Quantcast
Channel: VICE BR - Noisey BR
Viewing all 1388 articles
Browse latest View live

O Metaleiro Brasileiro Que Compõe Músicas Pros Games que Você Joga

$
0
0


Todas as fotos por João Paulo Machado

Um pulo, um som. A música fica tensa, e você sabe que o chefão está perto. Você começa a correr e os sons são mais rápidos e agitados, dando aquela adrenalina. A gente às vezes não repara, mas a música tem um papel essencial nos games. E criar músicas para esses jogos é uma arte à parte. É esse o trabalho de Antonio Teoli, um dos pioneiros na música para games no Brasil, que saiu de São Paulo para assumir o posto de lead composer e lead sound designer na Samsung Game Team, em Manaus.

Teoli é compositor das trilhas sonoras de jogos e responsável por toda musicalidade que encontramos neles, desde o som que o personagem ‘faz’ ao “pular” ao que toca quando enfrentamos os temidos vilões. Ele é a cabeça por trás do Abracompers - Associação Brasileira dos Compositores de Games, e tem no currículo projetos como Gamer Hero, Blood Gate - Age of Alchemy e Invasion. E a inspiração para criar os sons vem de tudo, de queimar uma pizza a chutar uma árvore a… er, transar.

Desde moleque, com uns cinco, seis anos, ele já era viciado em games, mas foi um jogo específico que o levou a seguir a carreira: Sonic. O personagem “rock’n’roll”, como ele mesmo define, que corria pelos cenários com trilhas sonoras rápidas e grandes arranjos (quem aí lembra da música do chefão, na fase do cassino?), foi quem fez Teoli querer ser músico. Mais tarde, cursou Design de Games em sua cidade natal, São Paulo, e partiu daí pra criar suas próprias trilhas.

Ele é não só compositor e sound designer como também guitarrista e orquestrador da banda de rock Marmor, e já cantou em coral, toca tuba, violão erudito e piano. Falamos com Teoli para entender como funciona esse processo criativo e também os seus métodos “polêmicos”.

Noisey: Qual foi o primeiro game que você compôs a trilha?
Antonio Teoli:
Fiz meu primeiro jogo com 16 anos, não profissionalmente, em 2002. Era um game no estilo RPG que nem chegou a ter nome, já que foi um projeto bem curto. Na real, o pai de um amigo investiu uma grana para que começássemos a conhecer esse mundo das trilhas sonoras e jogos. Um ano depois, logo quando entrei na faculdade, fui contratado pela Devworks pra compor a trilha de um game publicitário, pro Dia das Crianças. Não lembro o nome nem tenho nada guardado, mas fiquei super nervoso. Pela minha falta de experiência na época, tenho certeza que ficou uma bosta.

Sei que você adora Sonic. Como o personagem te influenciou na carreira?
Sonic foi o semeador de tudo o que despertou em mim com relação a composição para games. Ele era um personagem rock'n'roll, de atitude. Quando eu joguei o Sonic pela primeira vez, com uns seis, sete anos, eu disse para mim mesmo: quero ser músico! Nessa altura do campeonato, eu não sabia que iria me tornar um compositor de games, mas o amor pela música veio daí. Comecei a estudar piano e depois fui pra guitarra, meu instrumento principal até hoje.

Falando em rock’n’roll, você é guitarrista da banda Marmor, junto a vários nomes que são referência no metal nacional e internacional. Como ser headbanger influencia nos games?
Musicalmente falando, são mundos que coexistem. Ser headbanger é ter atitude e acho que essa atitude, incorporada ao trabalho criativo, pode gerar um diferencial fantástico em um compositor de games. Em resumo, seja um headbanger em atitude mas nunca enclausurado em um único estilo de música. Gosto de sons que vão de Dream Theater, Sepultura, Rush a Beethoven. E tudo que você escuta acaba sendo incorporado ao que eu chamo de DNA criativo.

Vamos falar então das trilhas. O cliente te procurou. Quais os próximos passos para compor a trilha?
A primeira etapa da criação é, impreterivelmente, a partitura. Componho e escrevo nota por nota, instrumento por instrumento, dobra por dobra, articulação por articulação, literalmente um a um. Hoje em dia as bibliotecas sonoras de instrumentos, também conhecidas como samples, conseguem simular um instrumento real muito bem e geralmente funcionam de maneira excelente para seus propósitos. Na segunda etapa começo a gravar alguns instrumentos reais em cima dos samples para, assim, conseguir um elemento humano e "enganar" melhor o ouvinte, fazendo com que ele acredite fortemente que a música que está ouvindo tenha sido gravada por uma orquestra de verdade. Essa técnica de blend é usada por inúmeros estúdios de games AAA e inclusive por filmes de Hollywood, claro que em proporções diferentes.

E pra “encaixar” a música no jogo, como faz?
Depois do blend entro na etapa de mixagem, em que preciso eliminar e enfatizar as frequências desejadas e/ou indesejadas. Balancear volumes, paneamento (esquerda e direita), reverbs, delays, compressões... Aí vem a masterização, a última etapa, em que, o trabalho basicamente consiste em fazer com que a música soe uniforme entre as outras músicas e que seja reproduzida da melhor maneira possível no maior número de speakers.

Por fim, a música é implementada no que chamamos de middleware, em que adiciono funções de comportamento no game, fazendo com que ela toque de diversas maneiras diferentes e responda a ações diretas dos jogadores.

Não temos como saber qual decisão o jogador tomará no game. Quando você diz que a música responde a ações diretas, significa que para cada ação do jogador existe uma música diferente?
Precisamos criar vários tipos de músicas que conversam entre si, se comunicam e mudam entre si para se adequar ao que acontece no jogo. Por exemplo o Super Mario World. Quando o Mario sobe no Yoshi poucas pessoas se lembram que uma nova pista de áudio com bongos começa a tocar, dando a entender o que Mario com o Yoshi juntos tornam-se mais "selvagens".

Quais critérios você usa para iniciar o processo de composição da trilha?
Pode ser a história, um concept art, uma animação ou até uma conversa sobre a idéia do projeto. É impossível citar todos os elementos que são colocados, mas sempre pergunto sobre a motivação do personagem principal, o mundo em que o jogo se passará, paletas de cores, dinâmica (um jogo rápido ou mais lento), se é de época ou não e nunca, jamais, referências. Eu evito isso pois prefiro ver o que sai de mim naturalmente. Às vezes as referências são enviadas, escuto naturalmente e aí volto a conversa original com o cliente para propor o que eu achava que poderia ser um caminho mais interessante.

Qual a diferença entre compor um herói e um vilão?
Quando se trata de um vilão, em termos de conceito, ele normalmente representa a antítese do herói. Então se o herói possui acordes maiores, o vilão terá acordes menores. Se o herói possui o trompete como instrumento principal, o vilão poderá ter um trombone, que é um instrumento também de metal só que mais pesado.

De onde você tira suas maiores inspirações na hora de compor?
Os animais? A natureza? A espiritualidade? Minha mãe? Tudo o que me remete a vida, ao prazer de viver ou o prazer de criar, me serve como fonte de inspiração. Já tive momentos em que criei, como todo músico, dentro do estúdio, mas já tive momentos em que no meio do show veio uma ideia e fiquei desesperado para escrever antes que ela fosse embora. Já teve música que eu fiz durante uma relação sexual - e não, não era uma música romântica.

A música do jogo Blood Gate eu compus enquanto estava em casa, preparando uma pizza. Tudo estava dando errado e a pizza começou a queimar, e então comecei a ouvir essas primeiras notas que tocam na musica de batalha deste game. Um outro exemplo foi a música do game recém-lançado, Finding Monsters, que nasceu enquanto eu batia em árvores e galhos para tentar criar o som do personagem Harry Scary. Ao perceber um padrão rítmico, criei a parte que compõe a percussão e depois os violões.

Qual o projeto mais polêmico você já participou?
Vai ser a primeira vez que vou mencionar isso em público. Em 2013 fiz um game chamado Kamasutra Quiz e a empresa queria vozes sensuais. Queriam que a cada momento que jogador acertasse uma pergunta ou fracassasse no quiz uma voz da garota insatisfeita tocasse. Sugeri gravarmos a voz também na música e eles aceitaram. Tentei de tudo, bibliotecas sonoras, gravações de dubladoras profissionais, mas nada estava encaixando. Então decidi levar minha namorada da época para a área de gravação, onde transamos enquanto gravávamos todo o áudio dela, e BOOM! O cliente amou!

O cliente ficou sabendo como você “compôs” a trilha?
A primeira ração do cliente foi perguntar se eu tinha pego aquele som de alguma biblioteca e eu disse que não, que havia gravado com minha namorada na época. Ele riu e entendeu a piada. No final, tudo acabou ficando bastante divertido.

Se você pudesse escolher um jogo pra fazer a trilha, qual seria?
Metal Gear! Pra mim é a mistura perfeita entre filme e game. As possibilidades de sensibilidade aplicada à música são inúmeras. Os jogadores realmente se conectam com o Snake e sua história. Acredito que em alguns cenários uma mistura de música brasileira com os elementos percussivos eletrônicos, característicos da série, não fariam mal algum. Alguns violões e algumas percussões tipicas de nosso país misturadas com a sonoridade clássica de um action game, que no caso é claramente utilizado no Metal Gear. Sei que parece louco falar isso, mas acredite, na minha cabeça soa muito bem e tenho certeza que se isso acontecesse, as pessoas se surpreenderiam! Por exemplo, quando criei a trilha de um game sobre uma invasão alienigena usei o berimbau para representar o big boss, pois acho que o berimbau tem um som extremamente alienígena. Em outro game, fiz uma trilha para uma perseguição dentro de uma escola de samba. Tive que recriar uma música tradicional de perseguição misturada com a escola de samba que estava tocando ao fundo. Enfim, o score do Metal Gear é perfeito, mas adoraria poder testar elementos sonoros diferentes.


Os Bastidores do Show de Lançamento de 'Sangue de Leão', o Novo Disco do Msário – Episódio 4

$
0
0

Chega ao fim a série de mini-docs sobre os bastidores do show de lançamento de Sangue de Leão, o novo álbum do Msário.

No quarto episódio de Amar, Vencer, Lutar, Crescer, o rapper fala sobre sua carreira solo após a saída do grupo Pentágono.

"Sempre quis mostrar o trampo do meu jeito. Poder fazer as minhas músicas influenciadas nos artistas que eu curtia mais, sem ter que dividir tantas ideias", explicou. "Conforme fomos dando um tempo com o Pentágono, essa vontade aumentou. Foi uma necessidade da minha caneta".

Assista aos três episódios, lançados exclusivamente pelo Noisey, clicando aqui.

O Coletivo Senzala Hi-Tech Produz uma Cadenciada Mistura de Rap com Ritmos Afro-Latinos

$
0
0

O Coletivo Senzala Hi-Tech faz música desde 2012, mas só agora arrematou a produção de seu primeiro EP, que o Noisey lança com exclusividade nesta quinta (19) para ouvir e baixar. São seis faixas resultantes de um acasalamento do rap com outros ritmos afro-latinos enraizados na cultura brasileira. Ecoa um pouquinho de tudo: jongo, coco, maracatu, salsa, dub, funk, música árabe, samba e o que mais for surgindo na pesquisa musical dos caras. Quem idealizou o projeto foi o Diogo Silva, aquele mesmo que foi medalha de ouro de taekwondo nos Jogos Panamericanos de 2007.

E a formação conta ainda com o rapper Sombra, do SNJ, o produtor e músico Minari Groove Box, o percussionista e cartunista Junião, que faz parte da banda de jazz Lavoura, o DJ Ajamu, dos Racionais MCs, e os percussionistas Gustavo Dalua, da Nação Zumbi, e Edgar Abreu. Em entrevista por e-mail, respondida a quatro mãos pelo Diogo e o Junião, o Senzala conta que tudo começou com a faixa “Pegada do Vampiro”, e que a delonga para o lançamento do play de estreia se deu porque “muitos integrantes ainda não moravam em São Paulo e estavam envolvidos com outros projetos. Entre encontros, desencontros, choques de agenda e tals, conseguimos gravar um primeiro EP.”

O disco foi gravado e mixado em São Paulo, no Casa Azul, estúdio e espaço cultural que o coletivo adotou como base, e masterizado em Nova York, no estúdio TimeLess. “Entre gravações e pesquisas musicais, levamos uns dois anos para entender o segmento do coletivo”, comenta a dupla. “Chegar em um formato de três percussionistas, dois vocalistas, um baixista e um groove boxer (MPC) em meio a agendas atribuladas levou tempo, até a proposta ganhar uma direção e consenso.”

