Quantcast
Channel: VICE BR - Noisey BR
Viewing all 1388 articles
Browse latest View live

O magüeRbeS lembra que a mudança começa em você no clipe de “Obrigado Vida”

$
0
0


Foto: divulgação

"Obrigado Vida", o novo clipe do magüeRbeS, vem grifar a antiga relação de seus integrantes com a street art. Na ativa desde 1994, quando surgiu em Americana, interior de São Paulo, a banda tem em sua formação gente que há 15 anos atua em parceria com o coletivo SHN, que, entre suas ações, trabalha com colagens, oficinas, expos de lambe-lambe, serigrafia e vários outros lances. Daí que o Haroldo Paranhos, vocalista, um dos cabeças do coletivo, é um cara conhecido por sua visão positiva das coisas. Ele sempre diz que a vida é maravilhosa e resolveu passar essa mensagem não só por meio do som, mas também da intervenção urbana. Eles então fizeram uns pôsteres e stickers e saíram colando pelos muros de São Paulo. O registro da ação, a princípio, era para ser só isso, um registro para viralizar nas redes.

Só que a mensagem chegou muito mais longe do que os músicos esperavam. A galera que segue o magüeRbeS começou a reverberar a ideia e surgiu a hashtag #ObrigadoVida — e não demorou para que criassem o Instagram @obrigadovida. Diante da repercussão, a parada evoluiu, virou um clipe. O curioso é que, numa época em que a maioria das bandas de punk e metal estão lançando sons e clipes com uma visão pessimista das coisas, o magüeRbeS surge com um discurso na contramão. “O nosso novo disco, Futuro [Hearts Bleed Blue], é quase todo orientado para entender as possibilidades de se ter uma boa conversa sobre acreditar que você pode ser a mudança, que um mundo melhor depende de você, de como você cria seus filhos, trata os seus iguais, lida com o meio ambiente”, filosofa o vocalista. “’Obrigado Vida’ pode parecer piegas, clichê de religião ou partido, mas, muito pelo contrário, o tempo passa muito rápido, temos que criar momentos especiais, mesmo dentro de um furação de filhadaputagem, destruição, ódio, mentiras e guerras.”

O guitarrista Fabrizio Martinelli, que dirigiu, captou imagens e montou o clipe, comenta que “um rolê de colagem assim é o cotidiano do SHN, e trazer isso para o magüeRbeS foi muito natural. O Daniel [Cucatti – SHN Tattoo] fez essa arte nova, com um lettering inspirado naquelas clássicas placas de caminhão, e na hora eu já pensei em fazer uma tattoo. Daí, foi só produzir os pôsteres, adesivos, organizar o rolê e sair gravando”. Essa não é a primeira vez que o grupo assume um projeto vinculado à street arte, mas é o primeiro que contou com um plano de ação amarrado. “Quanto há de marketing e de ativismo nessa história?”, reflete Haroldo. “Acho que de tudo um pouco, na dose certa, segundo o nosso critério. Há duas décadas fazemos tudo de modo independente, a arte, a música, os shows, a rua, o estúdio de ensaio e gravação, o ateliê de impressão. As ideias saem daqui de dentro e são realizadas entre bons amigos. Se é verdadeiro, é o que vale pra gente.”

Desde a fita demo Passanumar, de 1996, o magüeRbeS tentou alcançar uma identidade mais do que representar um estilo. “Somos da geração Juntatribo”, explica Haroldo, “e nessa época a busca por autenticidade era fodida. A energia que a música têm é muito intensa, muito real. Crescemos livres para fazer nossas próprias escolhas com a música. Sempre foi muito orgânica e natural essa construção.” Musicalmente, a faixa “Obrigado Vida” condensa bem a cara que o conjunto lapidou nesse tempo todo: guitarras pesadas, melodia e tempos marcados que se confundem entre o hardcore, o metal e o rap. Como diz o press release: indicado para pessoas de cabeça aberta.

O magüeRbeS está nos muros e nas redes: Facebook | Bandcamp | Twitter | Instagram

Siga o Noisey nas redes: Facebook | SoundCloud | Twitter


O Brinquedo encarnou o Jeca Tatu no clipe de "Roça Roça 2"​

$
0
0

O MC Brinquedo, no alto dos seus 15 anos e com seu já vistoso bigodinho ralo, venceu na vida. A gente sabe disso e ele nos lembra o feito no clipe de "Roça Roça 2". O que começou com "a novinha não me quer só porque eu vim da roça" continua agora no vídeo à la Mazzaropi, no qual o jovem canta: "Agora a novinha me quer porque virei morador da cidade". Cenas em que Brinquedo capina uma roça se mesclam ao MC zuando muito na avenida Paulista, braços abertos, no topo de um teto solar de uma portentosa BMW. O clipe, aliás, é mais um golaço do Kondzilla. Veja abaixo:

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter

Este sueco usou duas mil bolinhas de gude pra fazer um instrumento musical

$
0
0

Se a sua pré-adolescência antecede (ainda que pouco) os anos 2000, época em que smartphones e todas essas tecnologias não existiam, sabe o quão maneiro era jogar bolinha de gude no intervalo da escola. Apostar com as bolitas com os coleguinhas e colecioná-las foram rituais que fizeram parte da rotina de muita criança ao redor do mundo. E uma delas foi o Martim Molim, o sueco e músico da banda instrumental Wintergatan

Só que a paixão dele foi um pouco além: em 2014, depois de ter feito uma visita ao Speelklol Museum e ter se deparado com uma “marble machine” (máquina de bolinha de gude, em português) feita pelo engenheiro canadense Matthias Wandel, Molim resolveu criar a sua própria máquina de bolinhas de gude. Por isso, ele juntou 2000 bolitas, 500 peças de lego e muita madeira pra poder construí-la. 

“Sempre fui apaixonado por bolinhas de gude e trabalhos com legos’”, me disse Molim por Skype. “Então,quando conheci a do Wandel, pensei que seria daora fazer uma que pudesse programá-la para tocar qualquer música que eu quisesse”. 

No começo, Molim achou que ia gastar no máximo dois meses pra terminar a máquina inteira. “Comecei em novembro e jurei que até o natal de 2014 a minha marble machine estaria no jeito”, comentou. “Mas, na verdade, eu levei 14 meses. Só consegui finalizá-la em janeiro de 2016 e em março soltamos o vídeo, que virou viral na internet em pouco tempo”.

E viralizou mesmo: o vídeo tem quase 18 milhão de visualizações no YouTube e a banda angariou mais curtidas no facebook também. “Acho que dificilmente alguém do Brasil, por exemplo, conheceria a gente — um quarteto de folk instrumental da Suécia — se não fosse a Marble Machine”, comentou Molim. 

“Mas a real é que existem várias dessas máquinas por aí”, me disse, explicando que há toda uma subcultura na internet em torno dessas máquinas . “Se você pesquisar, vai encontrar vários sites sobre ‘marble machines’ e vários canais de YouTube que mostram o processo de construção delas”, disse. “Todas se baseiam em estruturas de madeira com a versão de metal das bolinhas de gude — mais conhecidas como ‘bolinhas de rolamento’. A única coisa de diferente que eu fiz foi porgramá-la pra tocar música”.

Composta por um bumbo, uma caixa, um chimbau, um prato, um baixo elétrico e um vibrafone, a máquina foi usada pra faixa “Marble Machine”, que, segundo o Molim, foi composta a fim de demonstrar todas as funcionalidades do instrumento. “Mas vamos usá-la nas nossas próximas músicas e estamos pensando num jeito de levá-la pros shows”. 
 
Depois da Marble Machine, o Molim está construindo mais um instrumento: a Music Box, uma espécie caixa de música motorizada. “Ela vai funcionar como um quinto elemento da banda nos shows e estou documentando o processo de construção dela pelo meu Instagram”
Bom, saca só como vai funcionar a Music Box:

 

End of day 9 Music Box Build, Ready for sound test! Almost completed. #Wintergatan #musicbox #woodworking

Uma foto publicada por Wintergatan (@wintergatan2000) em

Uma foto publicada por Wintergatan (@wintergatan2000) em

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter

O Salve Geral do PCC dado pela música

$
0
0

Há dez anos, São Paulo parou. Pânico na Zona Sul. Pânico em SP. Caos mental geral. Na noite de 12 de maio de 2006, sexta-feira, a maior organização criminosa da história do Brasil, o PCC, pôs em prática um ataque simultâneo a dezenas de alvos pela cidade e motins por cadeias em todo o estado. 59 agentes policiais foram mortos. A retaliação veio com força total, de farda ou capuz, e, nos dias seguintes, centenas de civis morreram por arma de fogo. Este bangue-bangue urbano moderno virou São Paulo do avesso, e, guardadas as devidas proporções, deixou uma marca profunda na psiquê coletiva da cidade, à lá 11 de setembro. Aproveitamos a ocasião de uma década dos Crimes de Maio para relembrar, com uma série de matérias em todos os nossos sites, a fatídica semana, um trauma social que até hoje tem imensa influência na sociedade paulista, das favelas ao Jardins, passando pelo Palácio dos Bandeirantes.


O rapper Cascão. Reprodução do Youtube.

Por retratarem o dia a dia das periferias do Brasil, o funk e o rap sempre foram honestos na hora de falar sobre o crime, a violência policial e o tráfico de drogas. A partir dos anos 1990, surge um tipo específico de funk que fazia apologia a facções criminosas no Rio de Janeiro, que viemos chamar de "proibidão". Quem conta essa história melhor é o antropólogo paraibano Hermano Vianna que, no seu livro Mundo Funk Carioca, explica como esse gênero do funk começou a ser feito depois que os bailes tiveram que migrar  "do asfalto" (ou seja, em clubes fora da comunidade) para dentro das favelas, por causa da proibição do poder público carioca, que alegou que essas festas traziam "muita violência" pro centro da cidade.

Basicamente, foi assim: para que os bailes funks pudessem rolar dentro da quebrada, os funkeiros precisavam da "bênção" dos criminosos que comandavam determinada favela. Por isso, eles começaram a fazer músicas com letras que exaltavam facção x ou y, dependendo do local onde estavam tocando — funcionando meio que como uma "troca" de favores entre MC's e traficantes.

Esse esquema carioca foi copiado no estado de São Paulo logo depois que o funk começou a chegar na Baixada Santista, no final década de 90. E mesmo antes de 2006, já rolavam raps e funks que abordavam criminalidade, tráfico e até exaltavam algumas facções criminosas principalmente porque no começo dos anos 2000 foi a época em que o proibidão estave "mais em alta". Então, era meio óbvio que, depois dos "Cinco Dias de Terror" promovidos pelo Primeiro Comando da Capital  (PCC) em maio de 2006, iriam surgir uma porrada de músicas que ou relataram o ocorrido ou que faziam apologia direta ao PCC. 

