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Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #15

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CHEGANDO OS LANÇAMENTOS DE SEXTA AE MOLECADA DOIDA. BOM DEMAIS?

- Bom demais.

Bom demais. Tá até que #razoável a playlist dessa semana aí. Onze musiquinhas toda pá. Nas últimas semanas, eu tava dando uma exageradinha, mandava pros cara da #redação mó tarde, aí sexta feira os cara tem que fazer hora extra pra revisar/publicar/divulgar textinho mal feito (mas de coração). Foda. Cês aí que tão lendo vamo valorizar mais o profissional que tá aí nas redação na frente do computer atrás do pão nosso de cada dia. Se encontrar nas festas dá um abraço um elogio um "pô que legal seu trampo hein cara?". Mas num puxa papo sobre trampo, que papo de trampo é um saco dos inferno.

Outra dica que eu vou dar pra vocês é a QUADRIFETA do Grande Prêmio Estado do Rio de Janeiro (7º Páreo do Jockey Clube da Gávea nesse domingo). Cês vão jogar essa sequência aqui ó, ATENÇÃO:

2 - 3 - 17 - 9.

Altos ganho.

Dito isso vamo sacar esses sons que teve aí:

---SÓ AS MELHORES---

NCT Dream - The First
Cheguei no ponto máximo de compreensão sobre o k-pop. Seguir adiante aqui seria adentrar o universo de GRANDES EMPRESAS criadoras de bandas e suas divisões da mesma banda. Tipo, tem o NCT Série A, o NCT Série B Rede TV e o NCT Terceirão Rede Vida. Qual NCT é o NCT Dream? Não sei. As músicas são daora? São. (Eu acho que é o NCT fabricado pra vender na China).

Dirty Projectors - "Cool Your Heart"
Musicão top show total. É hit do Carnaval. Meteu até o batuque do Olodum ali, no clima da Copa.

Jamiroquai - "Cloud 9"
Mais uma do Jamiroquai que soa como uma música do Jamiroquai. Reforço que tava faltando mesmo umas músicas que soe como uma do Jamiroquai.

Katy Perry - "Chained to the Rhythm"
Assim: é boa, mas até aí o Prism tinha várias melhores que essa aí. Mas enfim, se é o que tem pro momento vamo ficar com ela mesmo.

Hifi Sean - "Testify"
Popzão gostoso demais de tar se ouvindo, é até meio que eletrônico anos 90 se for ver bem. Eu achei.

The Jesus and Mary Chain - "Always Sad"
Indiezão velho bem feitinho, para você que é indiezão velho ou gostaria de ser indiezão velho.

Red Baraat - "Bhangale"
O vocal é muito chato. Mas a sorte é que tem pouco vocal, então podemos tratar como um jazz-world-music-som-pra-gringo instrumental bem daorinha de ouvir. Gostei bem.

Aaron Carter - LøVë
Essas músicas chillwavera do Aaron Carter tão rolando bem demais na minha opinião. Pode continuar, na moral.

Lupe Fiasco - DROGAS Light
Num tava lá achando grandes coisas mas da metade pro fim melhora bem o negócio. Evite ouvir "Pick up the Phone". Porque é uma MERDA. O resto ok.

MC Koringa - Trilha Sonora
Vou dizer que é um disco de pop funk #acima #da #média, mas não a ponto de chegar na OBRA PRIMA que é Sarniô do Naldo (Benny). Mesmo assim tem várias top da balada, recomendo sim.

Darkest Hour - "Those Who Survived"
Eita som bonito demais. Ó o PESO.

---SÓ AS ATÉ QUE TÃO NA MÉDIA---

STRFKR - Vault Vol. 1
Olha, até que tem seus #momentos, mas tem muito teminha curtinho (menos de um minuto) e muita música que é a melodia repetindo e tanto faz essas músicas. Aí tem umas 3-4 boas. "Anything at All" e "Benine Redux", por exemplo, eu já gostei um pouco mais.

Pretenders - Let's Get Lost
É um som até ok. Rock lentinho #sem #frescura.

Wesley Safadão - "Ninguém É de Ferro"
Boa #sofrência. Nem sei se encaixa na categoria sofrência porque o som tá bem animadão.

Modern English - "I Feel Small"
Brit-rock-indiezinho que não é de todo mal não. Mas também não é grandes coisas também. Fica no meio termo.

Alquifonia - Gosto de São Paulo
MPB de facul. Me trouxe a #sensation de estar rodeado de gente que tá fazendo AQUELA PÓS. Na festa do Centro Acadêmico de filosofia com exibição de curtas, debate, sarau e várias do Ednardo tocando. Ednardo a noite toda.

Texas - "Let's Work It Out"
Okzinha discozinha. Nada demais

Soda Stereo - "En el Séptimo Día (SEP7IMO DIA)"
Hard rockzinho legalzinho. Não manjo o histórico do Soda Stereo pra saber se sempre foi hard rockzinho legalzinho. Mas essa música é.

Sid - "Falsos MC's"
Rap ae batida eletrônica que nóis já cansou de ouvir. Tipo o Quinto Andar começou a lançar umas batida assim quando? 2000? Aí prefiro o Quinto Andar. Mas pode deixar essa na playlist também que ok também. Viva o rap nacional.

Joe Sujera + Tristo - Classe Merda
Esse aí foi dica do internauta que chegou lá em mim "ow ouve esse som aí e tal". Aí eu ouvi né. Me deram esse espaço justamente porque ouço os som. Posso não gostar, mas ouço os som tudão.

MAS AE

Vamo pro EP: Tirando o trap (cabe aqui reforçar sempre que já deu de trap no MUNDO), a primeira e a última música são boas viu ("Na Estrada" e "Rap pra Rappers"). A última principalmente.

Travis Scott - "Yeah Yeah"
É #aquele trap lá. #AQUELE. Até que tá razoável.

Rag'n'Bone Man - Human
O cara é mó voz. O disco varia entre o pop-chatíssimo e o pop-até-que-vai. No #overall é mais chato que outra coisa.

Prince Royce - "Dilema"
Sonzinho bem gostoso praticamente um ARROCHA. (Não é um arrocha)

LIVIT - "Intensify"
Som eletrônico aí dance music aí (é HOUSE? manjo mais ou menos os estilo) que no caso é bom sim bem #pro #alto.

Thievery Corporation - The Temple of I & I
O disco dub regguera do Thievery Corporation. Sei lá, acho que tava esperando algo melhor. Mas enfim, tem lá seus momentos (poucos, mas tem). Não pretendo ouvir de novo.

Hooverphonic - "Deep Forest"
Cês lembram esses caras aí? Bom, precisei ouvir umas 4 vezes pra começar a achar a música até que legal. Então talvez vá precisar de uma disposição sua pra encarar um eletrônico lentinho.

The Brian Jonestown Massacre - "Dropping Bombs on the Sun"
Mais uma pra quem tiver montando a playlist "Churrascão Shoegaze 2017". É boa, é boa.

Fujiya & Miyagi - "Solitaire"
Single até que ok. Não é lá grandes coisas mas é ok.

Overkill - The Grindind Wheel
Eu sinceramente imagino que quando saiu o disco do Metallica ano passado o povo tava esperando era isso aqui. Porém o vocal beira o cômico pra mim, aí prejudicou bem a #experiência.

Contra Corrente - Deja Vu
EP de rap pra lá de ok.

Aláfia - São Paulo Não É Sopa
Mó cabeça. Ouvi e fiquei "pá, mó cabeça hein". Mó cabeça. E os cara toca muito também hein. Ow, cês toca muito. Calhou que num rolou muito pra mim não, e tô me sentindo o burraldo por não ter curtido tanto assim. Porque a galera mais da cultura com certeza vai curtir demais. Mó chato se sentir burraldo.

Figueroas - Swing Veneno
POIS ENTÃO... É bom? É bom. Bem feitinho, bem produzidinho, os menino toca bem, tão fazendo um negocinho diferente do resto da turma, muito bom muito legal eles parabéns.

O QUE QUE ME INCOMODA: É pensado é feito é perfeito pra galera que curte ironicamente. Essa #vibe zueiras me incomoda. Esse "hahahaha olha só isso que legal". Que "hahahaha" o que mano, se liga.

Henrique & Diego - "Ficadinha"
Sertanejo top da semana.

Bell Marques - "Vou Te Amar o Ano Inteiro"
Uma música que segue a melodia padrão do Chiclete com Banana dos anos 90 e consegue emular bem a #vibe. O que parece óbvio, porém, ultimamente o Bell Marques num tava conseguindo fazer isso não. Agora conseguiu.

Tropkillaz - "Boa Noite (SP Baile Mix)"
Num é ruim, mas também num é nada demais. Tipo, você vai nessas comunidade de CRIADORES DE MEME e os moleque tão arrepiando na montagem com a voz do Lasier Martins, e ainda fazem os vídeo daora. Quero saber se os Tropkillaz sabe fazer um vídeo daora no Sony Vegas, porque senão os moleque memeiro (tudo de menor) leva vantagem.

Valesca Popozuda - "Pimenta"
É boa, mas torço muito pra que essa versão que tem no Spotify seja na verdade a "radio edit", e que tenha uma versão #proibidão em algum lugar.