Os manos do Senzala enxergam o projeto como um “coletivo”, e não uma “banda”, porque eles acreditam no conceito de “coleta de ideias”. Nas palavras dos porta-vozes: “Pra gente não existe o vocalista que faz sucesso e o resto da banda que acompanha. Somos de mundos diferentes e nos unimos por interesses em comum, que são a música, a arte, o esporte e o entretenimento. Somos um conjunto em que cada engrenagem é muito importante.”

Eles escolheram esta sexta (20), Dia da Consciência Negra, para lançar o trampo com show gratuito na Matilha Cultural, no Centro de São Paulo. A escolha tem cunho político, naturalmente. “O destino do mundo é ser multicultural. Se não nos misturarmos e entendermos o quão benéfico é viver e aceitar a diversidade que nos rodeia, vamos entrar em colapso. Ou, melhor, já estamos em colapso, né!”, declaram Diogo e Junião.

Siga o Senzala Hi-Tech nas redes: Facebook | Instagram | SoundCloud | YouTube

O Especial do Dia da Consciência Negra do 'Manos e Minas' É Bonito Demais

$
0
0


Todas as fotos por Felipe Larozza

O Manos e Minas, o programa mais legal da TV brasileira, completa 300 edições nesta sexta (20). E esta sexta, olha só, é o Dia da Consciência Negra. A comemoração é dupla no programa que vai ao ar a partir da meia-noite (de sexta para sábado), com um especial com mais de 15 artistas convidados.

O programa foi gravado alguns dias antes, na segunda (16), e aproveitamos para conferir em primeira mão as atrações e fotografar essa comemoração maravilhosa. O clima era de família, com todo mundo amigo, trocando ideia, e a plateia pirando. O Aláfia foi a banda que serviu de base para as apresentações, fazendo um trabalho bonito junto de Tássia Reis, Dexter, Karol Conká, Edi RockRincón Sapiência, Ellen Oléria, Izzy Gordon, Amanda Negrasim, Raphão Alaafin, James Bantu, OgiThaíde.

O Thaíde, inclusive, foi o primeiro a cantar -- ele apresentou o Manos e Minas em 2009, e passou o bastão pro Max B.O., que tava emocionadíssimo no programa. No final, Edi Rock mandou uma versão mais de boa de "Nego Drama" -- e na parte que o Mano Brown canta, todo mundo subiu no palco e cantou. Bonito demais. 

Veja essa beleza toda nas fotos do Felipe Larozza, abaixo, e no programa, na TV Cultura.


Um retoque no esmalte da Xênia França antes de começar.


Thaíde no melhor estilo.


O mestre de cerimônias Max B.O.


Ellen Oléria


Aláfia


Tássia Reis e Aláfia


Roberta Estrela D’Alva


Dexter


Izzy Gordon


Amanda Negrasim


Jairo, do Aláfia, e Raphão Alaafin


Bombino


Eduardo Brechó


Ogi


Karol Conká


Rincon Sapiência


Edi Rock


Aquele registro nos bastidores

Álbum de Rappers para Colorir #11: Ogi, Edi Rock, Rael, Nego Jam e 5pra1

$
0
0

Se você esteve em algum lugar do planeta ou da internet nos últimos tempos, sabe que a moda agora é colorir. Sim, rabiscar um lápis de cor num papel não é mais um passatempo infantil, mas uma ótima técnica terapêutica e relaxante para adultos. E como o Noisey adora uma modinha e adora relaxar, desdobramos a sua coluna favorita, o Álbum de Rappers, no Álbum de Rappers para Colorir. Nesta nova coluna paralela, o artista Flavio Oliveira, que cria uns desenhos daora no Instagram, seleciona fotos da Anna Mascarenhas publicadas em diversas edições do Álbum de Rappers e transforma em um desenho preto e branco (ou às vezes com toques de cor) para você jogar sua criatividade em cima. Quinzenalmente, apresentaremos cinco imagens para você imprimir e colorir.

Eu sei que você não para de ouvir o RÁ!, novo disco do Ogi.

 

Edi Rock radiando energia.


Rael dá seus pulos.

 

O Nego Jam soltando a voz.

E o Dee, do 5pra1, com um belo pisante.

Siga o Flavio Oliveira no Instagram - @uatafuuck

 

O Dingo Bells Tenta Desvendar o "Mistério dos 30" no seu Novo Clipe

$
0
0


Foto: Rodrigo Marroni

Saca aquela fase da vida que você não tem mais 20 anos, mas ainda não tem 30? E fica preso nesse limbo entre a juventude e a vida adulta?  Foi esse um dos questionamentos que assombraram os caras do Dingo Bells no clipe de "Mistério dos 30", que você vê com exclusividade pelo Noisey.

É o segundo single do Maravilhas da Vida Moderna, disco de estreia da banda porto-alegrense. Formado pelo Felipe Kautz (baixo), Rodrigo Fischmann (bateria) e Diogo Brochmann (guitarra), o trio mistura soul, música brasileira com um quê de folk e rock pra cantar lamúrias dos jovens adultos de maneira pop e irônica. "Estamos buscando uma linguagem própria", explicou Kautz, ao me dizer por que a música do Dingo Bells não tem nada a ver com o rock gaúcho atual. "Naturalmente, quando tu busca algo novo, tu acaba te distanciando das coisas que já foram feitas ao teu redor".

Apesar de só ter lançado o seu primeiro álbum no começo de 2015, a banda existe há mais ou menos uns dez anos e é uma das atrações do Lollapalooza 2016. "Ser convidado para um festival do tamanho do Lolla após o lançamento do nosso primeiro disco é um indicativo de que fizemos um trabalho maneiro", disse Kautz. Antes do Lolla, o Dingo Bells vai se apresentar na Casa do Mancha no dias 11 e 12 de dezembro, junto com a banda Maglore. Dê um play no clipe e leia o papo que tivemos com o baixista Kautz abaixo:
 

Noisey: Quem forma o Dingo Bells?
Felipe Kautz:
Sou eu no baixo, o Rodrigo Fischmann na bateria e o Diogo Brochmann na guitarra. Nós três compomos e cantamos. O Rodrigo é o vocalista principal, mas, todos nós cantamos bastante. Ao vivo, temos o Fabrício Gambogi como guitarrista de apoio.

Vocês formaram a banda quando?
Começamos a Dingo Bells ainda na época da escola. Nós três estudamos juntos tanto no colegial quanto na faculdade de Música. A gente deve ter começado a ensaiar com uns 13 ou 14 anos, talvez. 

E vocês têm quantos anos agora?
Estamos com 27.

Nossa, faz um tempinho, né?
É, sim! A Dingo Bells começou como uma banda de garotada de colégio mesmo. Com o tempo, ela foi tomando espaço nas nossas vidas até que, em 2010, lançamos o nosso primeiro EP. Em 2013, gravamos o single "Lobo do Mar", em parceria com o Helinho (Helio Flanders, do Vanguart) e, agora, em 2015, veio o nosso primeiro disco, o Maravilhas da Vida Moderna.

E por que vocês demoraram tanto para lançar o primeiro disco?
Nesse tempo todo, a banda foi entendendo o que ela era. Aprendemos a tocar juntos. Sempre trocamos muito som entre nós, saca? O nosso gosto musical foi caminhando junto com a banda. Acho que o fato de ter demorado tanto foi uma busca nossa mesmo. Foi necessário para encontrarmos a nossa própria linguagem, a nossa própria estética e o que a gente realmente queria dizer com o álbum. A Dingo Bells sempre foi algo muito natural pra gente, sempre fez parte da nossa vida. A decisão de fazer um disco chegou meio que aos três na mesma hora. Daí, começamos a fazer o projeto, crowdfunding. Enfim, demoramos em função de um amadurecimento musical pelo qual a gente precisava passar antes desse passo.

O Maravilhas demorou quanto tempo para ficar pronto?
Passamos mais ou menos um ano produzindo. Fomos para um sítio, na região de Viamão (RS), em janeiro de 2014 para fazer a pré-produção. Ficamos 12 dias lá. Voltamos pra Porto Alegre, pra uma bateria interminável de ensaios. Retornamos um mês depois pra chácara e lá a gente gravou baterias, baixo e algumas músicas. Inclusive, "Mistério dos 30", é a única do disco que foi gravada ao vivo lá. No resto do ano, ficamos na capital, terminando de gravar umas paradas, fazendo mixagem. Mandamos para a fábrica no final de janeiro de 2015.

Vocês compuseram todas as músicas nesse um ano?
Não. Na verdade, quando fomos para o sítio, tínhamos o repertório de mais ou menos 25 músicas. Boa parte delas tinha sido composta um mês antes, quando tivemos um momento de imersão profundo e tal. Mas temos algumas faixas que são anteriores. 

E o que vocês estavam ouvindo na época do Maravilhas?
Milton Nascimento, Chic, Steely Dan, Sondre Lerche, Caetano Veloso, Talking Heads, Fleet Foxes.

Por que vocês escolheram "Mistério dos 30" para virar single?
Porque é uma música que carrega muito a simbologia do disco e muito dos questionamentos que tivemos durante o processo de criação do Maravilhas. O próprio nome do disco é um verso dessa música, né? Acho que esse trecho meio que reúne, de forma irônica, todos os nossos anseios sobre o tempo que a gente vive, nossas escolhas profissionais, essas coisas. Ao mesmo tempo, é uma frase forte e bastante sonora. 

E como rolou o processo de criação do clipe?
O diretor Martino Piccinini é super nosso amigo e é um cara que trabalha com foto, instalações, cenografia, desgin. Enfim, é um artista muito massa que admiramos bastante. Baseado nos seus trabalhos, fizemos o convite para a direção e demos pra ele total carta branca para fazer sua própria interpretação da música. Por isso, o vídeo tem uma assinatura bem forte do diretor. Ele e a sua equipe fizeram um trabalho lindo, com muita sensibilidade. A estética preto e branco é algo que nós exploramos no material gráfico do Maravilhas, então foi bem legal casar essas duas coisas.

Vocês vão tocar no Lolla ano que vem, né? Como rolou isso?
A produção do festival entrou em contato com a nossa produtora para fazer o convite. Ficamos muito felizes. Nos pegou de surpresa. Ser convidado para um festival do tamanho do Lolla após o lançamento do nosso primeiro disco é um indicativo de que fizemos um trabalho interessante. Chamamos atenção de um pessoal que pensa em música. E isso é incrível.

Planos pra 2016?
Vários [risos]! Vamos lançar mais um clipe, que ainda é surpresa, e seguir em turnê.

E segundo álbum, vocês já tão pensando nisso?
Já tivemos as primeiras conversas sobre possíveis caminhos, mas é algo que deve começar a ser produzido mais pro fim do ano que vem. A ideia pra 2016 é lançar mais material relacionado ao Maravilhas, antes de entrar em estúdio. 

Siga o Dingo Bells nas redes: Facebook | Soundcloud | Twitter | Instagram

Ria da Cara do Ogi com o Clipe de "Hahaha"

$
0
0

A gente não consegue parar de ouvir Rá!, o segundo disco solo do Ogi, lançado em outubro. E agora temos mais um motivo pra rir à toa: o lançamento do primeiro clipe do álbum, da contagiante "Hahaha". 

No vídeo, dirigido por Gustavo Amaral, Ogi conta uma história daquele jeitinho maroto dele pra um elenco estreladíssimo, composto por Criolo, Emicida, Rael, Black AlienRonald RiosFlip, Jamés VenturaTiago Redniggaz, Titi Freak e SPVIC. E tem a Lay, a Bivolt, a Tasha e a Tracie Okereke dando umas gargalhadas, além de Alana Brendallar, Andressa Monteiro e Mariana Queiroz.

Assista ao clipe abaixo, e depois veja também o episódio do Estamos Vivos com Ogi e KL Jay:

Ouça o Novo EP do Foo Fighters, 'Saint Cecilia'

$
0
0


Foto via Facebook da banda

O Foo Fighters lançou nesta segunda (23) um EP com cinco faixas chamaso Saint Cecilia. Originalmente, o disco era para celebrar a turnê mundial mais recente da banda. Mas, após os ataques terroristas em Paris, o vocalista Dave Grohl percebeu que o álbum transmite um significado diferente daquele de quando foi criado, para celebrar a vida e suas maravilhas. Você pode baixar o disco ou ouvi-lo aqui. Leia a carta de Dave Grohl sobre o EP:

"Vou começar com o prefácio de uma carta que escrevi semanas atrás do meu quarto de hotel em Berlim, quando estávamos na última turnê para esse álbum. Senti a necessidade de escrever este prefácio à luz das comoventes tragédias de 13 de novembro, já que este projeto tomou um novo significado. Como tudo, aparentemente... 

