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Por que a Pineapple Supply fez o "Poetas no Topo"?

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Se você curte acompanhar o que tá rolando no lado mais underground do rap br, você deve ter percebido o barulho que uma galera do Rio de Janeiro começou a fazer na cena no ano passado — e pra ser mais exata, a coisa se intensificou fortemente a partir do dia 26 de dezembro. Quando tava todo mundo curtindo a ressaca da ressaca do Natal, surgiu na interwebs o primeiro cypher do projeto Poetas no Topo, que juntou seis caras da nova safra do rap — Makalister, BK, Menestrel, Sants, Djonga e Jxvns  — pra rimarem por cima de um beat boom bap feito pelo carioca Slim Beats.

E, apesar de ter sido lançado no final/começo do ano, época em que as novidades do mundo da cultura costumam cair no limbo do esquecimento cibernético e não atingirem tanta gente assim, esse primeiro cypher até que fez um relativo sucesso: em um mês, o vídeo já tem mais de 2,2 milhões de views, o que, pros padrões de rap underground produzidos no Brasil, é um número considerável.

Menos de um mês depois do primeiro cypher, o projeto já voltava com a segunda manifestação nas redes. No último dia 20, eles lançaram o "Poetas no Topo 2", agora com participação dos MCs Orochi, FBC, Froid,  Sain, Ducon, Coruja, Baco Exu do Blues e Raffa Moreira. E, se o primeiro vídeo já tinha hypado, esse segundo tá voando mais alto ainda. Em duas semanas no ar, o vídeo já conta com quase três milhões de views. Um puta de um estouro, nível YouTuber.

Nesta sexta-feira (3), a PineappleStorm TV, canal do YouTube que está promovendo e organizando esses cyphers todos, solta com exclusividade pelo Noisey o teaser da sua websérie de estreia, Vivência / Poetas no Topo, que vai trazer, em três episódios, os bastidores do projeto, com os rappers bebendo, comendo, fumando, o Djonga contando um milhão de histórias, Sain e Raffa Moreira tocando pagode e todos gravando as vozes pro "Poetas no Topo 2".

Você pode assistir ao teaser, que contou com filmagem de Gabriel Solano e edição da Contra Corrente Produções, abaixo:

A PineappleStorm TV surgiu da parceria entre a marca de roupas Pineapple Supply (que veste todos os rappers dos vídeos) e o BrainStorm Estúdio e Produções. Falei com o dono da Pineapple, o carioca Paulo Alvarez, sobre como surgiu o Poetas e dos próximos projetos de rap que o canal vai lançar em breve nesse ano e, claro, sobre o já aguardado "Poetas no Topo 3". Leia abaixo: 

NOISEY: Como que a Pineapple Supply surgiu? E como que rolou essa aproximação com o rap?
Paulo Alvarez: 
Eu já fiz e desisti de várias faculdades. Já trabalhei em loja e, quando resolvi lançar a marca, eu tava trabalhando numa empresa de topografia e geoprocessamento. Foi com o dinheiro da recessão desse trabalho que eu montei a marca, pela primeira vez. Fiz o lançamento num show que uns amigos meus estavam organizando do Nectar Gang com o Marginal Men e me chamaram pra ajudar. Isso em agosto de 2015. Vendeu tudo muito rápido até, só que eu não tinha como me manter e acabei gastando todo o dinheiro pra fazer uma outra leva de camisa com despesas pessoais. Por isso, dei uma parada com a marca. 

Só que lá por abril ou maio de 2016, eu conheci o som do Froid e fiquei maluco. Nessa época, eu já tinha conseguido me reerguer financeiramente e pensei em voltar com a marca. Quando vi o Froid, pensei que era a oportunidade certa. Eu sabia que ela ia estourar. Aí, trouxe ele [que é de Brasília] aqui pro Rio e comecei a patrocinar a carreira dele. Foi assim que tudo começou a engrenar. 

E sobre essa aproximação da marca com o rap: acho que é importante não só a moda, mas qualquer segmento da sociedade que puder colaborar e se sentir inserido na cultura do hip-hop participar dessa cena. No meu caso, sempre ouvi rap, então é o meu interesse é que essa cena se expanda cada vez mais. 

Você sempre foi viciado em rap então? 
Sim. Por exemplo, eu sou apaixonado pelo Don L desde sempre. Tenho "Morra Bem, Viva Rápido" tatuado no meu peito há uns três anos. Ainda penso em criar alguma coisa audiovisual com o Don L e o Froid associados, mas ainda é só uma ideia. Vai acontecer ainda, só que não agora. 

Mas o surgimento dessa nova escola no underground, não só no Rio, mas também o Froid e o Baco, por exemplo, que tem uma preocupação de voltar com a poesia e a lírica no rap, me fizeram me identificar e me envolver ainda mais com o rap nacional. A Pineapple foi a concretização desse meu interesse.

E de onde veio a ideia de criar o Poetas no Topo?
O Poetas no Topo, na real, foi surgindo com o tempo e foi derivado de um outro projeto, o Favela Vive. A Pineapple patrocinou o primeiro cypher do Favela Vive — que tem o ADL, Sant, Raillow (PrimeiraMente), Froid e o beat do Índio —, mas acabou saindo pelo canal da [produtora carioca] Esfinge, que já tava fechando uns trabalhos com os meninos do ADL. A gente acabou ficando de fora do Favela Vive 2, e aí que eu resolvi criar meu próprio canal no YouTube e armar meu projeto de cypher. Chamei o Lucas Malak, do estúdio e produtora BrainStorm, que já era meu parceiro com os trampos do Froid, montamos a PineappleStorm TV, um canal no YouTube pra gente upar os nossos cyphers. 

Aproveitei um dia que o Makalister (que é de São José) tava hospedado na minha casa aqui no Rio pra gravar um feats pro disco do Froid e perguntei pra ele com quem ele queria fazer um som, aí foi assim que o BK entrou no jogo. Já tava conversando com Djonga pra um outro projeto, Pretos no Topo, e resolvi convidá-lo pra esse primeiro cypher. O Malak é produtor do Menestrel e o BK conhecia o de Jnvsx e do Sant por causa do Pirâmide Perdida. Aí um foi passando um fio pro outro e, pronto, a gente reuniu todo mundo no estúdio do Lucas pra poder gravar as rimas e, depois, o clipe.

E no que você se baseou pra curadoria pra esse primeiro cypher?
O primeiro foi mais com a galera dessa nova escola do rap daqui, que a gente já tem contato sempre. Menos o Djonga, que é de MG, e o Makalister, né. Mas foi meio que no improviso, tanto que o Froid ficou de fora porque não tava aqui no Rio na época. E ele com certeza faria parte do primeiro se tivesse aqui. Logo que a gente gravou o primeiro e vimos que teve uma resposta boa na internet, começamos a pensar no segundo e, principalmente, em quem a gente queria que tivesse no segundo cypher.  

Achei daora que o "Poetas no Topo" traz uma galera que não é só do Rio ou de São Paulo [tipo do Baco, no Poetas 2]. 
Eu desde o começo defendi "Sulicídio", por isso que quis trabalhar com ele. Tirando que o cara é muito bom. Pro segundo cypher, outro cara que queria muito chamar [e chamei] também era o Raffa Moreira. O Raffa tem o lance de ter muitos haters na internet, mas eu quis dar esse espaço pra ele pras pessoas verem que ele tem muito talento por trás disso.

Ah, e já que a gente falou sobre o Baco, tô armando o "Poetas no Topo 3com participação do Diomédes Chinaski (Chave Mestra).

E o que mais cê pode adiantar o que mais sobre o Poetas no Topo 3?
Vai ter Rincon SapiênciaLuccas Carlos, por enquanto. Vai ser mais de uma parte e sai em março. Tamo produzindo um clipe do Ducon com o [grupo] ADL [PoetasNoTopoXFavelaVive], que vai sair ainda em fevereiro. 

O primeiro episódio de Vivência | Poetas no Topo estreia semana que vem no canal da PineappleStrom. Os outros dois próximos episódios da série vão ao ar nas duas próximas semanas seguintes. 

Ficha técnica do teaser:

Filmagem: Gabriel Solano (@solanoav)
Edição e finalização: Guilherme Brehm (@gb_contracorrente). Contra Corrente Prod. (@contracorrenteprod)
Produção Musical: Disstinto (@disstinto)
Produção Executiva: Paulo Alvarez | Pineapple Supply
Produção: Uriel Calomeni (@urielcalomeni)


Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #14

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Esse ano aí tá começando até que bem viu. Mais uma vez deu pra fazer uma lista grande de lançamentos BONS MESMO. O ruim é que daí é mais trampo de ouvir tudo e falar de tudo, tô levando bem mais tempo que no ano passado.

Mesmo assim disco mesmo ainda teve pouco, a galera arrepiou foi nos singles, que veio de baciada.

Dito isso, baixa aí a playlist da semana pra ir ouvindo na moral, aproveitando que começou os estaduais de fut (saudade que eu tava dum fut). Isso se tiver Spotify. Se não tiver aí vai ter que ir nos Soulseek e tal. Pra tudo dá-se um jeito.

Valeu Drogba.

---SOM BOM---

The Magnetic Fields - "'83: Foxx and I"
Mais um single do disco novo do Magnetic Fields que vai ter 88 bilhões de músicas. Mas essa aí é folk legal. Cês aí que curte folk tão ligado já.

El Komander - "El Machetzao"
Esse cara aí é um cantor de #narcocorrido que é a versão mexicana do funk-proibidão-de-bandido. Só que ao invés de batidão eles tocam aqueles estilos tradicionais deles lá, ranchero, mariachi, essas parada. E assim parece que eu manjo muito sobre as coisas quando na verdade eu fui pesquisar no wikipedia. Ô editor, mete uma NOTA DO EDITOR aí falando que a Vice fez vídeo sobre narcocorrido e tudo mais. Se num quiser tudo bem também, o editor é você, não eu. [N. do E.: Ali no link tem bem um DOCUMENTÁRIO, com legendas em pt-br. Assistam].

Blondie - "Fun"
Bem bom o som novo do Blondie aí. Bem som das pistas. Bem pra frentex.

Os dois singles do Father John Misty
Tá mandando só música boa o Elton John aí hein. Tá bonito.

Dirty Projectors - "Little Bubble"
Foda. Na verdade já tinha lançado a versão "edit" no comecinho do ano, agora veio a completa.

Autoramas - "Jet to the Jungle"
Som do Autoramas que é tipo um som do Autoramas. Nada a ver com a história, mas agora eu estou com "Fale Mal de Mim" na cabeça.

Emicida - "Yasuke (Bendito, Louvado Seja)"
Meu Deus como é chato criança gritando em música. Chega de criança em música. CHEGA. Tirando isso baita som. A batida toda pans, o canto do refrão. Achei bom.

Mariah Carey - "I Don't"
Canta muito né. Mó som. Cês tão vendo o #reality? Ela ama todo mundo, meio mala isso. Mas legal o reality também.

Depeche Mode - "Where's the Revolution"
Lá vem os vovô. Mas tá bom essa música nova. Mas talvez a música nova esteja boa porque lembra as músicas velhas. Por mim melhor que seja assim.

Brooke Candy - "Living Out Loud"
Pop eletrônico mãozinha pra cima como vários que tem, porém esse acabou me agradando mais que os outros. Tem a Sia também, vocal daorinha, refrão gritado. Eu gosto de refrão gritado.