Dentro da imensa variedade de músicas que fazem referências ao PCC/Salve Geral, selecionamos oito que têm referências diretas e explícitas aos ataques de maio de 2006. Ouça abaixo:

MC Keké e NB - “Cinco Dias de Terror” (“Quem Manda é o PCC")

Assim como em muitas das músicas, o muleques da Baixada Santista MC Keké e MC NB chamam a série de ataques de "cinco dias de terror": "Cinco dias de terror/ Que o Brasil parou pra ver/ Quem manda/Quem manda/ Quem manda é o PCC". 

MC Zóio de Gato - “Primeiro Comando”

O menino do Grajaú (zona Sul de São Paulo) Dener Antonio Sena da Silva, mais conhecido como MC Zóio de Gato, se pá foi o funkeiro paulistano que ficou mais famoso cantando funk apologia ao PCC. Morto aos 16 anos por causa de um acidente de carro, Zói foi autor do proibidão "1º Comando", faixa na qual dizia: "Foi cico dias de terror/ que a Zona Sul tremeu/ Quem abalou a Zona Sul foi o Bonde do Zebedeu".
 

MC Daleste - “É Só Bala de AK”:

O MC Daleste também foi um dos principais MC's a engrenar no funk apologia/ostentação em terras paulistanas. Morto em 2013 durante um show em Campinas, Daleste, antes de fazer "O Gigante Acordou", tinha feito "É Só Bala de AK", faixa na qual chama o Salve Geral de 2006 de "ataque soviético contra a opressão": "Foi cinco dias de terror que o Brasil parou pra ver/ Provado veneno sentiu desespero porque a penha é o poder". 

MC Keké - "É o Menor"

Mais uma do Keké: "Nos 5 dia de terror tipo Afeganistão fechamo as loja/ Colocamo fogo lá nos buzão sem atingir os inocentes/ Aqui não tem covarde a nossa guerra todos sabem e contra as autoridade".

Trilha Sonora do Gueto - “Fala Que É Nóis”

No rap paulistano, o Trilha Sonora do Gueto, liderado pelo rapper Cascão, foi o principal grupo a mandar um salve ao PCC nas suas músicas, como em "Fala que É Nóis", de 2012:  "Os atentado é pra mostrar que o comando é de verdade/O sistema tá ligado que o comando tá crescendo/Que a cada dia mais armado, nóis não tá podendo/Se cansamo de ficar vendo a polícia matar".

Cascão - W2 Proibida

Já em 2015, o Cascão lançou "W2 Proibida", agora salve geral encomendada pela própria facção, segundo disse o rapper em uma entrevista à Carta Capital

MC Primo - PCC Contra Ataca


MC Primo foi mais um dos nomes do proibidão da Baixada Santista. Assassinado em 2013, o funkeiro que tinha então 32 anos fazia funk sobre a criminalidade em São Vicente, sua cidade natal, e faz apologia à facção criminosa em "PCC Contra Ataca".

MC Tartaruga - Salve Geral

"As favela fica alaerta com o Salve Geral/Nos quatro cantos do Brasil, foi manchete nacional", canta o carioca MC Tartaruga no seu salve geral ao PCC.

MC BR da 28 - Sou CV sou PCC

O MC BR da 28 foi mais um carioca a fazer funk sobre a união entre Comando Vermelho (facção criminosa do Rio de Janeiro) com o PCC.

Siga o Noisey nas redes: Facebook | SoundCloud | Twitter

Stoned Jesus: "Não seja um pau no cu"

$
0
0


Foto: divulgação

Nesta semana, o Stoned Jesus entra para a história como a primeira banda da Ucrânia a fazer uma turnê pela América Latina. O trio de rock pesadão egresso de Kiev, capital do país, vivencia as alegrias e infortúnios de trafegar por distâncias tão longínquas para promover o recente álbum, The Harvest. A etapa brasileira da trip que inclui Argentina e Chile passa pelo Rio nesta sexta (13), por São Paulo, no sábado (14), e termina em Florianópolis, no domingo (15). O grupo, trazido pela iniciativa da produtora Abraxas, é o mais destacado expoente de um cenário atualmente em ebulição.

Embora possa ser preguiçosamente definido como stoner, o som passa por variantes que vão de músicas rápidas e curtas até guitarras massudas, tempos quebrados e composições complexas, longas e arrastadas. Em The Harvest, especificamente, o metal alternativo moderno encontra o Black Sabbath e o Led Zepellin. A fusão de referências inclui o doom e o prog metal, além do rock setentista. Igor (vocais e guitarra), Viktor (bateria) e Sergii (baixo) chegam ainda quentes da recente turnê europeia com os franceses do Mars Red Sky, que também já passaram pelo Brasil.

Troquei uma ideia com o Igor sobre o disco atual, a cena ucraniana, influências, clichês de maconheiro, vida na estrada e fanatismo religioso. Chega aê:

Quão relevante vocês consideram o The Harvest na discografia da banda?
Igor: Ah, sim, The Harvest é definitivamente o nosso melhor álbum, em termos de sonoridade e execução, até hoje. Todo mundo dedicou 100% de si, o que dá pra notar pelo resultado. As músicas podem soar mais densas, especialmente para aqueles que esperavam por um Seven Thunders Roar Volume II da nossa parte. Quero dizer, eu amo o conteúdo de The Harvest, mas elas levam mais tempo para as pessoas que estão acostumadas com o nosso usual stoner rock digerirem e se acostumarem — provavelmente, porque essas canções nem são stoner rock, pra começo de conversa.

Os fãs antigos do Stoned Jesus andam curtindo a fase atual, mais trampadona?
Esse é o problema que meio que temos tido com alguns ouvintes. Eles têm essa ideia pré-concebida do que o Stoned Jesus é, e constantemente somos pegos por esse lance de atender às suas expectativas. Isso rola porque a nossa proposta não é ficar engessado musicalmente no stoner. É natural pra gente mudar e experimentar de um disco para o outro, então não faz sentido a galera ficar contando com a mesma sonoridade a cada dois ou três anos. Sobre os cortes de The Harvest, nós ensaiamos as faixas por cerca de dois anos antes de registrá-las em fita, então com certeza já estamos mais do que familiarizados com elas, enquanto uma parte do público, não. Mas há várias coisas que o pessoal vai curtir, até os fãs de First Communion — sim, estou me referindo a “Rituals of the Sun” aqui!

Podecrê. E eu tenho ouvido falar que a cena de música pesada em Kiev está em seu melhor momento. É isso mesmo?
As coisas estão em chamas, na real. Houve um massivo revival há cinco ou sete anos, com uma nova geração de jovens músicos vindos do underground lançando demos e EPs de modo independente, fazendo shows para plateias pequenas, mas fieis, e até saindo em turnês DIY. É claro que ¾ dessas bandas agora já acabaram ou seguem adiante meio devagar, mas essa explosão deu início a toda a nova onda ucraniana da música independente. Eu citaria algumas delas — Ethereal Riffian, 5R6, Somali Yacht Club, My Personal Murderer, City Of Me, Cold Comfort, Sectorial, Septa —, mas há uma dezena de outras ótimas bandas da Ucrânia para se descobrir.

Por que o Led Zeppelin e o Black Sabbath sempre reverberam nas composições das bandas novas que se propõem a levar adiante o heavy metal?
Porque eles foram muito grandes nas antigas, eles podiam fazer o que quisessem, e, geralmente, isso resultava em músicas muito foda. Eles tinham grana, turnês massivas, eram verdadeiras estrelas, mas eles também foram caras simples e trabalharam que nem loucos nesse objetivo. E isso é algo que a maioria das pessoas não está ligada, elas julgam pelas fotos do Ozzy ou do Page cercados de groupies cheirando pó.
Hoje nós não temos mais estrelas pop como essas porque a música deixou de ser sobre arte, é mais a respeito de vender as suas merdas. Não são mais indivíduos que fazem música hoje em dia, são as corporações, os conglomerados. E eles precisam vender coisas, muitas coisas. Admiro o fato de que há pessoas que conseguem fazer as coisas que querem e ainda assim serem populares (alguém pensou no Kendrick Lamar?), mas a maioria dessa galera é 100% das antigas, do King Crimson ao Tool, passando pela Bjork e o Paul McCartney. E nós estamos perdendo essa geração com certa rapidez, Bowie, Lemmy, Emerson, Prince, entre outros. Quem sabe o que será da música em 2026?
É por isso que o pessoal que está por aí espalhando informação é crucial, é por isso que entendo os caras de calça boca-de-sino que se vestem igual seus avós se vestiam no passado. E quando eles não apenas tiram inspiração (e às vezes riffs) dos grandes, mas também acrescentam um pouco de identidade, é aí que temos o melhor desses dois mundos.

Que outras coisas influenciam o som e as letras do Stoned Jesus, fora a música?
Essa é a vida, tudo o que nos cerca pode virar música, quer intencionalmente ou não. Eu, particularmente, encontro paz caminhando num parque. Moro perto de um em Kyiv que é enorme e muito bonito. Eu também sempre amei ler sobre os meus músicos favoritos – ou, de vez em quando, ler alguma coisa acerca de algum músico que não é tão familiar, mas de quem posso virar fã. Então, eu acho que isso ajuda, também. No momento, estou no meio daquele Bowie In Berlin, então não vá achar estranho se o próximo trabalho do Stoned Jesus soar um pouco mais na manha [risos].

Eu li em algum lugar uma frase em que vocês dizem “Nós não somos o Cheech & Chong”. Em que contexto essa declaração surgiu?
Isso parece uma ideia tão automática na cabeça de muita gente. Eles se deparam com o nome e pensam que já sacaram tudo. Eu devo confessar que certa vez vi uma banda no Bandcamp chamada “Stonerider”, e quase deixei passar por causa do nome bobo. Por sorte, eles não eram aquela típica banda genérica de stoner rock, eles têm muito estilo para entrarem nessa. Isso faz parte do motivo pelo qual nós usamos essa frase, também. Veja bem, a nossa banda foi nomeada com o intuito de tirar um barato dos clichês do gênero, mas tem gente que entende isso literalmente. Essas pessoas logo imaginam que se trata de um projeto que exalta a maconha, as bongadas, os baseadões, aqueles dois riffs alternados, e não uma abordagem sobre a estranheza dos nossos tempos, letras aprofundadas e melodias bem concebidas que temos buscado criar desde o primeiro dia. Beleza, vai, talvez desde o segundo álbum. Mas você entende o que quero dizer, né? Então, sim, nós somos definitivamente mais do que o título sugere, e corta meu coração topar com alguns comentários no YouTube dizendo coisas como “vim por causa do nome, fiquei por causa da música”. Não entrem nessa, pessoal, botamos fé em vocês.

