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O Brit Awards 2017 foi o mais grime possível, mas ainda é pouco

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Matéria originalmente publicada no Noisey UK.

Para uma cerimônia de premiação que se orgulha consistentemente de premiar só os artistas mais insossos e com zero emoção, o Brit Awards deste ano chegou com um certo nível de tremelique que quase pareceu empolgação. Este foi o ano em que ampliaram seu quadro de juízes para incluir gente além de uns velhos brancos. Sendo assim, talvez Rag 'n' Bone não levasse todos os prêmios por conta daquele som que fez lá. Talvez Skepta ou Kano finalmente recebessem algum reconhecimento após anos de, você sabe, terem sido pioneiros de um gênero inteiro. Talvez alguns prêmios fossem dados a gente que ainda está viva, quem sabe eles finalmente reconhecessem o talento negro britânico. Talvez fosse a melhor premiação de todas! Talvez fosse como os anos 2000 de novo. 

Pelo menos pareceu que seria assim por um segundinho. Skepta, Kano e Stormzy foram indicados a prêmios — o que faz sentido, levando em conta que são os chefões do grime, o produto de exportação musical inglês mais relevante desde o britpop. Nao, Lianne La Havas, Craig David e Michael Kiwanuka também foram indicados a prêmios, uma progressão bem-vinda em relação ao ano anterior, em que toda a lista de indicados britânicos — toda, menos a internacional — era composta por gente branca, na maioria homens, ou ainda, mortos.

Ao passo em que a cerimônia se desenrolava e David Bowie ganhava o prêmio de melhor álbum com Blackstar direto do túmulo, seguido por Adele com o prêmio de sucesso global e então One Direction com melhor clipe britânico, logo ficou claro que nunca houve qualquer intenção de dar qualquer reconhecimento ao grime em qualquer sentido. Claro, foi foda ver o Skepta ali no palco, coberto por luz vermelha, mandando ver em "Shutdown". E teve o Stormzy, chamado ao final de "Shape of You" de Ed Sheeran pra mandar umas rimas. Mas sério que foi só isso? Foi esse o grande momento do grime no Brit Awards? Porque se, mesmo agora, em 2017, a cerimônia ainda finge que grime é um nicho, um gênero underground e não a potência que de fato é, a mensagem está alta clara: isto é o máximo que conseguirão. Vocês sabem fazer um show, claro, mas não estão prontos para ganhar prêmios.

Sejamos francos: grime é o som britânico — especialmente de Londres — há muito tempo. No começo dos anos 2000, as cordas gélidas, graves ocos e rimas contundentes podiam ser ouvidas de celulares Motorola nos ônibus. A molecada sabia de cor as letras de "Serious" do JME e "Fix Up Look Sharp" de Dizzee, bem "Wot Do U Call It?"do Wiley. Os artistas do grime tiveram grande exposição mainstream em meados dos anos 2000, mesmo que em uma versão diluída pras pistas. Fato é que não são caras novas, não se trata de uma sonoridade nova e não se trata de um gênero underground — ao menos não mais, duas décadas depois, com gente como Kanye e Drake se valendo de mecânicas do estilo, jovens de Xangai imitando os grandes da cena britânica e Kano e Skepta tendo discos no top 10 do ano passado. Ao observar as coisas assim, Skepta nem mesmo deveria ser indicado à categoria "revelação" — o cara apareceu anos atrás, deveria estar na categoria "sucesso global", caso a coisa toda não fosse meio que arranjada.

Não preciso nem comentar que o grime — e o rap britânico, por associação — nunca precisou de cerimônias enormes pra se dar bem. Mas como disse Sian Anderson na The Fader e já repetimos à exaustão, "Não é questão de [rappers e artistas do grime] quererem uma relação com uma instituição que nunca os apoiou, mas sim se merecem o reconhecimento dela". É, dá pra falar que o Brit Awards é um evento masturbatório por si só, em que só os Sam Smiths e James Bays reinam supremos, então quem liga, né? Mas além disso, é o nosso maior evento de premiação, assistido e noticiado em todo o mundo. É, literalmente, a nossa versão do Grammy (RISOS!). Então ignorar o grime de forma tão ávida e teimosa depois de tanto tempo não é só uma escorregada, é uma postura.

Na semana passada, uma das festas de encerramento da cerimônia rolou no Aqua Shard, na ponta do gigantesco prédio fálico de vidro que observa Londres inteirinha. Centenas de pessoas ligadas à indústria musical apareceram para tomar um negocinho e comer uns canapés, dançando até o sol raiar. No som, rolava "Big for Your Boots" e "Shut Up" de Stormzy, "When the Bassline Drops" de Craig David e Big Narstie, seguidas por "Shutdown", de Skepta. Ver os engravatados mandando um salve pro Big Narstie depois de premiarem o The 1975 foi uma visão e tanto.

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Tradução: Thiago "Índio" Silva


Thundercat, o Grande

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Matéria originalmente publicada no Noisey US .

A casa de Thundercat é um silêncio só. O apartamento em North Hollywood é esparsamente mobiliado, com exceção de colecionáveis de HQs — mais pro lado da Marvel, porque a editora sempre acerta na parte humana de suas histórias. Temos ali um escudo do Capitão América, uma guitarra bem baqueada que mal sobreviveu a uma turnê com Erykah Badu e uma TV de 78 polegadas, no mudo.

"Você não precisa tomar partido" diz Thundercat, apontando pra TV enquanto tateia em busca de um isqueiro. "Você tem como escapar. Na maior parte do tempo, as pessoas dizem 'É disso que não precisamos agora!' e te mandam calar a boca. Isso tem sido terrível". Ele acende um incenso e rodeia uma mesinha de centro algumas vezes antes de encontrar o lugar certo para colocá-lo. "Não estou dizendo que agora não é hora de lutar, mas é preciso ter a constituição certa para querer lutar. Você tem que fazer isso continuando são."

Aos 32 anos, nascido Stephen Bruner, Thundercat passou a última década e um pouco mais em meio a turnês, composições e gravações com alguns dos maiores nomes da música: Badu, Kendrick Lamar, Flying Lotus, Ty Dolla $ign, et al. Mas nestes últimos anos ele também chamou atenção com sua carreira solo. Apocalypse, seu segundo disco, lançado em 2013, era uma obra-prima do jazz-fusion; The Beyond/Where the Giants Roam, um lançamento de 16 minutos de 2015, parecia tão esparso quanto sua sala de estar, procurando por significado em intervalos e fendas. Agora, o baixista virtuoso (e letrista infinitamente excêntrico) está prestes a atingir seu maior público com o lançamento com seu terceiro disco, Drunk. Mas no momento, ele está tentando nem pensar nisso.

"Tento não pensar demais nessas coisas — senão você acaba ficando louco", diz, quando questionado sobre suas aspirações comerciais para este disco. Ele acaba me mostrando um pequeno diário onde desenhou dezenas de rostos, alguns de seus amigos, outros de músicos famosos (estes grupos muitas vezes se misturam). A arte em si é tão boa que se você a visse mandaria o cara largar o emprego — se ele já não tivesse um dos empregos mais joia do mundo.

De certa forma, Thundercat nasceu em meio a tudo isso. Seu pai, Ronald Bruner, foi baterista de Gladys Knight, Diana Ross e do Temptations, dentre outros; em 1979, ele e sua banda, Chameleon, lançaram um álbum de "disco fusion" pela Elektra. Ronald e sua esposa Pam tiveram três filhos, cada um indicado a um Grammy: o irmão mais velho de Thundercat, Ronald Jr., levou o Grammy de Melhor Álbum de Jazz Contemporâneo como baterista da Stanley Clarke Band, já Jameel, o mais novo, tocou bateria com o The Internet, que teve seu álbum Ego Death indicado ao prêmio de Melhor Álbum Urbano Contemporâneo (já o prêmio do filho do meio para melhor colaboração por "These Walls", com Kendrick Lamar, fica ao lado de um Deadpool em tamanho real). Stephen e Ronald Jr. tocaram no Suicidal Tendencies por anos, além terem trabalhado com Kamasi Washington em The Epic.

A experiência como músico profissional não só melhorou a técnica de Thundercat como também o preparou para a vida de figura pública e todas as ansiedades que vem com ela. "Já me jogaram garrafas antes", disse. "Já lidei com gente falando [durante meu set] e caindo fora. Isso não me incomodou nadinha". A única coisa que lhe afeta, diz, é como as pessoas que escreve sobre irão se sentir quando sacarem. Isso e seus pais.

"Tinha mais medo dos meus pais que qualquer outra pessoa", diz, sorrindo. "Fiquei com medo do que eles pensariam ao ouvir 'The DMT Song' e quisessem saber o que é DMT. 'É uma droga psicodélica, mãe! É meio que como se você tivesse morrido!'", gargalha. "Não pega muito bem com pais cristãos."
Mas essa é uma barreira que Thundercat superou. O que ele lançou até o momento causa um efeito nas pessoas, especialmente em Drunk. Por mais que suas composições soem misteriosas na maior parte do tempo (ele brinca que o que escreve para seu gato, Tron, normalmente é encarado como metáfora para amor romântico), não há como deixar de lado o fato de que ele lida com temas cabeçudos e desconfortáveis. "Houveram alguns momentos ali que foram difíceis de finalizar", admite. "O que eu estava vivendo na época era muito intenso."

Drunk é fragmentado, dividindo 51 minutos em 23 faixas, muitas vezes encerrando em momentos em que você acredita ter encontrado o groove ou isolado o tema. "Só porque você tem déficit de atenção, isso não quer dizer que você não seja inteligente", disse. Fato é que deixar de lado uma estrutura rígida de três minutos e meio tem benefícios formais, permitindo que as faixas de Thundercat respirem quando necessário e sejam ágeis quando isso combina com o disco como um todo. Mas o formato também reflete como consumimos informação ("O Instagram existe, o Vine existe"), como a maioria de nós trabalha e até mesmo como poderia ser um monólogo interno caso fosse passado para o papel.

O álbum começa suave ("Quando você começa a beber, normalmente está se divertindo, certo?"diz uma das músicas) e passa por uns lugares meio sinistros ("Daí você vai parar na cadeia", gargalha Thundercat) . "Tokyo" é uma faixa frenética ao ponto de ficar confusa; "Where I'm Going" é de tamanho mau-agouro que dá vontade de ligar pra mãe pra dizer que está tudo bem. Há momentos calmos (como "The Turn Down", com participação de Pharell), momentos de pura cor e brilho ("Blackkk"), grooves hipnóticos ("Jethro"). Este é o trabalho mais dinâmico de Thundercat até o momento, e é difícil pensar num disco dos últimos anos que seja tão abrangente e ainda assim tão pessoal.