Jeremih - "I Think of You"
R&B de qualidade com batidão eletrônico. Tá bom de ouvir.

Red Velvet - Rookie
EP de kpop muito do bom. Muito do TOP.

Parangolé - "Solinho"
Porra o Parangolé tá nos últimos meses sendo uma METRALHADORA DE SINGLES pra, finalmente, surgir uma que preste. Pagode baiano sem ficar nessa presepada de misturar com funk ou sei lá que porra.

Barry Manilow - "This Is My Town"
Música de altíssimo garbor & elegância. Boa demais. Orquestração toda pá. Talvez podiam arrepiar mais na orquestração. Mas é boa demais.

Raekwon - "This Is What It Comes Too"
#Pesadão.

Jon Secada - "Como Fue"
Jon Secada acompanhado de uma big band. É uma EXPLOSÃO de bom gosto.

Basement - "Promise Everything"
Isso aí me fez lembrar o PRIMEIRÃO DO SILVERCHAIR. Sinceramente acho bom existir uma banda hoje em dia que faça um som tipo o primeirão do Silverchair.

Pat Lok - "Crystal Ball"
Dance eletrônico muito do legalzão com vocal feminino que curti bem.

Reykjavíkurdætur - "Kalla Mig Hvað?"
Acho que é um rap isso? Não faço ideia porque eles estão falando islandês? O nome da banda é REYKJAVÍKURDAETUR? O som é daora.

Aline Barros - Acenda a Sua Luz
A nível de gospel nacional tá um disco #alto #nível de gospel. Tem os probleminhas que sempre tem nesse estilo (produção cafonininha). Mas no OVERALL o louvor tá bonito.

HGich.T - Therapie wirkt
Eu <3 AMO <3 essa banda desde a primeira vez que vi o clipe de "Tutenchamun". Como eu não entendo nada fico preocupado que eles estejam falando BOSTA. Torço que não. PORQUE É FODA D++++.

Tsuyogari Sensation - "UG Stepper"
Se pá essa música encaixa no estilo KAWAII METAL. Que é bem daora. Mas lembra abertura de desenho animado também. Bem do nota 10 esse som.

---SOM MÉDIO---

David Gray - "An Eclipse"
É uma daquelas lentinhas no piano. Manja? Piano lentinho? É uma daquelas.

Biquini Cavadão - "Um Rio Sempre Beija o Mar"
Pop rock bem desses pop rock brasileirão anos 80. Se você tá nessa vai lá. Eu num tô nessa não.

Minimalista - "Branquinha"
Manu Chao brasileiro. Num é bem a minha não.

Future Islands - "Ran"
Ok o som. Um bocadinhozinho oitentista. Um bocadinhozinho chatinho. Porém aceitável.

Os dois singles do Mac Demarco
Bem mais ou menos essas músicas hein meu. "This Old Dog" é a melhorzinha. Mas enfim, vamos ver o que que sai desse disco novo.

Imagine Dragons - "Believer"
Se você já ouviu Imagine Dragons é aquilo lá mesmo. Se você não ouviu ainda, não precisa ir atrás. Uma hora ele chega em você.

Flint Eastwood - "Queen"
O som é bom sim, mas me incomoda mais esses nomes super sacadinhos. Bagulho mais de mongo.

Oficina G3 - "Retrato"
Hard rockão. É mais legal quando puxa mais pro melodicão. Mas essa música tá ok também.

Zabelê - "Prática"
A versão remix tá mais legal. Mas fiquei com medo de que houvesse mensagens subliminares nessa música aí.

Mariana Nolasco - "Poemas que Colori"
Voz-violão fofitchos. Voz-violão de artista que toca em barzinho. Barzinho com som ao vivo eu simplesmente me recuso.

BaianaSystem - "Invisível"
O-K.

Jads & Jadson - "Quem Aguenta"
Olha ultimamente até me agrada o jeito que eles cantam. Antes eu odiava. Agora acho legal. O som tá bom aí pro churrascão sertanejo 2017.

Mylena Jardim - "Não Fui Eu"
Canta tão bem que fez um dueto com a Paula Fernandes não ficar ruim. Isso aí é talento demais. O Andrea Bocelli não teve as manhas.

Lukinha - "Top Model"
Som #bacana viu. Funk pop nível Naldo Benny, que agora tá de garoto propaganda de açaí.

Karol Conka - "Farofei"
O som ficou legal sim. Letra bobíssima, aí prejudica um pouco.

Alesso - "Falling"
Pop eletrônico de FM. Som ok. Bora pra próxima música.

Yall - "Together"
Pop eletrônico de FM. Som ok. Bora pra próxima música.

Bruno & Marrone - "Enquanto Eu Brindo Cê Chora"
Boa música do Bruno Marrone. Mas eu a ouvi com a certeza de que já tinha a ouvido antes em algum lugar, até fui pesquisar se a música já foi gravada antes. Já foi, mas por um tal de Júnior Magalhães que sinceramente nunca ouvi falar. Então com certeza é a mesma estrutura melódica de alguma outra música que não lembro.
Mas é boa.

Digital Farm Animals - "Digital Love"
Popzão que sei lá viu. Se estiver tocando na rádio eu não reclamo não.

Nickelback - "Feed The Machine"
Pra um hard rock tá um bom hard rock. Porém não curto muito hard rock não, num sei se já falei isso aqui.

Suicide Silence - "Silence"
O termo aqui é #deathcore. Que não é igual #deathmetal. #deathmetal é legal pesadão bumbo duplo método vocal joão-gordo-com-bolo-na-boca. #deathcore dá uma farofadinha. Bem leve a farofada, porém tem sim.

Zac Brown Band - "My Old Man"
Baladinha country tristinha. É legal ter uma baladinha tristinha no meio do disco, agora ser a #música #de #trabalho eu já não sei não.

Less Than Jake - Sound the Alarm
Na primeira audição eu gostei. Mas aí vai precisar de tempo pra ter certeza se o disco é bom mesmo ou se pegou no saudosismo dos 90 (grande risco de ser mais a segunda opção).

AJR - What Everyone's Thinking EP
EP com uns popzinho até que gostoso de ouvir sim. Preocupa que é mais uma coisa que tem a mãozinha de SIA FURLER, que tá se tornando a nova DAVID GUETTA. Vai deixando monopolizar a produção de popzinho de FM que uma hora a conta chega.

Cold War Kids - "Love Is Mystical"
Mais ou menos hein. Pop rock bem manjado.

William Singe - "Rush"
Pop com batidinha só um pouquinho trap. Trap se for só um pouquinho até vai.

Riff Raff - Aquaberry Aquarius
Disco ok. Mas só ok só, não tem nada que cê fale "caraio hein que música foda". Rap ok com essas batida ok manjadáça.

The Mowgli's - "4AM"
Rockzinho jovenzinho feliz que combina com propaganda de carro. O K.

Henrique & Juliano - "Vidinha de Balada"
Bom baladão de arrocha. É isso.

VK - "Não Tem Problema"
Sei lá. Num é ruim. Mas sei lá. A batida é boa sim. O cara cantando tem alguma coisa que não rolou não. Sei lá esse aí.

Murs - "Survivor"
É até que bom o raps. Tem um chiptune de fundinho que se tivesse mais destaque talvez eu taria gostando mais.

Lower Than Atlantis - Safe in Sound
Banda pop rock que tem uns momentos até que bom, como em "Boomerang" e "I Would", que até que é legal.

---SOM RUIM---

Luan Santana - "Acordando o Prédio"
É o reggaeton do Luan Santana. Achei bem ruinzinha.

Sango - "Dance for Blessings"
Música que tanto faz a existência.

Beenie Man - "No Apology"
Infelizmente é mais uma música chata do Beenie Man. Tá começando a ficar complicado.

Moby & The Void Pacific Choir - "Erupt & Matter"
Infelizmente é mais uma música chata do Moby. Tá começando a ficar complicado.

20 anos sem Chico Science

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Há 20 anos, morria Chico Science, homem de frente da Nação Zumbi e principal nome do movimento manguebeat. Tido por muitos como o último grande gênio criativo da música brasileira, ele propunha uma arte de identidade nacional para o mundo. E fez isso combinando o rock dos anos 1990 e a bagagem que trazia do hip hop com as heranças regionais nordestinas e africanas de ritmos como a embolada, o jongo, o maracatu e o pastoril. A inovação química resultante desse acasalamento cultural não só estimulou o mercado e abriu trilhas para uma nova geração de artistas no Brasil, como fez sucesso na América e da Europa.

Francisco de Assis França Caldas Brandão nasceu em Recife no dia 13 de março de 1966. Filho mais novo de quatro irmãos, cresceu no bairro Rio Doce, em Olinda, onde ainda na infância foi morar com a família. Na cidade, onde ele passou a maior parte da vida, um dos principais meios de sobrevivência era o comércio de caranguejo, que acabou virando emblema do manguebeat. O próprio Chico foi vendedor de caranguejos nos anos 80, época em que colava nos bailes black para dançar. A ideia de fazer música cruzando estilos foi experimentada por ele pela primeira vez em 87, com a banda Orla Orbe, da qual participaram Lúcio Maia e Jorge Du Peixe, ambos da Nação Zumbi.

No ano seguinte a Orla acabou e nasceu a pedra bruta do manguebeat, o projeto Bom Tom Rádio, de onde brotou a primeira versão da clássica "A Cidade", gravada toscamente num computador MSX. Chico Science estourou com a Nação Zumbi pelo destaque que a banda teve no Abril Pro Rock de 93. A repercussão rendeu um contrato com a Sony para que, em março de 94, saísse o álbum Da Lama ao Caos, com produção do Liminha. Uma turnê mundial e dois anos depois, veio Afrociberdelia. Com o hit "Maracatú Atômico", releitura da faixa gravada pelo Gilberto Gil em 74, Chico Science encravaria para sempre seu nome entre os mestres impulsionadores da música brasileira.

Tragicamente, a grande promessa do início da próxima década viria a morrer no auge da fama e criatividade. Vítima de um acidente de carro, foi-se jovem, na noite de 2 de fevereiro de 97. Ele dirigia sozinho seu Fiat Uno em direção à casa de Du Peixe, em Olinda, e o acidente ocorreu na divisa com o Recife, à beira de um mangue, como que num ato profético.

Para marcar a data e avaliar a permanência do legado de Chico no cenário atual, coletamos abaixo alguns depoimentos de músicos pernambucanos. Saca aí:


[Felipe S – Mombojó]

"Eu nunca vi o Chico pessoalmente. A Nação Zumbi ensaiava no ateliê do meu pai, no Centro do Recife. Eu tinha 13 anos na época em que ele morreu. O que eu me lembro é de ter ido lá um dia visitar o meu pai, e ver os instrumentos preparados para receber a banda. Ninguém foi lá buscar os equipamentos e as coisas ficaram lá montadas durante um tempo, depois que ele morreu. Acho que tinha ensaio marcado e ele morreu no outro dia.

"Mas me lembro de ter ficado muito triste porque eu era uma criança que assistia muita televisão, e era um momento em que ele estava aparecendo muito na tevê do Recife. Em propaganda da Globo, sabe? Ele sempre aparecia dançando, na rua a gente sempre imitava ele dançando e tal. E por isso eu fiquei muito triste. Só eles ensaiavam no ateliê do meu pai, as outras bandas não. Eles eram amigos.

