deu não galera, mas aí, mó respeito. Abraço aí pro Mudhoney.

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #129

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Fala ae você.

Trago humildemente (pois sou muito humilde) os melhores lançamentos dessa semana pra você, né, ficar inteiradão aí sobre os acontecimentos. Estar sempre atualizado.

Só o que ficou de fora foi o novo disco do Jason Lytle, só de instrumentais. Não ouvi, mas é muito bom. Mas ainda hoje vou ouvir inteiro. Chama-se “Arthur King Presents Jason Lytle: NYLONANDJUNO”. Pode passar lá depois.

E aí, o que que teve além disso? Teve isso aqui Ó A LISTA:

----AS TOP DA SEMANA----

A$AP Ferg - Floor Seats
É trap bom. Chama a galera aí que apareceu trap que é bom. Na verdade eu gostei tanto das bases usadas que aceito até os “koooo koooo skrrt skrrrrrrrrrrt” que vai continuar a assombrar nossos ouvidinhos. Mas pelo menos saiu bem diferente da média dos trap que tava vindo, e tem uma onda 90 que encaixou bem no #flow do cara. A metade final do disco dá uma leve caída, porque começa a ficar MAIS trap. Mas ok também. É bom. Koooooooo koooooooooooooooo.

Elza Soares & BaianaSystem - “Libertação”
Junta as maiores #coqueluches do jovem brasileiro descolex e, olha só quem diria, ficou bem boa. Fizeram uma melodia boa pra voz da Elza, batuque afro no meião, aquele timbre de guitarrinha de SEMPRE (podia não ser sempre o MESMO timbre de guitarrinha hein galera aí. Vou começar a chamar de timbre “Deck Disc”. Vamo mexer esses knob), mas de ouvir tá top.

MC Livinho - Restrito
Eu não sou assim tão manjador de funk, mas tava vendo aí os especialistas falando que tinha umas músicas mais melancólicas tristinhas, mas eu tava por fora. Ó aí o exemplo. Tem umas faixas do EP que é praticamente um funk melody da nova geração, outras mais de pop (“Clima”) que também muito boa. Todas muito boas.

JPEGMAFIA - “Jesus Forgive Me, I Am A Thot”
Sonzera. Meteu uma base com melodia no pianinho, mais batida gravão, mais vocal R&B (naquelas), que ficou uma mistura de qualidade ae. Se tiver mais assim, vou curtir.

----AS OUTRAS BOAS QUE TEVE NA SEMANA----

King Gizzard & The Lizard Wizard - Infest The Rats’ Nest
Veja bem… Nunca resenhei nada desses cara aí, até porque nunca ouvi nada desses cara aí na verdade, mas aí. Legal legal, mas os cara falava como se fosse a elevação sonora, a magnitude do rock, a grandeza do psych 60’s. Mas é hard rock. Tão puramente simplesmente um hard rock. Legal de ouvir tão quanto é legal de ouvir um popzão, pode ouvir que é rock maneiro, mas também não vai se achar grandes bosta por ouvir isso. Larga de ser. Mas enfim, rockão nível hard-rock-sem-frescura lá dos 80-90. Depois de um rock sempre vem outro rock.

Brockhampton - “Boy Bye”
Das novas é a que bateu menos. O que obviamente não significa que é ruim, até porque é o contrário disso. Só bateu menos que as outras. Mas enfim, recomendado sempre é.

Mano Walter - “Monta Logo Vai”
Forró-funk, sonzera, recomendado. É isso. “É show, papai”.

----AS QUE TÃO MAIS OU MENOS OU APENAS RUIM----

Sleater-Kinney - The Center Won’t Hold
Ah sei lá viu. Os singles que haviam saído anteriormente agora soam melhorzinho pra mim, mas nada também que me faz achar legal de fato. Já entre as que não eram single, aí já tem coisa melhor de tar ouvindo, tipo “Restless”, mas no final é aquilo que falei da outra vez, sinto uma base indie 90, e daí foram metendo por cima várias camadas e camadas de produção mais modernex (“produção up-to-date”, como diria Diego Maia), mas também tem umas bobagem tipo “Bad Dance” que meu Deus, pop-rock do mais tontinho. No geral então sei lá, dá pra aproveitar umas 2 ou 3 se estiver muito interessado.

Rosalía & Ozuna - “Yo x Ti, Tu x Mi”
Essa aqui já é reggaeton bem reggaeton, bem padrãozão mesmo, zero novidades. Aí vai de você e seu apreço pelo reggaeton. Eu tô um pouquinho cansado já desses esquema.

Charli XCX - “Cross You Out”

Chaaaaaaaaaaaaaaaato. Caraio que som chato. Que baladinha pop-EDM mais fraquinha. Isso que tá o A.G. Cook envolvido na produção. Ae galera, vamo começar a se coçar e fazer algo menos basicão aí. Larga de ter medo.