Quando você montou a banda, imaginou que um dia o rock te levaria a conhecer culturas diferentes?
Eu me lembro de quando os primeiros músicos pularam fora e eu pensei algo como, “beleza, acho que é isso, talvez seja melhor eu voltar a me concentrar no meu trampo de escritório”. Mas uma ou duas semanas depois eu já estava praticando com outros dois caras, e o resto é história. Sair em turnê sempre foi a minha maior fantasia, então eu passei cerca de seis meses agilizando os preparativos, disparando e-mails (500 mensagens para cinco shows realizados – muito louco, né?), marcando as datas, descolando van e motorista, acertando as acomodações e tudo mais. Perdemos muita grana naquela turnê, enquanto um sujeito comum provavelmente estaria concentrado no trabalho da firma.
Só que não tinha mais volta depois que perdi o emprego em 2014 (nunca mais arranjei um desde então), e aqui estamos nós agora – nada de sofisticados esquemas promocionais, nada de pagar pra tocar nos lugares durante as turnês, nada de grandes gravadoras (ainda!), apenas amor e dedicação. E, claro, eu posso dizer o mesmo sobre os nossos fãs, são eles que nos fazem chegar nos lugares. Do contrário, nunca tocaríamos em qualquer pico!

O que você leva como aprendizado de vida das experiências em turnê?
A coisa principal que aprendi nas turnês é simples – não seja um pau no cu. Há pessoas em volta de você que estão trampando, e você precisa demonstrar gratidão por isso. É claro que você passou um tempão na estrada, não toma banho desde o dia anterior, não faz sexo há duas ou três semanas, não conversa com ninguém a não ser os convivas de quem você já está enjoado, mas, qual é. Estamos nessa pela música, não estamos? Então é bom que você vá até lá, meu mano, e dê o seu melhor!

Vocês já tiveram problemas com os fanáticos religiosos por causa do nome da banda?
Parece que esporadicamente, a cada um ou dois anos, sempre vai aparecer alguém pra encher o saco, mas só enquanto não formos grandes o suficiente para ser percebidos por esses comédias, daí piora. Mas sabe que rolou um negócio na Rússia faz pouco tempo – eles cancelaram Belphegor, Batyushka, Behemoth, e até shows do Marylin Manson por causa dos fanáticos religiosos. Espero que não aconteça nada disso conosco na América do Sul, senão corremos o risco de ser jogados lá de cima da estátua do Cristo, no Rio [risos].

--

STONES JESUS NO RIO DE JANEIRO (13/5, sexta)
Teatro Odisseia
Avenida Mem de Sá, 66, Lapa
Line-up: Stoned Jesus e Saturndust
Horário de abertura da casa: 18h (Saturndust, às 19h, e Stoned Jesus, às 20h)
Ingressos: R$ 60 (antecipado), R$ 80 (meia, na hora) e R$ 160 (inteira, na hora. Clique aqui para comprar

STONED JESUS EM SÃO PAULO (14/5, sábado)
Inferno Club
Rua Augusta, 501, Consolação
Line-up: Hierofante, Stardust e Stoned Jesus
Horário da abertura da casa: 18h (Hierofante, às 19h, Stardust, às 20h, e Stoned Jesus, às 21h)
Ingressos: R$ 60 (antecipado), R$ 80 (meia, na hora) e R$ 160 (inteira, na hora). Clique aqui para comprar

STONED JESUS EM FLORIANÓPOLIS, SC (15/5, domingo)
Célula Showcase
Rodovia João Paulo, 75
Line-up: Cobalt Blue e Stoned Jesus
Horário de abertura da casa: 18h
Ingressos: R$ 40 (promocional/meia entrada do 1 º lote), R$ 80 (inteira do 1º lote). Clique aqui para comprar


O Stoned Jesus está no Facebook, Bandcamp e Twitter

Siga o Noisey nas redes: Facebook | SoundCloud | Twitter

A coisa tá preta no novo clipe do Rincon Sapiência

$
0
0

O Rincon Sapiência escolheu justamente esta sexta-feira (13), Dia da Abolição da Escravatura, para lançar "A Coisa Tá Preta", o primeiro clipe do seu disco de estreia, "Galanga Livre". 

"Quis fazer um contraponto e transformar 'a coisa tá preta', uma expressão racista usada geralmente pra descrever coisas ruins, em uma coisa boa, pra elevar a auto-estima do povo negro ", disse Rincon ao Noisey, por telefone. "No clipe, a ideia foi trazer imagens da quebrada com moda contemporânea afro, o que casou legal com o tom descontraído, mas crítico da música."

Trabalho da Boia Fria Produções em parceria com a Porqueeu Filmes, o clipe foi dirigido pelo Luis Rodrigues e pelo próprio Rincon Sapiência, além de contrar com direção de fotografia e câmera da agência Na Lata. "Fizemos as filmagens no Arthur Alvim, bairro em que eu cresci e onde também gravei meu primeiro clipe, 'Elegância'". 

Depois do promocional Promotrampo Volume I (2009) e do seu EP SP Gueto BR (2014), o Rincon está se preparando pra lançar o seu primeiro álbum cheio, que, segundo ele, ainda não tem data certa de estreia, mas deve sair nos próximos meses. Assista ao clipe abaixo:

Siga o Noisey nas redes: Facebook | SoundCloud | Twitter

O Shyy, projeto com integrantes do Abske Fides, Noala, Afro Hooligans e Reiketsu, soltou uma nova demo

$
0
0


Fotomontagem: divulgação

O Shyy é um projeto de integrantes do Abske Fides, Death By Starvation, Reiketsu, Plague Rages, Noala, Afro Hooligans e Horns of Venus. Surgiu em 2007, com a proposta de investir nas estéticas mais depressivas e catárticas do black metal. Rapidamente a identidade do grupo caminhou para um perfil que conjuga atmosferas melódicas e limpas com construções vindas do gótico, do pós-punk e do indie rock. Para alguns, essa química resulta numa coisa que se entende como “pós-black metal”.

Depois de uma demo, lançada em 2008 no MySpace; da participação na coletânea chinesa The World Comes To An End In The End Of a Journey (Pest Productions), em 2009; e dos três sons contidos em The Path Towards Forgetfulness (2012), o quarteto formado por Paulo (bateria), Kiko (guitarra), Fred (guitarra) e Marcos (baixo, vocal) acordou do hiato de uma Copa para retomar os trabalhos com injeção de seriedade.

A demo que vocês escutam aqui traz duas faixas da nova fase, agora sólida, do Shyy. Trata-se de uma fiel amostra do que está por vir no álbum em que eles trabalham atualmente, prometido para o segundo semestre. “Desfalecer” e “Afogar-se” foram produzidas pelos próprios músicos no Estúdio Duna, em São Paulo. Cata a entrevista que fiz com o Fred:

Noisey: De 2007 para cá, já são quase dez anos desde que vocês começaram. O que mudou no som do Shyy, ou, como ele evoluiu, amadureceu?
Fred: A proposta inicial, de 2007, continua sendo a mesma: mesclar nossas influências do black metal com outras referências do rock mais escuro, como o gótico, o pós-punk e o rock alternativo dos anos 90. Acho que amadurecemos um pouco no refinamento das composições, nos detalhes dos arranjos de voz e dos instrumentos e na produção, mas musicalmente continuamos com a mesma forma. Esse foi o principal ganho desde a demo.

O Shyy ainda é considerado um projeto paralelo? O que isso significa, em termos criativos?
O Shyy surgiu para aplicar ideias que não se encaixavam mais no Abske Fides, pois já havíamos migrado do black para o doom na passagem da demo Illness para Apart From The World. Porém, muita coisa que eu estava fazendo ainda continuava se aplicando à fase black do Abske Fides, já com o acréscimo dessas novas referências que só vieram a existir no Shyy. Só pra se ter ideia, o primeiro som que gravamos com o Shyy (“Comme Je Vole”) foi inicialmente feito para o Abske Fides, lá por 2004, e chegou até mesmo a aparecer em uma antiga versão como bônus de uma edição em tape da demo Illness. Então dá para dizer que começou como um projeto paralelo, sim, mas hoje funciona como uma banda totalmente desvinculada do Abske Fides e com novos membros.

Até aqui os lançamentos do Shyy sempre foram pautados por faixas soltas. Por que somente agora é que vocês estão levando a sério a ideia de um full lenght?
Porque agora estamos mais estáveis, com nova formação, e muito material acumulado de coisas antigas e novas que o Kiko e o Paulo trouxeram. Durante muito tempo eu morei fora de São Paulo e isso já dificultava as reuniões com o Abske Fides (por isso esses lançamentos picados e intervalados), mas agora tudo está se encaminhando.

A pegada desses sons já pode ser considerada aquilo que encontraremos no álbum a caminho? Elas fazem parte da mesma sessão de gravações?
No geral é a mesma pegada, mas no álbum haverá faixas bem diferentes entre si, com levadas mais variadas e flertando de modo mais abrangente com as nossas referências, algumas coisas mais caídas para o gótico, outras mais limpas, alguma coisa de shoegaze...

Por que vocês optaram por introduzir vocais nos sons da banda, que começou instrumental, numa época em que muitas bandas pesadas da nova geração têm optado por investir justamente nisso?
Na verdade a ideia inicial também incluía vocais, mas na época que gravamos a demo fizemos o instrumental e ficamos tentando encaixá-los, e parecia que as músicas não queriam (ou não conseguíamos), daí soltamos assim mesmo. É interessante notar a importância do MySpace nessa época: a geração de bandas novas que começou a soltar suas músicas por lá utilizava muito o espaço não só para publicar suas músicas prontas, mas também aquelas em processo de construção. Lembro que muita coisa foda aparecia e, depois, você já não encontrava mais na antiga versão, porque haviam modificado a música com nova mixagem, outros instrumentos, vozes...

Vocês preferem gravar e produzir tudo sozinhos pensando em preservar a identidade da banda, sem um "produtor" ou operador de mesa dando pitaco?
A gente faz um monte de riffs na guitarra e depois vai estruturando cada música separadamente. Ao mesmo tempo, vamos pensando nos arranjos vocais, o baixo e a bateria em conjunto, e, às vezes, gravamos uma pré. O Kiko também é produtor, então muito da sonoridade, da timbragem e da mixagem vem dele. Nossa nova demo foi gravada nesse esquema no estúdio dele aqui em São Paulo (Estúdio Duna).

Por que vocês acham que o post-black metal é o termo mais correto para categorizar o estilo do Shyy? Pelo fato de ampliar bastante os horizontes criativos, sendo uma ramificação mais expansiva do que outras tags do metal?
Na verdade não sei se é correto e nem acho isso muito importante, mas também não dá para dizer que pertencemos à cena mais tradicional do black metal, apesar de bebermos muito da fonte, principalmente nas vertentes mais depressivas. O que tenho visto é que as bandas sob esse rótulo vêm experimentando novas linguagens para o estilo, tanto na música como nas temáticas, na estética e no comportamento. Nesse caso, pode servir para ajudar a ampliar os horizontes, sim, desde que não se feche novamente em seu próprio rótulo nem crie uma fórmula bem definida.


O Shyy está no Bandcamp e no Facebook

Siga o Noisey nas redes: Facebook | Twitter | Instagram

Assista ao documentário do Skepta, "Top Boy"

$
0
0

Para ativar as legendas em português, clique em "Settings>Subtitles>Portuguese".