"Chico Science me fez querer virar músico. Só consegui me imaginar sendo músico por causa dessa injeção de ânimo que Chico capitaneou. Ele estava à frente disso tudo e abria espaço pras pessoas não só da música, mas do cinema. E hoje em dia acho que o cinema é até mais importante do que a música em Pernambuco. Chico veio como esse cara que representava tudo que era meio excluído na época, e depois várias coisas se concretizaram.

"Todo mundo sentiu uma injeção de orgulho mesmo, sabe? As pessoas começaram a olhar pra produção local como uma coisa boa e tal. Várias coisas estavam envolvidas, mas ele era o cara que foi o porta-bandeira. A influência dele ainda é forte na região, depois de 20 anos que se passaram. Hoje em dia tudo mudou, mas ele ainda é uma figura muito emblemática, forte, mais do que eu um dia imaginei. Ele é muito presente, as pessoas ouvem e se identificam até hoje como uma coisa nova também."


[Fabio Trummer – Banda Eddie]

"Chico Science representou o último grande movimento de criação. Porque quando a gente pensa em música brasileira, remete a cultura, raiz nossa, a esse mix de culturas diferentes. De formação multicultural, de africanos, de europeus. E o Chico sempre teve isso, ele foi uma espécie de educador cultural. Ele propiciou a aproximação do brasileiro com a sua cultura, a partir daquela época e tal, ele sintetizou isso. É aquela coisa, todo mundo tinha uma ideia na cabeça, mas ainda não tinha fechado ela. Ele abriu um novo caminho. No fim dos anos 1980, as gravadoras ficavam todas no Rio de Janeiro, e em São Paulo tinha uma cena independente muito legal. E essas realidades eram muito distantes daqui.

"O fato d'ele afirmar a identidade geográfica no seu trabalho e conseguir, com isso, fazer também uma música que estava abrindo caminhos novos na música brasileira, que é uma música de mestres e mestras, foi importantíssimo pra gente. Bem na época em que ele surgiu eu fazia faculdade, e estava naquela dúvida se eu escolheria a música ou a arquitetura. E eu decidi pela música porque ele mostrou que era possível uma carreira profissional enquanto trabalho pra vida toda. Por coincidência todos os artistas que trabalharam na geração manguebeat continuam trabalhando até hoje, com seus trabalhos autorais, não ficaram presos a um formato de leva e traz.

"Ele foi realmente o grande mestre dessa escola cultural muito foda. Hoje a gente não faz mais as mesmas coisas, mas os princípios foram mapeados naquela época. Chico ainda está se comunicando. Ele olhava pra fora. Por causa dele as pessoas começaram a enxergar um Brasil melhor, mais esperto."

  

[Matheus Mota]
"Chico Science é, sem dúvida, um dos artistas seminais de um curso fundamental da música brasileira, com reflexos inegáveis até hoje; e um dos maiores compositores de todos os tempos. Conheci o Da Lama ao Caos bem no período do manguebeat, com uns 10 anos. Já me ligava em música. Aquilo, que era uma verdadeira unanimidade, deu um oxigênio importante para uma Recife antes entregue às moscas culturalmente. Houve uma revalorização de uma série de ritmos locais junto com um grande acesso ao que rolava de mais moderno no rock contemporâneo do mundo.

"É até hoje um som que me pega de jeito, acho completamente inventivo, extraterreno, e, por que não dizer intraterreno também? Não há nada, em especial nesse primeiro disco, que não tenha sido feito com um cuidado quase cirúrgico (digno dos melhores artesãos) nessa polifonia do recife-correria, aquele dos ônibus elétricos azuis dos anos 90. 'Risoflora' é uma das mais lindas músicas de amor que já escutei."


[DJ 440]

"Eu era moleque e, na época, tinha shows na praia de Bairro Novo promovidos por uma TV local. Vi o primeiro show do Chico num domingo de verão. Tava lotado, mas o cara não era famosão ainda. Geral não tava entendendo nada (e nem eu) o que era aquela cara. Era um showman. Pulava, fazia munganga (gíria para 'caretas, expressões', em Recife), dançava e falava umas coisas foda nas letras. Mas todo mundo entrou na onda daquela cara incrível. Depois daquele dia fui atrás de alguma coisa dele. Foi quando descobri o Da Lama ao Caos . Pirei! Por conta dele, tive interesse em me aprofundar na cultura popular do meu Estado.

"O Chico mudou tudo, né. Recife tava engessado na época e o homem deu um sacode em todo mundo. Mostrou que a gente podia mais. Podia experimentar, podia reinventar o que a gente tem aqui de cultura popular e ficar massa. Quem mais pensou em colocar alfaia de Maracatu numa banda de rock? Colocar sampler de cantiga de roda, Mateus e Catirina, de coco de umbigada... Isso inspirou e ainda inspira muita gente. Chico é uma fonte da qual muitos ainda beberão. É um artista imperecível...".


[Felipe Soares – Transtorninho Records]

"Acho que Chico Science & Nação Zumbi foi importante, e o trabalho dele, de ser sincero em relação a suas raízes, isso eu admiro muito. Mas acho que ele também se tornou um problema. O manguebeat foi muito legal, deve ter sido foda viver a época em que gente de todo tipo, literalmente, se reunia pra ver um show. O problema é que parece que até hoje as pessoas não superaram o manguebeat, principalmente em Recife. Tudo bem gostar pra caralho, mas porra, a cidade tem pouquíssimo show de artista independente se comparado a outras capitais.

"Talvez as pessoas tenham se acostumado a uma forma de consumir e produzir cultura que não se aplica hoje em dia. As casas de show preferem discotecar qualquer música do Nação Zumbi do que apoiar uma banda nova. É um costume horrível. Acho que o problema não foi o Chico Science, acho que ele tinha ideias muito boas, muito boas mermo. O problema mesmo é o culto que as pessoas fazem dele. Talvez eu esteja errado, mas acredito que se as pessoas dessem 10% do valor que elas dão ao manguebeat a novas histórias, seria uma boa."

[Almério]
"Chico Science & Nação Zumbi deram vida a um dos maiores movimentos culturais do mundo, o manguebeat. Reativaram a arte em Pernambuco. Hoje a explosão de criatividade que eu observo nos novos artistas e bandas vem muito dessa força. Não que Chico Science influencie diretamente esse novo momento, mas por tudo que ele deixou aberto pra que essa galera nova pudesse trabalhar com mais personalidade.

"Esse movimento de música mexeu com tudo: moda, cinema, artes plásticas, teatro. E as bandas e artistas das cidades do interior de Pernambuco também foram atingidas por essa ebulição, criando uma pluralidade sonora muito importante. Pernambuco sempre foi e será  uma fonte inesgotável de arte e inspiração."

Ouça 'Chorei', música inédita do disco novo do Kiko Dinucci

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Na próxima terça (7), Kiko Dinucci lança seu primeiro disco solo, Cortes Curtos. As 15 faixas trazem guitarras tortas e matemáticas embalando letras que falam sobre morte, nascimento, Facebook e, claro (é o Kiko, porra), as nuances mais malucas da cidade de São Paulo. Antes do lançamento, o Noisey libera uma faixa exclusiva: "Chorei", composição de Beto Villares que traz a participação da cantora Juçara Marçal.

Muito mais rock do que samba, o disco tem na capa uma foto de Kiko sendo enquadrado pela polícia durante um show em apoio ao Movimento Passe Livre. "Foi constrangedor porque um monte de gente que foi ver meu show acabou assistindo o meu enquadro", conta.

Produzido pelo próprio Kiko, que canta e toca guitarra, Cortes Curtos traz Marcelo Cabral no baixo, Sérgio Machado na bateria e foi gravado por Rodrigo "Funai" Costa no Red Bull Studios, em São Paulo, durante cinco dias no segundo semestre de 2015. "No mesmo esquema que gravo os discos do Metá Metá e Passo Torto: tudo muito rápido e objetivo."

Kiko e sua banda. Foto: Felipe Gabriel/Red Bull Content Pool

Como em boa parte dos projetos de Kiko, as letras trazem crônicas às vezes trágicas (em "Vazio da Morte", o personagem cogita subir até o topo do prédio do Banespa para se matar), às vezes irônicas e cínicas, como em "A Morena do Facebook ("Lá vem ela, a morena do Facebook / Ela é mais bonita que a foto do perfil"). "Eu pensei em escrever tudo como samba e depois botar uma roupagem punk", justifica. 

Filho do metal, do hardcore, do punk e do samba, o músico reflete essas referências em seu mais recente trabalho, que chega encorpado e agressivo. "Fui me entediando com tudo, e esse tédio me fez fazer a música que faço hoje, que é mais ou menos a junção de todas as coisas que me entediavam." 

Todas as músicas são criações de Kiko e sua banda. Exceto "Chorei". Ele se lembra de quando viu Beto tocando-a pela primeira vez. "Fiquei de cara. Tinha tudo a ver com o Cortes Curtos, era um samba estranho. Parecia o próprio parto, cheio de dor e de gritos".

Se você ainda não deu o play, faça isso agora no player abaixo e leia na sequência os melhores trechos da entrevista com o Kiko Dinucci falando sobre Cortes Curtos.

Noisey: Por que o nome "Cortes Curtos"?
Kiko Dinucci: Por causa da duração das canções e das letras curtas. Copiei descaradamente o nome do filme do Robert Altman, Short Cuts. Não é nem de longe dos meus filmes preferidos, mas o nome me caiu como uma luva.

Por que você levou tanto tempo para lançar o seu primeiro disco solo?
O Cortes Curtos é um disco solo na visão do mercado, mas eu compus e depois levantei as coisas com o Marcelo Cabral (baixo) e o Sergio Machado (bateria). Então, não estou tão solo assim.

Essas músicas existem desde quando? Como e em quais situações elas foram compostas?
As canções começaram a nascer em 2011. "Uma Hora da Manhã" foi inspirada em uma cena que vi num supermercado: um cara desrespeitando uma mulher por ela ser nordestina e essa mulher rebatendo a agressão sendo homofóbica. Na mesma semana, rolou uma passeata na Avenida Paulista de um bando de skinheads desgraçados levantando faixas de apoio ao Bolsonaro. Então eu fui criando as canções nessa São Paulo horrorosa, racista, reacionária, opressora, que faz as pessoas adoecerem e se deprimirem.

Quais são ou quais foram suas referências nesse disco especificamente?
As canções do Cortes Curtos são basicamente sambas. As letras são inspiradas no Paulo Vanzolini e no Lou Reed do Transformer, essa crônica urbana. A sonoridade rock foi uma visita a um monte de coisas que eu sempre curti: Talking Heads, Minutemen, Stooges, Devo, Sonic Youth, Blondie, Pixies, Napalm Death, Black Sabbath, Joy Division.

Eu não imaginei que você viesse tão rock'n'roll nas faixas. É um disco de rock, penso. É um disco de rock?, te pergunto.
Penso muito sobre o que é rock hoje em dia. No geral, eu não gosto de nada de novo. Quando viajo pra Europa com o Metá, vemos bandas europeias de rock muito fracas. Som ingênuo e repetição de algo que já foi feito. Aqui no Brasil, se você for numa sambada no interior de Pernambuco e ver de perto um maracatu de baque solto, você pode descobrir que é tão hardcore quanto o Extreme Noise Terror, porém, muito mais rico e complexo. Não adianta achar que você é um doidão porque toca um rockinho engessado, ingênuo e inofensivo. Se o rock não for um insulto, então não é rock.