---AS QUE OLHA NÃO ROLOU NÃO VIU (POIS RUIM)---

Vespas Mandarinas - "Daqui pro Futuro"
Não consigo ADMITIR que ainda são gravados rockinhos com "tchup tchurup tchu" no refrão. Não admito. NÃO.

Charly Garcia - "La Máquina de Ser Feliz"
Nossa que isso é chato demais. Que rockinho chato.

Bush - "Mad Love"
Um pouco que decepcionado com esse som do Bush aí. Mó babinha dos carai. =(

3030 - "Tempero na Batida"
Fica sendo o Rap-Chatinho-da-Semana.

Mark Lanegan - "Nocturne"
Achei babinha hein. Música que simplesmente tanto faz tar aí ou não.

Obituary - "Turned to Stone"
Metalzinho que sinceramente não #bateu não. Já ouvi melhores esse ano.

Diego Thug - "Twerk"
Os cara SI ACHA né. Então beleza então. Batida trap.
- Mais uma?
- Mais uma.
- Poxa. =/

5 pra 1 - "Inbraza"
Nos 10 segundos da introdução, que é só a melodia, eu torci muito pra música ser boa. Calhou que não é.

Haikaiss - "Inimigos"
Trap. Malinha. Dispensável.

Desiigner - "Outlet"
É CHATO. Porra, puta música chata. CHATO.

MC Kekel - "Quem Mandô Tu Terminar? (Tô Bonito Tô Né?)"
É O DJ PERERA ORIGINALLL... Ou o autotune deu muito errado, ou o cara fala "tô né" e "tu terminar" de um jeito meio estranho.


'Rumours', a obra-prima de fim de namoro do Fleetwood Mac, completa 40 anos

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Matéria originalmente publicada no Noisey US.

É um pequeno milagre que o Fleetwood Mac, em sua formação mais conhecida, siga intacto. Com a volta de Christine McVie em 2014, cada integrante do quinteto que definiu a música pop durante a maior parte dos anos 70 segue em turnê junto dos outros, reunidos por alguma força centrípeta desconhecida. É um milagre não só porque, desde o início, a banda tenha sido um tanto quanto flexível, com um total de 17 integrantes assumindo diferentes posições, mas porque o Quinteto Fabuloso em especial — Lindsey Buckingham, Stevie Nicks, John McVie, Christine McVie, and Mick Fleetwood — nunca se deram lá muito bem, sua música menos um produto de camaradagem pessoal e mais uma espécie de antídoto.

Teóricos da conspiração pop sugerem que o Fleetwood Mac estivesse amaldiçoado desde o início: três dos primeiros guitarristas da banda, os fantasmas do Mac passado, despirocaram durante turnês, incluindo o conhecido caso do membro-fundador Peter Green dropando um ácido com um grupelho suspeito de fãs em Munique, embarcando assim numa viagem messiânica intensa, vestindo-se de Jesus antes de largar a banda e entrar para um culto religioso. Depois disso, o espectro do passado pairava sobre a banda, um indicador sinistro do que viria por aí. E o que veio, claro, foi o Rumours.
Em janeiro de 1976, o grupo chegou no estúdio Record Plant em Sausalito, Califórnia, do outro lado da ponte Golden Gate, para gravar seu segundo disco. Na crista da onda após o lançamento do disco de estreia autointitulado, o Quinteto Fabuloso estava perigosamente próximo de explodir, com seus dois casais principais, os McVies e a dobradinha Buckingham/Nicks, tendo acabado de se separar. Fleetwood também se via em meio ao divórcio de sua esposa, Jenny Boyd, ao passo em que Christine McVie se via às voltas em um caso com o diretor de iluminação da banda, Curry Grant. Com toda a pressão do disco de estreia pesando nos ombros, os cinco não tinham lá muito como separar a vida pessoal de suas canções, o que ficou bem claro no produto final. "Disfunção terminal", foi como a Sra. McVie descreveu as gravações em entrevista à Newsweek. "Trauma. Era como participar de um coquetel todas as noites."

Há quarenta anos, neste fevereiro, o mundo pôde ver o que o Fleetwood Mac fez com as zicas de suas vidas com o lançamento de Rumours, o disco que os levou ao precipício que ameaçava suas carreiras e também ao pico que a levaria às alturas. A data oficial de lançamento do álbum, 4 de fevereiro de 1977, marcaria um abalo sísmico na história da música ocidental, um marco que serviria para julgar todos os futuros discos de rock e um exemplo de como um disco, e a arte em geral, pode servir como tábua de salvação para corações partidos.

Hoje, pedimos por qualquer sinal de vida pessoal dos artistas e entertainers, ao qual respondem prontamente. Com todos os impulsos da Era da Informação e a transparência radical das redes sociais, as vidas de famosos parecem quase que ser uma questão de domínio público. É raro, ao passo em que invadimos as vidas das celebridades, encontrar um disco tão confessional e musical, um diálogo direto entre artista e ouvinte. Deixamos para trás uma distância crucial e desenvolvemos uma certa paciência, talvez até mesmo uma falta de vontade geral de deixar que artistas nos contem suas histórias como quiserem. Independente de sua narrativa real ou fabricada, toda a novidade de Lemonade, de Beyoncé, com sua pegada autobiográfica que desvencilhava-se de tal tendência, acabou por gerar um bafafá mas dentro dos termos impostos pelo próprio artista, dentro de sua obra e não fora dela.

Rumours apresenta este mesmo impacto profundo, tendo sido lançamento muito antes de atolarmos no lamaceiro que define fama e celebridade nos dias de hoje. É tanto um acidente dos conflitos internos da banda quanto um derivado de sua alquimia musical a sobrevida que o disco ganharia como porta-voz de seu formato, combinando catarse com o apelo comercial de uma novela. O romantismo desenfreado e conflituoso da banda se apresentava diante dos ouvidos de toda uma nação, com letras artísticas e refrões que pegavam de jeito. Tudo isso criava uma dinâmica que funciona bem ao longo de Rumours, cujo sequenciamento dava a ideia de uma briga constante entre seus integrantes, com momentos de raiva e leviandade e saudade e arrependimento. Ah, e muita cocaína.

O romantismo desenfreado e conflituoso da banda se apresentava diante dos ouvidos de toda uma nação, com letras artísticas e refrões que pegavam de jeito.

Na primeira ou 500ª audição, a tensão profunda que rolava nas gravações em Sausalito é palpável, bem como a genialidade produzida por estas tensões — o disco é, entre muitas outras coisas, um verdadeiro lembrete musical da morte horrível constante que é trabalhar, todos os dias e noites, com seu ex. Não é de admirar então que o disco tenha envelhecido com um bom vinho, mas com as vozes de ex-amantes circulando umas em torno das outras como se o estúdio fosse um ringue de boxe.

O primeiro clímax do disco, "Dreams", de Stevie Nicks, supostamente foi composta em cinco minutos. Não precisavam de Nicks na sala, então ela foi bater na porta do vizinho, no estúdio de Sly Stone dentro do Record Plant, com um piano bem no centro. O lugar todo era coberto por veludo vermelho e preto. Foi bem ali que ela compôs a música, o triste e forte relato de um amor que deu errado, pontuado pelos backing vocals de seus ex. "Lembro como foi difícil pra mim tocar 'Dreams' pela primeira vez, pra banda inteira, porque sei que podia chatear Lindsey e provavelmente chatear Chris  e John, então Mick e a mim mesma", disse Nicks. "Se eu conseguisse terminar de tocá-la, seria sorte."

"Go Your Own Way", o hino do beijo de despedida de Buckingham que surge três canções depois, é a contraparte masculina de "Dreams", pura raiva desenfreada e sem qualquer filosofia digna de Stevie Nicks. Nicks inclusive não gostou da letra que dizia  "shackin' up's all you wanna do" [nota: uma possível referência ao fato de não querer casar] e interpretou aquilo como um insulto, mas claro que as músicas dela seguiam tão desdenhosas quanto, mas talvez um pouco mais sutis. "Digo, talvez a gente tivesse se matado se não tivesse conseguido compor aquelas músicas", disse a artista à BBC em 1998. Como quase sempre acontece, sentimentos tiveram que ser feridos em nome da arte.

A única canção em Rumours com envolvimento dos cinco integrantes foi "The Chain", um pastiche de material já gravado pela Sra. McVie, com uma nova introdução de Buckingham e Nicks adicionadas de mais uma seção de guitarra composta separadamente por John McVie e Fleetwood. Nada mais apropriado então, levando em conta sua natureza colaborativa corta-aqui-cola-ali, que toda a tensão do disco se materialize nesta faixa. Quando Buckingham e Nicks cantam o refrão juntos — "if you don't  love me now, you will never  love me again" — dá quase pra ver os dois se provocando, a batida violenta soando tribal e indignada. É a peça-chave do disco, onde os talentos de seus cinco integrantes fundem-se em um coquetel de ameaçadores licks de guitarras e harmonias nervosas.