Se tem um muleque que é TOP, além de Deus (como já diria Neymar), este muleque é o Skepta. Na última sexta-feira (6), ele lançou seu aguardadíssimo quarto álbum de estúdio, Konnichiwa, e está top demais, diga-se de passagem — apesar de, felizmente, o Gene Simmons não poder tecer sua opinião sobre o disco.

Em 2015, o rapper inglês fez uma turnê pela costa leste dos Estados Unidos e pelo Canadá, onde rolou um show dele ao lado do Drake no OVO festival em Toronto. E o Noisey esteve lá, do lado do Skepta, durante toda a viagem para documentar esse grande marco na sua carreira. Assista acima,

Siga o Skepta no Twitter.

Agradecimentos especiais para:

The Gutter, Brooklyn
The Hoxton, Toronto
The Middle East, Boston
MoMA PS1, New York
Palisades, Brooklyn 
OVO Fest, Toronto
U Street Music Hall, Washington DC

Pedimos desculpas pelo trocadilho com o "Top Boy", faixa do Skepta e título do documentário, e "muleque top", mas infelizmente isso precisava ser feito. 

Siga o Noisey nas redes: Facebook | SoundCloud | Twitter


El Toro Fuerte dissipa os demônios no seu primeiro disco, ‘Um Tempo Lindo Para Estar Vivo’

$
0
0


El Toro Fuerte. Foto por: Raquel Domingues

Depois do nosso registro sobre o rock triste e a “cena fantasma” de Belo Horizonte, teve tanto trelelê, que muitos músicos e entusiastas se sentiram motivados a se posicionar sobre o jeito de produzir música na cidade. E foi no meio deste burburinho que o El Toro Fuerte expurgou seu primeiríssimo disco, Um Tempo Lindo Para Estar Vivo, que sai nesta segunda (16), e você ouve com exclusividade aqui no Noisey. Para o baixista Diego Arcanjo, “é hora de aprender a conviver com os nichos diferentes”, diz. “Eu sinto que talvez seja o momento de tentar algo novo em termos de mobilização”.

“É curioso que a palavra fantasma foi uma das coisas que mais incomodou as pessoas naquela matéria, né. Mas a figura dos fantasmas é uma coisa presente no disco todo. É meio que um processo de exorcismo e conversas com fantasmas, sabe?” explica João Carvalho, vocalista e guitarrista da banda. Para ele, fazer este disco foi como tirar vários demônios do corpo, simbolicamente associados a temas cotidianos, como relacionamentos, relação com os pais e até a depressão: “É um disco de desabafos, eu acho. Alguns amigos meus me dizem que o disco tem uma energia pesada... e eu percebo um pouco disso. Ele funciona como um exorcismo”.

O baixista Diego Arcanjo, que canta duas músicas no disco (“Sur” e “Flagelo”), concorda que houve um tipo de libertação ao compor. “É um descarrego completo. Muita coisa dele foi concebida durante a pior a fase da minha vida, e ver ele [o disco] ganhando forma transforma tudo em mais força”. “Flagelo”, que é um dos esporros curtos e grossos do disco, tem um verso que diz “eu canto feito um soco pra ninguém perceber que a minha voz é tão ruim”, um desabafo direto que já virou característica dos novos compositores de rock triste. Diego conta que fez essa letra de improviso: “Saiu direto, sem nenhum tratamento. Não mudei nenhuma palavra desde a vez que eu cantei isso de improviso num ensaio, em cima do instrumental que eu levei pra galera”.

Honrando o nome do disco, Diego explica que o mais gratificante é ter conseguido chegar a este ponto em sua vida: “Quando a gente viu que andava com quem admirávamos e que nosso trampo era elogiado e relevante pra alguém, começamos a achar que talvez estivéssemos vivendo nosso momento mais importante, como se fosse nossa vez de tentar inspirar alguém”. E João completa: “Acho que os tempos mais difíceis são os mais lindos pra estar vivo porque tem muita coisa pra fazer. Meu Deus, como a gente tem coisa pra fazer!”

Agora, eles têm todo um caminho pela frente. Para João a honestidade impressa no disco foi tanta que dá aquela vergonha: “É de uma sinceridade tão bizarra que dá uma certa vergonha de ouvir, é como se cê tivesse entrando na vida da gente”. Você pode baixar Um Tempo Lindo Para Estar Vivo o disco no bandcamp da Bichano Records.

Descanse em paz, Cauby Peixoto

$
0
0


Cauby Peixoto. Foto: Divulgação

É difícil pensar a vida sem Cauby Peixoto. Ele é um desses figuras que você sempre acredita que estará por aqui com seu terno brilhante e sua elegância ímpar. Talvez você não tenha ideia da comoção que era um show seu no Bar Brahma, no centro, e pode até não se ligar em outros sons além de “Conceição”, mas sem dúvida já viu a imagem única ou ouviu a voz aveludada de Cauby, Ron Coby ou Coby Dijon (outros dois nomes usados pelo cantor ao longo da carreira). 

Rock an Roll”, primeiro rrrrrrock em português, foi cantado por quem? Um dos galãs mais cabulosos dos anos 1950. Em 1958, no filme Minha Sogra é da Polícia, Cauby era a estrela enquanto Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Carlos Imperial faziam ali uma figuração bem de boa

O Elvis brasileiro gravou mais de 50 compactos, mais de 70 discos, 14 filmes e em 65 anos de carreira se tornou quase um imortal. Quase. Na noite do último domingo (15), aos 85 anos, Cauby Peixoto se foi no Hospital Sancta Maggiore, no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo. Internado desde o dia 9 de maio, Cauby lutava com uma pneumonia e , infelizmente, ela venceu. 

Seu corpo está sendo velado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e o enterro está previsto para às 16h30 no Cemitério de Congonhas. 

O cantor não deixa filhos, esposa ou netos, mas deixa um disco inédito. 

Guia NOISEY para uma Virada Cultural sem perrengue

$
0
0


Criolo. Foto por Gabriel Quintão.

Todo ano, a Virada Cultural é a mesma coisa: uma penca de shows espalhada pela a cidade e, nós, amantes da boa música, naquela dúvida de onde devemos colar. E na sua 12ª edição, não seria diferente: muitos shows que a gente quer ver, mas que acontecem ao mesmo horário e você acaba tendo que abrir mão de um ou de outro.

Mas calma. A prefeitura de São Paulo soltou a programação completa na última sexta (13)  um tanto em cima da hora, já que o festão vai começar neste sábado (21) — e, neste ano, segundo o prefeito Fernando Haddad, o perímetro das atrações no Centro foi reduzido por motivos de segurança. Então, quem resolver ficar apenas só na região central vai perceber que o número de palcos será menor e que os shows vão se concentrar entre a Luz e o Anhangabaú.

O que é uma perda por um lado, no quesito número de shows, pode ser um ganho por outro, já que esta situação forçou os palcos a ficarem mais próximos uns dos outros, significando que você vai ter que se deslocar menos pra ir de uma atração pra outra e, consequentemente, vai poder aproveitar melhor a Virada.  

Então, é aquela coisa: se você vai pro centro e se você se organizar direitinho, vai conseguir transar vários shows bem daora nesta edição do festival. Pensando em te dar aquela mão na roda, montamos o Guia NOISEY pra curtir o máximo de atrações, levando em consideração o horário dos shows e o tempo de deslocamento de um palco para o outro — porque nós somos almas muito boas e já calculamos isso pra você não se preocupar se vai dar tempo de comer um dogão no caminho entre a Marina Lima e a Elza Soares. Então, saca só: 

Nota da repórter: deve ser humanamente impossível seguir este roteiro à risca, mas, caso algum leitor corajoso se atreva, recomendamos muitas horas de sono de sexta pra sábado e muitos litros de energético.

Nota 2: se você não dá a mínima pra violãozinho MPB e gosta mais de tomar uma pinga ouvindo Obituary, cola no Palco Test. Vai rolar só na madrugada e contar com shows do Jupiterian, RAKTA e, é claro, Test. 


Ney Matogrosso. Foto por Gabriel Quintão.

18h | Ney Matogrosso - Palco Júlio Prestes

O Palco Júlio Prestes vai ser se pá o principal-dos-principais palcos da Virada e vai ser onde vai rolar o show de abertura oficial, do mestre Ney Matogrosso, que você não deve deixar de ver por motivos óbvios de: ele é o Ney Matogrosso. Então, a primeira parada é na Praça Júlio Prestes, que fica colada na estação Júlio Prestes da Linha 8 - Diamante da CPTM.

20h | Jaloo - Palco Alfredo Issa/ Beneficência Portuguesa

O show do Ney, se não atrasar lá muita coisa, deve ir até mais ou menos até às 19h/19h15: o que dá tempo o suficiente de você aproveitar pra dar aquela passada no banheiro no começo da Virada, enquanto a situação deles ainda não está tão horrível, andar mais ou menos 12 minutos até a rua Beneficência Portuguesa, 29 e se achegar no show do menino do Pará Jaloo, que vai tocar seu disco #1 pro povo.

Dica: se você desistir do Jaloo, uma outra opção é ir dançar uma lambada quento no show do Figueroas, que vai rolar às 21h no Palco Barão de Limeira, a 15 minutos do Palco Alfredo.

22h | Marina Lima e Strobo - Palco Alfredo Issa/ Beneficência Portuguesa

Se você estiver no Jaloo, é uma boa ir dar uma esperada no mesmo palco pra poder ver a Marina Lima, acompanhada da dupla eletrônica paraense Strobo.   


Jaloo. Foto: Divulgação.

00h | Elza Soares - Palco São João

Como deu pra notar, vai ter muita mulher foda na Virada este ano, porque, engatando o show da Marina, você pode ir pro da nossa Mulher do Fim do Mundo Elza Soares, que vai tocar no Palco São João, na Praça Júlio Mesquita, 12 min a pé do Alfredo Issa. E, no caminho, dá até tempo de bater um rango se você ainda não tiver tido tempo de jantar, já que 2 horas separam os shows das duas.

02h | Céu - Palco São João

Depois da Elza, a gente recomenda fortemente você continuar no São João – onde só vai ter show de artistas mulheres, diga-se de passagem  pra ouvir a Céu tocando o seu disco novo Tropix, lançado no começo de 2016.

04h | Síntese, Akilez, Kiko Dinucci e Thiago França - Palco Alfredo Issa/ Beneficência Portuguesa

O EP que a Radio Boomshot lançou em 2015 e que reúne rimas do rapper Neto aka Síntese e produção do Akilez (Projeto Nave), do Kiko Dinucci e doThiago França vai ser apresentado no alto da madruga no Alfredo Issa, a 11 minutos do Palco São João.

05h | Cidadão Instigado - Palco Rio Branco

Depois de ter curtido o rap experimental do Síntese, você vai ter aquela corrida pra chegar a tempo no Palco Rio Branco (Av. Rio Branco, na altura da Rua Aurora). Você vai levar uns 7 minutos, mas deve dar tempo, já que é bem improvável que os horários ainda estejam batendo com os programados. E vale a pena fazer aquele esforço pra assistir à psicodelia do Fortaleza.