Foto: Felipe Gabriel/Red Bull Content Pool

Quem fez a capa do disco?
Eu. É um PM me dando um enquadro. Isso aconteceu em um show em São Paulo que fiz em apoio ao Movimento Passe Livre contra o aumento da tarifa. Quando cheguei pra fazer o show na escadaria do Teatro Municipal, o pessoal do movimento não tinha chegado e a polícia me pegou. Perguntaram se eu trabalhava, se era do movimento, essas bostas. Daí, enquanto o policial revistava meus pedais de efeito e guitarra, o Vitor, um colega que estava no público, tirou umas fotos no celular e me mandou. Foi constrangedor porque um monte de gente que foi ver meu show acabou assistindo o meu enquadro, uma situação surreal. Mas ao mesmo tempo eu pensei: se alguém fotografar, será a capa do disco. Não por acaso eu apresentei naquele dia — só com guitarra e voz — um monte de músicas do Cortes Curtos.

A capa teve um processo bem interessante de impressão. Fiz uma tiragem limitada em risograph, em Recife, com a Priscila Gonzaga.

Qual é a história por trás de "A morena do Facebook"?
Fiz pra mostrar um pouco o quanto a gente é ridículo nas redes sociais. As pessoas estão fechadas em bolhas, isso tá cada vez mais visível. Tudo o que o ser humano tem de mais estúpido reflete nas redes sociais com a mesma intensidade. Um dia o Face vai acabar e essa música vai ser que nem um samba do Adoniran que fala do cigarro Yolanda. Fica o registro de um tempo.

 "Chorei", do Beto Villares, traz sua parça Juçara Marçal nos vocais. Por que decidiu gravar essa?
Fui participar do disco do Marcelo Pretto, que o Beto Villares estava produzindo. No fim da gravação ele pegou o violão e tocou "Chorei". Fiquei de cara. Tinha tudo a ver com o Cortes Curtos. Era um samba estranho, falava do nascimento de uma criança, que é o momento mais feliz que uma pessoa pode ter, mas de um jeito totalmente novo, visceral, parecia o próprio parto, cheio de dor e de gritos, milagre e sangue, uma intensidade quase apocalíptica e animal. Pedi a música pro Beto e ele me enviou só um ano e meio depois. Ele é um cara que eu admiro demais.

A do suicídio no Banespa tonifica a tua verve bem paulistana enquanto compositor.
Fiz "Vazio da Morte" num dia de muita tristeza. Eu queria subir no prédio do Banespa e ver de lá de cima a miudeza do ser humano. Quando fui subir, uma funcionária me informou que a visitação já estava encerrada. Pensei que se eu quisesse me matar, eu teria que esperar o horário comercial do dia seguinte. E se eu não estivesse mais triste ou deprimido? E se a burocracia cancelasse até um suicídio? Comecei a pensar essas besteiras e fui esquecendo de ficar triste. Quando dei por mim, já estava compondo, andando no meio das pessoas.

O disco começa tenso, caótico e depois entra numa pegada de ironia e humor. Como você define o Cortes Curtos? O que ele significou pra você?
Acho o humor uma afronta. Não é a toa que Hitler perseguiu os humoristas e palhaços. No meu caso, uso um humor mais sombrio e cínico. É uma coisa que desenvolvi como defesa contra a timidez. Gosto de muitos artistas que usaram esse lado mais irreverente: Tom Zé, Jards Macalé, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé...

Vai ter show de lançamento?
Vai sim: dia 9 de março na choperia do SESC Pompeia em São Paulo, e dias 15 e 16 de março na Audio Rebel, no Rio de Janeiro. Terá CDs à venda.

O Metá Metá demorou maior tempão pra chegar nos serviços de streamings. Você vai torturar seus fãs também?
Quero botar em todos os lugares possíveis, mas, por enquanto, quem quiser ouvir vai ter que entrar no meu site e baixar de graça. Ao mesmo tempo a pessoa poderá baixar meus outros 17 discos, ver um monte de desenhos meus e assistir aos meus filmes. O streaming é prático pra caramba pro assinante/ ouvinte, então devo botar lá no futuro também. Acho que não vai demorar tanto quanto o Metá.

Quais são os planos agora? Vai ter turnê de divulgação? Como será?
Vamos fazer tour sim, será o Quartos Singles Tour. É fácil e barato nos contratar, somos só três. Agora que estamos na casa dos 40 anos queremos dormir sem o ronco do coleguinha e ter o mínimo de privacidade. Contrate essa banda incrível por um preço viável, mas garanta os quartos singles.

Para baixar todos os trampos artísticos do Kiko Dinucci, vá até o site dele.

Dead Fish chama Globo de golpista em festival promovido por filial da emissora

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Punk que é punk sempre dá um jeito de dar aquela cutucada no sistema econômico e político caso ele seja capitalista. O Dead Fish, que nunca escondeu sua posição política aliada à esquerda, é um exemplo de banda que sempre manteve essa atitude punk remanescente, mesmo (ou principalmente) quando está dentro do sistema.

Mais uma prova disso foi que o vocalista Rodrigo Lima resolveu "testar" o quão (in)satisfeito com o estado atual da democracia brasileira estava o público no show deles no festival Planeta Atlântida, no último sábado (4). No meio de apresentação, ele propôs um "jogo": ele dizia um nome e a plateia tinha que dizer se era golpista ou não. 

"A gente sempre gosta de testar o nível de democracia e de conformidade do nosso público", disse o Rodrigo. "Então eu queria propor uma coisa rápida para vocês: eu falo um nome e vocês dizem de volta 'golpista'. Claro, se vocês acharem que não, vocês dizem que não". Depois disso, ele cita nomes como o do governador do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori, o do presidente Michel Temer e, por fim, o da Organizações Globo. 

Vale notar que o Planeta Atlântida é promovido pela RBS, filial da Rede Globo no Rio Grande do Sul. E o show ainda passou na Multishow. Assista abaixo:

Parteum, Nave, Kamau e DJ Nuts comentam a importância de David Axelrod

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Talvez você não conheça diretamente o trampo do compositor, produtor e arranjador David Axelrod. Mas, se você curte rap, certamente tem gravadas na memória várias passagens de sua música. Axelrod já foi sampleado uma porção de vezes por grandes nomes do rap mundial, e inspirou artistas como DJ Shadow e Wu-Tang Clan com sua pioneira fusão de elementos do jazz, soul, funk e rock. Ele morreu no último domingo (5), aos 83 anos, de causa ainda não revelada. Natural de Los Angeles, Califórnia, suas obras mais clássicas são também as primeiras: os álbuns Songs of Innocence e Songs of Experience, lançados respectivamente em 1968 e 69. Porém, ficou famoso mesmo como produtor e arranjador, áreas em que seu trabalho era mais vasto e apreciado.

David Axelrod lançou alguns álbuns na década de 1970. No entanto, foi na década de 90 que sua arte ganhou sobrevida, ao ser redescoberto por gente como Lil Wayne, Wu-Tang Clan e DJ Shadow, nomes que o introduziram às novas gerações. Em seu Twitter, DJ Shadow postou sobre quando pediu a Axelrod para remixar a faixa do projeto UNKLE, "Rabbit in Your Headlights": "David poderia ser incrivelmente intimidador, e ele não sofria por isso... mas se ele gostasse e respeitasse você, era o mais amigo mais leal na Terra ".

No Instagram, o DJ e produtor Questlove também prestou condecorações: "Tão triste ouvir sobre a passagem do músico / compositor #DavidAxelrod. Ele estava tão imerso em criatividade e era tão puro com seus arranjos. Ele era hip hop ".

No rap nacional, um de seus admiradores é o diretor e produtor musical Nave. "Acho que para as pessoas da minha geração, que cresceram ouvindo rap sampleado, e depois tiveram interesse na arte do sampling, é quase impossível não reverenciar a obra do Axelrod", diz. "Ele está presente em tantos clássicos do rap que o coloco junto com James Brown em grau de importância pro gênero. Vale lembrar que um dos beats mais emblemáticos da história do rap é um sample dele, a 'The Next Episode', do Dr. Dre. Até a minha mãe conhece aquela guitarra."

O produtor Parteum concorda que o "Sr. David Axelrod era um dos compositores grandiosos da música americana. Compôs pra tanta gente, pra tantas mídias. Fez um trabalho incrível como A&R da Capitol Records, produziu Cannonball Adderley, Lou Rawls...". E chama atenção para suas qualidades técnicas: "Tem o jeito que ele microfonava e gravava baterias para os seus discos, o jeito como a orquestração conversava com a parte rítmica. O hip hop bebeu muito dessa fonte. Sampleando, mas prestando atenção nas texturas que ele criava."

"O rap baseado em samples sempre bebe de fontes ricas e reapresenta músicas antigas pra novas gerações. Axelrod é uma das fontes essenciais pra todo amante da arte de samplear, como eu sou", assinala o rapper Kamau. "Com certeza foi um mestre que cumpriu seu papel como produtor, arranjador e fonte de inspiração para seus contemporâneos, discípulos e gerações que ainda virão."

E o DJ Nuts declara: "Conheci a música do David com o Brian Cross, de Los Angeles. Ele me mostrou os discos e tal, e mesmo eu sendo especializado em colecionar coisas do Brasil, é desse tipo de coisa que gosto na música norte-americana. Então arrumei alguns LPs do maestro. A primeira impressão foi a mesma de estar escutando o original de muitos raps já ouvidos na vida, e tive o entendimento de que o DJ não é musico, e, sim, pessoas como ele. É uma maravilha ver o seu trabalho sendo reativado por uma nova geração de produtores musicais e apreciadores em geral."

Produtor agraciado com o Grammy por sua atuação na Capitol Records, David Axelrod dirigiu dezenas de grandes discos de jazz, funk e soul nos anos 60 e 70 (de Stan Kenton a Lou Rawls, passando por Electric Prunes a Cannonball Adderley), além de ter forjado um distinto estilo musical ao gravar vários álbuns entre os mais excêntricos da década de 70. Seu estilo, tão inconfundível quanto raro, combinava pesados tambores cavernosos com orquestração barroca e temas à frente de seu tempo, como a preocupação com o meio-ambiente e a ampliação da consciência.

Autodidata em arranjo e produção, Axelrod começou trabalhando como produtor musical de cool jazz para selos como Specialty e Contemporary, e assumiu dois LPs em 1959 – Free for All, de Frank Rosolino; e The Fox, de Harold Land – criando uma resposta mais sólida para o então leve e arejado jazz da Costa Oeste. Em meados dos anos 60, ele se tornou famoso nos círculos de soul e jazz por suas excelentes habilidades de gravação, que podem ser notadas em dois dos melhores álbuns ao vivo da época: Live!, de Lou Rawls, e Mercy, Mercy, Mercy! Live at The Club, de Cannonball Adderley.

Ambos os artistas também contaram com o seu talento no estúdio, e Rawls se beneficiou especialmente, com não menos do que cinco hits entre 1966-67. A Capitol recompensaria um de seus produtores mais bem-sucedidos apenas um ano depois, lançando a estreia solo de Axelrod, Songs of Innocence. Inspirado na poesia visionária e mística de William Blake (assim como o seguinte Songs of Experience), o álbum soou vanguardista para aqueles tempos, combinando um melodramático trabalho de cordas a breakbeats pesados e cheios de eco – geralmente tocados pelo baterista Earl Palmer. Depois de Songs of Experience, Axelrod voltou sua atenção para as preocupações com o destino da Terra em Earth Rot, de 1970.