O EP Saint Cecilia começou a ser feito em outubro deste ano como uma celebração à vida e à música. Sendo este o conceito, como nossa turnê mundial acaba esta semana, queríamos compartilhar nosso amor com vocês, em troca de tudo que nos deram. 

Agora temos a nova esperança e vontade de que, mesmo que apenas um pouco, essas canções possam trazem um pouco de luz neste mundo muitas vezes sombro. Para nos lembrar que música é vida, e que a esperança e a recuperação possam andar de mãos dadas com a música. Isso não pode ser tirado de nós.

Para todos que foram afetados pelas atrocidades em Paris, aos seus amigos e pessoas queridas, nossos sentimentos vão para vocês e suas famílias. Vamos voltar e celebrar a vida e o amor com vocês novamente com nossa música. Como deve ser feito. 

Dave Grohl"


Bora Resolver o Mistério do Jogo de Celular da Rihanna, 'Anti Diary'

$
0
0

Se você assistiu ao American Music Awards no domingo (22) ou tem acesso à internet, deve ter visto um comercial misterioso com uma garotinha com uma coroa, um convite para acessar o antidiary.com, com um trecho de "Bitch Better Have My Money", da Rihanna, tocando.

Quando você entra em antidiary.com em um dispositivo móvel, é redirecionado para “R1”, uma visão panorâmica de um quarto de criança onde, mexendo o seu celular, você pode “olhar” ao redor. (R8 é o título fantasma que o fã-clube da Rihanna deu para Anti, seu oitavo álbum, então presumimos que o quarto representa o primeiro disco da cantora, Music of the Sun.) Eu “andei” pelo quarto e tirei alguns prints.

Alguns itens abrem, e o levam a mais vídeos do quarto, com crianças gêmeas morrendo de medo quando a garota com uma coroa sobre seus olhos (Rihanna?) entra na sala. Jogue por tempo o bastante e você é solicitado a examinar uma conta do Instagram chamada “iamthekeyholder”, que conta com desenhos da já citada garota da coroa em várias cidades dos Estados Unidos. 

As chaves contidas nos lugares presumidamente desbloqueiam os capítulos seguintes, R2 (“Studio”), e R3 (“Closet”), até a R8, o “Anti Bedroom”. O que tem nas outras salas? Alguém já achou uma chave? É assim que conseguiremos músicas novas e datas de lançamento? Só descobriremos aguardando nossos comparsas americanos desbloquearem novas salas, enquanto ficamos chupando dedo no Brasil.

A Rainha se Pronuncia: Uma Entrevista com Erykah Badu

$
0
0


Foto via Getty / Paras Griffin

Cinco anos se passaram desde o último disco lançado por Erykah Badu, New Amerykah Part Two (Return of the Ankh), mas ela, estranhamente, parece estar sempre presente. Nos palcos, e nas redes sociais, continua próxima de seu público, mesmo não havendo um produto novo a vender. Quando o quiabo é do nível de Baduizm, Mama’s Gun, Worldwide Underground e que tais, é normal fazer uma horinha. Mas em breve os fãs não terão mais que racionar.

O fim de ano da sra. Badu está lotado: em outubro ela lançou sua primeira música nova em mais de um ano (sem contar uma rápida participação especial na música "Rememory", de Surf, disco lançado pelo Donnie Trumpet and the Social Experiment) na imensa e elegante "Hotline Bling But You Caint Use My Phone Mix". Foi a primeira a sair de uma mixtape também chamada de But You Caint Use My Phone, com base no clássico verso do single de 1997 “Tyrone”, prometida pro fim de novembro.

Erykah sentiu-se inspirada para gravar depois de ouvir uma "música fofinha" de Drake, e sua versão do sucesso do verão da estrela de Toronto logo cresceu e transformou-se num projeto. Ela não diz em cima de quais artistas vai trabalhar em But You Caint Use My Phone, mas afirma que devemos esperar a presença das "figurinhas de sempre". Aliás, sim, Drake realmente apareceu para tomar um chá e ouvir conselhos sentimentais, como ele disse em "Days in the East". Eles são grandes amigos. No fim de novembro, ela soltou “Phone Down”, música “dedicada a Aubrey”.

No fim de outubro, no Texas, ela estreou Live Nudity, o primeiro one-woman show de sua vida, na Black Academy of Arts and Letters, em Dallas, onde ela subiu pela primeira vez aos palcos na juventude. Também apresentará o BET & Centric’s Soul Train Music Awards de 2015 em 29 de novembro, uma celebração anual da excelência na música negra, que este ano homenageará Kenneth "Babyface" Edmonds e Jill Scott.

Noisey: Você andou bastante ocupada desde o último disco, mas não chegou a lançar muitas músicas. Estou curioso: você andou escrevendo alguma coisa nos últimos cinco anos ou meio que só foi deixando a vida acontecer?
Erykah Badu:
Um pouquinho das duas coisas. Eu mais procrastinei mesmo. E dentro disso meio que vivo a vida, experiencio as coisas. Escrevo música o tempo todo, mas recentemente voltei a sentir a fissura. A coisa vem quando vem, e não posso forçar, mas recentemente senti de novo com a "Hotline Bling" e todas as outras coisas com que venho fazendo experimentos.

Muita gente ficou empolgada de ver o seu filho creditado no remix de "Hotline Bling". Ele anda compondo e gravando muito agora?
O tempo todo. Ele compôs a primeira música dele e foi creditado pela primeira vez em um dos discos da Gwen Stefani. Uma música chamada “Bubble Pop Electric”. Ele sempre foi uma criança criativa. Muito bom para inventar letras. Tem um gosto musical impecável. É muito talentoso na hora de aprender a tocar instrumentos. Ele foi creditado algumas vezes nos meus discos também, New Amerykah Part One especificamente. Ele é uma dessas pessoas talentosas que respeito e admiro de verdade, e por acaso essa pessoa é meu filho.

Qual sua opinião sobre a briga entre Drake e Meek Mill?
Adorei. Para mim o hip-hop é isso. Gostei de ver. É assim que a gente tem que lidar com as coisas! Dou meu apoio.

O disco do D'angelo finalmente saiu! O que você achou de Black Messiah?
Adoro. Adoro a atmosfera dele. Parece uma coisa rica, complexa. Eu nem sabia quanta saudade sentia da voz dele, da marca dele, até ouvir. Tem algumas músicas naquele disco que deixo no repeat, só para morar dentro delas. Também me deu um pequeno impulso, gerou uma pequena fagulha em mim.

Houve alguma polêmica nesse verão a respeito do clipe que o Black Eyed Peas soltou de “Yesterday”, que parecia muito com o seu clipe de “Honey”. Eles chegaram a falar contigo?
Não, e tipo, foi uma coisa bem leve... Espero que tenha sido leve a maneira com que me expressei, porque o will.i.am é um cara muito talentoso. Eu e ele somos piscianos, e já fizemos música juntos, então espero que ele não tenha ficado sentido. E eu me senti lisonjeada.

Você vai apresentar o Soul Train Awards mais uma vez, no mês que vem. Não é a sua primeira vez, certo?
Já apresentei junto com o Heavy D e a Patti LaBelle em 1998. É bom para mim enquanto artista ter uma oportunidade de ser parte daquela organização. Eu cresci vivendo o Soul Train. Então é uma coisa incrível, e estou ansiosa para ver como vai ser. Tive oportunidade de virar uma produtora assistente do show, então isso quer dizer que vou ter uma chance de ajudar a desenvolver algumas das ideias, e estou escrevendo a parte de comédia.

Você vai fazer umas esquetes?
Eu talvez faça umas esquetes. Talvez tenha que fazer umas esquetes. [Risos]

Você também vai estrear um one-woman show em Dallas [a entrevista foi feita na semana do show]. Você já atuou uma boa quantidade de vezes e cantou muito. Mas se sente nervosa com a ideia de fazer teatro de novo, desta vez sozinha?
Na verdade eu venho do teatro. Cresci fazendo teatro e me formei em teatro na faculdade, a Grambling State, em Louisiana, e a vida inteira fiz parte do teatro. É uma parte importante da minha carreira, mesmo como intérprete nos palcos. Saí em viagem por oito meses de cada ano durante os últimos 18 anos, e o palco é o meu lugar principal, mas estar sozinha lá em cima... Não sei porque isso me deixa tensa, mas deixa. Tenho certeza de que essa energia nervosa vai se transformar numa coisa realmente sincera que vou acabar compartilhando. Mas não sei o que vai acontecer, então veremos. O show vai ser de improvisação.

O negócio todo vai ser de improvisação?
Tenho um formato, mais ou menos, mas não cheguei a ter tempo de escrever um show de 60 minutos, então teremos que esperar para ver o que acontece.

Se tudo sair bem você pretende levar para outros lugares além de Dallas?
Sim. Quis testar aqui primeiro, onde me sentia muito à vontade, no teatro em que cresci, em Dallas, junto da minha avó Gwen Hargrove e meu tio Curtis King, da Black Academy of Arts and Letters. É um teatro em Dallas que ofereceu arte e entretenimento por mais de 30 anos. E sou parte desse legado, e quis começar por aqui. Achei que não me sentiria tão intimidada, mas... não funcionou. Então tenho que levar a coisa comigo e ver o que acontece.

Você mexeu muito no dial do hip-hop e do R&B, e mudou a temperatura da música com os seus trabalhos. Quem você vê na nova geração que tem um impacto semelhante? Quem você costuma ouvir entre os mais novos?
Tem muita coisa. Amo o Drake, porque ele está sempre evoluindo. Ele vive prevendo o que vai acontecer. Ele presta atenção ao que está rolando, e depois incorpora aquilo. Adoro o Young Thug. Ele meio que faz a mesma coisa. Adoro a Wolf Gang. Toda a galera do Tyler, the Creator. O que eles estão fazendo no campo da música como um todo, com Frank Ocean e Earl Sweatshirt e The Internet.... Syd the Kid. O movimento todo é incrível.

Eles são todo um exército do entretenimento. São muito ativos nas redes sociais, e têm até um programa no Adult Swim. Em vez de criar música, eles criaram um movimento, e admiro muito esse tipo de coisa, porque acho que é por isso que vão atentar para esta geração. Ampliar as fronteiras e recriar as coisas com as quais experimentamos, e levá-las a um nível mais alto. Essa ousadia é maravilhosa.

Você vê muito de si e dos Soulquarians no movimento Odd Future?
Bom, sim. O movimento é tudo. Muitas daquelas coisas são inventadas por conta da necessidade. Porque precisamos coagular juntos. Precisamos conversar juntos e agir juntos. É assim que muitas das frequências nascem. Da socialização, e de compartilhar os mesmos gostos e desgostos e ideias. E sim, vejo isso sim. Foi assim que formamos a nossa família. Meio que só gostando da mesma coisa, e sendo uma dessas galeras incansáveis na hora de criar música nova e de ser sincero. Vejo isso, sim.

O que você acha do novo movimento negro de protestos, e do Black Lives Matter?
Acho que é uma coisa necessária. As coisas são criadas pelo mundo a partir das orações que as pessoas oram e têm. As coisas começam a ir na direção do que todos nós pensamos coletivamente. Quando você vê coletividades indo em alguma direção clara, pode saber que vai haver algum tipo de migração em massa para um lugar mais elevado, e vejo isso no mundo como um todo, não só nos Estados Unidos. Vejo isso pelo planeta inteiro. As pessoas estão se organizando e se fundindo para criar mudanças, e isso é uma coisa inspiradora. Acho que é parte da ordem natural das coisas. Estamos evoluindo, e o que nos ajuda a evoluir são as redes sociais. Rede social é evolução social. Isso está causando a centelha de uma grande mudança.

Craig Jenkins escolhe seus amigos da mesma forma que escolhe frutas no supermercado. Siga-o no Twitter.

Fantasiosamente Romântico: Alan Palomo, do Neon Indian, Amadurece e Continua Dançando

$
0
0

A principal artéria do The Tonight Show with Jimmy Fallon é um único e estreito corredor no sexto andar do Rockefeller Plaza, nº 30. As dimensões do espaço são incongruentes com o fluxo constante de rostos famosos e com as imagens icônicas atulhadas lá dentro. Entrar no estúdio é um tanto surreal – as portas do elevador se abrem a poucos passos do camarim do The Roots, a banda de palco do programa. Numa tarde recente de outubro, estou percorrendo esse corredor para me encontrar com o convidado musical do programa da noite. Faltam algumas horas para a apresentação, e o estúdio 6B é uma colmeia de atividades: figurinistas dão os últimos retoques nos trajes enquanto assistentes da NBC correm para lá e para cá. Há muito, muito spray de cabelo no ar.