Dica: se estiver cansado e quiser continuar no Palco Alfredo Issa depois do Síntese, vai rolar show psicodélico por lá também, só que do Bike. Começa às 6h.


Elza Soares. Foto: Divulgação

07h | Rashid - Palco da República

Dá pra curtir um pouco mais de rap no show do Rashid, que apresentar seu novo disco, A Coragem da Luz, no Palco da República, a 9 minutos andando do Palco Rio Branco.

10h | MC Bin Laden - Palco República 

O show do Rashid deve ir até às 8h/8h30. Ou seja, até o show do MC Bin Laden, você pode aproveitar pra tomar um café-da-manhã  antes de continuar a saga da Virada com "Tá Tranquilo, Tá Favorável", "Bololo Haha" e "Pode Pá" -- isso se você tiver aguentado a madrugada inteira acordado.

12h | E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante - Palco Copan

Depois de um funk paulista, por que não curtir um post-rock instrumental, não é mesmo? Os meninos do EATNMPTD vão tocar no Palco Copan, na rua Araújo, a 5 minutos do show do Bin Laden.

15h | Criolo - Palco Júlio Prestes

O primeiro show maior que vai rolar no domingo vai ser o do Criolo, mas só às 15h. Ou seja: se você realmente seguir o nosso rmaneiríssimo roteiro, dá tempo de sair do EATNMPTD, almoçar alguma coisa no caminho, tomar uma água, fazer um xixi e até dar uma sentada em algum lugar antes de ir pro Palco Júlio Prestes. 


Black Alien. Foto por: Mouco Fya.

17h | Black Alien - Matilha Cultural

Depois do Criolo, uma boa é ir até à Matilha Cultural pra ouvir o Black Alien cantar sons do seu primeiro e segundo discos.

PS: Tem que dar uma caminhadinha, porque a Matilha fica na rua Rego de Freitas, 542, o que dá mais ou menos uns 25 minutos de distância do Júlio Prestes.  

18h | Nação Zumbi e The Young Gods (Suíça) - Palco Júlio Prestes

Pra fechar as 24 horas seguidas no show, volte pro Palco Júlio Prestes pra ver o show de encerramento do Nação Zumbi com a banda de rock/eletrônico suíça The Young Gods.

Siga o Noisey nas redes: Facebook | SoundCloud | Twitter

Veja MC Bin Laden, Pikachu e 2K ao vivo no 'Sessões do Bem'

$
0
0


MC Pikachu, MC Bin Laden e MC 2K. Foto: Jardiel Carvalho/R.U.A. Coletivo

Os três principais MCs da KL Produtora, o MC Bin Laden, o Pikachu e o 2K, se reuniram na tarde desta terça-feira (17) pra fazer um show do projeto Sessões do Bem. Os funkeiros começam a tocar às 14h e você pode acompanhar abaixo.

Com 48 shows que serão transmitidos até junho, o Sessões do Bem é um evento beneficente em que parte da verba arrecadada com o YouTube e plataformas de streaming será destinada ao Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer). As apresentações são gravadas em São Paulo e contarão com a participação dos principais artistas da ONErpm.

Siga o Noisey nas redes: Facebook | SoundCloud | Twitter

O Bananada 2016 foi o melhor Bananada

$
0
0


Todas as fotos por Layana Souza, menos quando indicado o contrário.

Em sua 18ª edição, o festival goiano Bananada vem há tempos buscando transcender a esfera musical e proporcionar uma experiência completa ao público. Não estamos falando apenas de algumas bancas com comida — apesar do Circuito Gastronômico promovido pelo evento ter sido uma das experiências mais agradáveis do rolê —, mas sim de estúdios de tattoo, cabeleireiro, lojinhas das mais variadas bugingangas, merch dos artistas, tabacaria, espaço para as crianças (pode ser cedo demais para levar o bacuri a um show do Planet), campeonato de skate e até mesmo uma rinha de bartenders valendo prêmio para o melhor drink.

O excesso de opções no espaço, claro, tornou necessário um certo planejamento envolvendo o que assistir e o que fazer durante o festival, mas nada que comprometesse seriamente a chapação envolvida em três dias principais o festival (que ao todo se desenrolou entre os dias 9 e 15 de maio) de encontros com os brothers e muita música foda no Centro Cultural Oscar Niemeyer, o CCON, em Goiânia.

Diferente de algumas outras edições do Bananada, a estrutura do festival proporcionou um atendimento bem ok até os 45 do segundo tempo, quando a cerveja acabou faltando 30 minutos para o fim do show do Planet Hemp, que fechou a última noite do Bananada, no último domingo, 15. Bebuns bravos à parte, o número abusivo de caixas distribuídos pelo evento deixou a grande chatice de comprar fichas menos chata.

Além dos três dias principais do festival, rolou durante a semana o Bananada nas Casas, com eventos em boates e points culturais da cidade misturando algumas atrações exclusivas, como Thiago Pethit, a queridinhos locais, como Neguim Beats e Overfuzz, num rolê mais intimista e sem tanto suor compartilhado.

O evento principal, por sua vez, se deu num Oscar Niemeyer completamente liberado (a Construtora, empresa responsável pela realização do evento, já enfrentou embargos envolvendo a não liberação ou liberação parcial do espaço) e lotado de intervenções artísticas que iam desde o Blackbook, uma iniciativa envolvendo nomes locais das artes visuais que encheram o CCON com lambes, stickers e paineis, até a já tradicional intervenção do coletivo Bicicleta Sem Freio.

OS SHOWS


Supercordas.

Desde o primeiro minuto do festival, já se notava um tom político permeando a psicodelia presente em todas as apresentações. A noite nos palcos principais começou com a banda Bike, projeto do baixista do Macaco Bong, Julito Cavalcante, e teve sequência nas guitarras do Supercordas apresentando sons do novo disco, Terceira Terra. Após o término do show, o público foi surpreendido por uma gig descontraída em frente ao palco, encabeçada por Yonatan Gat e sua banda. Os solos fortes logo chamaram a atenção da galera, que se aglomerou em volta do micro-palco em que os três tocavam para conferir o som. Depois de um viajado início de festival, Frank Jorge, um dos fundadores d’Os Cascavelletes e ex-integrante do Graforréia Xilarmônica, subiu ao palco e apresentou diversos sucessos de sua carreira, botando o público outrora estático para dançar. Mais à frente, Juçara Marçal assumiu o microfone e hipnotizou os ouvintes durante os 40 minutos de sua apresentação. A voz forte e cativante da cantora, acompanhada por Kiko DinucciRodrigo Campos e Thomas Rohrer, manteve o público vidrado em sua performance, que se encerrou com um desejo de força perante o golpe na democracia que o país sofreu.

Após o show profético de Juçara, o pernambucano Siba, que também se posicionou contra o golpe dizendo “Teve goipe sim, teve goipada”, colocou o povo todo pra dançar na ciranda mais indie que já se viu. De longe, o show mais frenético e plural da noite, no qual o público só sossegou após um repente de despedida entoado pelo cantor, que saiu do palco deixando todos com os corações aquecidos.


Ava Rocha e Salma Jô, do Carne Doce.

Na sequência, Carne Doce, a banda que carece de novos adjetivos para ilustrar a relação afetuosa que mantém com seu fiel público, entrou em cena — com breve e muito bem-vinda participação da Ava Rocha — e deu vasão a diversos tipos de reações inusitadas à performance. Explico: num determinado momento, enquanto um fã declarava sua satisfação em ver uma banda local como headliner de um evento de grande porte na cidade e fazendo jus a posição, um de seus amigos se debatia no chão com a performance sedutora de Sal, vocalista da banda. Simultaneamente, um fã driblava a segurança do evento para dançar e escalar a estrutura do palco. Durante a loucura, Sal, vocalista da banda, continuou cantando a derradeira da noite em sinal de reverência à atitude inusitada de seu espectador, que posteriormente foi ovacionado pela plateia e pelos integrantes da banda.


Jorge Ben.

Pra fechar a primeira noite de shows, Jorge Ben cantou seus inúmeros clássicos para uma quantidade gigantesca de espectadores. Se apertando entre os melhores locais para assistir a apresentação, estava um público bastante heterogêneo, principalmente na faixa etária: não era difícil encontrar velinhos dançando grandes sucessos como “Jorge da Capadócia” e “Mas Que Nada”.

No sábado, 14, problemas com a chuva acabaram atrasando as performances no palco Casa do Mancha, inspirada na casa de show paulistana de mesmo nome e que recebeu nomes selecionados pelo próprio dono do espaço, o Leonel Mancha. Apesar dos contratempos, as atrações selecionadas conseguiram se apresentar apropriadamente, num rolê bem intimista com o Kastelijns, músico e artista plástico local, que encerrou as apresentações da casinha no Bananada. Nos palcos principais, a banda potiguar Mahmed abriu a noite com um baixo foda e uma porrada de solinhos legais. Destaque também para o chileno Matias Cena, que agradou geral com seus vocais agudos reconfortantes e uma distorção bem de leve.


Riviera Gaz com Steve Shelley na batera.

Depois do chileno, mais uma atração bastante aguardada, o Riviera Gaz, formado por Gustavo Riviera e Paulo Kishimoto (ambos do Forgotten Boys) em conjunto com Steve Shelley (ex-batera do Sonic Youth), em uma apresentação que, apesar de simplona no quesito técnico, conquistou o público que já nutria altas expectativas em relação ao show. Mesmo com os holofotes da noite virados para Liniker e Silva (com todo merecimento), o paraense Felipe Cordeiro conseguiu roubar a cena durante sua apresentação. Com um som recheado de regionalismos e inesperadamente psicodélico, o cantor conseguiu juntar boa parte do público do festival num transe dançante do começo ao fim de seu show.


Silva.

Logo depois, o Silva chegou com um show conceitual e sedutor, passando boa parte da apresentação nos teclados, o que conferiu uma vibe bem agradável ao rolê. Mocadinho na lateral do palco, BNegão acompanhava o show tranquilamente.


Liniker.

Após a apresentação de Silva, foi a vez de Liniker subir ao palco para arrebatar o público numa apresentação, como ele mesmo chamou, “lacradora”. O show estava tão lotado que até na área de imprensa era difícil encontrar uma vaga. Além de encantar a todos com sua voz grave ecoando pelo CCON, Liniker também guardou um tempo do show para sua rotineira Benção do Lacre e também para se posicionar contra o golpe, bradando “Não vai ter golpe, vai ter lacre!”.

Quando o show do Liniker acabou, me peguei questionando a ordem do lineup do festival. Não fazia sentido para mim ter qualquer outra apresentação depois da dele e, aparentemente, para o público também. Omulu, seu sucessor nas apresentações, manteve parte do público no rolê com um set recheado de traps, funks e misturas agradáveis das duas vertentes, mas o resto da galera já se encaminhava para as saídas do local.