Quando vários grandes nomes da cena turntable (incluindo DJ Shadow) começaram a samplear os grooves de Axelrod, em meados dos anos 90, a Stateside lançou a retrospectiva 1968 to 1970: An Axelrod Anthology, em 99. Reedições de seus álbuns viriam no ano seguinte e, em 2000, Axelrod voltou ao seu Studio B para o lançamento de uma autointitulada obra pelo selo Mo' Wax. O disco, vagamente baseado em Fausto, de Goethe, tinha originalmente iniciado a produção em 1969. O último álbum a estrelar o nome de David Axelrod foi a compilação The Edge, que saiu em 2005 via Blue Note.

O Dekmantel Brasil foi o festival nota dez da classe AB

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Então, se você está por aqui é muito provável que já tenha caído aí no seu radar alguma resenha orgânica do tipo "Dekmantel foi o festival nota dez". E foi mesmo. Não tem muito o que falar, na verdade: quando a produção do evento, seja ele qual for, funciona, ela fica invisível. Me desculpe o viralatismo tropical, mas temos que convir que muito MUITO frequentemente quando falamos de festivais de música no Brasil sempre acabamos falando de perrengues e situações estranhas no geral. A minha impressão é que nessas comunhões pop de grande público a música propriamente dita acaba ficando em segundo plano — os problemas da vida terrena como preço de cerveja, lama, arrastão, gente doidaça roubando brisa, seguranças despreparados, problema de som/luz/locomação e etc ocupam um espaço considerável no nosso imaginário de festivais, daí que o máximo de curtição que a gente consegue tirar de um desses eventos é reforçar o quanto aquele artista que já curtimos foi foda. Existem exceções, lógico, mas vejo esse padrão.

Dito isso, falemos sobre o Dekmantel, que rolou no Jóquei Clube no último fim de semana, em São Paulo. Creio ter sido a primeira vez em que fui pra um festival em que havia a condição ideal para ouvir a música que estava sendo tocada.

Leia o restante da reportagem no THUMP

Ouça "Causa", novo som do Morlockz

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Mais um som do Morlockz com a RWND Records: depois de "Relaxa, Meu Mano" (com participações de El Mandarim e Estranho) e "Pantone" (também do Estranho), agora o coletivo de rap lança "Causa", um som com rimas do joseense CAUE com beat do paulistano Eloy Polêmico. E você pode ouvi-lo primeiro aqui no Noisey.  

Com um beat sombrio e cru, o som é mais um dos seus "raps góticos", como o CAUE chamou na conversa que eu tive com ele via Facebook. "Eu uso os meus sons como uma forma de desabafo e de me mostrar vulnerável. Sempre faço tudo bem cru, introspectivo e esse som não foge nada disso", contou o rapper, que explicou que usou "Causa" para tentar externar alguns das suas angústias, tipo o medo "bobo" de injeção ou até algo que afetou a sua vida de uma maneira mais profunda, como o fato de ter conhecido o seu pai só aos 19 anos. "Eu me envolvo no meu som, envolvo família, envolvo meus amigos. É que vejo a minha mente como um lugar bem escuro às vezes.  E 'Causa' é uma tentativa de escapar disso, entre outras coisas."

O vídeo, que mais uma vez contou com a edição Estranho, traz uma cena do anime Hellsing, no qual o personagem principal Alucard, um vampiro que caça outros vampiros, se transforma pela primeira vez num monstro. "No refrão de 'Causa', o CAUE lança que 'o caos é causa natural da evolução dele'. É meio como se ele tivesse evoluído e vencido os próprios demônios, meio como o Alucard", disse Estranho. "O clima sombrio do beat e da voz dele me lembravam muito o anime também, por isso resolvi fazer essa colagem no clipe".

Ouça e assista abaixo:


Escute ‘Gôsto de SP’, disco de estreia da Alquifonia

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São Paulo é um mar de inspirações para coisas boas e ruins. Desigualdade social, ônibus lotados, violência urbana, trânsito, um prefeito que não é político e um charme que muitos não entendem. As vivências desse bolo cinza servem de plano de fundo para Gôsto de SP, primeiro disco da Alquifonia, banda que mistura Tom Zé, Itamar Assumpção, Milton Nascimento e um Caetano em suas composições. Você confere os sons com exclusividade no Noisey nesta quarta-feira (8).

Concebido mais como um experimento do que uma banda, o grupo é formado por Fernanda Broggi (voz), Fidura Cardial (voz e violão), Paula Duarte (flauta transversal) e Thiago Santos (contrabaixo acústico). Pra quem acredita que o disco do Alquifonia é inspirado apenas por localidades, se engana. O estado de espírito da metrópole é o importante, explica Fidura Cardial. "Geralmente, um pensamento em conflito com a realidade do ambiente pode gerar uma idéia, e isso pode acontecer em qualquer lugar. Mais do que um local, o que inspira é um estado de espírito e reflexão."

Por incrível que pareça, o disco não tem uma relação com o prefeito não-político anti-pixo da cidade. "O disco foi gravado antes da eleição do 'gestor' de SP. As canções do disco falam sobre vivências na cidade e, portanto, tocam questões políticas, mas não o encaramos como uma resposta política não. Obviamente temos nossas posições políticas e as canções sugerem algumas delas", conta Fernanda Broggi.

Apesar de Gôsto de SP não ser dedicado a cidade, Fernanda acredita que mesmo que o nome do EP fosse outro, São Paulo ainda estaria ali, por trás para as canções. "A música sempre está relacionada com a realidade do compositor então mesmo que o CD não levasse esse nome imagino que a influência da cidade também estaria presente no som. Narrativas citadinas e ruidosas compõem nosso trabalho de estréia onde delineia-se uma espécie de experiência sensorial da cidade de SP — ou de uma parte dela".

Ouça Gôsto de SP no player abaixo e no Bandcamp da banda.

Negro Leo e a busca pelo pop em 'Água Batizada'

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Água Batizada, lançado em agosto de 2016, foi uma mudança brusca para Negro Leo. Depois de Niños Heroes (2015) e Ilhas de Calor (2014), discos enérgicos, ruidosos e viscerais, o cantor e compositor maranhense (atualmente baseado no Rio de Janeiro) resolver mover-se por um caminho com menos solavancos e investir na sonoridade psicodélica e abordagem direta e clara nas canções do álbum. 

Indo na direção inversa à que a maioria dos artistas percorre, do experimental ao pop, Leo deixou alguns resquícios de tortuosidade pelo caminho — como no final caótico de "Fera Mastigada" e experimentos vocais de "Marcha pra Longe". 

Prestes a fazer um show oficial de lançamento do álbum no Mundo Pensante em São Paulo nessa quarta (8), Leo, em entrevista por telefone, me disse que acha absurdo a categorização de Água Batizada como um disco "experimental", e me conta como suas diversas referências (Tame Impala, Zé Ramalho, Boogarins) tiveram um papel em construir as canções tortas do álbum.

Qual foi o primeiro esboço de Água Batizada que você se lembra de ter rascunhado?
A primeira coisa que pintou foi a canção que se chama "I Have No Light that Shines Inside Without You". Mas não pintou a letra nem nada. Eu sabia mais ou menos o que eu queria falar ali, e eu sabia que eu queria que fosse em inglês, por mais precário que fosse. Quando pintou a melodia, eu cantava e já saiam os fonemas de língua inglesa, já era uma coisa construída assim. Mesmo porque, como eu queria que fosse uma canção romântica, banal, eu achei que faria sentido se fosse em inglês. O Água Batizada começou com essa primeira música, mas depois outras foram pintando e, inclusive, eu fui resgatando outras canções. O disco é um apanhado de músicas, um pouco diferente do Ilhas [de Calor (2014)] e do Niños [Heroes (2015)], que têm uma unidade formal mais contundente, mais aparente. O Água Batizada tem sim uma unidade sonora, o som é de uma maneira muito homogênea por conta dos efeitos, da produção do Estevão [Casé], do [Eduardo] Manso, e minha também. A gente sabia onde queria chegar em termos sônicos. Acho que o que acaba juntando as canções é o fato dele soar igual.

Em termos líricos, não há nenhum fio narrativo que você tenha seguido?
Eu pensei, mas pensei para aquele contexto mesmo, porque eu já sabia que ia ser um disco costurado em som, ou que nem tivesse costura, algo que já nasce como um monólito. Porque o Ilhas de Calor e o Niños, no caso da minha discografia, são discos muito "é aquilo ali", sabe? Vai soar igual o disco inteiro, a ideia é a mesma, o recado é um só. Só que no caso do Água Batizada não, tem muita coisa ali. Tem canções de amor como "Fera Mastigada" e "I Have No Light", tem canções de otimismo muito grande como "Marcha pra Longe", tem canções como "Esferas" — que eu não diria que é uma canção, diria que é uma obra-prima. Uma canção em português, tá vendo, que barato? É uma obra-prima, uma música romântica da Ava [Rocha, cantora, compositora e parceira de Leo]. Se tem uma obra-prima no disco, acho que é essa canção dela. Uma canção maravilhosa, com uma letra muito inspirada, muito incrível. E o som se adequa perfeitamente à letra, porque a letra é enorme então parece que é um negócio meio Bob Dylan com aquele violão, um negócio de transe. Enfim, uma onda muito louca. Também aborda esse universo sentimental.

E quando você decidiu apanhar todas as músicas e gravar o disco?
A princípio tinham essas duas músicas, "I Have no Light" e "Noite", do Pedrinhu Junqueira, que eu sempre quis gravar. Eu sentia uma espécie de conversa entre essas canções; duas canções lentas, sem bateria, só pinta uma percussão no final. Achei que ali tinha uma conversa bem legal, e depois foram pintando outras ao longo do disco. De "Ritos Confortáveis" pintou a guitarra do Manso, que me fez compor "Fera Mastigada". Foi a última música a ser feita, porque eu fiz pensando naquela onda de guitarra que ele tinha construído. Pensei, vou construir uma harmonia pra ele fazer a mesma coisa. Então, são canções similares. Tem uns pares de canções similares no disco. É bem legal nesse sentido.

Às vezes eu dou entrevista sobre o Água Batizada e eu não tenho muito o que dizer [risos]. Eu acho que é um disco que pega mais o que você tem pra falar sobre ele. Aí vem um pessoal falar que é experimental, o pessoal delira, né? Porra, bicho, na hora que eu tô precisando ganhar dinheiro e fazer o negócio direito o pessoal fica chamando de experimental. Me ajuda, sabe? [risos] Mas é um disco que eu gosto muito; você vai no show, você se diverte, curte aquela onda. Tem uma sonoridade muito característica, envolvente. Aí você pega as referências do Tame Impala, que tem dois discos muito bons, que foram referências pro Água Batizada. O Connan Mockasin, do Forever Dolphin Love sobretudo, que é uma grande referência pra mim. Aí você tem o Boogarins, aqui no Brasil. E mais alguma coisa ou outra. O que eu acho que tem no disco e que talvez seja uma coisa que crie uma acomodação mais interessante pra gente, porque estamos mais acostumados a ouvir, é Tropicália, rock baiano. As canções do Água Batizada são canções que se parecem mais com essa coisa aí, Tim Maia, Hyldon — "Fera Mastigada", pra mim, é por causa de "Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda". Aí você coloca uns efeitinhos pra emular esse negócio de Tame Impala, Mockasin, Boogarins e já vira uma outra história que o pessoal tá mais acostumado a ouvir. Então foi uma grande sacada esse disco. Eu não sei porque chamam de experimental, isso realmente é um problema.