As faixas foram compostas e gravadas em diferentes períodos durante e logo depois as gravações de Apocalypse e To Pimp a Butterfly, de Kendrick Lamar. Thundercat foi um dos principais responsáveis pela sonoridade do último e ele fala em tom reverente sobre o processo de gravação lento e certeiro de Kendrick, em que diferentes fases e estilos tem que "escoar" do rapper antes de se optar por um direcionamento final. Porém, pode ser meio complicado para Burner dividir sua vida em setores bem separadinhos ou encaixar qualquer cronograma em seu processo criativo.

"Sinto como se isso interrompesse sua vida", diz.  "Algumas pessoas precisam de cronogramas, mas ser um músico ou compositor faz parte do seu cotidiano". Ele aponta para a TV, que passa Legends of Chamberlain Heights, desenho da Comedy Central criado por Carl Jones, produtor executivo de The Boondocks e cônjuge de Badu. "[A TV] chega diferente nos meus olhos e ouvidos, acho. O foco é a música; parte disto ainda é música pra mim."

Se a música interrompe a vida, às vezes o inverso é verdade também. "Em algumas músicas dá pra me ouvir arrotando ou peidando, ou meu celular", disse Thundercat. "Foi assim que tudo foi gravado. Acho importante que as pessoas ouçam imperfeições, mostrar que há algo de humano ali". Como é de se esperar de alguém com raízes nas tradições do jazz e improvisação, ele valoriza muito o instinto. "Na maior parte do tempo, seu primeiro instinto está certo. Te falam o contrário. Instinto é tudo, independente de ter ou não conhecimento por trás dele. Tento fazer tudo de uma vez sem editar muito". Ele simplifica: "Estamos improvisando ao longo dos últimos 20 anos". Na faixa com Pharrell, "The Turn Down", dá pra ouvir chuva ao fundo enquanto Thundercat canta. "Parece que eu apertei algum botão, mas era só chuva mesmo", diz.

Talvez essa afinidade com o espontâneo seja porque, apesar das participações de Pharrell, Kendrick, Wiz Khalifa, Thundercat fique mais animado ao falar de "Show You the Way", single que reúne Kenny Loggins e Michael McDonald. Tudo começou por conta de uma entrevista na rádio em que perguntaram a Thundercat quem ele levaria com ele caso fosse abandonado em alto-mar. Sua resposta: McDonald e Loggins. "A piada era o fato de que eles já viram de tudo", diz, por mais que sua admiração por ambos seja sincera, "São a epítome do compositor pra mim: se você não reconhece a voz do seu vocalista, que diabos você anda ouvindo?", questiona.

No final das contas, Loggins tinha um filho fã de Thundercat. O cantor estava cético no começo, incerto se o comentário na rádio havia sido apenas uma piada. Mas logo os dois se deram bem e compartilharam interesses musicais — especialmente Mahavishnu Orchestra — e Loggins convidou McDonald para as gravações. Os dois velhos amigos não trabalhavam juntos há duas décadas; quando McDonald apareceu, ele e Loggins estavam usando camisas de flanela quase idênticas, um momento imortalizado por Thundercat em seu iPhone. "Foi como se Mel Brooks tivesse escrito a cena, cara."

Dali em diante a conversa toma outros rumos, de Marvin Gaye admitindo em "Inner City Blues" que não conseguia pagar seus impostos a como as tretas da Motown poderiam ter caído nas graças do público se o Twitter existisse nos anos 60 e 70. Voltamos então ao massacre de informações dos dias de hoje que parece não ter fim. "Você tenta priorizar o que parece fazer sentido pra você numa época que só ficam te atirando coisas", diz. "Você deveria fazer um monte de merda e ainda ser esse cara criativo com perspectivas que vão além de um almocinho. Resta fazer o que, então? Você compra uma TV de 78 polegadas que engole todo o resto", ri.  "Senta aí e fica de olho na tela. Essa é uma piada minha e do Flying Lotus: olhe o bastante para a tela e a parada muda."

Paul Thompson é jornalista residente em Los Angeles e não sabemos quando foi a última vez que ele ficou bêbado. Siga-o no  Twitter .

The1point8 é fotógrafo e mora em Los Angeles. Siga-o no  Instagram .
Tradução: Thiago "Índio"  Silva

O primeiro bloco de rap do Carnaval de SP foi pura coletividade, respeito e disciplina

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É possível que no futuro o Carnaval de São Paulo seja reconhecido como o mais eclético do Brasil. Além do tradicional desfile das escolas de samba e das clássicas marchinhas de rua, há algum tempo os foliões paulistanos tem conseguido juntar às festividades cada vez mais estilos musicais, como demonstramos no nosso guia de gêneros musicais para o Carnaval.

Como já demos a letra por aqui, este ano nasceu na cidade mais um bloquinho peculiar: Idealizado pelo DJ Cia, o Beat Loko foi o primeiro Bloco de Rap do Carnaval Paulistano e estreou seu cortejo pelas ruas do Centro. Com apresentações de RZO, KL Jay, Edi RockHaikaiss, Costa Gold, Dexter, Rincón Sapiência, Correria, Drik Barbosa, Karol de Souza, dentre outros, o bloco arrastou uma multidão interessada em curtir o fino do fino do hip-hop festivo.

Saindo da Praça da República, o trio elétrico do Beat Loko passou pela Av. Ipiranga, cruzou a Consolação, desceu a Xavier de Toledo e foi dispersar só no Theatro Municipal. Tudo na paz e de graça, o evento teve até concurso de melhor fantasia, bem carnas mesmo. Nosso fotógrafo especial Weslei Barba confirmou presença e trouxe fotos quentes do rolê. Vai vendo:

Stefanie Roberta

Costa Gold e Haikaiss

Drik Barbosa

A Lorde finalmente está de volta com "Green Light"

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O álbum de estreia da cantora Lorde em 2013, Pure Heroine, pegou a atenção de muitos em parte por soar diferente de tudo o que estava acontecendo na esfera pop, apoiando-se no minimalismo e em sons bombásticos de estúdio. Mas em "Green Light", a primeira faixa de seu muito esperado novo álbum, Melodrama, a cantora neo-zelandesa toma a direção oposta e coloca à frente um grande estrondo de sentimentos. O resultado é mais completo e complexo, como se duas músicas do Pure Heroine fossem tocadas ao mesmo tempo. Segundo a cantora no Twitter, a faixa conta a história dos dois últimos "anos selvagens e fluorescentes" de sua vida. 

Melodrama ainda não tem uma data de lançamento, então o que nos resta é assistir ao vídeo abaixo e esperar ansiosamente pela Lorde Fase Dois. 

A Creche é o grito punk da Geração Z

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O punk não morre, ele é tipo um vírus, que evolui e se adapta para continuar infectando a moral e os bons costumes de cada época e lugar. A rebeldia da Geração Z estava mesmo precisando de uma voz. Estava. Não mais: o quarteto paulistano A Creche surge para revigorar o espírito Flipside Videos com seu desbocado hardcore zoação. Letícia (vocal), Xuxu (baixo), César Passa-Mal (Lomba Raivosa/Boring Assholes, guitarra) e João (bateria) montaram a banda no meio do ano passado como um lance despretensioso. A princípio, pegaram horário num estúdio só pra ter um lugar onde pudessem beber e tirar uns covers. No segundo ensaio, porém, já saiu uma música própria no improviso e não teve escapatória.

Não só o nome do grupo faz referência à idade da maioria de seus integrantes — o guitarrista é o único "adulto", com 31 anos —, mas também o do EP de estreia, Geração Zero, que o Noisey divulga em primeira mão nesta sexta (3). "É sobre a apatia geral dessa geração nova", explicam eles em nossa conversa via Facebook. "Parece que, a cada geração, piora mais e mais nesse ponto. Todos conectados, mas cada vez mais vazios. Poético, né? Então, daí veio o termo." As letras são ao mesmo tempo ácidas e descompromissadas, livres de metáforas, jogos de palavras ou qualquer tentativa de aceitação comercial. É como diz o Passa-Mal: "Uma coisa que já ficou clara é que essa banda não vai pagar nem uma cerveja morna."

A maioria das músicas nasce de algum lance real que aconteceu com eles. A história de "Padaria Nunca Mais", por exemplo, é totalmente verídica. "Pensa em você ir beber sempre com as mesmas pessoas, numa mesma padaria, por dois anos?! Tipo uma Rapunzel da panificadora. Fujam de relacionamentos abusivos, amiguinhos!", declara o grupo. A Creche é formada por uma galera que prefere falar a real tirando barato das coisas. "Tem assunto que a gente prefere só aloprar um pouco, porque dá até preguiça de fazer uma crítica muito elaborada. É um resumo de como a gente é na vida mesmo, meio de saco cheio geral, mas tentando levar no bom humor (quando possível) pra não morrer de stress", diz a trupe.

Geração Zero apresenta dez sons em 18 minutos, tocados de um jeito meio espevitado e muito autêntico. A pegada revela influências clássicas como Black Flag, Dead Kennedys, Ratos de Porão, e também coisas mais novas como Cerebral Ballzy e OFF!. Até agora, A Creche fez apenas um show. "Mas logo mais vamos estar incomodando os ouvidos por aí", garantem os integrantes. "Já até aproveitamos o espaço pra pedir perdão antecipado."

"Merenda Maldita", o primeiro clipe do repertório, foi feito do jeito mais caseiro, tosco e simples possível, mas por alguma razão é muito daora de assistir. Basicamente traz cenas da banda tocando em estúdio mesclados com takes da Letícia passando vergonha na rua. "E largamos tudo pro Passa-Mal editar, afinal, ele merece sofrer já que é o mais velho", frisam. Esta e as outras faixas foram todas compostas e gravadas num período de três meses. A gravação, mesmo, rolou em cinco horas. "Jogo rápido", nas palavras da banda, "pra ficar o mais real possível."

Ouça Geração Z no player abaixo:

Fotos do BaianaSystem agitando o Carnaval de Salvador

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À bordo de seu Navio Pirata, o BaianaSystem agitou o carnaval de Salvador com o repertório completo de seus dois álbuns, o primeiro e o Duas Cidades, além dos singles recentes "Forasteiro", "Invisível", e da nova versão para "Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua", música lançada em 1973 com autoria de Sérgio Sampaio – na gravação desta releitura, rola parceria com a MC Yzalú.

Os seis dias de festa protagonizados pelo BaianaSystem, entre 19 e 28 de fevereiro, contaram com um novo carregamento de som. Segundo a assessoria do grupo: "Para aumentar o alcance de sua mensagem". As estimativas da produção calculam no mínimo mais de 80 mil pessoas em cada um dos seis trajetos, que percorreram da Ondina ao Pelourinho, passando pela Praça Castro Alves e o Farol da Barra.