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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #130

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Atividade galera.

Venho trazendo alguma coisa de boa nessa semana de destruição e desgraça e burrice. Espero ter conseguido. Aí essa semana foi a “semana das lentinha” só pra dar uma segurada na pressão aí que tá lá em cima ultimamente.

Certo? É isso que eu tenho de recados pra hoje. Usem blusa porque tá frio.

AGORA OS LANÇAMENTOS

----AS TOP DA SEMANA----

Brockhampton - Ginger

É disco bom. Na primeira audição não foi algo que me conquistou totalmente, mas dá pra sacar que tem qualidade no negócio. Sinto até que seja melhor que o disco anterior, iridescence, mas ainda é de se confirmar. Não vou entrar nessas de letra, até porque eu não entendo nada, mas sonoramente parece um grande encontro de homens sensíveis online. Muita baladinha de base, umas vozes muito calminhas enquanto manda as rimas, muito suave mesmo com o gravão comendo (felizmente tem muito gravão). O bloquinho do meio (de “Heaven Belongs To You” até “I Been Born Again”) tem umas batidas que meio que se parecem, não sei se foi intencional ou só calhou de usarem o mesmo preset de batidas gravonas. Mas enfim, como eu disse é disco bom.

Lana Del Rey - “Fuck It I Love You” e “The Greatest”

Belos sonzinhos de folk bem folk. Tava até pra escrever pop-folk antes, mas a única coisa de pop mesmo é a #persona da Lana Del Rey. Porque é folk só, tão folk quanto o som de umas mina indie-folk que lançaram disco esse ano também (para maiores informações leia a coluna “Sexta Lançamentos Por Rica Pancita”). O negócio tá bacana mesmo, parabéns aí pra família Del Rey.

Shannon Lay - August

Teve outro “August” que falei dela, mas era o EP com os singles, agora é o disco completo mesmo. Mas aí o comentário vai ser praticamente o mesmo, disco de folk muito muito bom, violãozinho pá, só tranquilidade, um vocal que muitas vezes lembra a Cat Power, mas não é sempre não. Mas as vezes lembra. Mas ok lembrar também, porque é vocal show de ouvir. Aí nessa semana disgracenta para o território nacional como um todo, foi uma boa ouvir esse disco aí pra dar uma baixada na temperatura. Gostei bem, dá-lhe folk.

----AS BOAS QUE TEVE----

Missy Elliott - Iconology

EP que não é lá das melhores coisas do mundo, mas ok, é bom, melhor que não ter EP nenhum. As batidas são legais apesar de você já ter ouvido igual em algum lugar, e o #flow dela continua muito bom, sim. Então é bom, apesar de ser um EP que não vai mudar o dia de ninguém (mas é bom).

Taylor Swift - Lover

Olha só, veja bem, então… É um bom disquinho pop de você passar 1 hora tranquilo, relaxando a cabeça, pá, fazendo outra coisa da vida, porque é uns pop muito padrão, muito senso comum, porém bem feitinho de ser legal de ouvir. Um violãozinho aqui, um synth 80 ali, o EDM lentinho de sempre, etc. Passou essa 1 hora e nem senti. Pra mim tá bom já.

Iza - “Meu talismã”

Um pop R&B muito de tocar na rádio até a exaustão. Tudo bem feitinho a produção, vocal show, tudo devidamente pensado pra facilitar o trabalho de programadores musicais espalhados nas FMs desse nosso país.

Diomedes Chinaski - “Uh”

Ó. Gostei do som no geral. A base tá legal, simples, sem muitas gracinha, é gravão e uns samples aí. Isso é bom. Autotune essas outras paradas de trapeiro, isso aí eu num gosto mesmo. Mas vá, essa tá boazinha.

Monsta X - Phenomenon

K-pop legalzinho, que ainda não americanizou de vez tal qual os coleguinha mais famoso. Supondo que você nem manje nada de k-pop, esse aqui eu chamo de pop de jogo de tapetinho de dança. O que é diferente de jogo de dança desses atual de repetir movimento. É pop de jogo de TAPETINHO. Essa foi a melhor definição que consegui pro k-pop TRU, que é o caso aqui. É bom de ouvir sim, eu acho, mas depois de certo tempo enjoa.

Sheryl Crow - “Story of Everything”

Aquele blues-rock dela lá. Longo (loooooongo), e com uma participação do Chuck D que sei lá o que que foi fazer aí. É bom porque sempre curti os sons dela, inclusive os mais recentes. É ruim porque é loooooooongooooo. Cabia bem um “radio edit” nisso aqui pra ficar bom de vez.

----A QUE NÃO É BOA----

Amigos - “Única”

RUIM. Ruim, mas o quanto ruim? Ruim bem ruim. Umas vozes cansadas (a do Leonardo já foi embora já), um arranjo muito tonto, o refrão (que é RUIM) sendo repetido por 1 minuto e meio. Meu Deus.

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