É muito claro que o Água Batizada é um disco de canção, mas me parece que, em momentos, você tenta desconstruir ou brincar com isso um tanto, principalmente com a voz.
Isso eu entendo muito mais como a relação com a técnica empregada pra gerar esses efeitos, que é no caso essa onda que eu tô falando, o pop. Você ouve aquele disco do Tame Impala, o Lonerism, que tem "Be Above It", e é bom pra cacete, aquilo vai te deixando numa loucura. Eu nunca vi esses caras ao vivo, mas eu quero muito. Aí tem o Mockasin, que também trabalha em alguma medida com essa adulteração da voz. E eu, na verdade, não fiz nada diferente. Eu trabalhei aí. O que eu acho que tem de diferente são as composições, que são mais arraigadas, numa coisa de Brasil mesmo, de todo cancioneiro. A galera fica chata nessa coisa de Tropicália e esquece que, porra, Zé Ramalho, Raul Seixas, são meus ídolos. É muito mais Zé Ramalho e Raul Seixas que Chico Buarque, Caetano.

Me fale um pouco mais sobre a letra de "Noite".
Nem a letra nem a música de "Noite" são minhas, eu fui intérprete. As duas são do Pedrinhu Junqueira. Ele tem um trabalho com a Julia Shimura, que é companheira dele, chamado Haicu. Eles lançaram um disco muito interessante, tem canções incríveis. ["Noite"] é sobre uma amiga nossa que cometeu suicídio em 2014. Ele foi o único que conseguiu analisar e criar uma conexão pra além do fato. É uma música belíssima.

Como você juntou o time de músicos que participou da gravação de Água Batizada?
Eu tava a fim de fazer um disco, porque já tinha lançado o Niños e eu sempre gosto de começar a gravar no início do ano pra pensar em lançar depois, no melhor momento. O Estevão queria fazer um lance, gravar algo, e eu falei pô, total, só que eu não tenho música [risos]. E ele disse "tá bom, vamos gravar o que tem e vai surgindo". O disco levou cinco ou seis meses pra ser gravado, não foi numa sessão num estúdio já com tudo ensaiado. A gente construiu do estúdio. Rolou todo um processo de realização do disco in loco, não teve uma pré-produção, o negócio foi sendo feito. O Estevão me chamou pra gravar e eu já sabia que a gente ia produzir; eu, ele e o Manso. Aí a gente foi pensando nuns nomes e surgiu Marcelo Callado, Domenico Lancellotti, Pedro Dantas, Bruno di Lullo, Bruno Schiavo — que é de São Paulo e vai tocar com a gente no show além do Curumin, do di Lullo, do Pedro Dantas e do Manso, mas não vai ter nem o Domenico, nem o Marcelo. O Bruno [Schiavo] fez uma música pro disco, então ele foi pro Rio e gravou o violão nela, que é "Atalhos", uma música loucona. Aí foram pintando Roberto Pollo, Ricardo Dias Gomes, que gravou um órgão. Teve todo esse trabalho. Mas foi uma galera pequena. Geralmente, num disco longo, a galera quer colocar orquestra, sopro, quer fazer aquela maluquice aí chama gente pra cacete. Mas foi simples o disco, deu tudo certo.

Como funciona a sua relação artística com a Ava — e como as músicas compostas por ela acabaram em Água Batizada?
Bom, "Borboletinhas Multicoloridas", por exemplo, pintou porque ela recebeu uma encomenda de uma loja de roupa de criança, a Fábula, pra ela fazer uma música pra uma campanha publicitária deles. Aí a Ava começou a escrever uma letra e pesquisar sobre borboletas, Marrocos. Terminou a letra e perguntou se eu não queria fazer a música. Eu tava tocando violão então foi assim, bem natural, bem rapidinho. Essa foi esse caso, mas cada uma é um caso. "Esferas" já é dela e eu vi ela tocar e falei, essa música eu tenho que gravar. "Noite Invertida", ela tinha uma letra já há um tempo e eu fiz uma música em cima porque gostava muito da letra. São essas três no disco. A gente não senta e fala "vamos compôr", não existe isso. Ela vai gravar o disco agora e tem uma porção de música dela, eu tenho uma porção de música minha, e algum dia a gente pode fazer uma coisa junto. A nossa vida é meio louca, ela viaja muito, eu evidentemente também. Mas é isso, tá tudo lindo.

Negro Leo | Água Batizada no Mundo Pensante
Mundo Pensante - São Paulo, SP
8/2, às 22
R$ 20

O Raffa Moreira lançou um clipe pra "Como Eu Te Conheci"

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Desde o final de 2015, o Raffa Moreira tá num pico de produtividade frenético. Foram sete mixtapes só no ano passado, alguns clipes e muitas tretas. 2017, ele começou mais ou menos no mesmo ritmo, já tendo participado do cypher "Poetas no Topo 2" e ainda tendo soltado mais duas mixes, Trap Baby Mixtape em janeiro e Raff Raff no comecinho de fevereiro. Nesta quarta-feira (8), o rapper guarulhense solta o clipe da faixa "Como Te Conheci", que você o assiste com exclusividade aqui no Noisey.

Com produção do Nansy Silvvz, "Como Te Conheci" vem numa pegada de trap mais romântica do Raffa e, como o nome já sugere, fala sobre os primeiros rolês com a mina dele.  A faixa faz parte da Trap Baby Mixtape, "que é papo de vida, inclusive desse bebê que eu fiz com a minha mina, o Cauã (que tá com três dias de vida em casa hoje)", contou o Raffa. "Essa faixa é sobre o swag do dia, pra me sentir confiante e chegar na gata, né? Sobre a ansiedade de sair com uma mina. No som, eu falo que ela tomou um enquadro da polícia quando tava indo me ver, mas na real a minha mina nunca tomou enquadro (eu que tomo sempre), mas a composição precisava disso."

Ele ainda vai lançar clipe pra todas as outras faixas da Trap Baby Mixtape e todos eles estão sendo produzidos pela CENSA Filmes, que tá fazendo um trampo baseado no dia-a-dia do Raffa. "Eles arrumaram um conceito foda e me enquadraram nele. Já tô com mais dois clipes em edição que são fodas também! E o Fuky Nery, meu diretor de arte, tá imprimindo bem nas imagens tudo que eu quero passar".

Pro restante de 2017, o rapper guarulhense disse que vai soltar menos mixtape e focar mais na tour, mas que vai lançar alguns singles inéditos no decorrer do ano. Assista ao clipe abaixo:

Assista à bonita sessão do Seu Jorge na KEXP

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Em 2016, o Seu Jorge fez uma turnê pelos Estados Unidos cantando as faixas do seu disco The Life Aquatic Studio Sessions em homenagem à grande perda do ano, David Bowie. O álbum de covers do artista britânico o levou também, em 2017, a Londres, ao line-up do grande Primavera Festival de Barcelona, e à rádio KEXP, famosa por suas sessões de diversos artistas indies e alguns pontos fora da curva — como o trio paulistano Rakta, que passou por lá no ano passado. 

Na sessão, Seu Jorge faz uma homenagem à "brazilian music" com uma interpretação de "Eu Sambo Mesmo", do João Gilberto, além de tocar "Life on Mars?", "Changes" e "Rebel Rebel". 

O Supervão vaporizou as relações humanas com a internet no clipe de “Vitória Pós-Humana”

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Em linhas gerais, a brisa do Supervão é de, através de colagens de samples de diferentes origens misturadas num ritmo descrito como synth-pop gótico tropical, ressignificar as relações humanas com as ferramentas tecnológicas atuais, sobretudo a internet. Se você já leu a entrevista que o eles deram para o Noisey em sua estreia, deve ter percebido isso. O modo com que estes gaúchos compõem deve ser calculado para promover uma reflexão ou até mesmo deslumbre no ouvinte, porque é coisa de doido mesmo.

Pois bem, depois de tanto papo cabeça, eles resolveram dar uma desbaratinada nas ideias, e "sem se levar a sério", fizeram o clipe de "Vitória Pós-Humana", que você vê no Noisey exclusivamente nesta quinta (9).

A brisa do clipe é vaporizar tudo que estiver ao alcance (ídolos, ideais, comportamentos), para depois decantar em um novo recipiente o que for aproveitável. Ou pelo menos foi o que eu entendi do que o programador Mario Arruda me contou por Facebook: "A estética vaporwave se constrói de tudo mais que já existe e tá na internet. No clipe colocamos o Oiticica, um show do Caetano e a M.I.A... tem cultura de internet e tem lances das nossas casas, tipo as plantas que cada um cultiva. Vapor é colagem, tipo dadaísmo acho. E ao colar diferentes matérias você cola também as relações em que elas se formam. Isso serve para evidenciar o pós-humanismo de todo mundo. Não somos somente nosso corpo, somos uma malha de feltro de relações."

No fundo, no fundo, acho que o que eles querem mesmo é tirar uma ondinha com a galera pósmod, mas Mario contesta: "Hmm, acho que não tem crítica a nenhuma identidade. É a gente não se levando a sério, e se abrindo para outras vibes. Lançamos o EP numa pilha gótica de carnaval. Agora a gente tá mais por vaporwave. O próximo EP vai ser pilha total sem se preocupar com manter uma coisa só. Um som é lounge, um é de rock e outro é um techno (risos)."

Veja o clipe de "Vitória Pós-Humana" no player abaixo:

Como a crise da segurança está afetando a música no Espírito Santo

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Qualquer semelhança com Ensaio Sobre a Cegueira é mera coincidência. Mas, infelizmente, o que se assiste nos últimos dias não tem nada de fictício. A realidade causa medo e delírio no Espírito Santo. 87 assassinatos foram confirmados na quarta (8) pelo sindicado da Polícia Civil do Estado. Além disso, desde o aquartelamento da Polícia Militar do Estado no último fim de semana, mais de 200 carros foram roubados e lojas saqueadas e destruídas. A causa dessa treta começou na sexta (23), quando um grupo de esposas, namoradas e filhas de policiais iniciaram um protesto na cidade de Feu Rosa, pedindo melhores condições de trabalho para os companheiros e pais.

O movimento cresceu e mulheres e familiares começaram a protestar em frente a batalhões de outras cidades. Com cordões humanos, os atos estão bloqueando e impedindo a saída de viaturas e policiais. Nenhuma manifestante foi removida à força dos locais. A tensão é tanta que as ruas das cidades do estado ficaram vazias. A última terça (7) amanheceu sem ônibus circulando, as Forças Armadas ocuparam os terminais, e, na quarta, a Polícia Civil também parou.

Com a notícia de que escolas, postos de saúde e grande parte do comércio seguem fechados até agora, falamos com três figuras capixabas conhecidos de quem lê o Noisey para saber se estão vivos e seguros alguns dos nossos preferidos artistas de lá.