O camarim do Neon Indian fica atrás da última porta do corredor. Para chegar lá, cruzo com o Questlove e passo por portas com os nomes "Clive Owen" e "Gabrielle Union". Union passa deslizando por mim, acompanhada de um esquadrão de assistentes. A.D. Miles, o escritor-chefe do Tonight Show, anda atrás de dois funcionários que carregam uma peça cômica do cenário. Estou basicamente em uma paródia do 30 Rock.

Atrás da porta com o nome "Neon Indian" há uma sala lotada que cheira a roupa suja e tequila, uma garrafa aberta da qual se encontra em cima da mesa. O baixista da banda, Jorge Palomo, um garoto do Texas via México, assim como seu irmão Alan, divide um copo com um romancista mexicano-americano. O guitarrista Max Townsley é todo sorrisos – ficou noivo recentemente, e a noiva está na plateia do auditório. Enquanto o monólogo de abertura de Fallon brilha na TV de tela plana em cima de um piano, novas doses de tequila são servidas.

Alan Palomo – o rosto, o compositor e principal arquiteto criativo do Neon Indian – assiste em seu estado costumeiro de movimento, em algum ponto entre andar de um lado para o outro como um maníaco e uma calma diretorial. Ele está vestido todo de branco, cabelos encaracolados e carinha de bebê ainda intactos, apesar de anos do que ele chama de "estilo de vida notívago". Durante a introdução dos convidados, Fallon se desfaz em elogios ao novo disco do Neon Indian, VEGA INTL. Night School, recém-lançado pela Mom+Pop/Transgressive. Até mesmo o seu agente publicitário se surpreende com o tempo de tela e a profusão dos elogios – e o sorriso de Palomo se amplia. A banda está no 30 Rock desde as oito da manhã, fazendo passagens de som, revisando detalhes intermináveis. Dentro de alguns minutos, o mago do synth pop de 27 anos fará seu retorno aos olhos do público, tocando "Annie", o single principal de seu primeiro disco em quatro anos.

A estreia de Palomo em 2009, Psychic Chasms, foi um dos assuntos mais debatidos na história da blogosfera indie. Em alguns círculos, o músico foi rápida e teimosamente classificado como o porta-bandeiras do muito discutido e muitas vezes espinafrado pseudo-fenômeno do "chillwave" (ver também: "glowfi"; ver também: Hipster Runoff). Em seguida, ele soltou um impressionante segundo disco, Era Extraña, de 2011, mas o ínterim de quase meia década foi tumultuado. Durante esse período, ele conseguiu perder praticamente um disco inteiro em um desmaio, editar faixas em cruzeiros marítimos com a cachola cheia de tequila, e tomar um corte na cara quando carregava um sintetizador. Mas, em vez de continuar sua ausência ou surfar na perturbadora pergunta "será que alguém ainda liga para a minha música?", Palomo optou por dobrar a aposta, lançando um ambicioso LP duplo.

Palomo passa os últimos minutos antes da apresentação aquecendo a voz até que o booker do The Tonight Show faça o sinal indicando que é hora de entrar. Alguns minutos depois da partida da banda, uma charmosa assistente da NBC traz o restante da galera para dentro do estúdio. Ficamos olhando enquanto Palomo entra com tudo em "Annie", com uns passos de dança que fazem lembrar a barroca apresentação do Future Island no Letterman, em 2014. Fallon, de sua cadeira, curte o som sem demonstrar qualquer vergonha. Quando a música para, o apresentador pula para o palco com sua clássica empolgação de menino, só que ainda mais intensa do que o normal. Ele e Palomo trocam um abraço de velhos amigos.

Mais tarde, comendo tacos perto do apartamento de Palomo em Greenpoint, ele me conta que Fallon fez piada com ele no palco, sobre a vez que a mãe de Palomo o abordou no Universal Studios: Meu filho vai estar no seu programa essa semana! "Mas ele também me disse outra coisa", conta Palomo, bebericando uma cerveja Pacifico. "Ele me disse: 'Somos crescidos agora.'"

De uma certa maneira, a carreira do Neon Indian realmente cresceu paralelamente à de Fallon. Palomo apareceu no Late Night pela primeira vez em 2010, aos 21 anos, com cabelo de esfregão e cara de bebê. Psychic Chasms acabara de ser lançado, e o mundo indie online estava em polvorosa, tentando descobrir o que achava dele. A Pitchfork classificou o disco na categoria "Best New Music" e chamou a banda de "Daft Punk de pobre". Outros pegaram em armas contra o que viram como os males da apropriação. Ele foi incluído na coluna "Music We Hate" da Maisonneuve com a desfavorável descrição: "O negócio do Neon Indian é o revivalismo oco. As músicas de... Psychic Chasms não passam de uma festa à fantasia pretensiosa, kitsch, de Ray Ban." Eu fazia faculdade na Califórnia quando o disco saiu, e os viciados em música e o povo festeiro o admiraram igualmente. A maioria das pessoas que eu conhecia não tinha notícia ou não se importava com o ruído dos blogs em torno do disco, elas só dançavam ao som dele, e transavam ao som dele, e compraram ingressos quando o Neon Indian veio à cidade.

Palomo apareceu no Late Night novamente em 2011, promovendo seu segundo LP, Era Extraña. Fallon os apresentou dizendo: "As coisas que eles fazem ninguém por aí faz igual... Vocês vão pirar, vão adorar as músicas dessa banda." Mas nem todos compartilhavam da euforia de Fallon em relação ao lançamento. O disco trazia "Polish Girl", provavelmente a música mais reconhecível do Neon Indian, e teve bom desempenho entre os críticos, mas não realizou o mesmo tipo de ataque sorrateiro e veloz ao capital cultural como fez Chasms. Mas Palomo diz que ele nunca chegou a ficar inteiramente satisfeito com o lançamento. Ele é alguém que, na minha avaliação, se vê como competindo para ser um artista canônico; em qualquer meio em que escolha tocar. Embora tenha feito uma palestra no Ted em 2014 sobre o "mito do auteur", Palomo tem uma preocupação quase obsessiva com todos os aspectos da estética visual, do som, e da persona idiossincrática do Neon Indian. Ele se veste como talvez Wes Anderson se vestiria ao sair para uma noite de bebedeira no verão de 1984. Ele é, para usar a analogia óbvia, o diretor de sua própria Escola Noturna, e a classe dele vai gabaritar a prova custe o que custar.

De volta ao bar em Greenpoint, terminamos nossas cervejas e saímos para encarar os estertores do verão. Palomo alugou um estiloso espaço de arte perto da Madison Square, chamado NeueHouse, para transmitir o The Tonight Show. No lugar ridiculamente opulento, peles de animais, livros raros e manchetes com fofocas da indústria da música adornam as paredes. Durante o intervalo comercial que antecede sua apresentação, Palomo fica de pé diante da estranha reunião de jovens góticos, poetas, agentes publicitários, executivos de gravadoras e outros frequentadores da cena, e diz se sentir grato pela presença da enorme equipe que trabalhou no disco. Dentro de alguns dias, Night School receberá a classificação de "Best New Music" da Pitchfork, com frases como "Palomo age como um elegante anfitrião, trazendo o disco mais luxuoso e abrangente do Neon Indian até o momento." Naquela mesma noite, ele se apresentará para uma casa lotada e estridente no Webster Hall. A festa continuará por dias.

Em março deste ano, contudo, essa comemoração parecia improvável. No auge de um dos invernos mais brutais da história recente de Nova York, Palomo estava envolvido na tentativa de concluir Night School, com diferentes graus de sucesso. Em uma das noites mais frias do ano, voltou para casa após uma longa noite bebericando tequila, e se deu conta de que teria que pegar a estrada para Atlanta dentro de poucas horas para gravar com Ben Allen, produtor de longa data do Deerhunter. Começou a carregar os sintetizadores, tentando se aprontar para a viagem. Seu companheiro de apartamento ouviu um baque, e ao descer encontrou todo mundo gritando e Palomo coberto de sangue. Os óculos que Palomo usava quebraram em seu rosto com o impacto de uma peça solta do equipamento. Ele ficou deitado no chão enquanto sua então namorada chamava um táxi. A quantidade de sangue que se esvaía de sua cabeça assustou a todos.

Já era dia quando chegaram à clínica de emergência de Williamsburg. O médico que suturou o corte era um homem de maneiras gentis do Alabama. "Tenho quase certeza de que ele usava botas de caubói e tinha acabado de chegar do brunch", diz Palomo. A namorada segurou-lhe mão enquanto nove pontos eram costurados na sua sobrancelha. O médico fez piada, dizendo que o nome dele deveria entrar no encarte do disco. Palomo, impassível, respondeu que antes era preciso haver um disco. Quando pergunto a Palomo se ele estava preocupado com como o ferimento afetaria as sessões de gravação, ele responde: "Acho que eu estava em choque, pensando mais em se meu rosto ficaria desfigurado para sempre", diz. "A ficha só foi cair mais tarde."

Depois de deixar a emergência, Palomo foi de táxi a uma farmácia de genéricos em Greenpoint. Dildos e bucetas de bolso adornavam estranhos manequins. Palomo pagou por seu Tylex e curativos enquanto um freguês comprava três frascos de lubrificante. Ele conversava constantemente pelo telefone com seu empresário, tentando se organizar para cair na estrada assim que possível.

Palomo voltou para o apartamento – e os degraus da entrada estavam cobertos de gelo. Uma pá, que pegou emprestada em um bar próximo, mostrou-se inútil, então foi preciso quebrar o gelo com um martelo. Os efeitos colaterais do Tylex começaram a lhe causar um enjoo muito forte, e ele teve de entrar e vomitar várias vezes. "Foi só quando eu estava vomitando para tudo que era lado que me dei conta de como as últimas 24 horas tinham sido um pesadelo", diz ele.

Palomo por fim conseguiria entrar no carro e pegar a estrada para Atlanta, mas não sairia da Georgia com um disco finalizado. Para isso, teria que voltar ao Brooklyn e trabalhar com um novo grupo de colaboradores. Não houve mais nenhum ferimento, e o disco que saiu valeu qualquer cicatriz. É uma obra madura, que transcende tanto a música pop caseira lo-fi quanto a presença em festivais badalados. Ao ignorar todas as expectativas e pôr fé em um álbum conceitual que poderia ser percebido como ridículo, Palomo produziu a melhor obra de arte da sua carreira.

Talvez a melhor representação do ethos do álbum seja o clipe de seu segundo single, "Slumlord", codirigido por Palomo. Nele, seu irmão Jorge veste um traje de látex e é levado para passear numa boate. É um retrato visual do que o Neon Indian faz de melhor – parte nostalgia, parte boquete bêbado no banheiro, parte autoria mortalmente séria. Palomo me mostra o vídeo no iPhone, rindo, no bar perto de sua casa, alguns dias antes da data marcada para o início de uma turnê. Passamos o dia falando sobre o processo maratonesco de produzir o Night School, sobre amor, e sobre o elitismo paradoxal da dance music.

Noisey: Suponho que devamos começar com o episódio de você perder um notebook que continha material equivalente a um disco. Conte sobre aquela noite.
Alan Palomo: Eu tinha acabado de fazer um show no Terminal 5. Organizamos uma pequena after party no Le Baron, em Chinatown. Levei o notebook comigo porque eu seria o DJ. Estava com passaporte, óculos, tudo na bolsa do note. Ficamos bebendo noite adentro, são quatro da manhã. Estou enchendo a cara, não faço a menor ideia de quanto ia sair a conta, mas peço uma terceira garrafa. Eles ficam tipo "você está sabendo que essas garrafas custam trezentos dólares cada uma, e que você já está com uma conta de novecentos dólares, né?". Foi um caos total. Saio para ir a alguma outra festa e tenho um blecaute rapidão. Lembro vagamente de dançar numa passarela com uma mina. Quando volto a mim estou planejando mandar uma garrafa de tequila com meu amigo Rambo. Mas não conseguimos entrar no meu apartamento. Estou bêbado demais para isso, e desmaio em cima do notebook. Quatro horas depois lembro vagamente de alguém falando tipo, você tá bem? Por algum motivo, respondi "ahã, tô tomando sol". Era um cara com um filho. Era meio-dia e alguém tinha roubado meu notebook enquanto eu dormia.