Autoramas.

No domingo, 15, último dia de festival, geral que esteve presente nos outros dias parecia agora meia abatida pelo cansaço, mas o dia prometia muita bateção de cabeça. Durante os shows ocorria a final do Goiânia Crew Attack, o campeonato de skate que rolou no evento. O duo estadunidense The Helio Sequence largou um indie bem soft pra iniciar a noite, dando um up na moral de todos os ressaqueados. Logo depois, os (sempre) frenéticos Autoramas e sua trilha sonora do Tony Hawk BR que bateu perfeitamente com o Crew Attack acontecendo paralelo ao show, denotando uma certa eficiência no revezamento de palcos.


Hellbenders.

No palco ao lado dos Autoramas, os goianos do Hellbenders se organizavam para o que seria o show mais pesado do evento até então (e que só perderia o posto para a aglomeração massiva que o Planet causou no CCON). Com a singela placa “FUCK TEMER” posicionada de frente para a plateia, o Hellbenders deu um show de presença de palco e mostrou o por que são uma das atrações goianas mais aclamadas pelo público.

Na sequência da noite, os paulistas do Aldo, The Band conduziram o antepenúltimo show do último dia de Bananada numa vibe bem dançante e animada, que só saiu um pouco do normal quando seu vocalista, André Faria, ficou meio puto com a galera que já se aglomerava na plateia gritando pelo início da apresentação do Planet Hemp.


Rodrigo Ogi.

Após uma longa pausa nos shows para que fossem anunciadas as equipes vencedoras do Crew Attack, o vovô-papai Rodrigo Ogi entrou no palco como penúltima atração do festival, em meio a gritos solicitando mais atrações do rap no Bananada. Ogi executou com maestria os sons do seu novo álbum RÁ! e alguns hits de seu primeiro trampo, como “Eu Me Perdi na Madrugada” e “A Vaga”. Rolaram também algumas faixas do grupo M.O.T.I.M., de seu parceiro e vocal de apoio, Tiago Red.


Planet Hemp.

Finalizando a noite e o evento, após uma boa hora de atraso ao som de hits de décadas passadas, o Planet Hemp entrou em cena e fez um show para o (provavelmente) maior e mais chapado público já registrado na história do Festival Bananada. BNegão guardava um tempo entre as músicas para falar sobre o cenário político atual, o que também podia se ver no enorme telão de LED que estava atrás da banda exibindo alguns rostos de políticos e umas imagens bem loucas feitas com o nome da banda. Bolsonaro e Temer, entre outros, receberam um acalorado ‘vai tomar no cu’ em meio a discursos de Bernardo que se posicionava contra o golpe e fazendo críticas severas ao governo de Marconi Perillo, que atualmente é governador de Goiás. Além disso, teve cover do Ratos de Porão, inúmeras rodinhas de hardcore e muitos cigarros ilícitos, além de uma enxurrada de clássicos canábicos de uma das bandas mais controversas da música brasileira. Uma excelente maneira de encerrar o festival.

FINALMENTES

Em 18 anos de existência, talvez o festival tenha nos proporcionado sua versão mais acertada. Com uma estrutura inédita e muito bem planejada, grande parte dos perrengues de se ir a um evento deste porte passou em branco. Apesar da variedade de gêneros musicais presente na programação, ficou uma leve sensação de que faltou uma ou outra banda mais bombada no evento e — como a própria plateia disse durante o show do Ogi — faltou rap no Bananada.

Para muitos que residem em Goiânia, Brasília e região o Bananada funciona como a única forma de reencontrar alguns amigos, o que torna todo o rolê mais essencial a cada ano que passa. A tônica política também foi forte: praticamente todos os artistas que se apresentaram nos três dias do festival no CCON se posicionaram contra o golpe — e alguns até discursaram para o público. Considerando a situação cívica caótica que estamos vivendo nos últimos tempos, o Festival Bananada foi um pontinho reconfortante de esperança e descontração no meio do Cerrado.

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter

O Rage Against colocou no ar um site com uma contagem regressiva

$
0
0

A banda do Zack de la Rocha se reuniu pela última vez em 2011. Passados esses cinco longos anos, na noite da última terça (17), o Rage Against The Machine parece começar a ressurgir com o misterioso lançamento de um site com uma sugestiva contagem regressiva — que termina no dia 1º de junho.

Claro a notícia se alastrou feito fogo em plantação de cana de açúcar e não demorou para que roqueiros do mundo todo, ávidos por notícias da banda, acessaram tanto o http://prophetsofrage.com, que a página agora está indisponível.

Ainda assim, sabemos (via Pitchfork) que, entrando no site e colocando seu endereço de e-mail, o fã-visitante recebia a imagem que abre este post, na qual se lê: "Clear the way for the prophets of rage", um trecho de "Prophets of Rage", do Public Enemy. Enquanto a #Takethepowerback faz referência a um som do RATM.

O que virá? Aguardemos.

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter

O Die Antwoord lançou mais uma música nova, "Bum Bum"

$
0
0


Reprodução do YouTube.

O Die Antwoord anunciou que vai lançar sua nova mixtape, Suck On This, nesta quinta-feira (19) e, enquanto a gente espera esta maravilha cair do céu (ou subir do inferno, no caso), o duo sul-africano soltou uma música nova, "Bum Bum (feat. GOD)".

É a segunda faixa da tape, já que os dois tinham lançado "Dazed & Confused" na última sexta (13). E obviamente a música é sobre o que você tá achando que é: bunda. 

“Uma amiga minha uma vez me mandou uma mensagem de áudio com um sotaque espanhol bem carregado, falando algo do tipo bem assim: 'Eu gosto de tatuagens, mas eu não faria em nenhum lugar do meu corpo, nem dentro da minha bunda'", explicou o Ninja numa entrevista. "É claro que ela quis dizer 'na minha bunda', e não 'dentro', mas ela não fala inglês muito bem. E esse pequeno errinho dela me deu várias ideias erradas, e acabou surgindo o refrão da música".

Ele também falou que é o "primeiro rap pornô romântico em espanhol" que ele já fez. Então, bem, ouça abaixo:

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter


Este cara fez uma enciclopedia do rock de Campinas

$
0
0

Thico Soares, 30, não toca em banda, não tem gravadora e não é dono de bar. Mas já prestou importantes serviços para o rock de Campinas, cidade dona de uma das mais importantes cenas de rock do estado de São Paulo. Não à toa, no final de maio, Thico lançou em seu blog uma enciclopedia do rock campineiro. E levantou informações desde o fim da década de 1960 num post gigante, que causou comoção entre os roqueiros locais.

O vendedor de equipamentos de cozinha industrial fez um trabalho de responsa, coisa que muito jornalista musical sonharia em produzir. Ele passou quatro meses entrevistando, colhendo dados, ouvindo discos e fitas, além de ter lido vários blogs e zines. O resultado é um trabalho complexo, que resgata a memória roqueira da cidade. 

Traz bandas, casas de shows, estúdios, produtores gravadoras e selos, festivais, lojas de discos, estúdios de tatuagens, fotógrafos, produtores culturais, artistas e outras figuras envolvidas com a música da cidade. E abraça diversas vertentes do rock, sem preconceitos. Metal, punk, progressivo, hard rock, synthpop, alternativo, grunge, hardcore, psicodélico e outros. Está tudo na compilação de Thico.

Por que ele fez isso? “Puro interesse pessoal. É uma curiosidade muito grande que eu sinto. Eu vivo perguntando sobre um monte de coisas pra amigos velhos de cena. Sou muito curioso mesmo. Para mim, faz todo sentido saber sobre a história da música e das artes da própria cidade em que se vive.” O Thico é fã. Um fã FODA. 

Ele nasceu em São Bernardo do Campo e chegou a Campinas em 1991. Teve seu primeiro contato com as bandas locais por causa do irmão mais velho. “Meu irmão é mais velho que eu, comecei a escutar rock porque ele aparecia com LP's, CD's e também mixtapes com um monte de bandas, compilações caseiras muito populares nos anos 1990. No meio disso, tinha muita coisa de banda nacional e algumas campineiras”.

Troquei uma ideia com o Thico para saber mais desse trampo e também pedimos que ele indicasse uma banda de Campinas por década. Vai vendo. 


Thico Soares. Arquivo Pessoal.

NOISEY: Qual é o seu envolvimento com a cena de Campinas? 
Thico Soares:
Bom, não sou nascido em Campinas, mas cresci aqui. Vim do ABC para Campinas em 1991 e fui ter um contato mais profundo com o rock 'n' roll por volta de 1996. Eu toquei bateria e guitarra em algumas bandas de rock nos anos 2000 na cidade de Montes Claros (MG). Conheci alguns nomes do rock campineiro através de fitas K7 e demo tapes de bandas locais que meu irmão mais velho trazia para casa. Meu envolvimento com a cena de Campinas até 2016 foi basicamente sendo público e fã das bandas. Sempre gostei das bandas daqui, mas somente neste ano pude tocar em uma banda campineira e colaborar. Desde janeiro eu toco bateria numa banda nova no pedaço chamada Bat Patrol

E como é o lance do seu irmão com as bandas de Campinas?
Meu irmão é mais velho do que eu. Comecei a escutar rock porque ele aparecia com LP's, CD's e também mixtapes com um monte de bandas, compilações caseiras muito populares nos anos 90. No meio disso, tinha muita coisa de banda nacional e algumas campineiras. Meu irmão ia em shows aqui Campinas, Paulínia, Vinhedo. No texto, por exemplo, cito a demo "Inferno" da banda Redrum. Uma das demos que mais escutei na minha vida, tocava alguns riffs no violão na época, sequer notava a diferença da qualidade da produção, porque eu ficava muito concentrado na música. Quem diria que, 20 anos depois, eu conheceria o baixista do Redrum e montaríamos uma banda, que é o Bat Patrol?

De onde surgiu a ideia para fazer essa enciclopedia?
Puro interesse pessoal. É uma curiosidade muito grande que eu sinto. Vivo perguntando sobre um monte de coisas pra amigos velhos de cena. Sou muito curioso mesmo. Para mim, faz todo sentido saber sobre a história da música e das artes da própria cidade em que se vive. 

Quanto tempo demorou para levantar o material?
Do início do processo até a conclusão, quando parei de incluir coisas, foram três ou quatro meses. Começou de forma bem arcaica e primitiva, eu fazendo perguntas a diversos amigos e anotando em papeizinhos, muitos os quais eu perdia (risos). Esses amigos me indicavam outras pessoas, que eu não conhecia pessoalmente. Mas eu chegava com a referência dos amigos e era bem recebido por muitos, nem tanto por outros, e o texto foi saindo. Não sei com quantas pessoas conversei pessoalmente, por telefone ou por e-mail. Escutei o máximo das bandas que eu citei, além dos discos das bandas que já conheço. Vi todos os docs, matérias em sites, blogs e zines que tive acesso.