André Paste produtor e DJ
"A situação aqui tá realmente triste em todos os cantos, sem perspectiva de melhora. O Governo Estadual anda completamente perdido, sem nenhum auxílio efetivo do ministro da justiça, que tá mais preocupado com sua própria carreira. Pra piorar, ainda rola um falatório gigante no WhatsApp e no Facebook, com vários Dateninhas alarmando ainda mais o que já tá mais que alarmado. Na dúvida, não tá valendo a pena sair de casa. Adiaram até o show do Tirullipa."

Alex Vieira Morto Pela Escola, Merda e revista/espaço de arte Prego
"A minha loja está fechada. Só abri hoje para fazer uma entrega, mas não dá para confiar ainda. Tudo em volta também fechou, e várias lojas foram arrombadas. Claro que as lojas de eletrônicos e itens de consumo mais valiosos é que estão na mira dos ladrões, mas até quando? Para se ter ideia, fechei na segunda à tarde. Cheguei a tatuar e atendemos alguns clientes até as 16h, mas aí já começou a ficar embaçado e ficamos com medo de arriscar.

"Segunda tava tipo filme do George Romero, uma coisa surreal mesmo. Na terça resolvi sair e ir pra praia, e não cheguei a ouvir, mas as pessoas falavam sobre tiros nas redondezas. Eu moro bem pertinho da loja. Tem alguns lugares que tão mais doidera. Sinceramente, tô sem saber até quando isso vai durar. Achei que já ia voltar ao normal hoje, mas ainda tá estranho."

Fábio Mozine Läjä Records, Merda, Mukeka di Rato
"Eu moro num bairro chamado Itapuã, bem tradicional de Vila Velha. Pode-se dizer que é de classe alta, a 100 metros da praia. Só que à mesma distância em outra direção tem uma boca de crack. É uma mistura de lugares muito chiques e bonitos com lugares como a Rua do Lixo. E os bairros adjacentes também são perigosos, com muito tráfico de drogas, pobreza, etc. Todas as lojinhas chiques estão fechadas. É um clima de insegurança muito grande. Um desses vídeos populares por aí na internet, um tiroteio com mais de 50 tiros, ocorreu a 200 metros da minha casa. Aqui da minha janela consigo te apontar o local.

"Isso foi na segunda. Ontem [terça], eu fui almoçar no boteco na esquina desse tiroteio. Tem várias marcas de bala na parede, uma porta de aço furada. Uma parte do meu trabalho está paralisada. Por exemplo, eu tenho 15 pedidos aqui pra enviar, mas não posso ir no correio porque tá fechado, o bicho está pegando lá. Tem pouquíssima gente na rua. Hoje fui no supermercado com minha esposa, e tava lotado, parecia aquela época do governo Sarney, que faltava carne. Fiquei 40 minutos na fila do mercado. Tô tentando não entrar numa paranoia louca. Estou lendo as notícias, tentando manter o bom humor e filtrar o que é doidera e o que é real. Porque nego tá mandando vídeo de assassinato do ano passado na Bahia. 

"Um abraço, obrigado pela preocupação conosco, estamos bem. Acesse nosso site: laja.minestore.com.br."

Felipe Único  produtor e DJ de funk
"Eu moro na cidade de Linhares, no bairro Aviso. Desde sábado de madrugada, depois da paralisação dos policiais, o clima está muito perigoso. Domingo, no finalzinho da tarde, umas 17h, houve uma tentativa de homicídio de um adolescente. Ele foi atingido por tiros, mas escapou da morte, pois entrou na casa da minha vizinha, que ele nem conhece, e se trancou com eles lá dentro. Isso aconteceu na esquina da minha casa. Horas depois, quase meia-noite, teve outra tentativa de homicídio no morro perto de onde moro. Por aqui tem rolado muitos assaltos, tentativas de assassinato, arrastões no centro da cidade, nas lojas, e quebradeira total.

"Hoje [quarta] de madrugada mesmo o Hospital Geral de Linhares (HGL) foi invadido por bandidos, que destruíram a recepção e amedrontaram os funcionários. Ontem de noite teve um carro queimado aqui no meu bairro. Isso é pouco ainda, vou deixar aqui a página de dois sites da minha cidade para você ver o tamanho da gravidade disso: facebook.com/euviemlinhares e facebook.com/sitedelinhares

"Estudo em escola pública estadual e desde segunda não tenho aula. Segunda até teve aula de manhã, porém no turno vespertino mandaram os alunos embora no meio da tarde, e, desde então, está tudo parado. Os sites de notícias daqui só falam sobre o adiamento das aulas nas escolas municipais, nenhuma vez deu noticia sobre as escolas estaduais. Está muito perigoso, as ruas estão ficando desertas, as lojas e supermercados seguem fechados. As lojas estão sendo saqueadas, são muitas, tanto no centro da cidade como nos bairros."

Naio Rezende  Red Room Party
"Está feia a situação no Espírito Santo. Foda isso tudo. Agora, por esses dias, tudo está cancelado, principalmente as festas e eventos. Hoje chegaram os tanques do Rio de Janeiro, dos fuzileiros navais, o bagulho tá doido de verdade, na cidade toda (Vitória)."

“Quebrando a Cidade”, a nova faixa do Hero Beat Jack, é o mais puro creme do indie sujeira

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Foto pro Filipa Andreia/Dilvugação.

Se você se liga num indie lo-fi, deve estar ciente do Cassete Club, o projeto da Transfusão Noise Records que consiste em gravar em fitas cassete faixas inéditas de bandas do selo para, no futuro, organizar tudo num grande disco compilado. Ao todo já foram oito gravações, de bandas como Cosmos Amantes e LuvBugs, que já mostramos aqui no Noisey.


Nesta quinta (9), quem ganha destaque são os fluminenses da Hero Beat Jack, aka "a resistência da baixada" com a faixa "Quebrando a Cidade" disponibilizada ao Noisey em primeira mão. Com ares de Sonic Youth e bastante distorção, o som é um desabafo protopunk sobre as noias da grande metrópole, como explica o guitarrista Raoni Redni: "Estamos vivendo um momento tosco onde se cria cada vez mais regras e isso não está certo. A música é quase um recado de revolta com a cidade que não acolhe e que está totalmente corrupta". "Quebrando a Cidade" é uma prévia do disco de estreia que ainda não tem data para lançamento. Ouça com exclusividade no link abaixo:


O novo clipe da M.I.A tem uma mensagem pra Rihanna, Mariah Carey e Trump

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Essa matéria foi originalmente publicada no i-D UK

Depois de recebermos a notícia de que ela será curadora do Meltdown Festival em Londres nesse ano, a M.I.A continua a soltar boas notícias soltando o clipe de sua faixa P.O.W.A. Construído ao redor de um sample de "Blue Moon", do The Marcels, a faixa contém versos afiados da cantora, como "I'm not Rihanna, I'm not Madonna, I'm not Mariah or Ariana / I've been around in this world causing drama / The real spice girl, hot girl power" ("Eu não sou Rihanna, eu não sou Madonna, eu não sou Mariah ou Ariana / Eu tenho causado drama neste mundo / A real "spice girl", poder de garota quente"). 

A M.I.A também dirige alguns versos ao novo presidente americano, Donald Trump. O clipe, que foi dirigido pela própria, também conta com um muro bem no centro de seu design, caso você ainda tenha alguma dúvida sobre a posição política da rapper. 

A track é o primeiro lançamento de M.I.A desde seu álbum AIM, lançado em setembro. Antes que o álbum saísse, a cantora anunciou que AIM seria seu último álbum e que estava planejando se aposentar.

Fióti lança clipe pra "Pitada de Amor"

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Em julho de 2016, o Fióti deixou um pouquinho de lado a sua função só de produtor e empresário da Lab Fantasma para protagonizar o lançamento do seu primeiro EP como músico, Gente Bonita, um disco de samba/nova-mpb, que conta com a participação de nomes como Juçara Marçal e Thiago França. Nesta quinta-feira (9), ele solta o clipe pra "Pitada de Amor", um samba-rock produzido pelo paulistano Curumim.

No vídeo, que contou com participação de Lellezinha (do Dream Team do Passinho), Fióti encarna um garçom que não consegue se fazer notar pela sua amada e, segundo o músico, "é a tradução de várias coisas reais que uma pessoa tímida, como eu, enfrenta num amor não correspondido". O clipe foi gravado no Rio de Janeiro na favela Tavares Bastos (mesmo lugar onde foi gravado o feat entre Snoop Dogg e Pharrel Willians, "Beautiful") e teve direção de Henrique Alqualo, que também rodou o vídeo para a faixa-título do EP do Fióti.  

Depois de mais ou menos seis meses do lançamento de Gente Bonita, Fióti já lançou um single novo, "Nego Lutou", que chegou nas plataformas de streamings e no YouTube no dia 27 de janeiro. Mas o músico disse que se trata de uma música solta e que ele ainda não está trabalhando em um disco novo. "O meu objetivo esse ano é explorar ao máximo o 'Gente Bonita', que tá tendo uma aceitação bem grande do público. Devo soltar só mais uns dois singles no decorrer do ano. Disco novo deve ficar pro ano que vem".

Ficha técnica

Dirigido Por Henrique Alqualo
Com Evandro Fióti e Lellêzinha
Roteiro: Henrique Alqualo e Natalia Boere
Direção de Fotografia: Alexandre Ramos
Produção Executiva: Natália Boere
Coordenação de Produção: Aretusa Novaes
Assistente de Produção: Natália Castro
Montado por Henrique Alqualo
Assistentes de Câmera: Marcio Lucas e Pedro Koeler
Eletricista e produtor de Locação: Raimundão
Maquiagem: Alline Katyuza
Assistente de maquiagem: Luan Olavo
Finalização: Quanta Post
Correção de Cor: Rogério Moraes
Banda: Elisa Fernandes, Matheus Prevot, Gabriel Gabriel, Guga Spíndola, Luiz Gustavo Carvalho e Thiago Garcia
Dançarinos: Cintia Fevereiro, Emilson Bernardes, Leandro Henrique e Fabíola Nascimento (CiaRaízes)
Agradecimentos: The Maze Rio, Bob Nadkarni, Malu Nadkarni, Lellêzinha, Joana Swan, Jaqueline Büchner e Toca Tudo Produções, Elisa Fernandes, Matheus Prevot, Bloco Amigos da Onça, Jamelão Sound System e CiaRaízes.

Coletânea ‘Outro Tempo’ resgata experimentações perdidas da música brasileira

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No meio de fevereiro, a gravadora holandesa Music from Memory lança Outro Tempo: Electronic and Contemporany Music From Brazil, 1978-1992. A coletânea dá uma cavucada funda na nossa história musical e traz em sua maior parte sons obscuros em um recorte amplo que mostram como, no meio do processo de abertura democrática, um grupo de artistas misturou influências de vanguardas gringas com elementos tradicionais brasileiros — um processo que se repete continuamente, mas cujo resultado específico nesse período acabou meio esquecido.

Afora algumas presenças mais familiares (Luhli e Lucina, Marco Bosco, Os Mulheres Negras, Piry Reis), o que mais chama atenção quando se bate o olho na lista de músicas do disco são os nomes desconhecidos. John Gómez, DJ e colecionador de vinis responsável pela compilação, conta que começou a se interessar por essa ideia particular de música brasileira depois de encontrar o álbum Brasileira de Maria Rita Stumpf no Japão.

Leia o restante da reportagem no THUMP.

Uma entrevista com os compositores da trilha sonora de 'Planeta Terra 2'

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Matéria originalmente publicada no Noisey US .