Há uma história famosa de a primeira esposa do Hemingway esquecer no trem as primeiras obras dele. O episódio te causou alguma sensação de limpeza?
Tive uma atitude surpreendentemente zen. O negócio tinha sumido, não havia nada a fazer. Quem levou provavelmente colocou no penhor. Mas se eu tivesse usado aqueles trabalhos, seria um disco totalmente diferente.

É um disco fantasma.
Mas é engraçado, porque a coisa essencial que transformou o disco no que ele enfim virou foi trabalhar como DJ durante aquele tempo perdido. Na época em que eu morava no Texas, teve uma noite com o meu baterista em que tocamos muita italo disco. Como aquela era a minha única vocação de verdade, exceto pelo meu emprego como garçom de sushi, ela foi a minha principal válvula para extravasar a criatividade. Toda semana eu tinha que ter coisas novas para tocar, e procurava agressivamente por novas músicas. Então o Night School foi a primeira vez que voltei para isso. Compus dois discos de cabo a rabo sem nenhum novo conjunto de influências. Estava absorto demais na narrativa do que eu estava fazendo.

Morar em Nova York ajudou nesse processo? Se formos falar da linhagem da dance music, Nova York foi uma de suas primeiras capitais.
Não posso negar que meu estilo de vida notívago é totalmente entrelaçado com a cultura dance music de Nova York. Nova York foi o epicentro da dance music, e da disco e do início da house, com lugares como o Paradise Garage, e a ironia disso hoje é que nos transformamos em um lugar em que a dance music é, numa certa medida, uma força de exclusão. Há uma certa narrativa elitista que permeia o Brooklyn. A festa lotou e nós só continuamos a colocar mais gente para dentro.

Então é elitista e está saturada ao mesmo tempo?
Densamente saturada com todas essas variedades de música, mas se você não produz o popular subgênero da música eletrônica, não entra na festa. Isso me parece um paradigma muito novo, porque quando eu era criança no Texas, tinha um monte de gente que se focava em coisas específicas, mas todo mundo se agrupava sob a ideia de que a gente simplesmente gostava de ficar zoando no teclado.

Falando em popularidade, você sentiu que esse disco sofreu pressão por alguma percepção de que o segundo não teve sucesso [Era Extraña, de 2011]?
Como se eu tivesse que retornar à velha forma?

Sim, de uma certa maneira.
Olha, obviamente as pessoas falam sobre a queda que acontece no segundo disco. É difícil contextualizar esse cenário quando está acontecendo com você. Eu fiz aquele disco e amo aquele disco, mas meu amor por ele e pelo primeiro têm razões diferentes. O segundo com certeza foi feito um pouquinho sob a mira de uma arma. Acho que, por algum tempo, as pessoas que trabalhavam comigo me fizeram engolir uma narrativa de que, se eu não malhasse o ferro enquanto ele ainda estava quente, tudo o que eu havia conquistado com meu trabalho de repente iria água abaixo. Antes mesmo de conseguir avaliar se isso era verdade, tive que começar a fazer música de novo. Mesmo que no final eu tivesse algo que amava de verdade, disse a mim mesmo que nunca mais queria fazer música naquelas circunstâncias de novo. O aspecto mais libertador de compor esse disco mais recente foi poder voltar para a faculdade de cinema, eu pude fazer outras coisas. Nunca me ocorreu que o único meio pelo qual devo me expressar é a música. Até um certo ponto, mesmo hoje não me vejo inteiramente como um músico.

Na verdade nunca vi você como um músico no sentido tradicional da palavra.
Sei tocar minhas próprias músicas, mas de jeito nenhum sou um prodígio técnico. Para falar a verdade, fico feliz por ver que na música eletrônica moderna o termo "produtor" costuma ser muito usado. Porque está implícito nessa palavra que fazer arte é uma produção, da mesma forma que o cinema é um meio colaborativo. Há muitas incógnitas, muita gente participando. Esse disco foi meio que tratado da mesma forma, óbvio que numa escala muito menor. E trazendo algum perigo para a minha vida pessoal, porque não tenho um orçamento inexaurível. Houve muita navegação que rolou nesse disco, situações em que eu queria tentar lidar com esse nível de responsabilidade diretorial. Deixar de ser uma criança em corpo de adulto e passar a ser um adulto de verdade.

As músicas do Neon Indian, além de serem dance music e projetos de arte diretorial, sempre foram sobre nostalgia e amor, muita gente encara assim. Você já se apaixonou alguma vez?
Acho que a maioria dos amores que encontrei quando mais novo foram não-correspondidos. E isso me deixou um pouco mais reticente na hora de expressar minhas emoções. E namoro em Nova York é no geral uma coisa muito sociopata. Você está jantando com alguém, e tudo o que querem é que você demonstre o seu valor. Não é assim que conheço uma pessoa. Isso me deixou cauteloso em relação a encontrar um amor de verdade, porque acho que é uma coisa especial. Não é uma coisa que se dê a alguém que vá brincar com ela. E acho que é isso que eu talvez tenha feito quando morava em Denton e tinha 18 anos.

Qual foi sua primeira experiência de amor não-correspondido?
A garota que tirou minha virgindade. Não podíamos ter um namoro de verdade, porque ela já tinha namorado. Fiquei aturdido, completamente apaixonado, e todas as outras coisas que vêm junto de fazer sexo pela primeira vez, mas aí tudo isso me foi tirado, porque não tinha como dar certo. Muita ginástica mental precisou ser feita. Foi uma coisa incrível mas também muito breve. E pronto, a realidade foi essa. Houve também um término que foi uma dessas experiências formativas, em Denton. Numa época dessas, quando você está com um grupo muito pequeno de pessoas, no Texas, as possibilidades parecem muito limitadas, e aquele primeiro amor define para você o que é a beleza corporificada. Nesse caso essa pessoa era vingativa. Nenhum de nós dois tinha controle sobre a própria vida também, mas ela com certeza não teve escrúpulos de zoar com a minha.

De que maneira?
Nunca conheci ninguém capaz daquele tipo de crueldade. Essencialmente ela deu para um cara numa festa fetichista de Halloween em um galpão, na frente de todos os meus amigos. Parada bizarra pra caralho. Esse foi o caso que me fez pensar tipo, Jesus Cristo, eu não tinha noção de que alguém poderia fazer isso com outra pessoa.

Ainda sente algum amor por ela?
Não, mas em virtude de ser uma das primeiras pessoas pelas quais me apaixonei na vida, talvez eu gravite para o mesmo tipo de mulher. Tipo um conceito do que na minha visão é a beleza. Não é possível escapar disso, é assim e pronto. Obviamente é uma pessoa que não tenho mais nenhum interesse em conhecer, e isso há mais de uma década. Mas não posso negar que essas realidades formaram o meu temperamento.

Então o que o amor significa para você no momento?
Uma parte de mim ainda é fantasiosamente romântica, mas é vigiada de perto, policiada e mediada pelos lados mais lógicos de mim mesmo. É complicado, as pessoas não mudam, você só vai agregando mais coisas à equação. Meu romantismo nunca foi embora, só se perdeu nessas outras reações instintivas à paixão. Mas todos buscamos ainda aquela idílica primeira vez. Mas, enquanto isso, ainda é possível se divertir, conhecer pessoas. Aquela pessoa dá forma ao seu tipo idealizado, mas isso é besteira. Agora eu acharia melhor ser surpreendido pelo amor, em vez de ficar tipo "finalmente a encontrei e ela é bem do jeitinho que eu imaginava". Predisposições são o que fazem as pessoas entrarem em furadas. Nada disso tem base na experiência concreta. Dito isso, acho legal ser um pouquinho pornográfico às vezes. Gosto de meias calças e clichês ruins. Mas me reservo o direito de também saber que há um romântico dentro de mim, à espera da oportunidade certa.

Kai Flanders é escritor e mora no Brooklyn.

Chore um Pouquinho com Esse Vídeo do Built to Spill Tocando "Good Enough"

$
0
0

Com oito discos gravados e 20 anos de estrada, o Built to Spill domina muito bem a arte de tocar ao vivo. Para mostrar essa habilidade, a banda se juntou ao Joyful Noise Recordings para uma rara apresentação de "Good Enough", parte da série Almost Live. É uma performance especial, com um clima intimista que combina com o ritmo desacelerado da música. A emoção e a força da voz de Doug Martsch está escancarada, com a quantidade certa de ênfase em cada palavra. Ah, e ainda aparece um cachorrinho no começo.

Veja e se emocione:

O Joe Goddard, do Hot Chip, Teme que os Computadores Deixem as Músicas Todas Iguais

$
0
0


Foto: Steve Gullick

O Hot Chip é uma daquelas bandas boas pra caralho, mas todo mundo sempre se esquece do quanto eles são bons. Sério mesmo, ouve o Why Make Sense? mais uma vez. O sexto álbum dos britânicos é show demais. Tem umas batidinhas dance-pop/indie super gostosinhas, o contraste do vocal triste do tecladista Alexis Taylor com o resmungão do percussionista Joe Goddard, e um trabalho bem nerdão de sintetizadores nas faixas. Os caras são fodas. Que bom que o Sónar São Paulo se lembrou disso e os convidou a 3ª edição do festival, que rola no Espaço das Américas a partir dessa terça-feira (24).

É a quarta vez que o grupo vem para o Brasil. "Mais uma vez, só queremos fazer um show divertido para o público brasileiro, misturando faixas do último álbum com alguns hits antigos e alguns covers", me disse Goddard. Ou seja, se prepara, porque com certeza vai rolar a versão maravilhosa deles de "Dancing in the Dark", do Bruce Springsteen. Junto com Taylor, Owen Clarke, Felix Martin e Al Doyle, o DJ já tocou aqui no Tim Festival (2007), no Planeta Terra (2010) e no Lollapalooza (2013). "Das outras vezes que fizemos shows aí, foi tudo muito fluido. Todo mundo cantava tudo sincronizado. Foi bem bonito."

O Hot Chip está na ativa há 15 anos e, para o Goddard, o segredo de eles sempre conseguirem fazer músicas tão boas é a capacidade que o grupo tem de continuar se reinventando. "Sempre trazemos elementos nostálgicos nos nossos sons, mas sem deixar de inovar". E esse é um dos motivos por que ele e o Felix Martin concordam que o Why Make Sense é, de fato, o melhor álbum deles. "São as melhores canções e a melhor produção que já tivemos", disse. (Lembre-se de que o Goddard é exigente pra caralho e  acha que o Made In The Dark, álbum de maior sucesso deles na Inglaterra, deveria ter menos músicas. Se ele tá falando que o WMS é o melhor trabalho deles, então o WMS é o melhor álbum deles.) 

Os avanços tecnológicos que os sintetizadores e computadores sofreram de 2000 até 2015 foi um fator essencial para a evolução do som do banda. "Poder usar computadores para fazer música é algo muito revolucionário, não é mesmo?", falou Joe. "Mas me dá um pouco de medo." Medo de quê? "Quer dizer, usamos (e muito) computadores para fazer o nosso som. Pra mim, a indústria musical tá usando em excesso. E o problema disso é que, além de estar tirando o lado humano da obra, tá deixando as músicas muito iguais", explicou. "É foda e frustrante ouvir muito mais o trabalho de uma máquina do que o do artista no som". 

O que eles tão ouvindo ultimamente, então? "Kendrick Lamar, Demis Roussos, Beach Boys, Awesome Tapes From Africa, Tirzah, Micachu, Planningtorock." E, claro, Stevie Wonder e Prince, mestres que o Hot Chip sempre cita como referência do grupo.

   

Uma coisa que sempre me intrigou muito no som do Hot Chip é: por que o Alexis Taylor sempre parece que tão triste enquanto canta? Claro que eu curto o vocal dele, mas por quê? Joe riu muito quando perguntei isso pra ele. "Sempre nos dizem isso", comentou. "Ele é meio atraído por uma espécie de melancolia, eu acho. Acaba casando muito bem com o ar vintage que tentamos colocar nas músicas. E não é como se Hot Chip fosse para soar super feliz". 

Além de trazer a voz tristonha do Taylor para um show divertido no Sónar SP, Goddard me garantiu que eles próprios também querem dar aquela passeada em São Paulo. "Toda vez que viemos pra cá, gostamos muito de curtir a vida noturna local e beber umas caipirinhas", disse. "Também adoramos explorar várias lojas de discos no Brasil. Com certeza, vamos sair para comprar uns vinis do Caetano Veloso."

Quanto aos planos da banda para 2016, Joe disse eles estão indo com calma e não tão pensando concretamente ainda no próximo álbum. "Vamos continuar nos dedicando ao Why Make Sense? ainda e também eu, particularmente, aos meus projetos de DJ além do grupo. Sem pressa".  