BNegão cantou junto com o sistema de som nos eventos que rolaram no domingo (26) e na segunda (27), na Praça Castro Alves e no circuito Barra-Ondina. No domingo, o Noisey incumbiu o fotógrafo Antonello Veneri de capturar imagens do fenômeno. "Com certeza é a melhor banda baiana dos últimos tempos", disse ele impressionado ao retornar da pauta. "Eles fizeram duas horas de show em que o Russo Passapusso demonstrou saber liderar o Navio Pirata com grande talento."

O Antonello contou que a mistura de hip-hop com guitarra baiana, soundsystem jamaicano, frevo e jazz do BaianaSystem atraiu um público tanto do Centro como da periferia. E que a diversidade da massa que curte o som deles também se exprimiu na faixa etária: "Havia muitos jovens de 15 a 20 anos, mas também muitas pessoas de 30 a 50."

Final feliz para a galera que ficou na bad quando o Conselho Municipal do Carnaval de Salvador (Comcar) ameaçou retirar o BaianaSystem do carnaval deste ano. A hipótese foi considerada depois que o grupo puxou gritos de "Fora, Temer" no circuito Campo Grande, na sexta (25).

Em comunicado, o prefeito da capital baiana, ACM Neto, além de aprovar, ainda declarou em comunicado: "Vamos continuar com eles e vamos dar estrutura maior no Furdunço do próximo ano". E será realmente necessária uma infra maior, vide a multidão que apareceu para pipocar ao som de um dos mais populares trios do momento. 

Texto por Eduardo Ribeiro.

As fotos abaixo dão um vislumbre dessa curtição. Vê só:

Assista ao novo clipe do MOTIM, “Negatividade”

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Foto: Enio Cesar/Divulgação

O MOTIM aparece nesta sexta-feira (3) com o clipe de "Negatividade", dando continuidade àquela sequência de sons que o grupo vem divulgando do seu próximo EP, Moendo Tímpanos, que vai chegar em breve. Enquanto o disco não sai, você confere o vídeo, que teve direção de Rafael Donati, da TROMONSGANG Filmes, com exclusividade aqui no Noisey.

"Negatividade", ao contrário de "Moendo Tímpanos", não mostra a rua, mas sim os bastidores da gravação da faixa, enquanto o Tiago Rednigazz, o Luca Antsocial e o DJ Nato PK estavam no estúdio. A ideia, conta Nato, surgiu na coletividade. "Tivemos a ideia em conjunto de retratar uma diária de gravação, tendo por perto alguns amigos que participaram do processo de produção do EP. A ideia surgiu de uma conversa entre nós e o Parmi, no Greenhouse Studio". Retratar esse momento de bastidores é importante para o pessoal entender um pouco melhor como as coisas funcionam ali dentro, diz Luca Antsocial. "O processo de criação é meio solitário. Somos um grupo, mas nos reunimos com as ideias meio encaminhadas, então é importante que os nossos fãs tenham algum contato com esse processo."

Se você prestar atenção, em um trecho do vídeo, o Tiagão saca aquela caderneta, num momento bem emblemático pra quem é fã de rap. Se ele usa o caderninho no dia a dia? Com certeza. "Eu e o Luca escrevemos as rimas e ele tem um processo mais visceral mesmo, cria e decora muito rápido. Eu preciso anotar tudo, desde rimas até ideias. Acho que é a idade, mas o Luca escreve bastante também, até nos muros. A caderneta é porque ela é mais prática e fácil de carregar, só por isso, mas serve caderno, agenda e por aí vai…", diz Tiago Rednigazz.

Pra quem tá ansioso pelo EP do MOTIM, que ia sair ano passado, pode ficar tranquilo. Depois de alguns empecilhos, os caras garantem: teremos dois lançamentos do grupo esse ano, e  "ainda o disco novo do Nato, o PDD Volume 3, que vai tá o crime", revela Luca Antsocial.

Assista o clipe de "Negatividade" no player abaixo.

Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #18

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Ó nóis aí na telinha do seu computer mais uma vez.

Carnaval, se tu foi mais ousado, deve ter tido uma ressaca boa aí nesses dias. No Spotify, que é onde eu ouço essas músicas aí, teve uma ressaca fudida e a qualidade dos lançamentos despencou. Despencou bizarro. Então primeira indicação é, caso não tenha visto, ir nas minhas duas últimas colunas porque o nível tava muito mais alto do que agora.

Rica Pancita #16
Rica Pancita #17

A segunda indicação são discos que #entraram no catálogo do Spotify essa semana, mas não são #lançamentos. Que no caso são:

- Uma reedição do Grandmaster Flash Presents: Salsoul Jam 2000
- Os quatro discos ao vivo que o Mercury Rev subiu.

Aí, a terceira indicação são as que estão na playlist. Dessa vez vou dar uma mudada no esquema aqui e começar a falar dos discos mais MERDA, e aí ir subindo o nível.

Vem comigo.

----ESSA SEMANA TEVE MUITA MÚSICA ZOADA MESMO----

Biquini Cavadão - As Voltas que o Mundo Dá
Que dureza. Juro que aguentei firme até a quinta música, mas Deus do Céu. Que dureza. Umas músicas oitentistas mas que são aquelas 80's que nem a galera saudosista daqueles revival Trash/Ploc tinham vontade de ouvir nas festas.

Lucas Lucco - "O Cacto e o Balão"
"Eu cacto, você balão, se abraçando sem medo da explosão". Além disso contém:
- Barulho de explosão;
- Um falsetinho muito do zoado;
- Melodia Ed Sheeran acústico.
Zoado.

The Scuba Divers - The Scuba Divers
Primeira coisa: não sou o pika do inglês, larguei o curso da Cultura Inglesa no avançado, mas esse sotacão inglês de São Bernardo do Campo é complicated. Segunda coisa: som oitentão de festa do Madame Satã com DJ Pé de Vento e mini-bloco T.S.O.L. (vai achando que os cara não é capaz de fazer mini-bloco T.S.O.L.). Tem uma ("Echoing") que vai pra uma emulação de Pixies que num sei viu. Gostei não, valeu.

Wavves - "Daisy" e "You're Welcome"
Duas músicas que sinceramente nhéééééé. Chatinhas.

Lorde - "Green Light"
Música Lady Gaga fase chata.

Little Mix - "Touch"
Popzinho fraquinho chatinho meia boquinha.

Cold War Kids - "Can We Hang On?"
Só manjo essa banda de nome, o cara sempre cantou meio igual o vocalista do Killers mesmo? Putz, é chato esses cara assim mesmo? É uma dessas lentinha batida&piano que pelamor.

Bellamore - "Ahead!"
Rapaz, é ruim hein. Tudo que tem de mais manjado na música pop dos últimos cinco anos bem condensado na vibe "vamo ver se alguém cai nessa". Normalmente não cai, mas vai saber né.

Matisyahu - "Step out into the Light"
MEU DEUS QUANTA MÚSICA CHATA ESSA SEMANA. Tá foda. Essa é mais uma.

Danko Jones - Wild Cat
Rock manjadíssimo. Puta que o pariu. Vai cagar. Pula.

Cidadão Madureira - Cadastro
Se cê tá nessas de "bom e velho rock'n'roll" e, principalmente, "viva o rock nacional", aí tá aí um disco pra você. Curta e compartilhe. Porque é aquele rockão que veio de baciada dos anos 2000 pra cá (Los Hermanos? Naaaadaaaa).

----ESSA SEMANA TEVE TANTA MÚSICA ZOADA MESMO QUE ATÉ AS OK SÃO RUIM TAMBÉM----

Coldplay - "Hypnotised"
A música não é de toda ruim não. É longa, é repetitiva, é o esqueminha pianinho de sempre, mas mesmo assim eu estava esperando algo pior. Então pra mim já tá bom.

Meek Mill - "War Pain"
É um rapzinho aí. Em mim num bateu nada não.

WizKid - "Sweet Love"
Música de boinha, igual as músicas do Pitbull são de boinhas. Não incomoda, mas também não tem nada de mais.

The Drums - "Blood Under My Belt"
Indiezinho okzinho. Bem tchubaruba.

Becky G - "Todo Cambio"
Reggaeton que até que não é mal. Tem lá sua graça pra quem não enjoou totalmente desse pop latinizadinho porém nem tanto assim (eu enjoei).

Naiara Azevedo - "Beba Mais"
Forrónejo muito produzidinho pro meu gosto. Até que ok, mas tem um trilhão de músicas no mesmo estilo já que são melhorzinhas.

Portugal, The Man - "Feel It Still"
Popzinho Pharrell Williams só que, opa, já existe o Pharrell Williams. Então pode pular essa.

James Blunt - "Make Me Better"
Essa aí sim é a volta do James Blunt que a gente conhece. Essa que vai #bombar nas rádios. Essa que vai ter vídeo no YouTube com .ppt romântico e letra traduzida. Essa que vai tocar no casamento da sua prima que você gosta médio só. Essa que o cara voz/violão vai tocar no bar. Essa. Segura.

Snoop Dogg - "Promise You This"
A batida anos 80 é boa. A temática "o Snoop prometeu lançar meu disco" é interessante. A música é ok só.

Khalid - American Teen
Pop muito apenas do ok. Tem lá seus momentinhos, mas é muito pouco.

Methyl Ethel - Everything Is Forgotten
Não tem nenhuma música que ouvi e achei mais "nossa hein que sonzera". Mas enfim, cês que é indie talvez curtam mais que eu.

Skepta - "No Security"
Tá aí o grime aí ó. Num me pegou não, viu. Achei apenas ok o negócio.

Dulce Maria - "Rompecorazones"
É o pop FM de sempre. Mas é em espanhol né, daí dá até uma enganada. Fica mais de world music. Mas é o pop FM de sempre.

Sheryl Crow - "Halfway There"
Música boazinha da Sheryl. Tem melhores, mas essa é ok também.

Mike & The Mechanics - "Don't Know What Came Over Me"
Sim, música nova do Mike & The Mechanics. Que você obviamente não lembra quem é. Daí eu falo:
- É aquela banda do "loooking back.... ooooover my shouuulder. I can seee... the look in your eyeeeee"
Daí cê fala:
- Aaaahh podicrê.
Som ok. Nada de mais. Mais uma pra saudosista anos 80. Pra saudosista essa semana tá boa até.

Jennifer Hudson - "Remember Me"
Popzão aí pra quem curte essas parada Adele aí. Acho chato. Mas dá vários Grammy.