Você fez tudo sozinho?
Sim, eu montei sozinho, escrevendo, incluindo e subtraindo muita coisa. Conta com três depoimentos ricos, de quem viveu e ainda vive essa história. Meu parceiro Thiago Veloso, criador do Música Prumundo e responsável pelo projeto White Lost Ghost em Montes Claros, sabia do trabalho, porque o texto sugere uma nova sessão do MPM, que contará a história rockeira de várias cidades. Temos grande interesse nas movimentações que acontecem fora dos grandes centros. Nisso, estudamos encontrar as pessoas certas para contar essas histórias lindas do rock 'n' roll em outras cidades. Pode-se dizer que antes de [o projeto] ser concluído, ninguém tinha ideia real do que eu estava fazendo, como tentar separar as coisas por décadas, mas, com uma visão de homogeneidade. 

Quais foram seus critérios para incluir bandas, lugares e eventos?
Não imaginei muitos critérios, não os formalizei, pelo menos. Imaginava relevância para o texto. Faltou muita coisa, se eu fizesse o texto durante um ano, se tivesse mais tempo... de qualquer forma, escrevi com olhos de admiração, juntando amigos e seus desafetos, sem amargor e com respeito.

Encontrou muitas tretas dentro da cena?
Não encontrei muitas rixas, porque eu não tive interesse em abordar isso. A minha ideia era fazer o contrário. Sempre tem uma história aqui e ali, mas como não tive interesse em abordar extremismos e tretas, o que eu tento transmitir é que, muita coisa são apenas mal-entendidos. Muita gente remou nesse barco, não só os mocinhos.

Como está sendo a reação das pessoas em Campinas?
Cara, eu nunca imaginei que pudesse causar tanta comoção nas pessoas. Reverem sua própria trajetória, terem seus nomes amarrados numa história de trabalho, produtividade. Tentei contemplar o máximo que pude dentro dos meus limites. Outra ideia da matéria visava homenagear essas pessoas, informar sobre o que está acontecendo atualmente e aumentar o coro de uma torcida que nos últimos anos pede por um documentário em vídeo que tenha carácter definitivo. Algo que vá mais a fundo nessa história tão rica e única, desenvolvida em Campinas e na Região Metropolitana. Afinal, o meu artigo não conta a metade do que acontece por aqui.

Você tem o objetivo de fazer um documentário, livro... Enfim, esse é um projeto que você pensa em levar para frente? Alguém já demonstrou interesse em ajudar?
Eu mesmo, não. Não sou qualificado para isso. Mas já recebi roteiros de algumas pessoas que tem bastante coisa encaminhada para um documentário. Estou na torcida pra que eles realizem!

Indica para gente uma banda de cada década (60, 70, 80, 90, 00, 10)

Década de 1960: Dos anos 60, ainda não tive acesso, infelizmente. Por isso planejo uma matéria a parte depois. Mas, relacionado ao texto, tem o Rock da Mortalha, que não era uma banda campineira (importante lembrar), mas tinha um dos participantes era morador daqui e ele trouxe suas apresentações para a cidade. A banda surgiu em meados de 1968. Acho que é interessante mostrar o quão à frente eles estavam em se tratando de rock pesado, porque o que eles faziam não era realmente comum no Brasil ainda.

Década 1970: A minha indicação é a Banda do Brejo (Valinhos/Campinas). Eles fizeram muitos shows pelo Brasil, tocaram em programas famosos de TV e auditórios de rádio. Eu indicaria o seu material setentista para os fãs de tropicalismo, que gostam de Sá, Rodrix e Guarabyra, Mutantes, O Terço, Clube da Esquina, Novos Baianos, Ave Sangria e afins.

Década de 1980: Deixo uma indicação da banda Alpha III. O disco "Sombras" é um disco fabuloso! É totalmente indicado para quem gosta de instrumentos de teclas. Tem órgão farfisa, orquestrações, piano elétrico e synths. Com certeza é meu disco preferido da banda, junto ao "Ruínas Circulares".

Década de 1990: A minha indicação é bastante óbvia para quem me conhece. O disco "Jumentor" é provavelmente o disco mais clássico dos Muzzarelas (não sei se há controvérsias). Aqui eles uniram punk rock, hardcore, bubblegum, thrash metal, letras hilárias, arte pop, monstros, e um monte de outras coisas legais como a sua marca mais que registrada... falar sobre cerveja! Ao vivo essas musicas soam fantásticas, o público realmente fica diferente quando cada uma dessas músicas são tocadas.

Década de 2000: O meu disco preferido é o "Venus Volts is Dead", do Venus Volts. Aqui, eles regravaram musicas do Fluid e remodelaram mais algumas coisas. É a minha fase favorita da banda, com o Pellê e a Trinity cantando juntos. Também curto as músicas já com a voz do Filipe Consolini. Esse disco, eu ouvi pra caralho, mas muito mesmo!

Década de 2010: Eu acho que é super merecido o trabalho do Francisco, el Hombre como destaque. O disco "La Pachanga" é muito bom! Enxergo eles como a grande banda dessa década em Campinas, no sentido de atuarem de forma profissional acima da média em todos os quesitos, sejam musicais, estéticos ou artísticos. Eu gosto bastante de música latina. Ainda indico o "Inviolável Fim" do S.E.T.I.  e o “21st Century Reckoning Day” do Don Ramon, para quem gosta de som porrada. 

Siga o Noisey nas redes: Facebook | SoundCloud | Twitter

Rage Against the Machine, Public Enemy & Cypress Hill são o Prophets of Rage

$
0
0

Na última terça (17), roqueiros do mundo inteiro exageraram na empolgação e tiraram do ar um site que o Rage Against the Machine divulgou no Twitter, intitulado ProphetsofRage.com e que continha uma contagem regressiva misteriosa que terminaria no dia 1º de junho.

Logo, boatos de uma possível reunião do RATM, que não tocam juntos desde 2011, tomaram a internet — afinal, a hashtag #TakethePowerBack podia ser uma alusão a um dos singles do primeiro disco da banda. Foi até especulado que o grupo tocaria num comício anti-Donald Trump. Mas parece que não vai ser dessa vez.

Segundo a Billboard, o tão aguardado anúncio será a primeira aparição do novo projeto Prophets of Rage, supergrupo que seria formado por 3/4 do RATM (o guitarrista Tom Morello, o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk), B-Real do Cypress Hill e Chuck D do Public Enemy (“Prophets of Rage” é uma canção do segundo disco da dupla, It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back).

Até o momento, parece que o vocalista Zack de la Rocha não está envolvido no projeto. Aos fãs órfãos do RATM, recomendamos o sábio ditado proporcionado-nos pela internet: segue em frente, tem outros troféu

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter

É impossível não se identificar com o antigo perfil do Skrillex no Myspace

$
0
0

Imagem via Myspace

Este artigo foi publicado originalmente no Noisey UK.

Os perfis nas redes sociais, hoje em dia, são como peidos: insuportáveis, a menos que sejam os seus próprios. Mas uma década atrás, a história era outra — e muito mais inocente. O único troll que você conhecia era o Grendel, e a consciência de que as nossas fotos de croissants de amêndoas no Instagram, com filtros escolhidos a dedo, que estão aí para todo mundo ver, não existia porque éramos todos pré-pubescentes e toscos, e só havia uma plataforma para compartilhar muito além do necessário sobre a sua vida íntima: MySpace ponto com.

Lançado às vésperas de uma era em que os membros do My Chemical Romance, Fall Out Boy e Brand New eram cultuados com um fervor tradicionalmente reservado às boybands e ao elenco de Harry Potter, o MySpace era a forma mais direta e imediata de interação entre fãs e artistas que você podia ter. Em 2004, ninguém tinha a menor noção do que estava fazendo na internet. Tudo parecia uma boa ideia simplesmente porque era novidade: tratar cada uma das suas fotos no Photoshop e aumentar o contraste a ponto de o seu rosto parecer uma colher com olhos e um piercing no lábio? Essencial. Passar horas customizando um perfil em que as letras de Tell All Your Friends caem em cascata pela página e o cursor é um coração partido? Obviamente. Deixar um comentário no perfil do Pete Wentz informando a ele precisamente quais interesses vocês têm em comum e por que eles são bons motivos para vocês namorarem? Sem dúvida. E o melhor de tudo é que isso era o que as pessoas famosas faziam também. Estávamos todos juntos nessa, cúmplices em nossos questionários desnecessários, escolhas de moda equivocadas e cantadas baratas.

No começo deste ano, revisitamos o perfil da Kesha no MySpace de 2008, e o que descobrimos foi uma verdadeira máquina do tempo para uma existência melhor e mais simples na internet. Da descrição pessoal aos comentários, continha mais afirmações que o Snapchat do DJ Khaled, tudo perigosamente embalado em uma página customizada com cliparts de cifrões. Mas 2008 foi uma época esquisita no MySpace. As pessoas já tinham começado a migrar para o Facebook, a deletar suas fotos por vergonha e a tirar os apliques de cabelo que eram pré-requisito para ter uma conta no site em primeiro lugar. As gravadoras começaram a ver o MySpace como um território propício para achar novos contratados, e as páginas de artistas gradualmente passaram a ser controladas por terceiros. Subitamente, pessoas normais não podiam mais entrar no Top 8 da sua banda preferida. Qual era a graça?

O MySpace sempre foi definido pela exposição pessoal, mas durante o seu verdadeiro ápice, por volta de 2005, a sinceridade era de um tipo mais negativo. A autoconfiança que vimos no perfil da Ke$ha de 2008 ficaria totalmente fora de contexto no cenário da primeira metade dos anos 2000, dominado, na sua maior parte, por uma frágil autoestima e descrições pessoais repletas de letras de vingança pós fim de relacionamento, escritas em Lucida Handwriting. Hoje, vemos o outro lado da moeda brutalmente sincera que era o MySpace através do prisma de um dos poucos ícones dessa era que não só perdurou, mas se libertou: Skrillex.

Tendo adentrado a consciência coletiva inicialmente como Sonny Moore, vocalista do From First To Last entre 2004 e 2006, a relação dele com as redes sociais das antigas era complicada. Sonny Moore era o príncipe do MySpace. Ele praticamente inventou o selfie com a câmera apontada pra baixo. Quero dizer, o disco de estreia da banda se chamava Dear Diary, My Teen Angst Has a Bodycount (uma citação adaptada do filme Atração Mortal, que em tradução livre seria algo como "Querido Diário, Minha Angústia Adolescente Deixou Um Rastro de Mortos"), pelo amor de deus, e "Note To Self" era o hino não-oficial da juventude de coração partido que usava conexão discada. Por anos, a página do From First To Last no MySelf no MySpace autodescreveu a música da banda como "o interior de uma perna mecânica".