Com um formato menor e menos pretensioso do que as edições de 2004 e 2012, o Sónar SP 2015 começa nessa terça-feira (24), com sessões de cinema e palestras. Além do show do Hot Chip, o encerramento do festival contará com apresentações do Chemical Brothers, Brodinski, entre outros. Saca só a programação completa no evento do Facebook

SónarSP 2015 | SónarClub  
Sábado, 28/11 -  21h
Espaço das Américas - Rua Tagipuru, 795
R$ 275,00 - R$ 550,00
 

A Adele Manda Muito Nessa Apresentação de "Water Under The Bridge" no Jimmy Fallon

$
0
0

Você já chorou ouvindo 25, o novo disco da Adele? É o melhor trabalho dela até agora, com um monte de canções para chorar e músicas pop para gritar. Ela apareceu no The Tonight Show With Jimmy Fallon na noite de segunda (23) para cantar "Water Under The Bridge." É uma apresentação bem feita, com uma banda de apoio que aumenta ainda mais suas capacidades vocais, deixando a música o mais orgânica possível. E, claro, a voz de Adele faz você se sentir no céu, deixando claro que ela vai dominar este fim de ano. 

O Clipe de "Dá1LIKE", da Banda Uó com a Karol Conká, Tá Bem Vaporwave

$
0
0

vaporwave não morreu em 2012, não. O clipe de "Dá1LIKE", da Banda Uó com a Karol Conká, tá aí pra provar isso. Cheio de referências a gifs e a gráficos tosqueiras do começo da internet, o vídeo faz você parecer que tá preso eternamente no Tumblr. E tá bem maneiro (obviamente, porque como a parceria dessas quatro pessoas poderia dar errado, né?) . Enfim, dê um play (e um like) no clipe abaixo:


A Festa de Nove Anos da Rinha dos MCs Foi Foda

$
0
0


Criolo na comemoração dos nove anos da Rinha de MCs. Todas as fotos por Lucas Jacinto.

Já na aurora do feriado prolongado do Dia da Consciência Negra, o Centro Cultural da Juventude (CCJ) da Vila Nova Cachoeirinha — zona norte de São Paulo — ficou pequeno nesse último domingo (22). A Rinha dos MCs fez uma festa em comemoração aos seus nove anos de existência, reunindo, segundo a organização, 5 mil pessoas.

Enquanto DJ Dipper e DJ Marco trincavam a cabeça da galera com clássicos do hip-hop nacional e internacional, a organização da Rinha zanzava de um lado para o outro atrás dos MCs que batalhariam logo na sequência. No corre-corre, encontrei o DJ DanDan.

Em 2006, DanDan e Criolo fundaram juntos a Rinha dos MCs. Quase uma década depois, muita coisa mudou. “A gente não imaginava que um projeto singelo, que surgiu no fundão da zona sul, pudesse tomar essa proporção, contribuindo tanto para a história da cultura hip-hop”, contou DanDan.


DanDan

“É importante entender que a nossa cultura se multiplica e cresce cada vez mais, e seria inevitável que as outras classes nos ouvissem”, lembrou. Na década de 1990, a cultura hip-hop enfrentou muito preconceito. “Achavam que era coisa de maloqueiro, de gente que não sabe falar. Mas a gente chutou essa porta faz tempo, e estamos aqui hoje.”

Mas no papo reto, DanDan alertou que é preciso ficar atento. “A luta continua. O hip-hop é utilizado como ferramenta de transformação em várias comunidades. Precisamos preservá-lo”, frisou.

Sobre como esse lance de organizar batalhas de MCs de regiões diferentes deu certo, DanDan explicou que tudo sempre foi feito com muita responsabilidade. “Pegar num microfone e falar no palco é algo muito importante. Mas as batalhas cresceram, e isso me preocupa. É preciso lembrar que cada MC vivencia coisas diferentes, e uma batalha representa para cada menina e menino um momento de libertação.”

Por isso, como num templo, é necessário ter o máximo respeito — e isso vale para o público e para quem vai rimar. “É pra isso que existe o mediador, facilitador, mestre de cerimônia — você pode usar vários nomes pra isso. Quem cumpre esse papel tem sua importância por se fazer manter a disciplina. Aqui não vale pederastia”, lembrou DJ DanDan. E rolou de tudo mesmo nessa festa, menos fita errada.


Pirata

No meio da multidão, encontrei o Pirata. “O DanDan fala que eu já ganhei mais de 16 Rinhas dos MCs, mas é mentira”. Pirata foi o MC que venceu a primeira Rinha, em 2006.  Na época, ele era da Oficina da Rima e morava no Grajaú. “O Criolo me conhecia porque eu fazia freestyle com o meu grupo, daí fui convidado pra Rinha. A primeira edição aconteceu no Território, na Zona Sul”, lembrou.

Entre vitorias e derrotas — inclusive uma vitória contra o Emicida —, Pirata se afastou da música e das batalhas depois que virou pai. “Mesmo assim continuei escrevendo, e agora vou lançar um disco. Uma das músicas fala da Rinha dos MCs”. A faixa se chama “Em pé na cadeira” e retrata o começo das batalhas da Rinha. “Nas antigas, como não tinha palco, quem rimava tinha que subir na cadeira pra todo mundo poder ver”, recordou. “Dá muita emoção ver como as coisas estão melhores hoje.”


Kauan (à esq.) e TVS

TVS, um dos MCs selecionados para a Rinha, conta como foi escolhido para representar a Batalha da Santa Cruz. “As batalhas selecionam geralmente os MCs mais ativos. Todo lugar tem algum rimador que se destaca por ser bom no freestyle, mas se ele não se compromete com a cena, acaba ficando de fora”, explicou. “Como tenho participado de várias batalhas e estou com um desempenho bom, a Santa Cruz me convidou.”

Representando a Batalha da Matrix, Jorge Mário participou pela primeira vez da Rinha. “Eu nunca tinha colado, nem pra assistir, nem pra batalhar. É bem longe de casa”. Mário conta que vive de rap. “Não trabalho pra ninguém, ai fica difícil. É 20 reais pra vir e mais 20 pra voltar”, brinca. “Aqui estão vários nomes de São Paulo, tudo menino bom. Quem vier batalhar comigo vai ser lucro.”


Tom e Vick

E não demorou muito pra chamarem os MCs pra subir no palco. Aí todo mundo ficou sabendo quem seriam as vítimas do dia. TVS, Jorge Mário, Kauan, Hard, Tom e Vick, foram os samurais que se gladiaram na batalha especial de aniversário.

“Alguém me empresta um boné”, pediu DanDan. Todos os nomes foram anotados em bilhetes, embaralhados e quem sorteou as duplas foram pessoas da plateia. Os primeiros sortudos foram TVS e Kauan. Com “espadas afiadas”, como bem falou DanDan, o público ferveu. Mas no fim, o tempo fechou pro TVS depois que Kauan lançou que ele sofria de “desnutrição mental”, apesar de sua aparência saudável [risos]. Kauan passou pro double tree, a última etapa antes da final, em que batalham três MCs, cada um por si — esse tipo de batalha sempre acontece quando o número de semifinalistas é impar.


Jorge Mário (à esq.) e Hard

Prosseguindo com as batalhas, colaram pra rimar o Hard e Jorge Mário. Arrastando até o terceiro round, os MCs se resolveram numa rima enroscada do Hard. Jorge Mário mandou bem melhor e passou pra fase seguinte.

A última batalha eliminatória foi entre Vick e Tom — e a chapa esquentou. Vick pegou pesado no flow, e sem conversa torta, mostrou de onde veio, pra que e o quê queria ali em cima do palco. Tom bem que tentou tirar uma onda com o mano que representava a Batalha do Conhecimento, mas não rolou. Vick esculachou e finalizou — “na-zona-norte-os-boy-rala”.

No double tree disputado entre Vick, Kauan e Jorge Mário, foi “só bala perdida” e acabou dando ruim pro Mário, que ficou de fora na final. A última e decisiva batalha da Rinha dos MCs ficou por conta de Kauan e Vick. Fazendo jus ao lema “só um canta de galo e o resto é frango”, e ao feriado da Consciência Negra, os dois deram uma aula de “visão”.


Kauan e Vick

Ao invés de se atacarem, os dois MCs, no improviso total — sem nenhum combinado, sem nenhum tema pautado — passaram a fazer versos que lembravam as quebradas de São Paulo, a intolerância, o racismo, o preconceito, a injustiça social e os abusos da PM. Pra por mais lenha na fogueira, Criolo chegou bem no meio da batalha e o público ficou malucão, instigando ainda mais os MCs. No fim do terceiro round, a plateia teve que escolher entre qual improvisador mandou a ideia mais pesada pra multidão. Foi difícil saber quem mandou melhor, mas o grande campeão da noite foi o Kauan.

Depois da bagunça eu troquei uma ideia com os caras. “A Rinha é foda porque é uma das mais tradicionais. Teve uma vez que colei e tinham 18 MCs pra batalhar. Sortearam no papelzinho, e fiquei de fora”, contou Kauan, que batalhou representando a Batalha da Roosevelt. “Me sinto na atividade por ter ganhado hoje. A gente é um bando de pobre, fodido, e mesmo um xingando o outro na rima, a gente é parça e é isso que importa”, brincou. 

Batalhando desde 2010 nas vertentes de sangue — tradicionais batalhas em que tá permitido mandar ofensas —, Vick batalha há três anos na vertente de conhecimento e explicou o fenômeno que aconteceu na final da Rinha. “A ideia foi expor a própria hipocrisia que a gente vive. Então, quando a gente manda umas rimas dessas — conscientes, que contrariam essa coisa de dois rimadores se ‘esfaqueando’ — todo mundo grita também, é como um momento onde cada um se vê como ser humano e para pra pensar no que ta fazendo da vida”, comentou. “Assim a gente mostra o que é a união do rap, se abraçando, sem pancadaria.”

“Mandaram avisar que vão torrar o centro”

Estava quase anoitecendo e o show do Criolo e DanDan finalmente começou. No estilo tradicional — com DJ, pick-ups e microfone — o primeiro som da apresentação, “Convoque seu Buda”, tirou todo mundo do chão. Na pausa, Criolo deu o seu salve: “Esse é um evento de paz e amor. Para quem duvidou, estamos aqui em completa harmonia. Chega de violência, de racismo, de homofobia. A gente pode viver mais vezes momentos maravilhosos como esse.”

Entre uma música e outra, Criolo e DanDan não perdiam a chance de passar a mensagem da cultura hip-hop, especialmente pela data marcante daquele feriado. “Não devemos deixar passar o preconceito, as diferenças. Precisamos cobrar melhorias nas quebradas, precisamos reconhecer todos como parte da cultura, respeitar as mulheres e sua importância inestimável para a história da humanidade”, lançou DanDan.


Domenica Dias

Na plateia, Domenica Dias assistia ao show, compenetrada. “Acho que ver esse discurso num show de rap é avanço demais. Saber que os caras estão abrindo a mente, entendendo que o hip-hop, como ferramenta de inclusão social das minorias deve também envolver a mulher, que passa por muita opressão, é muita evolução”, comentou.

Tatiane estava com seu filho Luiz Henrique, de 4 anos, montado nas suas costas. “Em show de rap eu sempre vou, mas na Rinha é a primeira vez”, contou. “Eu trago meu filho pra eventos assim porque o rap fala da realidade, do cotidiano. Pra mim é muito importante que ele aprenda desde cedo.”


Tatiane e Luiz Henrique

Para lembrar das raízes do rap paulistano, Criolo convidou pro palco um MC de milianos. Pepeu colou e puxou seu clássico, “Nomes de meninas”. Também botou DanDan e Criolo pra dançar o passinho. “Um, dois, três, quatro, cinco mil, quem não gosta de Criolo vai pra ($@¨#*&)”.

E pra fechar a noite, os MCs convidaram todos que batalharam na Rinha pra cantar as saideiras. Criolo sumiu na neblina, porque tinha que ir direto pro Aeroporto de Cumbica — de onde partiria para o México —, mas a rapaziada não deixou barato e junto com Dadan agitaram o público até o final.  Em um último manifesto, DanDan deixou claro que “quando alguém disser que alguma coisa vai denegrir sua imagem, vai lá e faz. Porque denegrir, no dicionário, significa ‘tornar negro’”, encerrou.


Pepeu


O Ronald Rios tava lá


Helibrown mostrando o trampo novo

 

Gótico e Nada Suave: Uma Entrevista com o Diretor do Documentário sobre a História do Madame Satã

$
0
0

Quem viveu o underground de São Paulo nas últimas três décadas (entre um e outro hiato) tem alguma história para contar do Madame Satã. E agora um dos principais antros da contracultura da cidade acaba de ganhar um documentário. Uma Nova Onda de Liberdade – A História do Madame Satã conta, com registros e entrevistas com personalidades da época, as histórias e momentos eternizados vividos no casarão da Bela Vista.