Christine McVie compôs quatro canções em Rumours, contribuições que sugerem que um coração partido não é só amargura, arrependimento e montanhas de cocaína. Temos "Songbird", uma balada emocionada e "Dont' Stop", sonzeira animada que serviu de tema para a campanha de Bill Clinton em 1992; ironicamente, a música não é feliz como parece, funcionando mais como um salve para o sofredor do que uma ode cega para o amanhã. "You Make Loving Fun", sobre Grant, talvez seja o maior exemplo dos dons de McVie. " Eu nunca acreditei em magia", ela canta no refrão, " mas começo a pensar no porquê" . A letra, que ganha novo significado em meio à melodia de McVie, poderia muito bem ser fruto de autorreflexão: com todos os obstáculos no caminho para o sucesso, a banda conseguiu fazer magia com Rumours, surpreendendo até a si mesmos no meio disso.

Aos 40 anos de idade, Rumours continua a provar sua durabilidade marcante por mais que tenha deixado sua marca no panteão musical há muito tempo (o que incluiu duas remasterizações e reedições). As músicas são excelentes e infinitamente cantáveis, com um toque de Midas que ocultava a instabilidade profunda da banda. Seus altos são altíssimos e seus baixos quase inexistentes, ao passo em que a briga entre amantes no decorrer de 11 canções — alternando luz e sombra, doçura e amargura, blues britânico e rockinho suave da Costa Oeste — segue com um brilho típico californiano.

Estranhamente, todo o drama e a maravilha que é acompanhar a mitologia do Fleetwood Mac, tornou-se ainda mais incrível com o tempo. Houveram zilhões de discos sobre fins de namoro que narraram o ódio e confusão que é o final de um relacionamento — com Shoot Out the Lights, de Richard e Linda Thompson servindo de análogo, com seu casamento em ruínas ao longo da composição do disco. Rumours, porém, é o progenitor do formato, um disco único que fez um espetáculo da teia de relacionamentos de seus integrantes sem sacrificar a qualidade.

"Não ligo que todo mundo saiba que eu e Chris e John e Lindsey e Mick todos terminamos", disse Stevie Nicks na matéria de capa da Rolling Stone de 1977, escrita por Cameron Crowe, diretor de Quase Famosos.  "Se é interessante, não me oponho a dar informações". Ela continuou: "Neste disco, tudo que compus... Certamente é sobre as pessoas na banda. Está tudo ali e é bem honesto e as pessoas saberão do que estou falando".

E é aí que está o brilhantismo — a honestidade, o voyeurismo, a inacreditável serenidade — de um disco como Rumours. Não é só o maior dos discos sobre fins de namoro, por mais que tenha criado um gênero a partir daí, sua troca de tiros mortal mais complexa que qualquer briguinha de namorados. Ele nem mesmo pode ser reduzido à música, que em 40 minutos de duração é ainda maior que a soma de egos e iras. Rumours segue, ao longo de quatro décadas, como um testamento da importância de se manter ativo diante do sofrimento, dos poderes de cura da arte. É, por conta própria, um tipo de elixir. Pode até mesmo nos dar uma razão para crer que maus presságios podem ser superados, de uma vez por todas, através da magia.

Jake Nevins é jornalista em Nova York. Siga-o no Twitter

Tradução: Thiago "Índio" Silva

Sexo, drogas e música são a mesma coisa para o seu cérebro

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Esta matéria foi originalmente publicada no Tonic.

Bob Marley sabia do que estava falando com aquela coisa de "quando [a música] toca, você não sente dor". O cérebro parece processar a música do mesmo jeito que processa narcóticos analgésicos, segundo uma nova pesquisa da McGill University em Montreal, no Canadá.

O estudo, publicado no jornal  Scientific Reports, examinou o prazer dos participantes no experimento com sua música favorita, uma vez depois de tomarem o bloqueador de opioides naltrexona e uma vez depois de tomar um placebo. Os pesquisadores usaram medição de movimentos musculares e autorrelatórios para verificar o deleite dos pacientes com a música. Por margens estatísticas significativas, os participantes sentiam menos prazer com a música tomando a naltrexona, uma droga que fecha os receptores de opioides do cérebro e é prescrita para viciados em drogas.

Leia o restante da reportagem na VICE.

Bike revisita seu disco de estreia ‘1943’ em novo single, “Enigma dos 12 Sapos”

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Foto: Camila Mott

O Bike lançou seu disco de estreia 1943 em julho 2015 e, desde então, eles tavam na funça de levar suas viagens psicodélicas pelo Brasil: desde o lançamento, a banda paulistana fez quase 100 shows em mais de 50 cidades, em 15 estados diferentes. Nesse meio tempo, eles foram gravando seu segundo álbum, Em Busca da Viagem Eterna, que deve sair entre o final de março e começo de abril deste ano. Nesta segunda (13), o quarteto apresenta "Enigma dos 12 Sapos", o segundo single do disco, que você ouve exclusivamente pelo Noisey.

Com título que faz referência a "Enigma do Dente Falso", do álbum anterior, "Enigma dos 12 Sapos" é a faixa-intro do disco novo e vem para encerrar de vez o 1943. "A letra fala sobre como '1943' já passou e que aprendemos muitos com tudo que o disco nos proporcionou, mas estamos de olho no futuro", disse o vocalista Julito Cavalcante (ex-Macaco Bong). "Estamos seguindo viagem, olhando pra frente, pensando no futuro e vivendo no presente."

Já o lance dos 'sapos' na letra foi pra simbolizar as dificuldades que eles tiveram na caminhada entre o 1943 e Em Busca da Viagem Eterna e que os ajudaram a crescer como banda. "A gente não se sente inserido na 'cena'. É como se estivéssemos flutuando nela", explica Julito. " Eu sempre uso 'sapos' pra falar de coisas que ficam no caminho e a parte da letra que fala 'Sapos verdes, flamejantes/Explodem aos meus pés' se refere justamente a certas dificuldades que passamos por não sermos totalmente inseridos neste esquema."

Assim como o primeiro disco, o Em Busca da Viagem Eterna tem masterização do australiano Rob Grant, que já trabalhou com bandas como Ponds e Tame Impala. O disco novo deve seguir a mesma sonoridade Pink Floyd do Syd Barrett do primeiro. Mas outra referência que vai aparecer nesse disco que não tem muito no primeiro é a banda americana de rock psicodélico dos ano 90 Brian Jonestown Massacre. Outra coisa diferente do Em Busca… pro 1943 é que agora eles são uma banda, formalmente falando. "Convivemos muito como banda ano passado e esse disco novo, diferente do primeiro, que só tinha composições minhas, tem músicas de outros integrantes do Bike, como duas músicas do [guitarrista] Diego Xavier e uma composição do [baixista] Rafa Bulleto."

Como eles estavam viajando muito enquanto compunham o Em Busca…, tudo o que vinha à cabeça deles na época se referia a essa jornada de turnês pelo Brasil, sobre a ideia de ir para longe e estar conhecendo novas culturas e fumando ervas diferentes. "Esse disco fala sobre desbravar um novo mundo, sobre a vontade de não parar, sobre passado e futuro, sobre o espaço/tempo. Queremos que quem escute o disco tenha a sensação de viajar sem sair do lugar. É como se tudo estivesse acontecendo agora, mas ao mesmo tempo você já tenha vivido ou imaginado", comentou Julito.

Outra novidade do Bike pra 2017 é a entrada do baterista Daniel Fumega (Macaco Bong) no lugar do Gustavo Atthayde, que chegou a gravar as batidas para o novo disco, mas deixou a banda no final do ano passado.

Ouça "Enigma dos 12 Sapos" abaixo:

Ficha técnica 
Gravado por Diego Xavier e Hugo Falcão Costa no Estúdio Wasabi em São José dos Campos - SP, Brasil. Mixado e Masterizado por Rob Grant, no Poons Head Studio em Perth - Aústralia.
Produzido por BIKE 
Letra e música por Julito
Julito - guitarra e voz
Diego Xavier - guitarra e voz
Rafa Bulleto - baixo e voz
Gustavo Athayde - bateria e voz Fábio Gagliotti - orgão e sintetizador
Arte do single: Juli Ribeiro

Tudo o que a Beyoncé fez durante e desde o Grammy

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É isso aí, né. Então a Beyoncé não ganhou o Grammy de Álbum do Ano com Lemonade. Nós por aqui estamos desapontados, mas não surpresos. Desde que publicamos uma matéria dizendo que o Grammy não era racista, só não manjava de hip hop — sobre a vitória do Macklemore sobre o good kid, m.A.A.d city do Kendrick Lamar em 2014 — tivemos um tempinho e três outras vitórias ridículas (Beck sobre o Beyoncé em 2015, Taylor Swift sobre o Kendrick novamente em 2016, dessa vez com o To Pimp a Butterfly, e Adele ontem) pra refletir e concluir que sim, o Grammy é racista. 

Até mesmo a Adele se deu conta da palhaçada: em seu discurso quando recebeu o prêmio, a cantora se emocionou, chorou e também arrancou lágrimas de Beyoncé dizendo que ela era a "artista de sua vida", e que Lemonade merecia ter vencido.