The Shins - "Painting a Hole"
Okzinha. Lá pro final dá uma cansada essa batida que não muda nunca. Mas enfim, pro que tem essa semana até que tá ok.

The Juan Maclean - "Can You Ever Really Know Somebody"
Som mais de tecnera putzputz. O single tem uns remixes que talvez sejam mais interessantes, mas nem ouvi os remixes. É boa pra pistinha tecnera putzputz, mas não curto muito ouvir esse tipo de som em casa, por exemplo.

Loreen - "Statements"
Pop bonzinho ok, porém não chegaria a ganhar um Eurovision com essa música aí não. Mas o vocal tá bem gritadão, que dá um grau no negócio.

----ESSAS DAQUI JÁ ROLA BEM DE OUVIR----

Fatboy Slim - "Where U Iz"
O que me pegou mesmo foi a linha de baixo e a pegadinha mais de disco. É boa até essa aí. Dedinho pro alto.

Beach Fossils - "This Year"
Indiezinho bom. Bem de Sarah Records. É isso.

Sleaford Mods - English Tapas
Vamo lá. Não é das melhores coisas que eles já lançaram, mas tem lá seus momentos. "Army Nights" é boa, "Snout" é boa, "Carlton Touts" é boa. O resto, sinceramente, não vale lá muito a pena.

Saskwatch - "December Nights"
O climinha animadão da batida e do vocal feminino meio que Goldfrapp (porém nem tanto assim) acabou me pegando mais. Também colaborou a raiva que me deu ouvir a maioria das músicas dessa semana.

Thurston Moore - "Cease Fire"
Musica bem Sonic Youth mesmo, pra quem curte um Sonic Youth mesmo. O que é bom, já que agora todo mundo do Sonic Youth faz show no SESC por 20 conto.

Sondre Lerche - Pleasure
Bom, o cara passou os últimos meses lançando single de baciada, então acho que todas as músicas desse disco já saíram antes. No geral, o disco é bom. Dá umas escorregadas fudidas no pop manjadão uma hora ou outra, mas dá pra superar esses momentos. "Violent Game", que já comentei antes, ainda acho que é a melhor que tem.

Lovelyz - R U Ready?
Esse foi o melhor disco dos pop orientais que teve essa semana (K, J e C, tô ouvindo tudo). Dá uma quedinha no meio, porque entra umas baladinha, mas no pop animadão é só qualidade.

----DISCO DO GRANDADDY----

Grandaddy - Last Place
A função do conjunto musical Grandaddy no planeta Terra é ver se mete um pouco de ALMA NESSE TEU CORPO VAZIO E VÊ SE CÊ CONSEGUE SE EMOCIONAR COM ALGUMA COISA AO INVÉS DE FICAR COM "VEM METEORO", "ACABA 2017", e outros quetais amplificados nas redes sociais e nossa senhora isso é muito chato esses bagulho de meteoro. É pra isso que o Jason Lytle pega o violãozinho dele e começa a compôr, pra mostrar que a vida nesse #mundão #capitalista é dura, às vezes injusta, às vezes cruel, depressão bate fudido direto, mas ainda assim tem beleza¹ nela. Tem FANTASIA, sabe fantasia? Tem também. E tamo falando dessa tua vida aí de casa-ônibus-trabalho-almoço-trabalho-ônibus-casa. Para e observa um pouco. Mas sem acelero. Para e observa. Daí cê fala

- Tem nada.

Aí eu falo

- Grandaddy_discografia_completa_mp3.rar

Sobre o disco: quando vi que tinha "She Deleter" pensei que seria uma #versão #definitiva do b-side. Mas era só uma vinhetinha. O ponto fraco é esse só. Mas nem é ponto fraco.

¹ "Ter beleza" não quer dizer que tem felicidade. Mas quem viu DivertidaMente sabe que não é só de alegria que vive o cidadão classe média.


Zegon chamou Laudz, Nave e DKVPZ pra um remake de "Rap É Compromisso", do Sabotage

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Tamires e Wanderson (o Sabotinha), filhos do Sabotagem, estiveram no estúdio do Zegon acompanhando a gravação do remix. Foto: Reprodução

Esta matéria é um conteúdo patrocinado pela Nike.

Sabotage ainda é um dos maiores nomes do rap nacional, mesmo depois de 14 anos da sua morte. Isso ficou ainda evidente depois da movimentação causada pela imprensa, artistas e, principalmente, fãs de todas as idades em torno do lançamento do seu disco póstumo homônimo no final de 2016. 

A faixa-título "Rap É Compromisso" (2000), do seu primeiro disco, é até hoje um hino entoado por várias gerações dos amantes do hip-hop brazuca. A música foi a escolhida pelo produtor paulistano Zegon para ser retrabalhada de uma maneira totalmente nova, em parceria com mais quatro beatmakers: os curitibanos Laudz (seu parceiro no duo Tropkillaz) e Nave e a dupla de Campinas DKVPZ.

O projeto de re-criação do clássico faz parte do Rebels on Air, projeto para a comemoração do aniversário do Air Max, um dos sneakers ícones da Nike.

Zegon — que hoje tem 47 anos, mas que entrou pra discotecagem aos 18, quando começou a tocar em campeonatos de skate e na noita paulistana em geral, antes de entrar pro Planet Hemp nos anos 1990 — participou da produção da faixa original, em 1999-2000, e para este remix quis juntar quatro gerações diferentes do rap nacional, dando ao som do Sabotage uma cara completamente nova e atual, respeitando, claro, a essência do clássico. "Achei o disquete original com a música e abri a versão original para todos verem como ela foi criada, daí começamos a produção em 'cinco mãos', com um pouco da técnica e estilo de cada um, com referências que eles foram absorvendo ao longo de suas carreiras", explicou Zegon.

Por já ter trabalhado com nomes como Marcelo D2, Rodrigo Ogi, Karol Conká e Emicida, ele chamou Nave para participar da nova versão de "Rap É Compromisso". "Ele é um produtor de uma geração logo após a minha e que fez alguns clássicos do rap nacional", falou Zegon sobre o curitibano de 34 anos. Nave explicou que a sua formação musical está mais ligada a nomes dos anos 1990, como J Dilla e A Tribe Called Quest, os quais ele sempre acaba imprimindo nas suas produções. "Meu trabalho com o D2 também moldou muito o meu ouvido, então há sempre um rastro disso em tudo o que eu faço", comentou o curitibano, que acrescentou sobre as suas referências: "E, claro, o primeiro disco do Sabotage, que é um marco no Brasil porque foi aí que a produção de rap no Brasil começou a florescer realmente, sem depender tanto dos gringos. Então foi interessante revisitar 'Rap É Compromisso'."

Já André Laudz, que é parceiro do Zegon no Tropkillaz, é como se fosse "um filho" pra ele, no sentido da troca de experiência de som que rola entre os dois. Com 24 anos, o beatmaker curitibano foi muito influenciado musicalmente, inclusive, pelos próprios Zegon e Nave. "Foi muito legal ter a oportunidade de pegar uma música que ouço desde criança e fazer um remix com dois caras que eu sou fã", disse Laudz. "Clássicos como 'Rap É Compromisso' são inspiração para qualquer pessoa, desde os mais jovens até os mais velhos, pois são músicas que mudam não só a vida de muita gente como também gerações inteiras. E é importante pros mais novos no game reconhecerem o valor de músicas e artistas que fizeram história no hip-hop na hora de produzir o próprio som".

Pra fechar o grupo, Zegon chamou o duo de Campinas DKVPZ, formado por Matheus Henrique e Paulo Vitor, ambos de 19 anos. "Foi engraçado, porque estávamos nós três [eu, Laudz e Nave] falando sobre eles e sobre como curtíamos o som deles . Eles são a nova geração e foi muito bom poder ter esse encontro com eles agora", falou o produtor paulistano. O duo, que antes se chamava Dropkillers, tem muita influência do próprio Tropkillaz. "Inclusive, sugeri pra eles uns meses atrás pra trocarem de nome por causa da semelhança fonética com o Tropkillaz, o que poderia gerar alguma confusão futura".

Pro remix do Sabota, Paulo Vitor comentou que o DVKPZ tentou colocar um pouco da influência do selo gringo de Los Angeles Soulection — que se autodenomina como "o som do futuro" —, bastante presente nos trabalhos anteriores deles. "Acho que a combinação desses quatro beatmakers representa muito bem quatro gerações e o que queríamos passar no remix: o encontro do passado com o futuro", finalizou Zegon.

O remix é produto do Air Max Day 2017, promovido pela Nike. Semanalmente, feras da música contemporânea brasileira se reúnem para projetos especiais que celebram o legado do Air Max. O tema da primeira semana é o OG (original gangsta, o miliano dos gringos), o que inspirou a re-criação da histórica faixa do Sabotage.

Ouça a playlist que o Zegon fez só com clássicos das raízes do hip-hop

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Esta matéria é um conteúdo patrocinado pela Nike.

O trap é hoje o estilo de produção do mainstream do rap, principalmente entre a galera mais nova. E isso tá rolando tanto na gringa [vide hits como: "Bad and Boujee", "Black Beatles" e qualquer coisa do Young Thug], quanto aqui no Brasil, com Raffa MoreiraTropkillaz e até com o Cores e Valores (2014), do Racionais. Mas, bem antes de chegar no trap de hoje, o hip-hop passou, desde a década de 1970, por um longo processo de formação, colhendo várias referências do passado, presente (e futuro, por que não?) da música black ao longo desses anos.

A convite da Nike pro Rebels on Air, o produtor Zegon, conhecido por seus trabalhos no Planet Hemp nos anos 90 e no duo Tropkillaz atualmente, fez uma playlist só com os clássicos de black music e música brasileira que, na opinião dele, retomam as raízes do hip-hop e são essenciais pra qualquer um que curte o gênero. "É uma seleção bem básica, só com músicas fáceis de achar no Spotify, de fácil assimilação. Vários sons indispensáveis e que muitos devem conhecer a maioria. Não quis ser muito 'nerd', mas sim fazer algo mais acessível pra todo mundo", explicou.

A playlist conta com 19 faixas, que vão desde o revolucionário "Planet Rock" (1983), do Afrika Bambaataa, um dos primeiros sons feitos na drum machine TR-808, até às brasileiras "Não Adianta" (1977), do grupo de samba-rock paulistano Trio Mocotó, e "Imunização Racional" (1974), do Tim Maia. Ouça abaixo:

A playlist é parte da série Rebels on Air, que comemora o Air Max Day 2017, promovido pela Nike. Semanalmente, feras da música contemporânea brasileira se reúnem para projetos especiais que celebram o legado do Air Max, icônico sneaker da marca lançado em 1987. O tema da primeira semana é o OG (original gangsta, o miliano dos gringos), o que inspirou o Zegon na curadoria da playlist.