Um desses personagens é o diretor e jornalista Wladimyr Cruz, o Wlad, que circulava em meio a punks, góticos, travestis, prostitutas e skinheads e frequenta até hoje o Madame. Ele estreou como diretor de longa-metragem em Woodstock, Mais Que Uma Loja, e promove o lançamento de Uma Nova Onda de Liberdade – A História do Madame Satã na sexta (27), em Santo André (saiba mais sobre a festa de lançamento aqui).

Wlad conta como surgiu a ideia do documentário, quais foram os momentos que viveu no “porão mais underground de São Paulo” que não saem de sua cabeça e qual foi o legado que esta geração, que serviu para abrir a mente de muita gente, deixou para os dias de hoje.

Noisey: Como foi seu primeiro contato com o Madame Satã?
Wladimyr Cruz:
O primeiro contato da maioria do pessoal da minha idade, cerca de 30, 40 anos, acredito que foi o mesmo: com as lendas. Ouvir falar de um casarão onde rolavam coisas X e Y, coisas boas, coisas ruins, mas principalmente coisas absurdas, e que davam ao local aquele ar meio de 'proibido' ou perigoso. Ir efetivamente, pela primeira vez, foi em meados dos anos 1990, na época em que a casa estava totalmente mergulhada no esquema gótico. Não reconheci a casa das lendas que ouvia falar, mas gostei principalmente pelo som ser totalmente diferente do que era tocado em qualquer outra casa noturna que eu pudesse frequentar na época. A partir de então frequentei o casarão regularmente até o seu fechamento, em 2007 [a casa reabriu em 2012].

O Madame Satã, hoje apenas Madame, desde que abriu as portas sempre foi um ponto de encontro das pessoas que prezavam pela liberdade, que muitas vezes não tinha na maioria dos lugares convencionais. Como surgiu a ideia de abrir a casa e na sua opinião, qual o segredo para se manter na ativa até hoje?
A casa abriu de uma forma despretensiosa, a princípio por uma galera das artes cênicas, uma espécie de restaurante teatral. Disso, virou uma casa punk, um reduto de uma intelligentsia, depois uma casa gótica, e enfim um nightclub bem estruturado onde tudo isso convive em uma roupagem moderna. Muita água rolou por ali, e é muito disso que contamos no filme. Agora, sem dúvida, o motivo de ela estar aberta até hoje em primeiro lugar vem do fato do casarão ser tombado historicamente. Ele precisa servir para algo com um propósito em que não precise ser modificado. Além disso, e talvez o mais importante de tudo, é o amor do público pela casa. Este mesmo amor fez com que pessoas que frequentam lá desde os anos 1980 continuem a frequentar, e que mantém muito de sua estética viva,  passando de geração a geração. Este mesmo amor que fez um moleque que chegou a ser boy do administrativo da casa nos anos 80 hoje ser o dono do local após reformar um espaço, que na época, estava desacreditado e lacrado pela prefeitura.

Foi no Madame Satã que nasceram bandas importantes do rock nacional como RPM, Inocentes, Titãs, Ira! entre outras.  Fale sobre a importância do casarão da Bela Vista para o cenário musical independente que temos nos dias de hoje.
O Madame não era o único, é importante lembrar. Tivemos o Napalm, o Retrô um tempo depois, casas que foram importantíssimas para a criação de um circuito alternativo. Acho que a contribuição do Madame pro cenário e circuito da época foi o de ser praticamente um mainstream do underground, dando uma visibilidade a mais para os artistas que tocavam lá, e claro, liberdade para suas respectivas expressões artísticas. E isso é relevante pro cenário atual, pois foram casas como o Madame que solidificaram o formato de noite alternativa que temos hoje. Se temos um monte de casas na Augusta com pista escura e banda autoral no palco foi porque o Satã e tantas outras deram a cara a tapa antes e provaram que essa era uma equação possível.

Claro que os tempos mudaram, mas é fácil notar que no Madame de hoje ainda é possível esbarrar em góticos, punks e metaleiros – gente que antigamente, se colocadas sob um mesmo teto, rolariam brigas e confusões na certa. O que mudou em relação a estes movimentos de agora comparado a duas décadas atrás?
Brigas entre grupos jovens urbanos sempre existiram no Brasil, e sempre vão existir, mas na época a falta de informação e a informação deturpada reinavam absolutos, e davam combustível para que isso fosse um estouro um tanto mais barulhento. Hoje em dia quem perde um tempinho a mais, ou se importa um pouco mais, tem acesso a informação e confunde menos as coisas. Além de que, claro, vivemos em tempos de  uma juventude mais domesticada e menos rueira.

Em Woodstock, Mais que Uma Loja você conta a trajetória de uma loja/gravadora independente que ficava próximo ao Metrô Anhangabaú, em São Paulo, e que foi um dos principais pontos de encontro da galera do thrash e death metal. Quais foram as principais dificuldades em conseguir resgatar informações de décadas atrás durante a produção destes dois documentários?
Material em vídeo desta época: ele não existe, simples assim. Era super caro para se filmar algo, ou mesmo para fotografar. Pouca gente tinha acesso. Era caro e difícil pro usuário doméstico comum. Não tem ilustração, e o que temos, tem uma qualidade horrível. E por isso mesmo contar essas histórias oralmente é tão importante, para que elas não se percam no buraco negro da história.

Quais foram as situações mais doidas que já viveu e presenciou no Madame Satã? Se pudesse voltar atrás e viver tudo de novo nos dias de hoje, o que valeria a pena?
Não peguei uma fase de loucura no Madame. Quer dizer, nada que eu possa contar pode ser considerado loucura perto das histórias do filme, como por exemplo você chegar no clube e ter uma vaca – sim, o animal – pastando no meio da pista de dança, cercada por galinhas pintadas em cores flúor correndo em torno dela. Isso é loucura. O resto – bebida, droga, sexo, briga – são coisas da noite e tem em qualquer lugar. E claro, não apenas eu, mas todo mundo que já viveu isso, faria de novo. Faz parte do processo.

Você já esteve em outros clubes undergrounds e polos de contracultura, como Londres, Berlim ou Nova York? Se sim, quais são ou foram os lugares que conheceu e que acha que se enquadraria com o Madame Satã?
Sim, já estive, e o Madame é algo único. Principalmente por sua história, claro, mas como clube é também algo único. A gente consegue traçar paralelos do Satã com o Studio 54, pela liberdade sexual e o envolvimento com a liberação gay na noite; com a Batcave, pelo som soturno e os darks; com o C.B.G.B.'s, pelas bandas no porão e seu palco embrionário; ou mesmo com algum galpão de Chicago na época do nascimento da house music pelo seu pioneirismo com a música eletrônica… Cada um em seu devido lugar geográfico e histórico no comparativo, claro, mas ainda assim, nenhum deles é o casarão do Bixiga. E hoje, no mundo, nenhum clube punk (ou coisa que o valha) tem tantos anos em atividade e uma história tão plural dentro de sua cultura e arte local.

Você é fã de punk rock das antigas e de bandas punk/hardcore mais atuais também. Qual a banda que ainda não tocou e falta tocar no Madame?
Nacional? Um monte. Temos gerações de bandas punk que deveriam tocar lá e nunca tocaram. Mas se fosse para escolher um nome recente, eu acho que o Ludovic é uma banda que tem exatamente o espirito daquele lugar. Algo dark, punk, visceral. Vamos armar essa, Jair? [risos]

Para encerrar, o que você acha necessário para um espaço como o Madame não perder a identidade e se manter firme durante décadas?
O público. A casa, apesar de suas características arquitetônicas marcantes, é apenas uma casa, são quatro paredes e um teto. Quem faz o lugar é o público, qualquer um deles. A maior característica dali não é o dark, nem o gótico, nem o punk, nem nenhum tipo de clichê, é justamente o oposto disso, é a liberdade. Um lugar onde um cara pode ir vestido sim igual ao Nick Fiend e ninguém vai ficar regulando se ele está na moda ou não, se ele está cool enough ou não. Esta é a única identidade do Madame que realmente importa, e que nunca poderá ser perdida. E claro, cabe a nós mantermos isso intacto.

O Audiogroove Festival Quer Dar Espaço pra Rapaziada Nova no Hip-Hop

$
0
0


Todas as fotos de Guilherme Santana

Nesta quinta-feira (26) rola o AudioGroove Festival, no Audio Club, em São Paulo, com shows da Tássia Reis, Thaíde, Rashid, Ndee Naldinho, Dexter e Edi Rock. Mas, além desse line-up bonito, a ideia é apresentar novos nomes: o evento ainda contará com a final do concurso de novos talentos do hip-hop, que será entre os grupos Suspeito UmDois e The StreetJJ (DoubleJay).

"O Audiogroove é mais uma plataforma para essa rapaziada nova dentro do rap que quer divulgar seu som", explicou Gustavo Ribeiro, organizador do festival. Idealizado em 2008, a primeira edição do festival só saiu do "forno" em 2015, quando o Spotify abraçou a ideia. 


Gustavo Ribeiro

Com mais de 200 inscrições de várias parte do Brasil, o festival foi dividido em três fases. Na primeira, os jurados selecionaram 20 participantes, que foram levados a júri popular na internet. "A parte da votação popular é bem engajadora e inovadora", disse Gustavo. Os cinco mais votados participaram de uma semi-final, na qual apenas dois foram escolhidos para a final desta quinta.  

Junto com o Dexter, Max B.O, DJ Marco e o DJ Fábio Rogério, o rapper Kamau é um dos jurados do festival e explicou que, além da musicalidade, eles também avaliaram a postura e atitude dos caras no palco. "É uma responsabilidade muito grande ter que decidir quem vai ser o vencedor porque, além de avaliar a arte de cada integrante, estamos lidando também com o sonho de cada um. E é muito difícil falar que o sonho de um é mais importante que o do outro." 

Além de atração da final, Thaíde é mestre de cerimônia do Audiogroove. "Depois de 30 anos de carreira, ainda acho muito importante ter um festival de rap no Brasil de 2015, porque esse gênero fala de uma maneira muito direta dos nossos problemas". 


The Street JJ (Double Jay)

Um dos finalistas, o grupo The Street JJ (Double Jay), é do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, e foi formado em 2014. "Quando ficamos sabendo do festival, não pensamos duas vezes. Independente de ganharmos ou não, é a nossa chance de mostrarmos o nosso som", disse o MC Mano Judão, que, junto com o MC Jow, LD e a Yomin, integra a banda. Eles conseguiram uma das vagas na final com uma música sobre cabelo afro e movimento Black Power. "Queria exaltar a minha cor e a minha raça. Sempre falaram que o meu cabelo era feio e que as pessoas não iam me aceitar assim. A gente precisava quebrar esse paradigma".


Suspeito UmDois

Já o Suspeito UmDois é da cidade de Correntina, na Bahia, e foi formado em 2003. Com uma música que cita o clássico meme do "você é burro, cara", do Caetano Veloso, o grupo canta sobre a situação do nordestino no Sudeste. "A gente achou que essa seria a melhor resposta para o preconceito que sofremos por sermos baianos em São Paulo", explicou o rapper Binho SUD.

E o Noisey colou na semi-final do festival, que rolou em outubro no Grazie A Dio. Além dos dois finalistas, concorreram também os grupos Zoioo MC, Almas Errantes e o cantor Kabattista. 


Thaíde e os semi-finalistas


Zoioo MC


Kamau


Almas Errantes


Thaíde


Os jurados Kamau, Max B.O, Dexter e DJ Marco


Kabattista

AudioGroove Festival
Quinta-feira, 26/11 - 22h
Audio Club - Av. Francisco Matarazzo, 694
R$ 40,00 

Foi o Tarantino que Comprou o Disco de Mais de 1 Milhão de Dólares do Wu-Tang Clan?

$
0
0

Olha bem pra esse indivíduo acima. Ele é um dos diretores de cinema mais reconhecidos da atualidade. E, como a VICE Brasil apurou, ele é bem gente boa também. Ele tem cara de ser gente boa, não tem? Ou será que tem cara de quem acabou de gastar milhões de dólares num disco do Wu-Tang Clan? Você é quem decide.