Mas bom, vamos falar de coisa boa. Apesar dos pesares, a Beyoncé ganhou dois prêmios na noite de ontem: o de Melhor Álbum "Urban/Contemporary" (também conhecido para O Grammy para Negros), vencendo, inclusive, sua irmã Solange com o álbum A Seat at the Table, e o de Melhor Clipe por "Formation".  Além disso, a cantora fez a melhor apresentação da noite — uma meditação abstrata de 10 minutos sobre maternidade (estando ela grávida de gêmeos) que contou com a participação de sua mãe, Tina Lawson, e sua filha com o Jay-Z, Blue Ivy Carter. Ou seja, basicamente um ensaio fotográfico brega de grávida ao vivo, mas a Beyoncé é a Beyoncé e ela pode fazer o que quiser. 

Já nessa segunda (13), a cantora soltou clipes pras duas canções apresentadas no Grammy, "Sandcastles" e "Love Drought", a dupla do Lemonade que derruba o peão do cavalo. Pra você que gosta de um drama, o de "Sandcastles" mostra a Bey cantando diretamente para o Jay-Z sobre a traição que supostamente inspirou o álbum. Assista os dois abaixo:

Pra completar os feitos das últimas 24h, também nessa segunda (13) o DJ Khaled soltou uma nova faixa chamada "Shining", que conta com participação da Beyoncé e do Jay-Z. Essa capa meio-medonha-meio-fofinha mostra o filho praticamente recém-nascido de Khaled, e, spoiler, o Jay-Z faz uma referência ao 21 Savage no verso dele. Ouça por sua conta e risco. 

Fizeram o emo mais triste do mundo com os tweets do Donald Trump

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Uma maneira de lidar com adversidade é olhar pra trás, relembrar os felizes dias do passado e recuar a velhos hábitos e interesses. É provavelmente por isso que 2017 continua dando gás ao revival do emo, o chamado "nu-emo", com reuniões nostálgicas de velhas bandas, turnês e festivais aparecendo por todo lugar pra celebrar a arte de chorar e não borrar o delineador, e também pra nos ajudar a esquecer que o presente é um buraco negro.  

Mas ninguém ainda deu valor ao emo mais dedicado de todos: o presidente dos Estados Unidos Donald J. Trump. Pense bem — suas preocupações sobre ter muitos amigos nos lembram da época do Myspace; sua peruca que às vezes cai sobre seu rosto que nem a franja que você tinha aos 14 anos? E-m-o. 

E aí tem seus tweets, que são uma conta no Flogão por si só. Para este fim, a Super Deluxe reimaginou alguns desses tweets como a música emo mais triste de todos os tempos, com guitarras cintilantes, vocais gritados e uma ponte emocionante. Ouça essa obra de Deus: 

O Harmonia do Sampler traz diversidade para o bundalelê sonoro do Carnaval

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Dizem que para o Carnaval começar, basta a Globo parar de exibir a vinheta de ano novo e passar a transmitir a Globeleza. Sendo assim, mesmo ainda estando há duas semanas do ápice no clima de celebrações, já é hora de começar a sentir a alegria carnavalesca, o pleno desbunde do cristão.

Foi pensando nisso que surgiu em Brasília o Harmonia do Sampler, com a nova aposta do Carnaval 2017, "Pau, Perereca e Cu", cujo clipe você pode ver abaixo:

O Harmonia do Sampler é um trio formado pelo músico Caê Maia, o produtor musical e DJ Ops e o produtor Cleber Machado. Todos com experiência de longa data em cima e atrás dos palcos. Caê conta que a ideia de compor o hit é antiga: "há alguns anos eu cantarolava isso e percebia a semelhança com a sonoridade de um cavaquinho, e apostava que se gravasse iria explodir". O tiro foi certo: em menos de uma semana, o vídeo já está com mais de 50 mil visualizações no YouTube.

Como bem ilustra o teaser do clipe, muitas vezes quando você e seus amigos estão reunidos ao redor de uma piscina querendo curtir um lazer, acaba rolando um sofrimento ao tentar escolher um som que agrade todo mundo. Podem passar pelo arrocha, pelo feminejo, pela sofrência e pelo funk que nada satisfaz. Nessa hora, é preciso um hit poderoso pra colocar todo mundo na mesma vibe. Com um refrão que gruda de primeira e uma melodia no estilo "Piririm Pompom", a swingueira já dá calor e vontade de balançar de primeira. "A ideia é nadar de braçadas no mar da cultura de massa brasileira, da swingueira ao pagodão, da rasteirinha ao arrocha, do sertanejo à sofrência, o que der na telha" conta Caê.

E se a proposta do Carnaval de Rua é unir todas as tribos em um só bundalelê, "Pau, Perereca e Cu" é a música perfeita. Descrito como "o primeiro sucesso unissex e polissexariano do Brasil", o som é uma ode à diversidade. "Nosso hit é justamente sobre o amor universal, entre todos os sexos e raças, sem discriminação. Faremos um grande brinde à diversidade sexual, à liberdade e à diversão. Esperamos que, a cada vez que o tema toque, milhares de sorrisos se abram". Explica sem falsa modéstia o talentoso DJ Ops.

Talking Politics with SLAYER at Comic Con

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Welcome to our new heavy metal series Noisey Shreds, where our resident metal head Kim Kelly will be traveling the globe to interview and hang out with some of our favorite bands. For our first episode we’re heading to San Diego, California to hang out with the almighty gods of Thrash themselves, Slayer. We’re gonna catch up with them at Comic Con, where they’re debuting a new comic book through Dark Horse comics, and also playing a special one off show at the House of Blues, a venue much smaller than they are used to playing these days.

Como Childish Gambino se tornou a voz dos nerds negros

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Childish Gambino evoluiu muito. O homem que nasceu como Donald Glover deixou de ser um forasteiro nerd no mundo do rap para se tornar vencedor do Golden Globe, ao passo em que o mundo se abriu para o seu talento. Nem todos nós conseguiríamos fazer o salto de rapper ridicularizado a mestre do funk (fato que se confirma com o novo disco Awaken, My Love!) por meio de uma série de comédia absurda de TV – uma das melhores de 2016. Mas ele já tinha um impacto mais pessoal em seus fãs anos antes.

Volta rapidinho pra 2011. Eu tinha 19 anos e estava à beira da maturidade, ainda não me sentia 100% confortável comigo mesmo quando surgiu o interesse por Glover. Ouvindo rap e estudando numa escola só para garotos na zona sudeste de Londres dominada por meus colegas negros me levava para uma certa direção, antes de me tornar para outra quando entrei em um preparatório predominantemente branco. Lá, camisetas quadriculadas, jeans apertadinhos e croppeds eram a regra. Me contorcia para me encaixar em cada ambiente, dando um grau na negritude na escola para ser aceito pela maioria e diminuindo-a de forma a não intimidar meus colegas brancos no preparatório. Earl Sweatshirt resumiu tudo em "Chum", de 2013, citando ser "negro demais pros brancos e branco demais pros negros".

Mas 2011 também foi o ano em que Glover lançou seu disco de estreia, Camp. Ao ouví-lo, seus vocais denotavam o mesmo tipo de angústia social. Ele também cresceu em um mundo onde sofria por ser um pouco diferente. Ele não era o jovem negro tradicional cujo estereótipo foi cimentado ao longo de décadas de cultura pop norte-americana, rimando e cantando com uma cadência que talvez nem tenha sido considerada "de macho". Ele fazia referências a séries como Freaks and Geeks e Firefly, além de flertar com o EDM. Glover mesmo tinha noção disso, afirmando numa entrevista em 2011 que "por um tempo a música era preta ou branca, mas agora tem gente como Tyler, the Creator com um puta impacto. Assim como eu, ele é um negro de classe média que se vestia como um integrante do Good Charlotte e era xingado de bichona. Já me atacaram simplesmente porque eu tinha um skate."

Nem todo mundo gostou do disco. Talvez você lembre que Camp conseguiu uma nota de 1.6 na Pitchfork, numa resenha bizarra que acusava Glover de usar "temas pesados como raça, masculinidade, relacionamentos, moral nas ruas e 'hip-hop de verdade' como artifícios para construir uma falsa persona de deslocado". Mas eles não ouviam a mesma história que eu. A esquisitice de Glover era vista muitas vezes como fraqueza ou inépcia em articular uma mensagem coerente, já uma grande publicação independente refutar sua persona multifacetada parecia rejeição a tudo que é negro e fora do comum.

Ele não deu a mínima, porém, lançando  Because the Internet em 2013 — um disco estranho, belo e cinemático que mostrava algumas mudanças. Glover soava fortalecido, mas a angústia ainda gritava. Era uma alma esquisitinha, passando de uma identidade a outra na vida e em seus álbuns, pois estava óbvio que sofria. Da mesma forma, como acontece com tantos que crescem com interesses fora do esperado pelos outros, continuei tentando manter o equilíbrio entre "muito negro" e "não negro o suficiente".