A primeira vez que me lembro de ter ficado encantada com a natureza foi aos 14 ou 15 anos, numa trilha pelas montanhas do Colorado. Era manhã, bem cedinho, e o sol subia sobre um pequeno vale onde a galera do acampamento de verão e eu havíamos montado nessas tendas pra passar a noite. Tudo ao redor tinha um brilho orvalhado e o riacho próximo refletia os tons azul e rosa do céu. Florestas e planícies se espalhavam por quilômetros, e boto fé que uma voltinha por ali revelaria todas as cores conhecidas pelo homem. A segunda vez que me senti assim foi aos 30 minutos do episódio sobre montanhas de Planeta Terra 2, da BBC, enquanto David Attenborough explicava aos telespectadores o quão hostil é o clima dos picos vulcânicos dos Andes, 4 mil metros acima do nível do mar. Ao passo em que a câmera abre o quadro para revelar que flamingos moram ali onde a atmosfera é tão fina que raios UV podem queimar a pele humana em quatro minutos, o vento leva o sal do lago rumo ao ar. "Estou chapadaça de natureza", dizia a mensagem que a mandei para vários amigos.

Para poder chapar de natureza o máximo possível, os produtores de Planeta Terra 2 passaram anos filmando suas respectivas regiões com algumas das mais avançadas tecnologias existentes. Depois disso, todo o material é condensado e editado de forma a criar uma narrativa atraente, para então ser enviado aos responsáveis pela trilha do programa, Jake Shea e Jasha Klebe. Conversei com os dois para saber como é ter trabalhado nessa trilha, qual seu episódio favorito da série, e é claro, se eles curtem fumar um verdinho enquanto assistem tudo.

NOISEY: Como vocês se envolveram com a produção de Planeta Terra ?
Jasha Klebe: Jake e eu trabalhamos para a Bleeding Fingers Music, então eles meio que chegaram na empresa falando sobre a série, pedindo por uma proposta, que e eu Jacob acabamos fazendo juntos e felizmente eles curtiram. Com certeza fizemos algo diferente, tentamos dar uma abordagem muito mais cinemática do que o que já havíamos visto em outros [documentários sobre natureza].

Jasha Klebe (esquerda) com Hans Zimmer (meio) e Jacob Shea (direita)

E que abordagem foi essa?
Jake Shea: Usar todo e qualquer instrumento ou som possível, de orquestras a sintetizadores a instrumentos esquisitos de todo o mundo. Não há limites.

Klebe: Chegamos ao ponto de pegar elementos de design de som captados enquanto gravavam os animais e incorporá-los à trilha. Queríamos mesmo confundir os limites entre som natural e música, de forma que tudo soasse como parte da série. Ela em si é um retrato interessantíssimo desses animais, então queríamos que a música passasse esta mesma sensação, aproximando-os do público o máximo possível.

Como vocês decidiram fazer a trilha de diferentes animais? Ao assistir, sinto como se os pássaros tivessem uma trilha mais viajadona, já os gatos tem uma trilha mais dramática, e os macacos algo mais sério.
Shea: É, acho que certamente nós... Os diretores de todos esses episódios nos deram algumas descrições de como queriam que fosse cada cena, o que foi nosso norte em termos de orquestração e instrumentos a serem usados. Seguimos com o que parecia mais natural.

Klebe: Cada um dos produtores era cientista, biólogo, então eles iam lá filmar estas cenas, mas não sabiam bem no que ia dar. Então vinha a parte da montagem e dali se definia uma narrativa. Em cada episódio há um equilíbrio entre drama, comédia e ação. Já que eles nos davam tudo isso, em cada episódio quisemos nos certificar que cada habitat teria um som único, ao passo em que estes iam sendo montados. Definitivamente buscamos adicionar, por exemplo, algo metálico e cru para os desertos, quase de outro o mundo, já na savana tinha muitos sinos e muita percussão que ajudaram a criar uma identidade.

Ao assistir algum episódio vocês chegam a pensar "Queria poder meter um Slayer nessa cena de luta" ou algo do tipo?
Shea: O que eles colocaram na tela meio que eclipsava tudo que eu e Jasha já fizemos para blockbusters no geral. Para estes animais é uma luta pela sobrevivência, e a cena do iguana contra a cobra é a melhor cena de perseguição na qual já trabalhei durante toda a minha vida.

Klebe: A série é como o drama, fiel ao seu formato. É vida ou morte para aqueles bichos.
Talvez no relançamento então?

Shea: Isso, na versão do diretor!

Exatamente! Ao criarem as trilhas, vocês pensam nos telespectadores?
Klebe: Penso que numa série como essa, o que a faz tão incrível é que não importa quantos anos tenha, onde mora, já que todos moramos neste planeta e acho que todos podemos nos sentir ligados a estes animais de alguma forma. Não conheço ninguém que não goste de bichos. Sinto que é um instinto básico nosso nos ligarmos a estes animais e nos importarmos com eles e esta vida. Com um material desses nós queríamos mesmo... Sentíamos que se usássemos uma abordagem cinematográfica, isso ajudaria a atingir um público mais jovem, que nos dias hoje tem um certo déficit de atenção e coisas assim. Queríamos que estas cenas tivessem o máximo de impacto possível. São pequenas histórias dentro de arcos episódicos. O que foi bem bacana também foi a inclusão de um episódio sobre cidades, o que acabou atraindo bastante público, mostrando nossa relação de coexistência com esses animais. Ao longo da série toda, David Attenborough sempre nos lembrava que é nosso dever ajudar na conservação deste planeta para que possamos continuar vivendo próximos a estes animais. 

Como foi na hora de fazer a trilha desse episódio das cidades?
Shea: Foi bem empolgante porque há certas... O diretor estava nos contando sobre como estava sendo influenciado por Massive Attack e coisas eletrônicas por natureza. Assim sendo, em termos de paleta, pudemos fundir trilhas tradicionais como um som de orquestra, com sonoridades mais modernas mais... Não urbanas, apenas...

Klebe: Feitas pelo homem.

Shea: Isso.

Klebe: Que é exatamente o tema do episódio: a ideia do mundo humano e a natureza se juntando.

Shea: Meio que coexistindo.

Klebe: Acho que outra coisa legal do episódio também é que ele te coloca em várias épocas, então deu pra trazer influências indianas nas cenas da Índia e aquele clima de Nova York nas cenas dos imigrantes em Nova York, foi bem divertido.

Shea: Divertidaço.

Vocês não ficam meio deprês assistindo? Parece que todo episódio termina como "Não esqueça: estamos destruindo este planeta, então..."

Shea: Penso que essa mensagem não é exatamente nova. É importante que as pessoas saibam que esse assunto deve sempre ser mencionado sem que esqueçamos que este local maravilhoso que chamamos de lar precisa de proteção. Não foi tão deprê assim já que é um reforço de algo que eu acredito que deveria ser passado adiante.

Klebe: Acho que rola um orgulho muito grande em saber que fazemos parte de algo capaz de atingir tanta gente. Acho que foi o Attenborough mesmo que disse que ninguém vai proteger nada sem conhecer. Então pra gente fazer parte desse processo, musicalmente, levar essa mensagem adiante... Acho que todos se empolgaram com o lançamento no Reino Unido, com aquele tanto de gente assistindo. Conseguir com que 12 milhões de pessoas vejam um programa é incrível, é o máximo que podemos pedir por uma série como essa. Quanto mais gente assistir, mais impacto ela terá.

A atenção cada vez maior dada pelo público à trilhas sonoras ultimamente como no caso de Stranger Things e o show de Hans Zimmer no Coachella este ano influenciaram na composição?
Klebe: Não é algo que nos assuste, parece mais uma progressão natural das coisas. A música sempre está mudando, as tendências, os limites. Gosto da ideia de que algo possa ser música para cinema e chegar a públicos mais amplos e se misturar à música pop, essas coisas, ficando ainda mais mainstream. Não dá pra ficar dividindo tudo tipo "Isso é só música clássica" ou "Isso é só country". Ver os gêneros se misturando é algo empolgante de se fazer parte.

Vendo a série, que bicho é o seu favorito ou que mais te assusta?
Klebe: Uma das minhas cenas favoritas foi com uma ave-do-paraíso de Wilson. O personagem em si já rendia uma sequência emocionante. Você vê aquele pássaro no meio da selva, limpando toda a folhagem para que ele chame a atenção ali, sentado, chamando ao longo de dois meses em busca de uma parceira. Aí ela aparece e ele pode mostrar suas penas, esperando que ela goste dele. Ver aquilo é meio tipo "Que mundo incrível". Humanos não precisam fazer isso.

É incrível.
Shea: Quando vi os lângures, aqueles macacos da Índia e como lidavam com aquelas construções — eles estavam praticamente fazendo parkour, sei lá, umas acrobacias insanas, brigando entre si para manter a liderança da região. O tanto de coisa que rola nos prédios da cidade...

Klebe: Estão pulando pelas paredes e correndo rumo ao topo do prédio, é como...

Shea: Nunca vi nada daquele jeito, me impactou demais.

Isso é demais. Minha parte favorita é a dos golfinhos nos rios, não percebi que eles moravam ali. Lembro de mandar mensagem pra todos meus amigos perguntando "Puta merda, vocês sabiam que tem golfinho em rio? Não só nos oceanos" e todo mundo respondeu "Annalise, quanto você fumou?"

Klebe: Eis um exemplo perfeito de alguém assistindo e pensando "Caralho, tem golfinho em rio, preciso contar pra galera". É isso que é tão bacana sobre a série. Não é um reality show, são golfinhos em rios.

Exatamente. Outra coisa interessante é que nada é roteirizado e as pessoas acham que é tudo mentira.
Shea: Não mesmo.

Klebe: Tem uma coisa bacana ao final de cada episódio com 10 minutos mostrando como captaram uma ou duas cenas. Você pode ver aqueles produtores e câmeras indo ali e esperando algo acontecer. Eles não sabem o que vai rolar, é um risco. Vai saber, dá pra ficar de mãos abanando, e isso é interessante.

Sendo da VICE, preciso perguntar: vocês sabem de toda a cultura de drogas em torno da série?
Shea: É…

Tem gente se chapando e vendo o programa.
Klebe: Tenho uns amigos que curtem assistir a série e relaxar.

Shea: É.

Vocês compõem pensando nos maconheiros?
Klebe: Não porque chapado tudo na série fica lindo, não que eu saiba por experiência própria.

Shea: Parte do nosso trabalho é ampliar a sua experiência, seja ela qual for.

Annalise está chapadaça de natureza bem ali no Twitter.

Tradução: Thiago "Índio" Silva

O fenômeno traiçoeiro que pode ferrar com sua coleção de discos

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Muitas vezes, ele parece uma mancha de café — uma descoloração perceptível que, por algum motivo, não pode ser removida. Em outras, ele se manifesta como pequenos pontinhos brancos na superfície de um disco. E há aquelas vezes em que tudo muda de cor. De qualquer forma, quando você se depara com o que é popularmente conhecido como "oxidação de disco", é hora de dizer adeus a um ótimo álbum ou a um filme interessante.

A eventual deterioração da mídia ótica é um problema e tanto, seja você um arquivista digital ou simplesmente alguém que quer assistir a um filme em uma mídia obsoleta como o Laserdisc.

Mergulhemos, então, de cabeça nesse mundo de manchas e deterioração.

Leia o restante da reportagem no Motherboard.

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