Em 2014, o grupo anunciou que lançaria somente uma cópia do seu novo álbum, o Once Upon a Time in Shaolin, e que ela custaria aproximadamente 5 milhões de dólares. Tudo isso porque o disco vem numa caixa de prata e níquel e tem participações do Clan inteiro, da Cher, do time do Barcelona e de mais um monte de gente rica. A ideia por trás era criar um disco tão absurdamente luxuoso e inacessível para as pessoas comuns e reestabelecer o valor da música no século XXI. Legal, né? Mais legal ainda é que, segundo a Forbes, alguém finalmente comprou o disco. 

O "objet d'art" foi vendido na noite desta quarta (25) pelo Paddle 8, mas o comprador permanece anônimo. No entanto, nós temos quase certeza que sabemos quem é que o comprou. Obviamente, foi o Quentin Tarantino. Claro que foi! Quer ver?

O Quentin Tarantino é americano e milionário


Foto por Gage Skidmore

Bem, segundo a Forbes, o comprador é um americano que pode gastar milhões de dólares...

Ele é um super fã do Wu-Tang Clan

O Tarantino ama o Wu-Tang Clan. Ele é obcecado pelas referências de Kung-Fu nas músicas dos caras e chamou o RZA para a trilha sonora de Kill Bill. Ele também ajudou o RZA a estrear sua carreira como cineasta em O Homem Com Punhos de Ferro (além de ter atuado no filme). Quer dizer, cara, aqui está ele usando uma camiseta rasgada do Wu. É muito coisa de fã. E aqui uma foto dele com alguns membros do Clan e uma cara de "gasto muito dinheiro impulsivamente com coisas que adoro".

O Tarantino gasta muito dinheiro impulsivamente com coisas que adora

Ele salvou um cinema de ser fechado em 2007, deixando a família que tomava conta no comando e deu umas declarações fofas para a imprensa: "Enquanto eu for vivo (e rico), o New Beverly continuará aberto, exibindo filmes em película de 35mm." Em 2014, Tarantino assumiu a direção e, agora, bota em cartaz o que ele quiser.

Ele também deu declarações suspeitas sobre como a era da internet desvaloriza objetos físicos

 

"Não curto nada essa coisa de streaming", ele disse ao IndieWire. "Gosto de objetos tangíveis na minha mão. Não consigo assistir a um filme no meu laptop. Não uso Netflix." Bem, parece muito o tipo de cara que prefere seus discos em caixas de prata e níquel, não é mesmo?

E, se você precisa de mais alguma evidência, tem gente tuitando sobre isso

"Parabéns, Quentin Tarantino".

Se está no Twitter, então, é verdade. É ilegal tuitar mentiras.

A 0800 Crew Está de Saco Cheio do Rap Nacional

$
0
0

Desde os primórdios do rap aqui no Brasil construímos uma imagem do rapper — e, consequentemente, de sua música — como alguém carrancudo e mau, abordando temas como criminalidade e questões sociais pertinentes à favela. Já no fim dos anos 90, se notava o começo de uma mudança, com MCs como Sabotage se manifestando em pról de um rap mais brando e que buscasse alegrar a periferia. De SP Funk a Quinto Andar, passando por Inumanos, Jigaboo e Contrafluxo, temos hoje uma leva riquíssima de grupos e artistas inspirados por estes pioneiros que levam o rap com mais leveza e humor — mas sem se esquecer do tal do compromisso.

Dentre eles, podemos destacar Atentado Napalm, Sem Modos, o próprio De Leve em sua carreira solo, e mais recentemente, Lester e os meninos do 0800. Oriundos de Curitiba, a crew é composta por André “Dé Sayajin” Charneski (que também assina como produtor musical sob a alcunha de Kuririn, além de cuidar da parte audiovisual do grupo), Rafael “Asiatiko” (“o motoboy do grupo”, segundo eles mesmos) e Robson “Chefe TF” dos Santos. A turma vem fazendo barulho desde o lançamento da mixtape Liga Nóiz, um trampo debochado e ao mesmo tempo altamente técnico, abrangendo os mais variados assuntos, desde política até a internet e como nossas relações são afetadas por ela, como na excelente faixa “Skynet”. A última pedrada do grupo foi a faixa “Fuck the Fakes”, um meta-rap que conta com a participação de um especialista nisso de rir e rimar, o Lester, que você provavelmente já sabe que é o Anderson-Silva-Sem-Drostanolona da Liga Nocaute.

Bati um papo via WhatsApp com a crew para conhecer e entender o universo de rimas meméticas e polirrítmicas dos curitibanos. Olho no lance:

Noisey: Como foi a experiência de fazer um som com o Lester? O feedback do público está sendo positivo?
André Charneski
: Então, já rolava uma certa identificação com o som do Lester, mas principalmente com as batalhas dele na Liga Nocaute, ele é criativo pra caramba. A gente já tinha conversado algumas vezes pela internet, elogiado um o som do outro. Depois do Liga Noiz, algumas pessoas que nos ouvem sugeriram esse som em parceria. Quem convidou mesmo ele foi o TF, e ele parece ter gostado da ideia. A gente deu risada pra caramba e  enquanto o som "acontecia" nos quatro falamos muita merda. Ele filmou/gravou tudo em São Paulo e mandou pra gente. Infelizmente, o fato de todo mundo trabalhar (e ironicamente não ter muito dinheiro) fez ser assim [à distância].

Robson TF: Engraçado que eu mesmo não acompanho tanto a  Liga Nocaute, mas quando me mostraram esse gordinho destruindo a galera na hora eu falei: “Temos que gravar com esse puto!”

André: Quanto a repercussão, eu particularmente estou satisfeito. Quem já nos acompanha parece ter gostado do som e, pelo que vi, ganhamos novos ouvintes depois dele, assim como o Lester. Espero que façamos mais sons juntos no futuro!

Notei bastante referências à cultura pop do final dos anos 90 e começo dos anos 2000 no “Fuck the Fakes”. Quais são as inspirações de vocês?
André
: No geral eu escuto mais rap mesmo, gosto de caras que usam referências, trocadilhos, analogias... Atualmente tenho ouvido muito Ogi, Amiri, Napalm. Eu sou muito fã de Mamonas Assassinas! Assistir, cara, muuuita coisa, o que mais assisto é anime. Eu sou do tipo que acompanha algumas das temporadas que lançam no Japão semanalmente. Gosto muito de séries também, vídeos de stand-up, curto demais! Quanto a ler HQs, gosto principalmente das da Marvel, sou fã do Deadpool. Leio muito mangá também, faço coleção, tenho mais de 300 em casa. E gosto de muitos livros, de diversos gêneros, mas sou muito fã de toda série do Percy Jackson.

Ótima série (os livros)!
André
: Sim, os filmes são um lixo! Você que estiver lendo, ignore os filmes e vá atrás dos livros! Ah, também acho legal citar que assisto muitos canais do YouTube... Sou fã de altos caras.

Robson: Eu escuto quase tudo, desde os raps "de mensagem" dos anos 90 nacionais ou não até o trap, funk, jovem guarda, Molejão, etc. Minhas referências principais no rap são: Boss ACc, Valete e Sam the kid de Portugal, Black Alien, Speed, Suave, Quinto andar, SP Funk e Slim Rimografia entre os nacionais; e Rugged Man, Vinnie Paz e Celph Titled entre os gringos.

Inclusive rola uma releitura da parte do De Leve em “Pra Falar de Amor” né?
André
: De Leve é um deus nessa porra! Rola sim! Ásia fez uma referência direta no disco. A galera sempre reconhece isso e a gente fica felizão.

Robson: O De Leve, por incrível que pareça, eu conheci porque em 2006. Um amigo meu me disse que meu som lembrava o dele. Um misto de Slim Rimografia com Suave e De Leve. Os outros eu já conhecia, daí fui pesquisar esse cara que dizia que era largado.

Qual é o sentimento de vocês em relação à cena atual do rap?
Robson
: Eu tenho a visão de que o rap foi feito pra você falar o que quiser. Antes eu pensava "esse som é de playboy", "esse som é de vendido", mas daí percebi que você acaba afastando outras pessoas que podem acrescentar não só no seu som mas na sua cultura de uma maneira geral. Criolo Doido e Caetano Veloso. Cara, eles fazem um som muito bacana. Antigamente você não teria um som como aquele "Não existe amor em SP". ‘Porque o rap tem que falar de droga, quebrada etc.’ não tem dessa: o som é meu, falo do que eu quero, você ouve se quiser. Vai ter quem pensa igual você e ouve, vai ter quem discorda e não ouve, vai ter quem discorda e ouve porque é bom. Eu não fumo maconha e acho o disco do Planet Hemp foda demais. Falta aquela coisa de rir do outro mas aprender a rir de si mesmo também com a piada do outro.

Vocês viram dificuldade em bombar a mix por estarem fora do eixo RJ-SP? O retorno do trampo foi bom na cena local? E fora?
André
: Não sei explicar uma fórmula mágica pra fazer as pessoas ouvirem... Primeiro a galera daqui mesmo começou a ouvir e dar uma força, acho que aí uma pessoa vai passando a frente pra um conhecido ou outro e, aos poucos, "infesta", mas demora. Aí entra a paciência de novo. A gente teve a dádiva de contar com umas divulgações de uns caras em especial também, como a “Prefs” de Curitiba, perfil bastante hypado, que postou um som nosso.

A própria página da Prefeitura de Curitiba cresceu bastante por abordar os assuntos de uma forma bem-humorada e informal. Como vocês enxergam esse viés dentro do rap?
André
: Eu acho que ficou muito tempo em falta, mas agora está ressurgindo. Seja por alguns MCs como os que citei aqui (Napalm, Lester, Ogi), mas também em esforços como a Liga Nocaute e páginas como a Ol’ Darth Bástarde, o Rapstream, paradas que eu acho muito fodas e acompanho todas. A gente quer trazer coisa assim pro nosso canal de YouTube também. E eu quero mais e que isso fique maior, bom humor, irreverência.

Robson: Pra mim, os pais disso no rap nacional são os caras do SP Funk. Eles já diziam na época que a moda era ser gangsta: "chega de morte, chega de tiro, eu sei que a realidade é foda mas o rap, maluco, não é só isso."

Gostaria que vocês comentassem um pouco da faixa “Skynet”, uma das mais pesadas da mix.
Robson
: Essa faixa é uma das minhas favoritas, junto com a “Faz Me Rir”. O Asiátiko diz que é a favorita dele. Como ela fala sobre a tecnologia, escolhemos o nome “Skynet”, que vem daquela empresa do filme O Exterminador do Futuro, a empresa que proporciona a revolução das máquinas contra a humanidade. Hoje todo mundo depende da tecnologia, essa entrevista via WhatsApp é um ótimo exemplo, é uma coisa muito boa mas tudo tem seu preço. Tudo o que hoje você pode registrar com seu smartphone, deixa uma cópia pra alguém te vigiando lá no Google, na Apple, Facebook, etc. "Nem os nerds morrem virgens" porque essa vigilância abusa da privacidade de todos. E a ideia é pensar, até onde isso é bom? Você pode se comunicar com sua namorada do outro lado da cidade, mas saiba que alguém tem acesso a tudo o que estão falando ou fazendo no smartphone. Tem aplicativo de lanterna que pede autorização pra controlar sua câmera, mas pra quê? Por quê? Não sei, mas tá lá nos termos de uso que ninguém lê, mas aceita. A gente fala também que a tecnologia ao mesmo tempo que aproxima afasta as pessoas. Você fala com seu amigo no outro estado graças a tecnologia, mas deixa de sair com seus amigos da sua rua também graças a tecnologia.

A parte em inglês diz "Diga oi pra tecnologia e tchau pra sua vida, pra cortar relacionamentos Facebook é uma boa faca". Na Internet, geral tem a vida perfeita, como quer que pareça pros outros, fora da sua realidade, como em uma Matrix. Eu escrevi um artigo científico sobre isso na faculdade mas é muita coisa pra explicar aqui.

André: O sample do beat da “Skynet” vem de um anime chamado Code Geass, o tema central do anime não é tecnologia, mas da pra linkar de certa forma. Esse anime é a obra mais sensacional que já vi na vida.

Certo, agora é aquela última pergunta padrão que não é uma pergunta, mas apenas um espaço para vocês mandar em o famoso Salve para os Trutas e Quebradas.
Robson
: Pô, um salve pra geral que tem fechado com a gente, DJ Bandeira, Dario, I Love CWBeats, M2K, ODB, Lester, Atentado Napalm, Jimmy Luv, a galera que segue a gente no YouTube e manda pergunta (continuem assim!) , Cambada Crew, Faustão Sombrio Crew, Tomate Seco Crew, Player2, minha mãe e meu pai.

Siga a 0800 Crew nas redes: Facebook | YouTube

Viewing all 1388 articles
Browse latest View live