Numa conversa com o Noisey em 2013, Glover parecia viver um de seus piores momentos: "Tentei me matar. Estava todo fodido... Não sentia como se soubesse o que estava fazendo. Não vivia de acordo com meus padrões e sim dos outros, e simplesmente cheguei num ponto que disse 'Não vejo razão nisso'". As pessoas sempre se prenderam aos desajustados da música no passado, agarrando-se às suas idiossincrasias em busca de algum conforto. Basta ver como os fãs sofreram por David Bowie e Prince no ano passado; como idolatraram e deram nova forma à estética punk dos Sex Pistols, Slits e Ramones; como ainda correm pra ver Madonna, Springsteen e Iggy Pop, para entender que gravitamos na órbita de quem vira nossas expectativas de cabeça pra baixo. O "artista torturado" virou um clichê, pois em algum momento aquilo tinha raízes na realidade. Artistas em luta consigo mesmos atraíam as pessoas.

Lidar com tudo isso só fazia de Glover mais forte, sua música tornando-se um pano de fundo de onde poderia projetar o caos de sua mente. Dá pra ouvir isso na íntegra no fluxo de "II. Earth: The Oldest Computer (the Last Night)" e também em "II. Zealots of Stockholm [Free Information]", ambas faixas de Because the Internet. Foi meio uma epifania quando percebi que ser diferente do que esperam de você não é algo ruim. A crítica também se ligou disso, elogiando a dedicação de Glover à causa do disco, ainda que o acusassem de tentar demais se destacar. Ele não estava tentando — sua tendência natural em ser diferente vinha do fato de que ele era mesmo diferente.

Glover seguiu na miúda pelos próximos anos, cuidadosamente criando aquilo que se tornaria a série Atlanta. O programa reimagina os limites da televisão negra americana — bem-acompanhado por outros títulos como Insecure e Black-ish— mostrando os estereótipos com os quais Glover teve que lutar enquanto projetava uma realidade alternativa. No geral, o personagem de Glover, Earn Marks, fica no limiar do sucesso e a sociedade do hip-hop antes de se tornar agente de seu primo rapper Paper Boi — e isso nem começa a descrever os artifícios cômicos, viradas bizarras e surrealismo que permeiam a trama.

Então voltamos para o presente e o disco sem rap de Glover lançado em dezembro de 2016, Awaken, My Love!. Ao escrever para o Noisey, Israel Daramola descreveu o disco da seguinte forma: "parece mais um despertar. Seu uso de instrumentação estilo Funkadelic e Sly Stone, o estilo de cantar de Bootsy e agudinhos a la Prince estão a serviço do amor, esperança e claro, temores de trazer uma nova vida ao mundo" – uma alusão ao novo papel de Glover, o de pai. O moleque alienado de Camp cresceu de forma a subverter as várias definições de negritude através de sua música, escapando das críticas mais uma vez. Ele mudava de forma, novamente.

E cá estou eu, aos 25 anos de idade, capaz de dizer que Glover me deu autonomia para que eu possa ser eu mesmo, sem remorso algum. Como é o caso com todas as identidades criada por nossas culturas, há níveis de negritude. E se você bota fé na imagem hiper-masculinizada dos negros que o rap projeta, ou na de um moleque alternativo que não é tudo isso, fato é que a evolução de Glover deu voz para os nerds negros que sentiam que deviam dar o braço a torcer para serem aceitos. Mas quando você aprende a deixar esses conceitos de lado, pega no tranco a mesma jornada pela qual Glover passou. Você silencia as vozes que falam para você ser desse ou daquele jeito. Você aprende a ser você.

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Tradução: Thiago "Índio" Silva

O clipe de "Falo" do Carne Doce é um ritual misândrico de vingança

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"Falo" deve ter sido a música que mais chamou atenção de todo mundo na primeira ouvida do Princesa, segundo disco do Carne Doce, lançado em agosto do ano passado. Seja talvez porque a vocalista/compositora Salma Jô diz na letra que é bom que você, homem, "se cuide pois não vai ter quem lhe acude quando ela quiser te capar" ou seja também por causa do duplo sentido do título escolhido para a faixa  — que pode se referir tanto a uma forma de conjugação do verbo "falar" (e, no caso, de como mulheres são reprimidas quando falam), quanto ao substantivo "falo", ou seja, ao conceito de poder geralmente associada à imagem do órgão reprodutor masculino (a famigerada "piroca") —, "Falo" foi alçada quase que automaticamente a hino feminista por alguns fãs — fato que Salma Jô diz achar um tanto esquisito: 

Algumas pessoas acham justo que a protagonista extrapole de uma revolta legítima pra se tornar uma figura mais ameaçadora, desmedida, e até tirana mesmo.  Se você for pensar, é estranho que tenha virado um 'hino', porque as demandas que ela reclama não são assim tão profundas ou urgentes. Se tratam mais de coisinhas irritantes cotidianas. São denúncias particulares contra o machismo sutil dos homens que são íntimos de gente, que são nossos parceiros afetivos ou profissionais. Não é um protesto contra o machismo mais violento e não atende às mulheres que são oprimidas de forma violenta. Mas compreendo que muitas se identificam com o que é relatado na letra. E de novo eu queria abordar uma personagem com contradições: forte e fraca, passiva e rebelde, gentil e violenta. Pra mim, é importante refletir sobre essa complexidade da mulher e não tratá-la somente como vítima, pois não gosto de atender a esses ideais, nem de poder, nem de submissão. Não vejo o poder como a propriedade do opressor contra o oprimido, mas como um exercício que circula entre essas partes, que é exercido por ambas.

Hino feminista ou não, era de se esperar que a música com a letra mais incisiva do Princesa ganhasse um clipe igualmente intenso: protagonizado por Salma, o vídeo traz ela e mais uma dúzia de meninas encapuzadas torturando um homem, que, apesar de parecer, não é necessariamente um padre. "Os meninos do [estúdio] Muto queriam mesmo que fosse um padre, mas eu não queria", explicou Salma, dizendo que eles até retiraram a gola da batina para que as pessoas não o associassem apenas à figura clerical. "Era pra o personagem retratar um homem mais mundano, sem o celibato e essas privações, mas que continuasse um líder, um moralista, um religioso, normal. Mas acho que não foi suficiente, infelizmente." 

A ideia principal do clipe surgiu da galera do estúdio, mas Salma deu uma lapidada no roteiro de acordo com a intenção da música. Duas inspirações cruciais para o vídeo foram: a locação — uma fazenda antiga do inicio do século 20 que tinha uma igrejinha no fundo — e  os vídeos das Pussy Riot. "Pensamos em retratar essa tortura e esse pesadelo sofridos pelo personagem masculino porque a letra em si mostra que o seu desejo final da protagonista da música não é por justiça, mas por um linchamento, uma vingança. Daí também vem a falta de explicação sobre a motivação das meninas do clipe", explicou a vocalista.

A banda goiana apresentou o clipe nesta terça-feira (14), durante o show deles no Mostra Prata da Casa, que aconteceu no Sesc Pompeia, em São Paulo. Assista abaixo:

Todo fim é um começo no álbum de retorno do Carahter

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"Running spiral ways" e "Always searching for my inner self", dizem trechos da letra de "What I Am". São passagens que definem bem o significado de TVRVØ, o novo álbum do Carahter, para os seus integrantes. Depois de atravessar diferentes fases cheias de mortes e glórias, o grupo metalcore de Belo Horizonte encontra-se no limiar entre o fim e o começo de uma nova era. "Um eterno ciclo de recomeços em um fluxo que faz muito sentido tanto no que diz respeito à nossa história enquanto banda como em relação às nossas histórias de vida. Então, sem querer ficar em cima do muro e sendo honesto, são as duas coisas juntas", define o vocalista Renato Rios Neto.

No lançamento da Burning London Records que o Noisey disponibiliza nesta quarta (15), o repertório mescla músicas bem antigas, como "The Light that Blind Us All", composta em 2006, quando o conjunto vivia em Los Angeles, a outras recém concebidas, que nasceram já no processo de criação do álbum. "Mas te garanto que não estamos nem um pouco enjoados dessas músicas. Inclusive, temos ensaiando em um ritmo bem insano, de duas a três vezes por semana, e a cada ensaio dá mais tesão de tocá-las", assume Renato.

A temática também se divide, só que em assuntos políticos e pessoais. Exemplos são a revoltosa "Ripping Flags", em contraste com a íntima e dramática "The Cult", passando por "TVRVØ", que trata da identidade mineira e da questão do extrativismo, e "Invisible", sobre o processo de encarar o passado e a decisão dos integrantes de voltarem com a banda.

Só o furioso peso e a catarse sonora é que não oscilam no disco. O que já era de se esperar: a banda com nome inspirado no filme do holandês Mark van Diem é constituída por caras como o Renatão, que passou a adolescência fuçando os discos de metal na Cogumelo Records. E o parentesco deles todos com o hardcore e a tradição headbanger de sua cidade está fortemente impresso na musicalidade das composições. "Acho que nós somos uma banda que carrega demais toda essa mineiridade e o espirito belo-horizontino", celebra o vocalista. "Essas montanhas, esses riffs do Sepultura, Sarcófago, Overdose, Profana, tudo isso, nos moldou para sermos o que somos."

Em tempo: vai rolar show de lançamento do álbum no espaço CentoeQuatro, no Centro de Belo Horizonte, com abertura do Deaf Kids. Mais infos e ingressos, aqui.