Leia aqui o papo com Zegon, Laudz, Nave Beatz e DKVPZ sobre o remix que eles fizeram para o clássico "Rap É Compromisso", do Sabotage. 

Por que tatuei o rosto do Chorão

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Na imagem, a tatuagem com o rosto de Chorão na perna da estudante Alessandra Camila. Crédito: arquivo pessoal

Era uma quarta-feira normal. Enquanto tomava café da manhã no trabalho, o som da televisão chamou a atenção do analista de processos Germano Mendes, 30. Ouvir as notícias proferidas pelo jornalista em questão doeu: seu ídolo, Alexandre Magno Abrão, o cara que cantava "Rubão, Rubão, pagou pra ver tcharrolandrão!", havia sido encontrado morto. Era 6 de março de 2013 quando Chorão, fundador e vocalista do Charlie Brown Jr., deixou os palcos em definitivo.

Tempos depois, Germano, fã incondicional da banda e de tatuagens, abriu o Google e começou a caçar inspirações para uma reverência post mortem. A escolha parecia radical, e, sim, era: decidiu tatuar em seu braço o rosto de Chorão. Escolheu como base uma foto em que ele estava de fones de ouvido, vestindo uma camiseta extra G e seu usual e ralo bigodinho de malandro. "Foram vários corres pra ir em shows, altas histórias. É uma forma de homenagem por todos os anos que pude acompanhar a banda", explica.

Chorão tatuado no braço do analista de processos Germano Mendes. A tatuagem foi feita por Jean Etienne. Crédito: arquivo pessoal

Germano não é o único. Estudante de pedagogia, Alessandra Camilla, 26, foi acordada com cautela pela irmã naquela manhã de março. Todos na família sabiam o quão fã da banda ela era. Quando ouviu que seu ídolo de infância havia morrido, caiu em lágrimas. "Passei o dia chocada, querendo saber mais informações sobre a morte dele", relembra. Próximo à sua casa, numa pracinha, acontecia uma triste e típica cena do rock'n'roll enlutado por seus mais hormonais e verdadeiros entusiastas: trajados em camisetas pretas e tênis All Star, jovens fãs empunhavam violões e relembravam hits do CBJr.

O tempo passou e Alessandra começou a trabalhar em um estúdio de tatuagem. Ao papear com a equipe sobre a possibilidade de macular em sua pele uma frase da banda, recebeu como sugestão a pergunta: "por que você não tatua o rosto dele?". Sem considerar qualquer hipótese de isso parecer absurdo, ela topou. E no dia 6 de março de 2014, quando completou-se um ano exato da morte do músico, sucumbiu às agulhas. "Pensei que seria uma grande homenagem ao meu ídolo", justifica.

Na faculdade, acabou virando atração. "As pessoas sempre comentam: uau, você tem o rosto do Chorão. Que foda!", fala. Mas já presenciou alguns narizes sendo torcidos e foi chamada de louca. Coisa para qual dá de ombros, pois "só quem é fã entende".

A foto original e a perna da estudante de pedagogia Alessandra Camila. Crédito: arquivo pessoal

O garoto pobre que cresceu na cidade paulistana de Santos realizou seu maior sonho ao se consagrar como um working class hero do rock nacional (você pode discordar, mas vou insistir que isso é verdade). Apesar de tomar as telas da MTV Brasil com seu primeiro clipe, "O coro vai comê!", em 1997, o jovem Chorão sobrevivia graças ao ticket refeição da namorada, com quem morava num apartamento antigo. Com o pouco dinheiro, os dois comiam esfirras e tomavam Coca-Cola.

Maloqueiro, vagabundo, não uso sapato, cantava, rebelde, em suas letras o skatista. E, assim, o Charlie Brown Jr. conquistou uma legião de fãs e detratores (principalmente depois que o músico desferiu um soco no rosto de Marcelo Camelo, na época, vocalista dos Los Hermanos). Foram 12 discos, seis DVDs, dois Grammys latinos.

Desbocado e sempre com o discurso humildão, Chorão foi ganhando peso, tatuagens —  tinha "Marginal alado" e "Skate por toda vida" nos antebraços —, amigos e inimigos ao longo da carreira. Em 2013, manchetou os principais jornais do país: a um mês de completar 43 anos, foi encontrado morto na cozinha de seu apartamento em São Paulo depois de uma overdose.

A história não parou por aí. O baixista, parceiro de banda e amigo Champignon, com quem Chorão havia brigado a ponto de lançar ofensas em dia de show, se matou com um tiro na boca dentro da própria casa meses depois. Sua esposa estava grávida. Os fãs de Charlie Brown Jr., já inconsoláveis à época, não podiam acreditar.

Até hoje, mesmo com o fim da banda, grupos e mais grupos de Facebook proliferam memes, fotos e vídeos da banda. No Spotify, o CBJr soma mais de um milhão de ouvintes mensais. Mas, entre os mais jovens, o foco é sempre o mesmo: Chorão, a quem chamam de herói e poeta.

A estudante de moda Agatha Mendes, que tatuou o rosto de Chorão na coxa. Crédito: arquivo pessoal

"O cara era foda como pessoa e como artista. Suas letras e sua voz foram minhas melhores conselheiras ao longo desses anos. Ele era único", emociona-se a estudante de moda Agatha Mendes, 24, que tem cinco tatuagens em homenagem ao vocalista. Uma de suas coxas traz um Chorão de boné na cabeça e microfone na mão.

Quem escolheu a foto que serviria de base para o desenho foi o tatuador. Direta, Agatha fez somente uma imposição: "Pedi que não fosse uma foto recente, pois ele parecia estar muito triste." No dia em que a morte do músico foi anunciada, ela reuniu todos os discos do CBJr e passou a tarde ouvindo as músicas que marcaram sua adolescência.

A estudante de moda Agatha Mendes, que tatuou o rosto de Chorão na coxa. Crédito: arquivo pessoal

Assim como os outros fãs, também ouviu críticas e comentários desagradáveis. "Mas nunca liguei. Tenho orgulho do que o Chorão foi, então, consequentemente tenho muito orgulho da tattoo também."

@DéboraLopes

O festival holandês DGTL chega a São Paulo em maio

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Depois da primeira edição do Dekmantel, outro festival moderninho de Amsterdã aterrissa no Brasil em 2017. No dia 6 de maio, o DGTL – que rolou quatro vezes na capital holandesa e duas em Barcelona – acontece pela primeira vez em Barueri. O lance do festival é ser um tanto mais sustentável e tentar eliminar detritos de jeito e reduzir emissões de carbono, como consta no evento do DGTL.

Leia o restante da matéria no THUMP.

Imagens inéditas de Bowie e Lou Reed em Nova York nos anos 70

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Nova York era um lugar selvagem em 1977. A crise econômica atormentava a nação e a Big Apple estava especialmente falida. Junte a isso picos de violência (os assassinatos do serial killer Filho de Sam, seguidos de um blackout de 25 horas no calor sufocante de julho daquele ano) e você tem um barril de pólvora, uma cidade à beira do caos. Mas enquanto a cidade literalmente desmoronava, os jovens nova-iorquinos começaram a cristalizar novas cenas criativas e movimentos musicais. No Bronx, dançarinos de break e DJs plantavam a semente do hip hop, enquanto o centro pertencia aos punks. O mundo estava em chamas, mas pelo menos a música era boa. Ed Rosenbaum, que tinha 17 anos em 77, viveu essa era e capturou com sua câmera vários dos músicos mais importantes da época em algumas casas de show mais icônicas da cidade.

Lou Reed, Capitol Theater, 1978.

Veja a galeria completa na VICE Brasil.

Transcendendo a matéria com o Samsara Blues Experiment

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Depois de levar o seu stoner rock psicodélico pela primeira vez ao Chile, Uruguai e Argentina, o trio alemão Samsara Blues Experiment estreia também nos palcos brasileiros nesta semana. A etapa verde e amarela da turnê latino-americana começa na quarta (8), em Porto Alegre (RS), como parte da programação do Hocus Pocus Festival, e na sequência ruma para: Florianópolis (SC), dia 9, no Célula Showcase; Belo Horizonte (MG), dia 10, no Stonehenge Rock Bar; São Paulo (SP), dia 11, no Clash Club; para encerrar o giro em solo tropical na edição carioca do Hocus Pocus, dia 12 de março.

As datas brasileiras na agenda marcam o início dos trabalhos da produtora Abraxas este ano. E o próximo evento já está no esquema: será uma apresentação única no país do supergrupo americano The Atomic Bitchwax, marcado para 5 de abril no Clash.

Fundada em 2007 pelo guitarrista e vocalista Christian Peters, que também toca cítara, sintetizadores e outros instrumentos capazes de conferir ambientação oriental ao som, a Samsara Blues Experiment busca criar uma espécie de transe parcialmente denso e sublime, revelando altos climas de doom metal, raga indiano, folk, thrash metal e, claro, blues. Finda a série de shows, a banda retornará ao estúdio para finalizar seu quarto álbum, One With the Universe, com previsão de lançamento em 2017.

Pouco antes deles embarcarem pra cá, desenrolamos um papo com o Chris sobre mistura de ritmos, uso de psicotrópicos como ferramenta criativa, espiritualidade e o que podemos esperar do novo álbum a caminho, entre outras coisas. Acompanhe:

Noisey: Como vocês chegaram nessa mistura de elementos que definem o som do Samsara Blues Experiment, combinando ritmos aparentemente discordantes como o folk e o thrash metal?
Christian Peters:
É como sempre digo: por que devemos nos limitar? Ao meu ver, é simplesmente chato se prender a apenas um gênero musical. Nós basicamente combinamos tudo aquilo que nos agrada. É um processo bem natural.

Vocês têm contato com a cena brasileira ou latino-americana de stoner/psych-rock? Fale do seu conhecimento sobre o público e as bandas dos países por onde passa a turnê.
Na real não manjo muito. Por isso sou grato em ter conhecido o Felipe da Abraxas. Foi ele quem tornou tudo isso possível pra gente. E pessoalmente não tenho escutado muito rock. Mas isso não significa que eu não curta aquilo que faço, é só que transcendi a perspectiva do ouvinte, sabe? Necessito de novos impulsos. Me cansa escutar às mesmas coisas repetidamente. Preciso constantemente conhecer novos sons.