O emo, na sua encarnação do começo para meados dos anos 90, tem sido, na minha modesta opinião, injustamente caluniado pela crítica e ridicularizado por praticamente todo mundo. Sonny Moore foi altamente criticado ao longo dos anos apenas por ser o rosto de uma geração adolescente muito específica e relativamente efêmera, considerada constrangedora por todo mundo que estava de fora. O screamo, os piercings picada de cobra, as mechas platinadas em cabelos pretos: essa foi a nossa geração, nosso legado, e — antes de passar a representar uma forma muito diferente de cultura jovem como Skrillex — Sonny Moore era a face arquetípica dela.

Depois do segundo disco do From First To Last, Heroine, ser lançado em 2006, Sonny deixou a banda. Ele passou por múltiplas cirurgias para reparar os danos inevitavelmente causados às suas cordas vocais e se transformou no Skrillex que todos conhecemos e, por algum motivo, temos dificuldade em aceitar hoje como sendo incrivelmente talentoso.

Embora fosse adolescente na época, Sonny Moore se tornou um nome público muito rapidamente, o que pode explicar o fato dos arquivos da história digital dele serem tão fragmentados. Só restam vestígios dela, e apesar do fato de que elas viverão para sempre em nossa memória coletiva (e na busca de imagens do Google), várias fotos dos seus dias de cabelo scene e sombra fúcsia nos olhos sumiram das páginas originais. Até a imagem de fundo do perfil dele no MySpace sumiu, o que pode ter acontecido porque era um arquivo temporário que ele não se coçou para trocar, ou porque o site de hospedagem barato que usávamos foi pro saco. Mas ainda há um banquete de nostalgia para se deleitar. O que temos aqui é um perfil que existe no limbo criativo de 2006: a lacuna entre a saída dele do From First To Last e o seu lançamento oficial como Skrillex.

A DESCRIÇÃO PESSOAL DELE

É impossível que algum de nós não se identifique com isso. Em um momento ou outro, todos nós fomos o "quem sou eu" do Skrillex de 18 anos. Em apenas cinco frases simples, ele captura a verdadeira batalha que é lidar com a fama e a puberdade simultaneamente — como se só uma delas não fosse suficientemente conturbada. Aqui está Sonny Moore, rebatendo toda a merda que as pessoas têm falado dele nos últimos dois anos, mais ou menos, dizendo: "Ei! Calem a boca, babacas!". Ao menos, é o que parece na superfície. Mas essa é só a ponta de um iceberg de traumas. E essa é a questão, na verdade: seja estudando em casa porque sofreu bullying, cantando "nota mental, sinto terrivelmente a sua falta" ou soltando os graves mais sujos do mundo, Sonny Moore sempre foi incompreendido. Mesmo hoje, umas das perguntas feitas mais frequentemente sobre ele na internet é: "Qual é o significado de Skrillex?". Fale o que quiser sobre ele, mas se isso não é evidência de um artista interessante, não sei o que é.

Queria que os links para os posts do blog ainda funcionassem, mas infelizmente, nunca saberemos o que é "faeog", ou que perguntas e respostas ele tinha a oferecer sobre o quinto disco de estúdio do Richard D. James, Drukqs. Nem uma busca no Google por "incandescência supermundana" consegue esclarecer o que é isso, embora seja uma página de interesse no Facebook com uma curtida solitária. Sonny, é você?

OS INTERESSES GERAIS DELE

Nunca achei que veria "missões", a dieta de Atkins e a foto de um bicho-preguiça enfileirados como interesses gerais, mas também, nunca tinha visto o antigo perfil do Skrillex no MySpace. Considerando que toda a carreira musical dele tem consistido em criar barulhos antes desconhecidos aos ouvidos humanos — trabalhando na obra-prima trash do Harmony Korine, Spring Breakers, num segundo e fazendo uma parceria com o Diplo no próximo — o fato dos assuntos preferidos dele serem igualmente obscuros e sem a menor explicação provavelmente faz muito sentido.

FALSA DISNEY

Devo apontar que essa coluna da página é bem extensa, e que essa imagem de A Bela e a Fera é só uma de várias das princesas da Disney. Outras incluem a Branca de Neve mordendo uma maçã envenenada e a Bela Adormecida cercada por espinhos. Só posso presumir que isso seja um meta-comentário sobre como as mulheres são retratadas na maioria das letras emo.

OS INTERESSES MUSICAIS DELE

Essa lista é tão grande que praticamente consigo ouvir a conexão discada sofrendo para processar tudo. A falta de pontuação meio que funciona como um "Onde Está Wally?" para os "entendidos" — tipo, você acha ali o Crass, o A Tribe Called Quest e o próprio Skrillex, além de muitos outros nomes óbvios, mas se alguém sabe se “4 Goon Gumpas Logon Rock Witch Cliffs Grass Rhubarb Trolls" é uma ou várias bandas, eu adoraria saber. Destaque para a última frase, mostrando um Skrillex que devagarzinho está descobrindo o trance, o protótipo da música eletrônica "mãos para cima" que ele viria a personificar.

Depois disso, temos Ali G listado em "televisão", A Longa Jornada em "livros", e, em "heróis", só tem uma fotografia muito grande e intensa da cara do Aphex Twin.

OS COMENTÁRIOS

Aqui tem uma coisa interessante sobre o MySpace e a cultura musical criada em torno dele: por causa da prevalência de bandas dominadas por homens com grandes bases de fãs femininas, os meninos sofriam a mesma quantidade de abuso relacionado a aparência que as meninas. Contraste isso com a seção de comentários do perfil da Ke$ha — que pinta o retrato de um mundo lindo, onde as únicas pessoas que se davam ao trabalho de interagir com você na internet eram aquelas que vinham dizer que você era bonito e que adoravam as suas músicas — e você pode observar uma mudança interessante no comportamento das pessoas na internet no espaço de uns dois anos. Obviamente, os fãs do Sonny Moore vinham defendê-lo, mas a julgar pelos comentários e pela descrição pessoal dele, parece que o moleque não conseguia nem tirar a franja dos olhos sem ser atingido por um insulto, o que, considerando que ele foi responsável por fazer uma música que envelheceu melhor do que a maioria de nós como pessoas, me entristece. 

Outra coisa interessante sobre o MySpace é que as pessoas de algum modo tinham ainda menos filtro do que têm agora, e se encarregavam de informar elas mesmas as celebridades globais sobre a data de lançamento dos seus discos, quando entraram no site pela última vez e informações aleatórias sobre interesses em comum que poderiam levar a uma ficada.

Cuidado! Tem um momento extremamente importante da história do emo abaixo. Para quem não sabe, este comentário é uma referência à versão de Sonny e Sean Friday (que era baterista do in Dead Sara / Sonny and the Blood Monkeys, mas hoje em dia, POR ALGUM MOTIVO, só é conhecido como o novo namorado da Demi Moore) para a objetivamente perfeita "Seven Years", do Saosin. 

Resumindo:

De Sonny, príncipe do MySpace, a Skrillex, príncipe do "solta esse grave", Moore passou por muitas nuances desde o começo das redes sociais e sempre ficou por cima. Tudo que nos interessa, tudo que pensamos que somos e que um dia esperamos ser, Sonny Moore sempre foi isso multiplicado pelo infinito. Em 2004, atento ao cenário da música sentimental, ele produziu "Emily". Em 2006, abandonou a sua banda, a cultura do MySpace e aparentemente deixou de ligar para tudo isso muito antes do resto de nós, deixando apenas fragmentos de informação e fotos de bicho-preguiça como rastro. Depois, entrou na onda da música de rasgar os tímpanos logo antes de ela estourar e se tornou um dos maiores DJs do mundo, abocanhando vários Grammys ao longo do caminho pelo seu trabalho — mantendo basicamente o mesmo visual e comportamento, devo acrescentar, que ele sempre teve.

Graças a Deus existe o Sonny Moore: homem, mito e ícone transgeracional do qual não sabíamos que precisávamos até ele chegar e melhorar tudo.

Emma passou 2004 ouvindo Morrissey no carro dela. Siga-a no Twitter.

Tradução: Fernanda Botta

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter

Ouça "Esse Close Eu Dei", nova música do Rico Dalasam

$
0
0


Rico Dalasam. Foto por Jardiel Carvalho/R.U.A. Coletivo

O Rico Dalasam vai lançar seu primeiro disco cheio, Orgunga, até o final de maio. E, pra aquecer o terreno pro lançamento, o rapper paulistano solta nesta sexta-feira (20) o primeiro single do álbum, "Esse Close Eu Dei", que você ouve com exclusividade aqui no Noisey.

Acompanhei um dos dias de gravação do clipe, que deve sair em breve, e o Rico me explicou que a música, na real, foi feita pra ser um "ponto de virada para o próximo capítulo da sua carreira". 

"É que agora, eu não tô mais no zero", conta ele. "Já tenho algumas coisas conquistadas: ter lançado o EP Modo Diverso, gravado videoclipes na gringa, feito turnê internacional, entre outros". E o título do primeiro single do novo disco faz exatamente referência a essas conquistas: "'Esse close, eu dei' significa justamente 'essas coisas eu conquistei', traduzindo a gíria", explicou Rico.

Com produção do Filiph Neo, esse rap tem umas referências de música indiana/árabe, que vão aparecer tanto no videoclipe desta música quanto no restante do disco, e um refrão daqueles bem pop que vai fazer essa música certamente tocar bastante nas pistas das baladas, assim como foi com "Aceite-C".  

O show de lançamento do disco rola no próximo domingo (29) no Auditório Ibirapuera. Confirme presença no evento aqui e ouça "Esse Close Eu Dei" abaixo:

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter

Os cariocas do CN3 chegaram transantes no rap "Entre Linhas"

$
0
0

Saca quando está rolando aquela troca de ~sintonia~ pelo olhar entre você e alguém da balada e daí, do nada, vocês começam a se pegar? É esse o clima de "Entre Linhas", o novo rap transante do Coletivo NozTrez (CN3), que está saindo pelo selo da RWND Records e você ouve com exclusividade aqui no Noisey.

Como o próprio nome já diz, o grupo carioca é formado por três MC's novinhos, que têm entre 21 e 25 anos: LF, o Drew e o CJ - além de contar com o DJ/produtor Torres. Mas, apesar de serem relativamente novinhos, eles fazem rap há um tempo considerável. Mais precisamente há seis anos, desde 2010. Só que, segundo o MC LF, só agora eles vão lançar o seu primeiro EP, que deve sair entre outubro e novembro deste ano pela RWND também. "Porém, 'Entre Linhas'  não vai estar no disco. É uma faixa solta", explicou.

Com mixagem e masterização da RWND, os beats ficaram por conta do Lucas de Lima aka Flying Buff, que já trampa com gravadora carioca há mó cota. Mas, nesta música, o produtor de Santo André não assinou o trampo como Flying Buff, e sim como seu projeto paralelo, Limma. "É que não tem muito a ver com o que faço como Flying Buff" explicou Lucas. "O Limma é uma parada mais sem compromisso um som mais chill e experimental. Menos comercial que o Flying".

Sente o clima no player abaixo:

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter

Viewing all 1388 articles
Browse latest View live