Ouça:

Roqueiros contam por que odeiam o Carnaval

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Na imagem, Isabela Johansen. Foto: Felipe Larozza/ VICE

O espírito soturno e nefasto do rock permanece em alguns corações jovens que não sucumbem à multidão suada e feliz, tampouco ao glitter corporal durante a festa mais ousadia & alegria do nosso Brasilzêra: o Carnaval. Mesmo na era em que o rock é considerado um defunto para alguns, roupas pretas, cabelos desgrenhados, tatuagens, camisas xadrez, jeans rasgados e Nirvana na vitrola resistem bravamente.

Para ilustrar melhor o cenário de quem dispensa a festa da carne para grudar no próprio violão e passar longe dos rolês muvuquentos e coloridos, a VICE entrevistou uma turma de amigos roqueiros que moram na cidade de São Paulo. Todos são músicos, já pularam um Carnavalzinho, sim, mas declinam da fantasia de folião. "Como?", você, que aguarda 365 dias no ano para tirar a peruca verde do armário, se jogar nos blocos de rua, se empanturrar de cerveja, engolir confete e beijar muitas bocas, se pergunta. 

Leia a matéria completa na VICE Brasil

Paula Cavalciuk mistura tango argentino e Marlon Brando no clipe de "O Poderoso Café"

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Mistura de gêneros latinos-brasileiros  e referências à literatura e ao cinema foram duas características que apareceram bastante no disco de estreia da Paula Cavalciuk, Morte & Vida, lançado em julho do ano passado.  A faixa de abertura "Morte e Vida Uterina", por exemplo, é uma guarânia paraguaia e, assim como o álbum, faz uma referência ao poema Morte e Vida Severina, do escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto, no título. Outra música que traz mais uma referência latina e mais um desses trocadilhos da Paula é "O Poderoso Café", que ganha clipe nesta quarta-feira (15) e você assiste com exclusividade aqui no Noisey

"O Poderoso Café", no caso, é um tango argentino que faz  uma relação com o filme O Poderoso Chefão, porque o alterego da canção é de um  um amante de Marlon Brando na época das filmagens do primeiro filme da trilogia. "Gosto de gente perto, comendo à mesa, na hora do almoço e do café. Lá em casa todo mundo se juntava pra tomar café, mas a vida adulta foi dificultando essa comunhão", explicou a cantora. "Aí me veio a pira de que o Marlon Brando devia ser uma pessoa extremamente ausente, ainda mais durante as gravações de O Poderoso Chefão. Misturei as duas coisas e então tava pronto um cafezinho com o amargo da solidão, que misturava ficção com a vida real."

O clipe, que foi feito com apoio de edital da prefeitura de Sorocaba, foi tenta trazer um clima mais festivo para as ruas da cidade. "A gente quis dar uma brincada com o carnaval, com a seriedade cinza sorocabana , misturada à nossa dancinha bem humorada", disse a artista, que chamou outros artistas de Sorocaba para acompanhá-la na coreografia do vídeo.  "Ocupamos  a praça principal da cidade com nossos corpos, nossa música, nossa arte, transmitindo uma mensagem de liberdade, um convite à dança, uma despedida das velhas tradições que uma cidade de interior ainda pode arrastar. Um 'junte-se a nós'."

Assista ao clipe abaixo:

Ficha técnica
Letra e Música: Paula Cavalciuk
Direção: Daniel Bruson
Roteiro: Paula Cavalciuk, Daniel Bruson, Vinícius Vidal e Felipe Botti Vidal
Produção: Vinícius Vidal
Direção de Fotografia: Felipe Botti Vidal Edição: Felipe Botti Vidal
Coreografia e direção coreográfica: Mimi Naoi
Figurino: Fernanda Cezarino Maquiagem: Luciana Bortoline
Assistente de Direção: Raissa Ferraz
Assistente de Câmera: Vinícius Vidal Pós-produção: Daniel Bruson e Felipe Botti Vidal
"O Poderoso Café" foi feito com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Sorocaba - Secretaria da Cultura - Lei nº 11.066/2015

Serviços de streaming de música agora vão passar a pagar direitos autorais

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Se você já tava meio triste que, no final de 2016, o Spotify anunciou que o preço da assinatura Premium aumentaria uns dois reais, se prepara que o valor deve muito provavelmente ficar mais caro em breve. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que os serviços de streaming de música agora têm que pagar direitos autorais pro Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD). 

Se você é da turma que acha que imposto é roubo, já deve ter ficado puto só com essa informação. Mas se você não é e acha que Spotify, Deezer e outras empresas gringas têm que pagar imposto mesmo aqui, tudo bem, a gente também concorda em partes com isso. Mas uma das justificativas de parte do Senado que participou da CPI do ECAD — mais especificamente do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), redator da CPI — para apoiar e comemorar a decisão do STJ foi que essa medida vai proteger o direito dos autores/compositores porque vai fazer as pessoas voltarem a comprar CD. 

"O avanço que a gente tá tendo com a internet e os serviços de streaming veio pra ficar, não dá pra voltar atrás", disse o senador à reportagem da Rádio Senado. "Mas isso tá tendo impacto grande na venda de CD, porque quase ninguém hoje mais compra CD. Então, por isso que a decisão foi acertada, a gente precisa preservar o direito dos autores nisso."

Sei lá, talvez o senador nunca tenha ouvido falar muito direito em torrent ou se ele tem noção que a maior parte da geração Y/Z nem sabe nem o que é e nem tem mais onde tocar um CD direito. Vinil, a gente arruma um jeito de comprar uma vitrolinha porque tá na moda e é descolado, agora quem comprar CD hoje?

Um guia de gêneros musicais para rolês de Carnaval em SP

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Foto: Felipe Larozza/VICE

Já dá pra saber que o carnaval tá se aproximando só pelos convites pra bloquinhos que chegam nas suas notificações do Facebook a cada cinco minutos. Planejar os quatro melhores dias do ano se tornam uma tarefa longa e árdua, ainda mais se você não curte os blocos mais populares e vai caçar outras coisas pra fazer e ouvir durante o feriado. 

Pois bem, nada tema nesse 2017, porque o Noisey se encarregou de preparar um guia para você passar a menor quantidade de tempo possível planejando o seu carnaval e a maior curtindo. Pra facilitar ainda mais, se você tem lá suas preferências, os eventos também estão divididos por gênero musical — ou seja, vai dar pra curtir mesmo se você for roqueiro e odiar o carnaval. Manja a listinha:

Pop

Carnakoo
A Batekoo, festa que celebra a cultura pop negra que costuma rolar no centro de São Paulo, vai ter uma versão bloquinho nesse carnaval. Muitas das informações ainda não foram anunciadas, mas o bloco acontece no sábado (25), das 16h às 22h e sai do Largo do Paissandú. 

MinhoQueens
A MC Xuxu será a atração principal do bloco, que começa no sábado (25) às 15h, no Lago do Arouche. 

Domingo Ela Não Vai
O bloco sai da Praça do Correio no domingo (26) às 14h e conta com apresentações da Candy Mel (Banda Uó) e a rainha Gretchen, além de mais alguns DJs. 

Bregsnice
O bloquinho mais brega (no bom sentido) do carnaval paulistano sai da Avenida Brigadeiro Faria Lima no domingo (26), às 14h

Meu Santo é Pop
Dentro da programação do Love Fest, que reúne blocos e festas LGBT no carnaval, o Meu Santo é Pop sai do Largo do Arouche na segunda-feira (27), às 12h. 

Latino no Mirante
Pra você que é mais das latinidades, vai rolar um festival no Mirante 9 de Julho com shows de artistas brasileiros, colombianos e bolivianos na segunda-feira (27), a partir das 15h.

Raps

Festa For Def
Com Scooby Mc e SixFace Mafia no line-up, o festival de trap rap e derivados vai rolar na sexta-feira (24), no Morfeus Club, a partir das 23h

BeatLoko
Supostamente o primeiro bloco de rap de São Paulo, a festa vai rolar no sábado (25) a partir das 14h, na Praça da República, com RZO, Edi Rock, Haikaiss, KL Jay, Costa Gold e muitas outras atrações. 

Animalia
O bloco sai da Praça da Repúlica no domingo (26), às 15h, e conta com apresentações da LAY, Caiuby e outros. 

Samba/MPB

Baile Ritaleena
No formato de baile de carnaval, o Ritaleena homenageia uma das figuras musicais femininas mais importantes da história brasileira na Z Carniceria, a partir das 22h da sexta (24).

Siga la Pelota
No sábado (25), o bloco focado nas brasilidades Siga La Pelota corre pelo bairro de Perdizes, saindo da rua Aimberê, 160, às 15h.

Me Deu Onda
Com bateria e roda de samba, o bloco inicia na Rua Aspicuelta, 30, às 14h da segunda-feira (27)

Explode Coração
Em homenagem a Maria Bethânia, a primeira edição do bloco Explode Coração conta com apresentação da própria e sua banda, e sai da Rua Barão de Tatuí na terça (28) às 15h.

Sertanejo

Pinga Ni Mim
Autoproclamado primeiro bloco de carnaval sertanejo de São Paulo (muitas primeiras vezes neste carnaval), o Pinga Ni Mim dá as caras na segunda (27), a partir das 16h, na rua Hélio Pellegrino.