Na sua visão, se faz necessário o uso de enteógenos para alcançar uma experiência psicodélica ou transcendental por meio da música? Você usa ou já usou drogas buscando estar mais aberto a processos criativos?
Olha, falando por mim, nunca fui muito de usar drogas nem as considero necessárias, de modo algum. Não posso legislar sobre as outras pessoas. Se alguém precisa recorrer a essas coisas, sem crise, mas o lance é que no final tudo já está na sua mente! Todas as visões que você terá por meio das substâncias já existem dentro de você. Os psicotrópicos podem servir como uma chave, acredito. Porém não são realmente necessários. Há quem medite e, assim, acaba atingindo elevados graus de consciência. Este assunto é meio complexo. Vamos dizer que as drogas facilitam o acesso a certos estados mentais. No entanto, é também um mito essa coisa de que músicos psicodélicos precisam delas. O mesmo vale para o sexo, a propósito. Muitos dos mitos a respeito dos músicos de rock estão defasados. Na minha opinião, quem pensa assim ainda segue estanque naquele estado mental de um adolescente de 16 anos que se recusa a amadurecer. Não vou dizer que tais experiências são sempre negativas ou coisa que o valha, contudo penso que se você realmente deseja se conectar com algo maior, o que é basicamente o sentido da vida para mim, você não vai chegar lá pelas vias mais simplórias.

Isso nos leva ao significado do nome de seu próximo álbum, One With the Universe: tem a ver com a nossa ínfima condição diante do cosmos?
Na verdade é sobre a insignificância de tudo e todos. Todos nós pertencemos a um propósito maior, o qual eu ainda não tenho uma clara noção do que se trata. Mas sei que a vida possui um significado maior. Bem, ao menos deveria ter. Isso, no entanto, não é algo para pensarmos muito a respeito, basta seguir o fluxo das leis naturais, trafegar pelas malhas do tempo. Todas as vozes que ecoam ao vento podem ou não ter uma resposta. Não faz muito sentido ficar tentando desvendar tudo, de qualquer forma.

A escolha da palavra "samsara", que nas filosofias budista e hinduísta designa o ciclo de vida e renascimento ao qual o mundo material está submetido, indica que vocês são caras espirituais?
Em certos aspectos acho que dá pra dizer que sou uma pessoa espiritualizada. Não posso falar pelos outros caras da banda, mas de vez em quando tenho umas conversas sobre espiritualidade com o nosso baterista. Ele tem uma formação cristã, enquanto eu vim de uma família em sua maioria composta por ateus.

Falando agora do aspecto musical: as músicas novas trazem alguma inovação que valha comentar?
Meu camarada de selo, o Wolf, da World in Sound (distribuidora), disse uma parada outro dia: "Esse é um típico álbum do Samsara Blues Experiment, mas no melhor dos sentidos". O que significa que a obra soa muito próxima daquilo que eu sempre tive em mente, mas que até agora havia falhado em alcançar. O que posso dizer é que as pessoas em geral parecem ter perdido a conexão com as origens dessa Terra. Não vou exagerar nesse tópico, mas basta observar o que se passa com o planeta, com a mídia, que é "O" demônio da nossa era. Parece que existe alguém tentando enlouquecer as pessoas. Loucas por dinheiro, fama, sexo, por tudo aquilo que é desperdício de tempo. Sou um cara que se contenta em ler um livro ou caminhar pelas florestas.

O Samsara Blues Experiment completa uma década este ano. Quais foram as agruras e alegrias dessa jornada?
Sabe de uma coisa, no final muitas das "coisas ruins" acabam resultando numa virada positiva. Muitas águas rolaram nessas anos. Brigamos com os Nazis num trem, tivemos duas batidas policiais em nosso estúdio porque eles confundiram o endereço, discutimos muito, mas também demos muita risada, fizemos grandes shows, conhecemos muita gente legal, visitamos tantos países. É incrível e eu me sinto abençoado de ter conquistado tanto apenas por estar numa banda, mesmo quando digo que batalhei muito por isso e que nada vem fácil. Fazer parte de uma banda é frequentemente comparado ao casamento, e talvez seja isso mesmo, sob certo aspecto.

SERVIÇO COMPLETO DOS CINCO SHOWS NO BRASIL

Porto Alegre (Hocus Pocus Fest)
8/3 às 18h @ Riff.e Bar
Abertura: Mar de Marte
Ingressos aqui.

Florianópolis
9/3 às 21h @ Célula Showcase
Abertura: Elevador
Ingressos aqui.

Belo Horizonte
10/3 às 22h @ Stonehenge Rock Bar
Samsara Blues Experiment em Belo Horizonte
Abertura: Duna, Brisa & Chama e Pesta
Ingressos aqui.

São Paulo
11/3 às 18h @ Clash Club
Samsara Blues Experiment em São Paulo
Abertura: Hamemerhead Blues e Saturndust
Ingressos aqui

Rio de Janeiro (Hocus Pocus Fest)
12/3 às 17h @ Cais da Imperatriz
Abertura: Psilocibina e Aura
Ingressos aqui.

Ouça o novo single do baiano Giovani Cidreira

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Praticamente se escondendo da folia pré, durante e pós Carnaval, o músico soteropolitano Giovani Cidreira, 26, deu um tempo na cidade de Cachoeira, perto de Santo Amaro, lá no recôncavo baiano. "Pulei carnaval quase dez anos, quis mudar tudo dessa vez e sair da muvuca", conta. Mesmo sendo original de Salvador, o artista passou seus dez primeiros anos em uma fazenda em Castro Alves, cerca de três horas da capital.

Apesar de nunca ter estudado música formalmente, Giovani tem banda e agita a cena local desde 2006. Primeiro com a finada banda Velotroz, depois com seu trabalho solo, lançado em 2014, o EP Giovani Cidreira. Agora, ele se prepara para soltar o seu primeiro álbum completo, o Japanese Food, que sai dia 6 de abril, pelo selo indie paulistano Balaclava Records.

Nesta terça, orgulhosamente apresentamos em primeira mão o single "Crimes da Terra", última faixa do álbum, que tem uma pegada folk pós apocalíptica com um pé na MPB dos anos 70. "O disco passa por várias nuances e diferentes climas porque demorei um bom tempo para deixá-lo pronto. Acho que essa música é uma das mais clássicas, ela é bem rock", diz o artista tentando se explicar em entrevista ao Noisey. Cita também nomes como Caetano Veloso, Milton Nascimento, Baby Huey, Marvin Gaye e até Mac Demarco como inspirações.

As doze faixas do trabalho foram gravadas com o apoio da Natura Musical, durante o Carnaval de 2016, e contam com mixagem do produtor e músico carioca Diogo Strausz. "Fui para o Rio bem de doido, com R$ 300 no bolso, bati na porta dele e descobri que estávamos escutando o mesmo som na época", relembra Giovani. Os caras estavam pirando nos canadenses do Badbadnotgood e a identificação foi imediata.

Já o tempo de maturação das músicas foi um pouco diferente até estarem finalizadas. "Foi um processo contrário. Quando eu tinha banda era normal você ir para o estúdio e todo mundo se ajudava. Nesse disco gravei as demos em casa e pedia para os caras do estúdio me seguirem", ele conta.  

O show de lançamento acontece no dia 21 de abril em Salvador, depois passa por São Paulo e Rio de Janeiro.

Antes do feriado mais amado do Brasil, conversei por telefone com o Giovani, e o artista dividiu algumas histórias de gravação do seu primeiro disco, o acaso e a quantas andam a cena independente de Salvador. Abaixo você lê a íntegra da conversa, e no player ouve "Crimes da Terra". Segura:

Então, qual é o assunto principal de Crimes da Terra ?
Música é um lance pessoal e cada um tem sua interpretação. Para mim, pensei na nossa falta de cuidado um com o outro. Seja dentro de nossas relações, em que machucamos as pessoas que amamos com frequência, até nossa insensibilidade com coisas que deveriam nos incomodar, como a miséria e a fome por todo o lado.

Como rolou o approach da Natura Musical?
A história é a seguinte: estava na merda em Salvador. Fui então chorar para o meu amigo Tadeu Mascarenhas (que dirigiu o disco comigo) que as coisas estavam ruins e geral estava sem grana. Ele sugeriu inscrever o projeto no edital da Natura, fizemos um release, mandamos o material e rolou. A gente nem acreditou quando aprovaram. Para mim, sempre foi aquela história: acho que quem ganha é amigo do dono até passar numa parada dessas.

E as gravações em Salvador?
Começamos as gravações no carnaval do ano passado, e depois disso ainda demorou uns três meses para ficarem prontas. Tinha escrito as letras das músicas entre 2012 e 2016. Elas eram voz e violão, mas com o passar do tempo, fui escutando outras coisas e inserindo mais elementos. Depois de gravar com o Tadeu, tive a ideia de fazer a mixagem com o Strausz, lá no Rio de Janeiro. Fui pra lá de doido, com 300 reais no bolso.

Você bateu na porta dele sem avisar?
Ah, conheci o cara na hora e começamos a trocar ideia. Estávamos ouvindo o mesmo som na época, então, a interação foi rápida. Dormi na casa do Ronaldo Bastos, do Clube da Esquina, que me deixou ficar com ele por um tempo. E as coisas foram acontecendo… Aconteceu que fui depois para São Paulo, onde conheci o Ale Sater (Terno Rei) e o Rubens Adati (Vladvostock), que me levaram a um show no Breve, onde conheci o Rafael Farah (um dos sócios do selo) e a Balaclava. Então, uma coisa levou a outra.

Então o seu disco "aconteceu"?
As coisas foram acontecendo. Deixei espaço para o inconsciente e para o acaso. Ouvi vários sons da infância, onde reencontrei o Michael Jackson, o Prince e o Renato Russo. Quando paro para fazer uma música é porque já pensei demais naquele negócio. Foi diferente de quando tinha banda (Velotroz), porque você tava com seus amigos e todo mundo se via. Dessa vez, fiz o contrário. Trabalhei com pessoas que tinha acabado de conhecer no estúdio e não tinha muita amizade. Gravava as demos em casa no teclado e levava para o estúdio. Às vezes você quer que o cara coloque um barulho, "quero como se estivesse no filme 'O Vento Levou' ou imaginar aquela explosão do Antonioni". Coisas que são difíceis até pra eu entender. Fazia em casa a linha de baixo, bateria, riffs da guitarra e depois levava para lá para o pessoal ir atrás.

E a galera entendia o que você queria dizer? 
Na minha cabeça estava tudo pronto. Minha dificuldade foi explicar isso para as pessoas. Não tenho formação musical, então, trabalho com gestos, cenas de filmes e é um lance mais subjetivo mesmo.

Qual é a história por trás da capa e do título do disco?
Aquele lance bem diariozinho, coisas que escrevemos no caderno como rascunho, bem documental. Câmera analógica é sempre uma surpresa em questão do que vai funcionar ou não. Então, comprei uma câmera e fui dar um rolê com meus amigos. A capa é chapadona, nesse tom pastel meio esquisito com a foto centralizada. Estava no Rio Vermelho com um amigo e passou um daqueles caras que vendem CD na rua. O nome dele era Wesley e a capa do disco dele era todo amarelo com uma foto no meio. Não tinha dúvidas que tinha que ser meio parecido no meu disco. Já o nome veio da primeira coisa que apareceu e mexeu com a minha sensibilidade. A Liz, minha namorada, tinha uma banda com sete anos de idade com o mesmo nome. Quando vi um desenho dela de criança, tive a ideia de colocar esse mesmo.

E Salvador tá com uma cena massa rolando? O que você acha?
Já dizia um amigo: Salvador é uma grande universidade de cultura e de arte mas não tem mercado. No fim, o pessoal sai para trabalhar em outro canto porque o nicho é muito pequeno. Tem uma galera que vem chegando, mas tem um ranço das bandas mais antigas. Nasci lá, mas cresci em uma fazenda em Castro Alves. Voltei onze anos depois e via que a coisa era formada por aquele lance meio xiita de banda de rock. Hoje em dia, existem bandas que estão fazendo outras coisas, nem um pouco interessadas se diabo é rock ou o que for. Salvador se parece bastante com o Rio, tem um glamour no ar que é foda, mas não dá grana não.


Adeus Alexandre Cecci, aka DJ Don KB

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Alexandre Cecci, DJ e produtor cultural paulistano, um dos fundadores da festa/clube Jive e pioneiro em introduzir a mistura de ritmos nas pistas da cidade, morreu no último sábado (4). Don KB, como era conhecido no meio artístico, foi vítima de um infarto fulminante na praia de Maresias, litoral paulista, e não resistiu. Ele estava com 47 anos, e seu corpo foi velado no domingo (5), no Cemitério do Araçá. "Sem falsa modéstia, eu me sinto responsável pelo revival do samba-rock", disse em entrevista à Folha de S. Paulo, em 2001, ano em que começou a colher os frutos do hype de seu projeto.

E era verdade. Antes da investida de Don KB, a noite da capital paulista era marcada por clubes temáticos, já que a segregação entre rock, pop, grooves, eletrônico e brasilidades falava mais forte. Com a chegada da Festa Jive, o samba-rock, cujo sucesso remontava às décadas de 1960 e 70, voltou a ser aceito pelo público, e com isso se abriram os horizontes do mercado. A história do Alex com o samba-rock começou em 2000 nas sextas do hotel Cambridge, quando "Jive" era ainda o nome da festa que viraria clube naquele mesmo ano.

Receoso em causar estranhamento, a técnica que o DJ empregava consistia em introduzir a tendência aos poucos. Os sets iniciavam tranquilos, passavam para algumas músicas latinas e, quando o público já estava no astral elevado, ele disparava o samba-rock propriamente dito. Mais tarde, com a tendência consolidada, Don KB levou à pista do Jive vários bruxos da mixagem ao vivo como os DJs Nuts, KL Jay, Hum, Patife, Tony Hits e Primo.

Não é exagero dizer que o Alex deixou uma imagem irretocável no cenário cultural, pois suas iniciativas mexeram com a vida de muita gente. Principalmente gente que veio depois, que começou a sair à noite nos anos 2000. Quem é mais velho e saía na balada tá ligado como era a noite nos anos 90. Até então, o que se tinha eram os bailes de periferia, com um perfil mais de balada black, e na região central o esquema ou era rock ou eletrônico. Era segregado, e ele trouxe uma mistura, uma democracia da qual desfrutamos até hoje. Ele colaborou muito pra acabar com aquela coisa de "carão" que predominava.

Em paralelo à discotecagem e à gestão da casa que inaugurou ao lado de seu irmão, na Alameda Barros, em Santa Cecília, centro de São Paulo, ele também era instrumentista, dono de selo e agente. Alex tocou bateria nos grupos de surf music e psychobilly Los Sea Dux e, anteriormente, K-Billys. Fundador do selo Gorilla Hi-Fi, Don KB empresariou artistas como Mamelo Sound System, Academia Brasileira de Rimas, Black Alien, Speedfreaks e Max B.O., além de agenciar o Trio Mocotó.

Ricardo Magrão, DJ, artista visual, companheiro de bandas, empregos e projetos do Alex por mais de 30 anos, foi quem disparou a notícia de sua morte nas redes sociais. "Um amigo nosso, o Carlinhos, que estava com ele na praia, me mandou um Whats no sábado falando: 'O Don faleceu'.", contou ao Noisey por telefone. "Ele estava no litoral hospedado na casa desse amigo. Pelos relatos do Carlinhos, ele tava felizão, o dia tava bonito e tudo. De repente entrou na água, saiu, sentou e disse 'Não estou muito bem'."

Segundo o Magrão, ninguém tinha conhecimento de problemas de saúde dele: "Sempre achamos que o Alex era o cara mais saudável da turma, tá ligado? Sempre fez ginástica, academia, comia bem, dormia e acordava cedo sempre que possível, nunca se queixou de nada. Foi muito surpreendente isso aí. Ele só tomava um drinque ou outro, nunca foi de usar nada pesado." E arrisca uma suposição: "Acho que o que aconteceu deve ter sido por alguma coisa congênita ou estresse. Ele era uma pessoa muito emocional. Pra você ter ideia, o punho dele, a mão dele fechada, era repleta de cicatrizes, porque quando ficava puto saia socando a parede. Tudo deixava ele puto. Sempre que alguma coisa não dava certo ele já socava a parede, não conseguia fugir de um estresse, saca?".

Paixão pela música

A história de amizade entre Alex e Magrão começou em 1987, período em que o Alex tocava batera no K-Billys e o Magrão era baixista de outra banda psychobilly, a S.A.R. (Soviet American Republic). Ambos os grupos às vezes se apresentavam juntos, e, nessas, acabaram se conhecendo. No comecinho dos anos 1990, entre 90 e 91, as bandas acabaram. Já amigos, os dois começaram a descobrir, cada um de seu lado, músicas novas. Foi a partir dessas pesquisas que Don KB e Magrão, junto com o cara que tocava guitarra no K-Billys, o Avenal, acabaram tendo a ideia de montar uma banda de surf music instrumental. Nascia o Sea Dux. Com o tempo, a mistura de referências do Sea Dux passou a adicionar várias influências à surf music. Coisas como jazz, salsa, e outros lances latinos. Lá por 93, o trio ampliou ainda mais seus horizontes sonoros, com a entrada de percussionistas e saxofonistas.

Era um momento em que o Sea Dux fazia muito show em São Paulo. A banda não tinha disco, mas cultivava um público grande. Em 95, com a ida do Magrão para Londres, onde passou uma temporada, a banda deu um tempo. Quando ele voltou, o grupo retomou as atividades, dessa vez com vocais e com o nome de Los Sea Dux. Foi aí que entrou o Rodrigo Brandão, acrescendo uma cadência hip hop a um estilo que já era bem diverso. Eles chegaram a gravar um compacto de sete polegadas, e, em 99, um LP, que por tretas de gravadora nem foi lançado. No mesmo ano a banda acabou. Foi bem na sequência disso que pintou a Festa Jive, como resultado das pesquisas incessantes do Alex.

Segundo Ricardo Magrão, Don KB descobriu os grooves e latinidades por meio de coletâneas dos anos 70 e 80. "Tinha um cara que se chamava Deni Mancha, e ele lançava coletâneas super piratonas", revela. "Porque o samba-rock se caracteriza muito pela música brasileira, mas tem muita coisa internacional com essa pegada, Ray Charles, umas coisas assim. E nas coletâneas desse cara, em vinil e CD, tinha de tudo. Ele passava pra DJs de samba-rock. Lembro que o Alex ficou fascinado com aquilo ali, gostou pra caralho. Nessa época, o irmão dele, o Márcio, junto com o Rubinho, o Rubens, que hoje é o dono da Trackers, estava abrindo uma casa, que era o Jive. O Alex não era sócio nem dono da Jive no começo, quando inaugurou na rua Caio Prado. Só depois, quando reabriu na Alameda Barros. Foi quando ele pediu pra tocar no clube dos caras, fazendo sets com esses discos."

Na Festa Jive do hotel Cambridge, (os irmãos Cecci curtiam tanto essa palavra que o clube tinha o mesmo nome da noite), o artista visual MZK (tocador de maracas no Los Sea Dux) também discotevava junto. Quando passou para o Jive da Caio Prado, em 99, é que a festa ficou realmente famosa, apesar de já contar com um bom público no Cambridge. Rolavam enormes filas e isso rendeu pautas nos guias e revistas semanais da capital. O Jive só fechou, um ano depois, para reabrir no bairro de Santa Cecília, por causa de treta com o PSIU (Programa de Silêncio Urbano).

"Fomos parceiros em muitas coisas desde 1992. Na Estação Manda, zona autônoma temporária onde trabalhávamos e vivíamos, tocamos juntos nos Los Sea Dux por anos a fio... na sequência disso, veio a primeira Festa Jive, que realizamos no hotel Cambridge e que nos rendeu mais uns dez anos de parceria", comenta MZK.

A guinada

Nos tempos do psychobilly, entre 91 e 92, Don KB e Magrão arrumaram um trampo como supervisores das lojas do Dunkin Donuts. Em 93, deram uma guinada na vida. Ficaram sócios, junto com o MZK e outro amigo, o Macarrão, pioneiro de artes digitais no Brasil, da Estação Manda. "O Macarrão achava que o nosso emprego era ridículo e falou pra gente largar aquela porra e virar sócio dele", diverte-se Magrão. "E aí embarcamos numa doidera por dois anos, todo mundo morava junto. Antes de surgir a moda dos coletivos, tínhamos um coletivo artístico ali. Era tipo uma produtora, as agências contratavam a gente. Fazíamos publicidade, editoriais, ilustrações."A Estação Manda durou até o final de 94. O Alex, que sempre foi muito bom em socializar com as pessoas e tudo o que envolvia correr atrás, fazia o atendimento. Acabou porque o Macarrão se matou, e os caras decidiram encerrar.

Em 96, quando o Magrão voltou de Londres, os camaradas chegaram a abrir outra produtora, em sociedade com um cara mais escolado, o Stefano Deho, dono de um estúdio de som. O Stefano trouxe alguns clientes de publicidade maiores, mais estruturados. Essa produtora se chamava Estúdios Galáxia, e durou até final de 99.