Rock

Bloco 77 – Os Originais do Punk
Ainda investindo no formato hits do punk versão marchinha, o Bloco 77 rola nos dias 25 e 27, sendo a concentração na Rua Simão Alvares, 366, em frente ao Bar Real, a partir das 15h. 

Carnaval Punk no Morfeus Club
Com o incrível número de VINTE E DUAS bandas se apresentando, o carnaval punk no Morfeus rola a partir do sábado (25) às 16h.

Brutal Grind Fest X
Esse é só pra você que é roqueiro MESMO. No domingo, 26, vai rolar no Centro Cultural Zapata a partir das 16h o Brutal Grind Fest, que conta com seis bandas de grind e black metal, incluindo a Repudiyo, de Curitiba.

Quero Morrer Amigo do Metallica
É isso aí que você leu. Um bloco com DJs tocando o melhor do Rock Sarado™ e uma banda cover do Metallica (tocando as músicas como marchinhas, claro). No domingo (26) às 15h, na Rua Vinte e Quatro de Maio, 62.

Eletrônico

Sudakarnaval
A Sudaka, festa da Trackers, vai rolar em versão carnavalesca na sexta (24) a partir das 23h, com UBUNTO, FormigaDub e cia. limitada. 

Bandida Furiosa
O Bandida Furiosa é a fusão de dois coletivos de São Paulo: o Bandida, rolê minas do bass formado por Bad$ista, e o Baile Furioso, junção dos DJs e produtores Marginal Men e Pininga. A festa rola no sábado (25), às 16h, no Disjuntor. 

Síntese Coletiva + Áudio Insurgência
O CARNANOISE 2017 celebra o feriado do seu jeitinho com 15 apresentações em duas pistas da Trackers, no sábado (25), a partir das 23h.

Unidos do BPM
Bloco oficial da música eletrônica em São Paulo, o Unidos do BPM sai da Rua Nestor Pestana no sábado. às 15h. 

SP Beats
Na terça de carnaval, algumas das mais populares festas de rua de música eletrônica em São Paulo (Carlos Capslock, ODD, Sonido Trópico) se unem no bloco SP Beats, a partir das 15h no Lago do Arouche.

D-Rrete
A D-EDGE estreia seu bloco eletrônico nos dias 26 e 27 a partir das 16h, line-up ainda a ser anunciado. 

Funk

Mexe a Raba
Pra você que é nostálgico, a festa Mexe a Raba faz um especial Furacão 2000 na sexta (24), no Clube Caravaggio, a partir das 23h.

Bad Bish
Entusiasta do twerk, a Bad Bish especial Pancadão de Carnaval rola no Morfeus Club às 22h do domingo (26). 

Miscelânea

Ilú Obá de Min
O bloco afoxé de São Paulo, formado apenas por mulheres, dá as caras no carnaval na sexta (24), a partir das 19h na Praça da República. 

Carnafolk
Pra você que é entusiasta das sonoridades medievais, o Carnafolk é um festival de folk dos "celtas, vikings, bretões, gauleses" e companhia que rola no Galpão Gabaret com bandas de São Paulo e do Rio. No dia 25 a partir das 19h. 

Bollywood
No sábado (25), pegue sua saia longa e vá dançar no bloco Bollywood, que vai espalhar os sons indianos pela rua Augusta a partir das 10h. 


Veja o clipe de "Faça a Coisa Certa", do Zudizilla

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O  Zudizilla lançou seu primeiro disco cheio Faça a Coisa Certa bem no finalzinho de 2015, no dia 28 de dezembro, pra ser mais exata. Com 18 faixas, o trabalho traz as rimas do rapper gaúcho (nascido em Pelotas) em cimas de beats boom bap e foi bem influenciados pelo rap anos 90, com bastante scratching e colagens. Um pouco mais de um ano depois, nesta quinta-feira (16), o Zilla compartilha com a gente o clipe para a faixa-título do disco, que você assiste primeiro aqui no Noisey

Assim como o disco, a faixa ganhou esse título por causa do filme do Spike Lee Do The Right Thing (1989), que trata sobre o conflito racial sofrido pelo entregador de pizza Mookie (interpretado pelo próprio Lee) e os moradores de um bairro de Nova York cuja maioria dos moradores são negros. "Quando assisti esse filme, me vi na mesma narrativa do diretor, o que foi uma bosta, porque há quase 30 anos já eram apresentados ao mundo os problemas do homem preto e da sociedade", disse Zudizilla, que explicou que a letra da música é um desabafo de quando ele já tava cansado desse tipo de rap que aponta pra fora, ou por fora. "Passei a analisar muito mais meus problemas de fora pra dentro e, dessa forma, tentar me conectar com outros que pudessem estar passando por situações parecidas, o que é, na verdade, muito do intuito do disco. É como se eu fosse um Mookie contemporâneo o meu disco de rap fosse a minha pizza."

A música, que tem beat do Pok Sombra, parceiro de muito tempo do Zilla, ganhou vídeo gravado na cidade natal do rapper e dirigido por Marcelo Alves da MAV Filmes. Assista abaixo: 

MV Bill celebra trajetória no single “Vida Longa”

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Foto: Carlo Locatelli/Divulgação

"Feio e esperto, com uma cara de mal. A sociedade me criou mais um marginal. Eu tenho uma nove e uma HK, com ódio na veia, pronto para atirar". Quem nunca cantou isso na escola e diz que cresceu em bairro da ponte pra cá nos anos 90, começo dos 2000, tá mentindo. E bom, o MV Bill dispensa apresentações, certo? Contar o que o cara fez até agora soa como um enorme pleonasmo em relação ao seu nome. No rap há milianos, Bill contrariou as estatísticas: passou dos 30 anos e considera que este é um grande motivo para comemorar. Por isso, lança na virada desta quinta (16) pra sexta o single "Vida Longa", com beat assinado por Insanee Tracks e direção musical do Beni Ktt.

A faixa vem com o dedo na ferida de sempre, criticando a molecada que fala demais nas redes sociais, quem bate no peito, feio, fazendo escândalo dizendo que é pá dentro do rap e serve como uma mensagem de vitória para o rapper carioca e para tantos outros que passaram dos 30. Adiantando o lançamento do som, trocamos uma ideia com o Bill para entender mais sobre o que essa vitória significa para ele, seus planos para 2017 — que já adiantamos, estão bem otimistas e com vários trampos —, o momento que vive o rap e a participação dele no cypher "Favela Vive 2".

Rola um lance de subverter a ideia de "Vida Loka" usando o termo "Vida Longa" no som? Vejo isso principalmente quando você fala "Vida longa nós somos".
A subversão sempre esteve presente no rap, tanto de fora quando de dentro, mas sempre existiu. Estamos começando a ter os primeiros Tiozões do Rap Brazuca, muitos tiveram essa proximidade pela Vida Loka para chegar até aqui, e estes sabem bem o valor de ser Vida Longa. Antes não tínhamos sequer perspectiva de passar dos 30 anos, por isso muitos de nós comemoram a chegada dos 40. No meu caso, ainda ter relevância dentro do gênero me faz olhar para a vida como um verdadeiro troféu.

Você enxerga alguma mudança de perspectiva de vida para o jovem negro da periferia da sua época para hoje ou acha que as coisas estão na mesma?
Sim, muitas mudanças significativas e, principalmente, partindo dos próprios jovens que passaram a protagonizar histórias, principalmente as suas, e isso faz com que o jogo comece a virar. Por outro lado, o número de jovens que "optam" pela vida criminosa também cresceu. E o crescimento nesse sentido, assim como tudo na sociedade, se aprimorou. Neste caso, estes jovens se tornaram ainda mais corruptos, exalando mais maldade e insensibilidade.

No som você em alguns momentos critica uma molecada que fala demais nas redes sociais e o pessoal que paga de pá dentro do rap, mesmo não sendo nada.
As redes sociais viraram um território livre pra geral dizer o que quiser. Cada um ganhou um megafone! Mas nesse kit inclui também as consequências daquilo que se verborragia. O direito de falar, também te dá margem para ser cobrado pelo que diz.

Como você enxerga o rap hoje, depois de tanto tempo dentro dele?
Foi muito bom esse surgimento de novos grupos, novos temas, e até MCs que não vieram necessariamente da favela. Mas a necessidade de existir o rap que toca na ferida social ainda é latente. Do jeito que anda a política do país, eu acho que muitas pessoas acabam procurando o rap mais combativo para extravasar seus sentimentos. Alguns mais novos, como Síntese, Primeiramente, Antiéticos, por exemplo, já nasceram com esse DNA, enquanto vejo que alguns MCs mais velhos perderam essa essência.

Agora você lança a faixa "Vida Longa" e logo na sequência o clipe da mesma música. Você enxerga uma importância maior no audiovisual hoje?
O audiovisual já vem fazendo a cabeça da molecada no mundo todo há um bom tempo. Também passou a ser uma forma de manter a atenção do ouvinte até o final da música. É um caminho que tem alongado minha vida. A importância deste recurso é tanta, que muitos sons de hoje em dia só fazem sucesso por conta da forma como foram lançados.

Comecei a ouvir seus sons na época do Traficando Informação e você continua sendo relevante no rap até hoje. Qual o segredo pra se manter e pra não se repetir depois de tanto tempo?
Obrigado, meu parceiro! Sempre me mantive antenado no que acontece nas favelas do Brasil, faço dois programas (rádio e TV) ligados a cultura hip hop, o que me deixa sempre ligado no que tá rolando. Além do mais, o rap é uma música competitiva, então coisas boas ou ruins que estão acontecendo de forma geral sempre estão inspirando uma nova letra.

Além de "Vida Longa", você tá preparando mais um monte de novidade pra 2017. Vem um álbum por aí? O que a gente pode esperar?
Sim, este ano vou trabalhar bastante (risos). Talvez, mas não é minha prioridade. Eu tô curtindo mais os singles! Pra mim que já tenho vários hinos que marcaram o rap nacional, lançar as novidades por etapas traz mais excitação para produzir outras.

A sua irmã, Kmila CDD , sempre colou com você e hoje a gente vive um momento em que as minas estão chegando mais no rap, que sempre foi um ambiente bem machista. Como você enxerga essa chegada das mulheres no rap? Isso faz o machismo ser debatido dentro do rap?
A Kmila CDD já toca comigo há muito tempo, já participou de vários sons importantes na minha carreira. Aliás, ela mora em uma das partes mais cabulosas da Cidade de Deus, já viu e ouviu muitas histórias sinistras, gostaria muito de um dia ouvir as ideias dela em forma de rap, deve ser foda!

No fim do ano passado você participou do "Favela Vive 2", que gerou uma recepção muito positiva da galera, além de ter tido view pra caralho. Como foi pra você participar dele ao lado de um pessoal mais novo, como o ADL e o BK' , além do Funkero , que já é mais das antigas?
Foi muito bom ter uma música tão aguardada e bem visualizada como o "Favela Vive 2"! Em tempos de raps inofensivos e egocêntricos, uma letra dessa, feita de forma coletiva, e que fala do coletivo, com uma repercussão dessas é realmente muito bom. Fiquei muito agradecido com o convite dos caras do ADL e me diverti demais com a presença dos demais companheiros.

Qual a importância dessa onda de cyphers — como o " Poetas no Topo " e o "Favela Vive", por exemplo — pro rap nacional hoje? Você acha que essa é uma boa ideia pra trazer a molecada pro rap?
Cypher me remete aos primórdios do hip hop, em que todos se encontravam para rimar em rodas nos anos 80, exatamente como nas cyphers, só não eram filmadas e compartilhadas, guardava-se tudo na mente! Mas a cultura hip hop é vasta e tem muitas coisas a serem exploradas e desbravadas. É isso que vai trazer a molecada pra perto se quisermos ter "Vida Longa".

Os devaneios vêm do firmamento no novo clipe do Pedro Flores, “Céu Azul”

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Belo Horizonte não tem esse nome à toa. Basta perambular por suas ruas que, a cada colina, um belo horizonte se apresenta à sua frente. O Pedro Flores é um cara que sabe bem disso e aproveitou essa deixa pra gravar o clipe de "Céu Azul", que você vê exclusivamente no Noisey nesta quinta (16).

Pedro conta que decidiu fazer um clipe para "Céu Azul" porque a música toca bastante na Rádio Inconfidência, de BH. Além disso, optou por não ousar muito. "Como foi o primeiro clipe do disco eu quis manter a mesma linha que toda a produção do disco teve, fazendo um vídeo bem pessoal e simples". Para isso, ele registrou o passo a passo de uma tradicional viagem de fim de ano para Curitiba, e sempre mostrando o céu, numa vibe bastante devaneada, bem característica ao som.

No fim das contas, o clipe também serviu como uma declaração de amor. Sua namorada, Carol, é a única pessoa que aparece no clipe todo. "A música fala meio que sobre a distância de quem a gente gosta, então eu tive que colocar a Carol no final. Ela ficou meio sem graça quando viu, mas adorou. Eu sou um cara romântico! (risos)."

O Testemolde deu um tempo com as suas próprias fórmulas

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Pausa, o nome do novo EP da banda de rock instrumental Testemolde, traduz um pouco da fase vivida pela banda no momento. A obra assume o título dado à imagem da capa, de autoria do guitarrista Azeite, que é artista plástico e partiu para estudar numa temporada de seis meses fora do país. Mas, se levarmos em conta somente os aspectos musicais e viajarmos de leve na maionese, dá para fazer outra analogia.

Em contraponto ao antecessor Hidroxila (2015), o lançamento da Sinewave representa um breque na fórmula que o trio vinha apresentando desde 2008, quando começou como um quarteto com voz. Azeite de Leos, David Menezes Davox (baixo) e Guilherme Garcia (bateria) continuam a passear entre a agressividade do hardcore e o grunge metalizado. Dessa vez, no entanto, nenhum riff se repete nas faixas — "Somália" e "Helena" —, o baixo vira carro-chefe, e as bases estão mais carregadas, pesadas e lentas.

O investimento da banda na criação dos riffs já vem progredindo, desde 2012, a cada novo trabalho, como efeito ao mesmo tempo de uma liberdade e de uma lacuna deixadas pela saída do vocal. "Na transição, o David largou a segunda guitarra e assumiu o baixo", explicam os músicos por escrito. "Somos o que somos porque acabamos começando a compor músicas que não necessitassem de voz, e, cada vez mais, a trabalhar em riffs elaborados a fim de suprir essa ausência de um vocalista."

Ouça Pausa na íntegra no player abaixo ou baixe o disco lá no site da Sinewave.

Veja a LAY ao vivo na WME Sessions

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A Women's Music Event, plataforma digital de música, negócios e tecnologia que tem o intuito de dar mais protagonismo às mulheres, lançou uma websérie de vídeos de apresentações ao vivo, a WME Sessions. A cada episódio, uma artista nacional é convidada para tocar e falar um pouco sobre o seu trabalho, feminismo e a condição da mulher no meio musical atual. A primeira sessão rolou com a rapper Tássia Reis e, nesta sexta-feira (17), o a WME estreia o segundo vídeo da série que, dessa vez, foi protagonizado pela LAY. Você assiste com exclusividade aqui no Noisey.

LAY, que lançou o seu EP de estreia 129129, produzido pelo Léo Grijó, no ano passado, apresenta algumas faixas do álbum, tais como "A Busca", "Ressalva" e "Mar Vermelho", além do feat com Don L, "Chapei". A rapper de Osasco também comentou sobre as suas influências na estética de rappers mulheres do anos 90, como Lil' Kim e Foxy Brown, e a veia de reggae/dancehall que permeia seu trabalho.  Assista abaixo:

Idealizado pela jornalista Claudia Assef e pela produtora cultural Monique Dardenne, o Women's Music Event está organizando uma conferência em São Paulo, que vai acontecer nos dias 17 e 18 de março, em local ainda a ser anunciado. De acordo com Monique, o evento vai abranger painéis sobre os mais diversos assuntos ligados ao universo musical, de negócios a tecnologia, além de workshops técnicos e showcases. No total, serão cerca de 55 mulheres [entre artistas, executivas, jornalistas, técnicas, engenheiras e produtoras] participando dos 11 painéis e dos 5 workshops na programação, além de 3 pocket shows. Ainda haverá duas festas, uma de música eletrônica e outra de música pop na programação noturna. Os ingressos para o evento começarão a ser vendidos na próxima segunda-feira (20).

Dentre os painéis já confirmados, estão: um debate sobre as "Estratégias por Áreas dos Grandes Rappers da Atualidade", que contará com a participação da Daniela Rodrigues (manager do Rashid), Marina Helena (Manager do Black Alien), Raíssa Fumegalli (produtora  do Emicida) e mais duas mulheres a confirmar; uma mesa sobre "Assédio na Estrada", com uma delegada da Delegacia da Mulher e convidadas; e uma conversa sobre "Crise ou Oportunidade?" com a Leca Guimarães (gerente de projetos da Geo e representante do Lollapalooza), Paola Wescher (sócia do festival Popload) e mais duas convidadas a confirmar.

Os workshops programados são os três seguintes: "Preparação de voz - Técnicas de aquecimento, preparação de voz para grandes tours e gravações, exercícios vocais"; "Tour Management - O que faz uma tour manager? Organização, precisão e logística"; e "Synth Gênero - Uma aula demonstrativa sobre sintetizadores".

Os nomes até o momento que já  foram confirmados para a conferência são:

Fátima Pissarra (Diretora do VEVO)
Leca Guimarães (Lollapalooza) 
Paola Wescher (Popload Festival) 
Daniela Rodrigues (Manager do Rashid)
Raíssa Fumagalli (Produtora do Emicida
Marina Helena (Manager do Black Alien
Karina Buhr (artista)
Tássia Reis (artista)
LAY (artista)
Mahmundi (artista)
Érica Alves (artista)
Cashu (Mamba Negra / Radio Virus) (artista)
Rimas & Melodias (artista)
Badsista (artista)
Lei Di Dai (artista)

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