"Quando o Rodrigo Brandão saiu do Los Sea Dux, nesse mesmo período perto do fim da segunda produtora, saiu todo mundo", relembra Magrão. "Decidimos, então, mudar o nome de novo, agora para Three Dux, já que tínhamos voltado ao que a banda era no começo, só nós três fazendo instrumental."Em 2000 o Three Dux acabou. É que a carreira de DJ e produtor do Don KB realmente vingou e o tempo para se dedicar ao grupo ficou muito escasso.

O Eduardo Bid, produtor e multiinstrumentista, guitarrista da SolanaAllStars, enxerga Don KB como um pesquisador musical que gostava de dividir as suas descobertas com as pessoas. "Suas festas Jive eram de riqueza musical enorme, um lugar pra encontrar amigos, descobrir um novo som brazuca das antigas", define. "Além de respirar boa música, ele era um brother, fazíamos parte da mesma cena, propagando e dividindo descobertas do samba-rock e do funk das antigas. Ele ficará vivo na memória de quem teve a chance de dar um hangout com ele. Lembraremos histórias, vivências e playlists, mantendo ele sempre vivo, na área conosco."

DJ Nuts tem a mesma visão. Ele relembra que as festas Jive eram tipo um oásis para quem estava entediado com as discotecagens "norte-americanizadas" que hegemonizavam os clubes. "Os sets dele ajudaram a revelar o samba-rock para o público jovem, pois surgiram como uma opção fora do circuito tradicional de bailes de nostalgia", frisou. "Eu mesmo aprendi a aplicar muitas dessas músicas na pista com ele, comecei a visualizar que seria possível utilizar esses discos que até então estavam só na prateleira."

Nos últimos tempos, Alexandre Cecci vinha atuando como diretor artístico na empresa Ativa Aí e continuava administrando a Gorilla Groove Produções, nascida a partir do selo. "É difícil falar pouco sobre o Alex. O que não falta é assunto", declarou MZK com o coração apertado. "O volume de histórias desse amigo que se vai é grande. Ele tinha uma personalidade inquieta, criativa e persistente. Sempre será lembrado por quem o conheceu."

O rapper baiano Deds fala do inferno do crack no seu novo clipe

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"Já viu um animal morrendo por envenenamento? Um ser agonizando antes de morrer? A cena é muito similar. O único fator diferencial é que o indivíduo continua vivo", dispara o rapper soteropolitano Deds sobre a temática de "Cracking". No clipe que o Noisey estreia nesta quarta (8), ele busca retratar de modo fiel as consequências violentas dessa impiedosa droga, e em parceria com a diretora e roteirista Francini Ramos, chegou-se a um misto de trap, hardcore e horror. A abordagem não se difere de "Salraq", outra música sua. Ambas retratam a vida marginalizada, a violência urbana, o tráfico e o consumo de entorpecentes.

Em suas letras, Deds contextualiza tais realidades num tom ácido e incômodo. "O verdadeiro resultado que almejo é impulsionar uma reflexão", diz ele. "Quando vemos notícias de usuários de crack fazendo alguma barbaridade, isolamos da nossa concepção que ele é um ser humano fora de seu estado normal. Só apontamos o dedo e queremos a cabeça do 'monstro crackudo'." Irônico que, no dia da gravação, enquanto eles esperavam o ônibus no ponto, presenciaram uma mulher em situação de rua tendo abstinência de droga.

O rapper apresentou suas referências, tiradas de artistas underground como Suicide Boys, Bones e Fat Nick à Francini e, juntos, aplicaram o conceito, aproveitando as decompostas locações do bairro de Alto do Cabrito, no subúrbio de Salvador. Na edição, um filtro VHS foi usado para dar aquele aspecto de registro particular. É tipo como se você encontrasse a fita numa boca de droga e estivesse a assistindo no videocassete, tendo acesso à intimidade dramática daquele tinhoso universo.

Deds está na ativa desde 2015. Além de fazer música, ele é um dos fundadores do selo L.I.F Music, onde exerce também a função de produtor audiovisual. Seu mais recente lançamento é um remake de sua primeira faixa, a já citada "Salraq". Os planos para o futuro incluem mais cinco singles audiovisuais e um EP colaborativo com a participação de todo o time do selo.

Assista ao novo clipe do ACruz Sesper Trio

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"Modern Affair", clipe que o Noisey lança nesta quinta (9), foi a primeira música composta para o 7" do projeto solo lo-fi do Alexandre Cruz, o Sesper (ou, para os chegados, Farofa), voz do Garage Fuzz e do The Pessimists (em que além de cantar, toca guitarra), que saiu em 2015 com produção do selo Rolo Seco. A faixa deu início a toda a história do projeto que ele está empreendendo agora, em formato de trio. "Modern Affair" saíra também no 10" Not Count For Spit, de 2016, numa parceria entre a Submarine Records e a Rolo Seco Discos.

No novo EP, intitulado No Song as a Trio, que reúne versões de cinco composições do Not Count, a diferença básica é justamente essa: sons que tiveram anteriormente todos os seus instrumentos gravados pelo Sesper, com a bateria sendo tão somente o barulho do seu pé batendo no assoalho com a frequência grave amplificada, ganham uma dinâmica de banda.

"Quando pintou o lance do formato banda, a dinâmica dela mudou e achamos legal", comenta Sesper sobre o resultado. "Ela tem uma batida definida agora, e, como é uma canção que passou pelos dois registros anteriores, acabamos escolhendo ela pra ser o tema desse primeiro vídeo". O clipe foi captado no ateliê do Sesper, que também é artista plástico, numa manhã no começo do ano pelo Plínio Higuti, amigo dos caras.

"A letra soa abstrata, mas a ideia real fala sobre o processo e os conflitos em produzir qualquer tipo de arte autoral", define o músico. "Acabamos usando o mesmo equipamento com que as músicas foram compostas e gravadas anteriormente. A instalação das escadas estava meio que montada como aparece no desenho da capa do Not Count, ao lado de alguns quadros aleatórios que estavam lá no dia."

A formação do ACruz Sesper Trio conta com o Sesper na guitarra e vocal, o Fernando Denti, do Sem Hastro, no baixo, e o Giuliano aka Alemonstro, do Static Control, na bateria. O show de lançamento de No Song as a Trio rola neste sábado (11), no Centro Cultural São Paulo, pontualmente às 19h. À ocasião, eles dividem o palco com o sexteto Hurtmold. Para mais infos e ingressos, clique aqui.

O novo clipe do Oto Gris é um mergulho profundo nas paixões humanas

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A banda de rock cearense Oto Gris nutre, desde o início de sua formação, em 2015, um processo criativo que transcende a música e dialoga com outras formas de arte. No histórico do trio, constituído por Davi Serrano (guitarra, voz), Jonas Gomes (baixo) e Victor Bluhm (bateria), figuram cruzamentos com as artes plásticas, por exemplo, que resultaram na exposição Práticas de Mergulho-Vôo, que recentemente esteve em cartaz em São Paulo, Fortaleza, Recife e Olinda, acompanhando os shows da banda. Em seu novo clipe, "Dois Fachos", o conceito prossegue, dessa vez aplicado à performance e à atuação. "O processo criativo é em geral muito interessante pra nós", declarou a banda por e-mail. "Gostamos de perceber essas semelhanças entre os diversos tipos de fazer artístico. Essa conversa nos interessa muito. Colaborar com pessoas que admiramos é um aprendizado e uma expansão para nós."

O andamento de "Dois Fachos" divide-se em três atos. Inicia com uma performance dos atores Julia Feldens e Ernesto Filho emulando uma dança no fundo do mar, irrompe-se por um diálogo entre eles e se finda com outra pantomima dançante. "Na minha escuta da canção, prestando atenção tanto na letra como na melodia, uma palavra que se destaca é 'submerso' e o clima que é criado em torno dela", observa o diretor Iago Mati. "Parti desse combustível para imaginar e construir o ambiente onde a sequência corporal da Julia e do Ernesto aconteceu. Fomos adicionando nossas leituras a esse ambiente estranho e real, como um fundo do mar com a força gravitacional da Terra. A narrativa do vídeo foi pensada no universo de um encontro, e no encontro como colisão."

Todas as cenas foram gravadas sem ensaio e sem música. Embora as performances tenham brotado da espontaneidade da conversa entre os corpos, vários takes precisaram ser captados a fim de se chegar à totalidade do vídeo. A pausa para o diálogo surge como uma intrigante ruptura, que, segundo o Iago, também nasceu do improviso. "Alguns dias depois de gravada a primeira parte me veio essa possibilidade de narrativa", revela. "O diálogo inteiro é livre, eles estavam interpretando em cima de uma história que eu contei, assim como ocorreu na primeira parte, mas agora eles podiam usar as palavras, já tinham emergido daquele ambiente."

"Dois Fachos" representa o lado mais denso e introspectivo de Avôa, o álbum de estreia do grupo. E quando o Davi canta a palavra e a ideia de submersão, fica claro que os versos se referem a coisas como paixão, entrega, saudade e todas essas questões de relacionamento íntimo entre as pessoas. O embate das almas, enfim, como se fossem reagentes químicos.

A sessão se lançamento do vídeo rola nesta quinta (9), a partir das 19h, na Casa Líquida, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Para mais infos, clique aqui. A entrada é grátis.

Veja o clipe de "Trocaplica/Vivo Como Quero", faixa dupla de estreia do duo carioca Real VD

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A RWND Records põe na rua, nesta quinta-feira (9), seu mais novo lançamento: o duo Real VD (Real "Vida Descartável"), formado pelos MCs cariocas Davis Oliveira e Vitor Lapa. O ponto de partida dos rappers é o clipe de "Trocaplica/Vivo Como Quero", faixa-dupla que chega com exclusividade aqui no Noisey.

"Cada som retratou um pouco da personalidade de cada um dos rappers nas rimas. Mas buscamos o mesmo estilo de vida: procuramos conforto e respeito, sempre trabalhando duro pra conseguirmos tudo isso", disse Vitor Lapa, que explicou que a sua parte, "Tropicaplica", tem um sample do Windows 95, "Eu nasci em 1995 e me identifiquei bastante com a batida agitada". O beat foi criado pelo produtor Francisco Espectro.

Já Davis, em "Vivo Como Quero", chegou num boom bap agressivo assinado por Gabriel Cambeiro, menino prodígio de apenas 17 anos. "Eu falo sobre minha personalidade e minhas ambições de vida também", comentou.

Veja abaixo:

Ficha Técnica

Rec / Mix / Master: Tomaz Bevilaqua (Fantástica Fábrica de Hits)
Direção: Gabylon
Edição: Felipe menezes
Fotografia Trocaplica: Thiago Saramago
Fotografia Vivo Como Quero: Gabylon
Produção: Mr Brentar
Produção Executiva: RWND Records

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